76th Hunger Games escrita por Liz Ambrose


Capítulo 51
Negociando Vidas


Notas iniciais do capítulo

Espero não ter demorado demais :3 kkk E espero que gostem õ/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/222667/chapter/51

Uma luz cegava meus olhos. Fazendo-os arderem de um jeito estranho. Não sei onde estou e minha cabeça gira para todos os lados, me deixando cada vez mais desorientada.

O quarto onde estou deitada em um leito com lençóis perfeitamente brancos, é da mesma cor. Tudo parecia quieto, com exceção de uma garota pequena que trabalhava em um canto da sala. Em uma mesa de mármore que cintilava com a luz do lugar.

Tento me mover, mas meu tornozelo e doeu. É com esse gesto que faz todas as lembranças voltarem como um flash na minha mente. Tinha ido caçar com Patch, o infeliz tinha me atacado, quebrei meu tornozelo tentando fugir dele, Roberta e Math me encontram e me salvam.

Xingo baixo quando me lembro de tudo, e isso chama a atenção da garota. Ela tira os grandes olhos azuis dos livros que lia, e me lançou um sorriso bondoso quando me viu acordada.

-- Ainda bem que acordou, muita gente tava esperando por isso -- Ela disse, se aproximando de mim e observando meu tornozelo que estava enfaixado.

Parecendo que tinha ouvido tudo, aparece metade de uma cabeça espiando pela porta. Reconheço aqueles olhos como reconheceria minha alma. Era Jev. Perfeitamente bem e com uma expressão de preocupação. Quando percebe que estou acordada, entra no quarto sem querer saber do que tinha na frente. 

-- Rosy... -- Ele pegou minha mão e me encarou por alguns segundos -- Eu pensei que você não iria acordar.

Eu o olho com cara de total interrogação.

-- Do que está falando?

-- É que você ficou desacordada por uma semana -- Disse a garota -- Flavia fez um milagre no seu tornozelo, e você reagiu mal a todos os remédios que ela te deu e  isso acabou fazendo você apagar um tempo a mais.

Jev aperta minha mão de leve, como se quisesse transmitir força. Eu tinha apagado por uma semana. Aquilo me fez ficar tensa, pois só Deus sabe o que Patch teria feito com as pessoas durante esse tempo depois de ter descoberto que tinha desaparecido com o papel.

-- Mas eu já estou melhor, né? -- Perguntei, torcendo para que a resposta fosse positiva.

-- Claro. Amanhã mesmo você pode ter alta -- Ela observa mais uma vez meu tornozelo -- Vamos só ver mais algumas coisas e você pode ir para casa.

Assim que a garota da uma olhada no meu tornozelo, sai do quarto me deixando sozinha com Jev.

-- Me conte tudo que aconteceu até agora... -- Quase imploro.

Jev estende a mão para pegar uma cadeira, depois pensa melhor por alguns segundos, até se deitar cuidadosamente ao meu lado na maca.

-- Nada demais. Patch sumiu. Roberta e Math brigam a cada cinco minutos se estiverem juntos num ambiente de dois quilômetros. -- Ela da uma risada nessa parte -- Acho que ele vai te superar.

Faço um bico e dou de ombros. Era melhor para o Math me esquecer e ficar ao lado da Roberta mesmo. Os dois podiam até brigar, mas isso era só um sinal de uma longa relação entre os dois.

-- Mais alguma coisa para me contar?

-- Ah sim! Meeh começou a desenhar coisas estranhas.Peter parece que se desligou do mundo e vive na cabana de Math. E seu pai mandou uns caras procurarem Patch. A cabeça do garoto esta valendo mais de 7000.

As informações giraram em torno da minha cabeça, o que me fez ficar com dor de tanto tenta-las deduzir rapidamente. Aquele tempo todo, e muita coisa tinha acontecido. Uma semana era tempo o bastante para tudo virar uma desordem com a filha do "prefeito" de uma aldeia em coma.

-- Uau... -- Murmuro -- Da próxima vez eu tento dormir menos -- Digo tentando brincar, mas isso só faz Jev ficar sério.

-- Não terá próxima vez se depender de mim, Rosy -- Com o polegar ele puxa meu queixo delicadamente para encara-lo -- Se Patch encostar mais um dedo em você, eu o mato sem pensar duas vezes.

Aquilo me fez estremecer. Eu não duvida de que Jev faria aquilo. Ele sempre agia por simples impulso sem pensar nas serias consequências. Ele podia ser até mais velho que eu, mas agia como se tivesse quatro anos a menos.

-- Por favor -- Digo -- Não leve até esse ponto. Isso é um absurdo Jev. Não pode mata-lo, por mais que ele tenha feito coisas terríveis. Patch continua sendo importante para a Capital, e se nos mesmos o matarmos, isso só mostraria nossa fraqueza no grupo.

Ele me encara por um longo tempo. Me analisando atentamente, como se o que dissesse estivesse fazendo sentido na cabeça dele lentamente.

-- Está defendendo ele?

-- Estou defendendo a todos, não só Patch.

Jev da de ombros, e o assunto tinha acabo. Silenciosamente, adormeço novamente. Com a cabeça pensando seriamente no que poderia acontecer depois de tudo aquilo

***

No dia seguinte recebi alta. Flavia tinha falado para eu não forçar o tornozelo, o que me dava certa vantagem, já que não iria mais caçar por um bom tempo. O único ruim de tudo aquilo era depender de muletas para me equilibrar melhor. Era realmente desnecessário além de ridículo passear com aquilo.

Enquanto caminhava em direção ao lugar das cabanas dos tributos, onde atualmente era meu lar, Jev não parava de tentar melhor minha situação com as ridículas muletas.

-- Você fica sexy com isso... -- Ele murmurava no meu ouvido.

-- Para com isso, eu pareço um tripé andando...

Ele de uma risadinha abafada, tentando disfarçar com uma tosse fingida.

-- Um tripé muito bonito.

Reviro os olhos. Os comentários seguintes foram guardados quando encontramos no meio do caminho Roberta e Math. Eles estavam a alguns metros de nos, e isso era o bastante para escutarmos a discussão dos dois em alto e bom som.

-- Se eu não falasse para olhar onde andava teria me levado como um trem! -- Exclamava Math, de uma forma totalmente divertida.

-- Trem? Ninguém mandou ser mais lerdo que uma gorda de muletas -- Sua expressão parecia brava, mais quando me viu caminhando na direção deles -- de muletas -- logo se calou.

Math tapou a boca para segurar um riso.

-- Gorda de muletas. Muletas. Interessante -- Eu comentei, quando cheguei até os dois que logo pararam de brigar

-- Eu não estava falando de você, desculpe -- Pela primeira vez desde que conheci Roberta eu a vi sorrindo. Claro, um sorriso envergonhado. Mas o bastante para me deixar impressionada com a tamanha beleza do simples festo.

-- Sem problemas -- Falei automaticamente

-- Você está melhor? -- Perguntou Math, assumindo agora a tão famosa expressão de preocupação.

-- Claro, depois de me doparem acho que não vou precisar dormir por um bom tempo -- Digo brincando.

-- Sem dormir? Que ótima ideia... -- Falou Jev com uma cara maliciosa, provavelmente pensando alto demais.

Todos reviram os olhos ao mesmo tempo.

-- Ficaram sabendo da festa? -- Perguntou uma voz logo atrás de mim, fazendo-me levar o maior susto.

Quando me viro, percebo que é apenas Lyce. Com um sorriso amigável no rosto e as mesmas roupas malucas que ela usava. Tinha alguns folhetos amarelos e rosa na mão, e parecia animada para distribui-los.

-- Que festa?

Quando pergunto, ela entrega o folheto colorido rosa.

"Comunicado urgente e importante para todos que vivem no Brasil! Viva a nova era.

Festa do ano -- Comemoração dos tributos sobreviventes.

Hoje. No edifício da justiça, ao anoitecer. Espero a presença de todos!"

-- E depois de quase três ou duas semanas, eles veem comemorar nossa chegada. Que maravilha... -- Diz Math secamente amassando o folheto amarelo e o colocando no bolso de trás de sua calça jeans.

-- Quero ver como você vai dançar com -- Comenta Lyce, apontando para minhas muletas e meu tornozelo que estava enfeixado.

Olho tristemente para para as muletas. Imaginando-me dançando como uma completa idiota no meio de milhares de pessoas. Realmente, a imagem que  se forma na minha cabeça é tão tosca que acabo rindo sozinha.

-- Eu quero ver como vou tomar banho com isso -- Digo sem pensar, ouvindo risos baixos de Roberta.

-- Se quiser eu te ajudo -- Fala Jev, voltando com a expressão maliciosa no rosto.

Reviro os olhos, e quando encaro Math, percebo dor em seus olhos. Sim, foi naquele momento que eu soube que ele não me superaria.

***

Quando já tinha tomado banho, com uma pequena ajuda de Meeh -- Que milagrosamente se ofereceu a me ajudar em vez de ficar desenhando -- Acabei me arrumando mais rápido do que imaginei.

Meeh tinha escolhido um vestido ótimo para usar naquela maldita festa. Um branco de alça que me deixava confortável e ao mesmo tempo elegante para um tipo de comemoração como aquela. O vestido parecia ter sido feito sob medida para mim, pois quando me olhei no espelho, notei que todas as curvas do meu corpo tinham sido realçadas com traços de tecido branco.

-- Você está linda, Rosy -- Comentou Meeh com um sorriso.

-- Você também.

E era verdade. Meeh parecia mais uma garota mais velha do que uma adolescente com rostinho infantil. Usava um vestido verde claro que ia até os joelhos. Usava sapatilhas da mesma cor com detalhes florados que eram realmente fofos. 

-- Obrigada. Enfim... Vamos? 

Desço as escadas devagar, com medo de escorregar e me machucar ainda mais. Sinceramente, não estava afim de dar mais uma passada no hospital da aldeia e ficar mais uma semana apagada.

Quando finalmente piso no chão solido sem degraus ou corrimãos, suspiro aliviada. No canto da sala, percebo Jev, Math e Roberta sentados nas poltronas me encarando com expressões diferenciadas de surpresa.

Olho para o meu vestido, só para analisar se não estava rasgado ou algo do tipo. Visualizo também meu rosto em um espelho quase a minha frente. Parecia que eu estava normal.

-- Estou tão feia assim? -- Pergunto, dando mais uma checada no meu corpo e meus vestido.

Jev da um sorriso largo.

-- Não, Não. Você está... Maravilhosa -- Ele se levanta me passa o braço ao redor da minha cintura, para me equilibrar melhor.

-- Você também não está nada mal -- Digo. Queria parecer que a beleza dele nada importava, mas não era verdade. Jev estava lindo. Com o terno todo branco com pequenos detalhes em renda na gola. Era difícil pensar que tudo aquilo... Era meu.

Math parecia que ia dizer alguma coisa, mas se manteve mais uma vez calado. Olhando-nos com inveja. Desviei o olhar, pois era um pouco insuportável vê-lo sofrendo em silencio.

-- Vamos gente -- Diz uma vozinha logo atrás de nos. Para minha surpresa, é Peter. Ele esta parado na soleira da porta, usando um terno pequeno braco e preto. 

-- Como você esta fofo... -- Deixei sair sem querer, e isso fez com que Peter bufasse alto.

-- Era para ser lindo ou gostoso, mas posso aceitar um fofo.

Sem querer saber de onde ele tinha tirado o gostoso com aquela idade, segui para a porta. O ar do crepúsculo estava frio, e isso me fez estremecer de leve. Mas o bastante para Jev apertar meu corpo contra o seu.

Seguimos todos para o edifício da aldeia, onde a festa tinha um som clássico. Todos os convidados eram tributos e pessoas que moravam por ali. Não tinha muita gente, mas o bastante para me fazer ter dificuldade para andar.

O salão era grande e coberto por um piso que brilhada. Tinha algumas mesas de comida nos cantos, e varias mesas para quem quisesse se sentar. Uma grande escadaria ficava ao meio do grande salão. Pude ver meu pai, sentado em uma grande cadeira no topo dos degraus. Parecendo realmente um prefeito ou um rei, ao em vez de um vagabundo que fedia a peixe.

Jev me solta, e sou obrigada a andar com as muletas. Math, Roberta, Meeh e Peter se sentam em uma mesa perto do banquete.

-- Vou pegar algumas bebidas, fique aqui -- Murmura Jev no meu ouvido.

-- Ah não, vou sair correndo por aqui -- Reviro os olhos -- É obvio que não vou sair do lugar, né Jev.

Ela me da um beijo rápido e some no meio de tributos e pessoas da aldeia. Me encosto na parede, vendo todos dançando conforme a musica tosca clássica que tocava. Vê-los com os tornozelos intactos me dava um pouco de inveja. Adoraria poder dançar com Jev.

Estou tão perdidas em pensamento, que nem noto quando uma pessoa se encosta nada parede ao meu lado. De começo não entendo o que acontece, mas quando vejo uma mão tapando minha boca e me puxando devagar para um quarto, entro em panico.

Tentei quebrar qualquer coisa perto de mim, para chamar atenção, mas não conseguia alcançar nada. O impressionante, era que ninguém parecia ver que tinha uma pessoa com a mão tapando minha boca!

Quando estamos dentro de uma quartinho minusculo, uma luz se acende e me encolho o mais longe possível. Era Patch. Usava um capuz que tampava seus cabelos louros. A expressão louca me assustou tanto quanto sua roupa suja.

-- Se gritar, eu te mato aqui mesmo e ninguém vai escutar... -- Ele ameaça quando percebe que estava tomando folego para soltar o berro.

-- O que você quer? Já não basta tentar me sufocar no meio de uma floresta, vai querer quebrar meu outro tornozelo num armário para vassouras? -- Pergunto sarcasticamente -- Sério, melhore seus ambientes para um crime.

Sua expressão parece divertida enquanto falava, o que poderia ser uma coisa boa... Se ele não estivesse segurando uma arma.

-- Não tenho tempo para escuta-la docinho -- Ele passa a ponta da arma pelo meu rosto -- Tenho uma proposta.

-- Não obrigada.

-- Que pode custar a vida de todas as pessoas que estão dentro desse edifício. E quando digo todas, quero dizer você também.

Engulo em seco, e tomando coragem, afasto a arma do meu rosto.

-- O que você quer, Patch? Estragar ou piorar minha vida? Ah... Esqueci, você já fez as duas coisas.

Ele apoia as duas mãos na parede, fazendo uma ficar de cada lado da minha cabeça. Estava encurralada. Um sorriso vitorio aparece em seus lábios quando ele percebe que estava morrendo de medo de tudo aquilo.

-- Eu quero você... -- Seu sorriso aumenta -- Longe de Jev e Math.

-- Como?

-- Isso mesmo que você escutou, peixinha. Sou possessivo, e não gosto de ver quem eu quero dando para outro.

A raiva me domina quando escuto tudo aquilo.

-- Você se acha espertinho não é? Não sabe que posso contar tudo para Katniss e Johanna? Não sabe que elas podem arrancar sua cabeça pela bunda?

Aquilo o faz rir baixo, e sua respiração gelada toca meu pescoço, me fazendo tremer de uma maneira esquisita e ruim. Instantaneamente, senti o cheio de rosas e algo mais, que não consegui identificar.

-- Se contar eu mato todos. Eu e meus aliados que estão por aqui, guardando todas as entradas caso você não queira minha proposta.

Quero gritar com aquele maluco. Queria bater nele até não poder mais, xinga-lo até faltar voz. Eu não sabia se conseguiria controlar toda minha raiva. Mas ela acabaria passando, e tinha certeza que as lágrimas se seguiriam logo após.

-- É só eu ficar longe de Jev e Math?

Ele assente devagar, com um brilho vitorioso nos olhos.

-- É simples. E vou saber se está cumprindo o acordo, estou te vigiando Ambrose. Mal sabe você que entre todas essas pessoas aqui dentro, uma delas é meu maior espião.

Eu o empurro, fazendo-o bater as costas na porta.

-- Tá. Só não machuque ninguém, muito menos os dois. Eu faço isso, mas polpe a vida de pessoas que não tem nada haver com isso.

Patch da um sorrisinho e assente, logo depois sai do minusculo quartinho. 

Demora um pouco para eu me recuperar do que tinha acontecido, e quando isso acontece, sai daquele lugar o mais rápido possível. Estou indo para a saída do edifício, quando alguém me chama.

-- Ei! Peixinha... Amor? -- Era Jev. Escuta-lo me chamando pelos apelidos era doloroso -- Aconteceu alguma coisa?

Ele estava logo atras de mim, podia até sentir seus olhos vidrados em minhas costas. Provavelmente com uma enorme cara de interrogação. Eu não queria me virar para encara-lo, mas se não fizesse, seria pior para todos. Com um longo suspiro, eu me viro.

-- Não me chame mais assim, imbecil -- Consigo dizer, sem gaguejar.

Os olhos de Jev que antes estavam preocupados, agora estavam com uma enorme dor.

-- O que houve, Rosy? -- Ele da dois passos para frente.

-- Não chegue perto de mim! Eu te odeio! -- Grito, tentando reprimir as lágrimas que ameaçavam a vir.

-- Mas... -- Ele começou, mas o interrompi.

-- Mas nada! Agora que eu percebi Jev. Eu não te amo, nunca te amei. Só usei você o tempo todo. Tudo não passava de uma armação para... Conseguir transar com você. Agora que consegui, não precisa mais vir me procurar, nem dormir na mesma cabana que a minha. Aliás, some da minha vida! 

Jev. Meu Jev... Eu tinha acabo com seu coração. Podia até ouvir os caquinhos caindo pelo piso. Seu rosto, parecia tão contorcido pela dor e decepção que não pude conter as lágrimas.

Sem mais palavras, eu me viro para ir embora. Mesmo com as muletas, conseguia sair dali o mais rápido que conseguia. Mas antes disso, pude ouvi-lo murmurando... Ou seria apenas minha mente pregando peças dolorosas?

-- Eu te amo... -- Ele sussurrou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Digam o que acharam? Pliiis :3 Criticas são bem vindas, bota a boca no trombone povão! -qq