Revolution... escrita por Wanko Hasegawa


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste. Tenho uma mente muito fértil e gosto de usar todas as minhas ideias, por isso a história pode ficar um pouco nosense. Mas é isso aí. Ah sim, não tenho criatividade para nome de capítulos, por isso vai ficar esses com números mesmo. (._.)



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Minha cabeça latejava. Meu corpo estava pesado. Meus músculos estavam doloridos. Senti que estava deitado em algo tão duro quanto o chão. Abri os olhos lentamente. Pisquei algumas vezes até me reacostumar com a visão. A primeira coisa que vi foi um teto de pedra. O lugar era úmido, escuro e cheirava mal. Olhei em volta, procurando entender o que estava acontecendo. Vi um senhor, sentado contra a parede a pouco mais de um metro de mim. Tinha uma barba comprida e suja, podia compará-lo com um mendigo. Ele me olhava, diretamente nos olhos, parecia estar averiguando se representava algum perigo. Passei os olhos pelo resto do local, o que encontrei foi uma menina com vestido sujo e rasgado, abraçada a uma boneca de pano. Uma pia e um vaso sanitário, sem repartimentos. Ali, à vista de todos. E, por fim, grades. Grades grossas e de ferro puro.

- Onde estou? – minha garganta estava seca fazendo com que as palavras saíssem ásperas. Ninguém me respondeu, apenas continuaram me olhando, assustados. Recostei-me no que parecia uma cama de tábua. Antes de voltar a falar, forcei um som com a garganta, na tentativa de limpá-la um pouco. – Isto é uma prisão? – Era o que parecia, mas ninguém prende uma garotinha de seis anos em uma cela com um velho barbudo e um cara de dezessete anos.

- Não sei. – o senhor me respondeu. A menininha apertou a boneca contra si.

Tudo bem. Eu só precisava me lembrar do que havia acontecido, de como tinha ido parar ali. Mas, por mais que tentasse a única coisa que conseguia me lembrar era de estar voltando para casa, tomando café e escutando música com os fones de ouvido. O que significava que alguma aconteceu no meio do caminho. Um sequestro? Havíamos sido sequestrados? Não, sequestradores escolhem bem suas vítimas. Eu era pobre e morava sozinho, demoraria semanas até que notassem minha ausência. Além disso, minhas roupas nem de marca eram. Quando cansei de pensar em suposições arrisquei uma conversa amiga com meus novos colegas de “quarto”.

- Me chamo Eric, sou um estudante, terceiro ano do ensino médio... Não me lembro de como vim parar aqui...  – Falei devagar, com pausas. Dei um tempo para que se pronunciassem, mas continuaram calados. Resolvi perguntar. – E vocês, como se chamam? – levaram algum tempo até responder, o homem se mexeu um pouco e abriu a boca umas três vezes antes de falar.

- Sou Carl, um morador de rua... Também não me recordo do que aconteceu... – Sua voz era rouca e pesada, mas seu tom era calmo, leve... Medroso. Em nenhum momento Carl me olhou nos olhos.

- Eu sou Hana... Vocês sabem onde está minha mãe?... Eu estou com medo, quero minha mãe... – a garota começou a chorar, não sabíamos o que fazer, estávamos tão assustados quanto ela. A única diferença era meu orgulho, que me proibia de chorar por minha mãe.

Ficamos calados, ouvindo o choro da menina. Carl parecia se encolher cada vez mais, sua barba negra com fios cinza ganhava destaque. Lembrou-me de uma daquelas bolas de pêlo de gato. Hana soluçava, achei que seria melhor acalmá-la, embora eu mesmo não estivesse calmo. Alevantei-me e caminhei até ela, ela ergueu os olhos azuis em minha direção. O rosto estava vermelho e inchado.

- Vai ficar tudo bem Hana. Vamos sair daqui e encontrar a sua mãe, então não chore. Ok? – falei, enquanto acariciava os cabelos dourados.

- Você promete? – me perguntou. As pequenas mãos secavam as últimas gostas de lágrimas.

- Prometo. – ela sorriu e depois me abraçou. Procurando proteção, eu acho. Odeio mentir para crianças, odeio mais ainda fazer promessas que não tenho certeza se posso cumprir. Mas no fundo, acho que aquela promessa era mais para mim do que para ela.

- Eric. – ela me chamou depois de me soltar.

- Sim?

- Seu rosto, está sujo.

Passei a mão nele. Senti algo duro, que se esfarelava ao meu toque. Sangue seco? Então eu havia levado um golpe na cabeça? Limpei-me na pia que havia ali. Depois voltei a sentar na tábua presa por correntes à parede, que deveríamos chamar de cama. Ficamos em silêncio, o único som no lugar eram os dos pingos de água da torneira.

Havia outras celas, uma em frente a nossa e outras ao lado desta, provavelmente do nosso lado também. Entre elas havia um corredor, não sei dizer qual a extensão dele, não dava para ver o final, mas conseguia avistar uma escada, que levava para cima. Devíamos estar no subsolo, até por que nem janelas havia ali. Gritei pedindo por ajuda, mesmo sabendo que era inútil.

- Desista! Ninguém vai te ouvir e se ouvir, não vai ajudar! – Veio a resposta, distante e grave.

- Quem é?!

- Will. Me chamo William! Sou um prisioneiro, como você!– Prisioneiro? Bem, era o que parecia. – E você, qual seu nome voz do além?! – Voz do além?

- Eric, meu nome é Eric! Está sozinho William?!

- Não, existem mais três comigo! E com você?!

- Dois! Um velho e uma menina!

- Somos três homens, entre vinte e quarenta anos e uma mulher de vinte e cinco!

- Ei! Não saia dizendo a idade dos outros assim, seu imbecil! – de repente uma voz feminina apareceu, interrompendo William. – Ei, garoto! Como está a menina?! Ouvimos ela chorando mais cedo!

- Está bem! Ela se chama Hana e o velho é Carl!

- Sou Margaret! Os outros dois são Ben e Jhon!

- Prazer, voz do além, sou Jhon! – O apelido pegou.

- Ben! – as vozes se apresentaram.

- Vocês sabem o que está acontecendo aqui?! – perguntei. Talvez eles tivessem alguma ideia do que era aquilo ou do que aconteceu com eles.

- Não! Só acordamos aqui, e você?! – William me respondeu, acabando com minhas esperanças.

- Também não!

Depois disso ficamos em silêncio novamente. Hana deitou naquele pedaço de madeira e adormeceu, um sono tão profundo que se eu gritasse duvido que acordaria. Carl continuava sentado contra a parede, acho que já estava acostumado com isso. Eu estava escorado nas grades de ferro, os joelhos dobrados e as mãos apoiadas neles. Brincava com meus próprios dedos.

- Ei! Garoto do outro lado do túnel! – Garoto do outro lado do túnel? Qual o problema desses caras?

- Que foi William?

- Nada! Só queria saber se ainda estava vivo! – eu ri, sem humor.

- To!

- É, já percebi! Ou então estou ouvindo vozes!

- Bem, tecnicamente você realmente só está ouvindo vozes...!

- Engraçadinho... – ele falou meio baixo, mas consegui ouvir.

De repente ouvi passos descendo as escadas, alevantei-me e tentei ver o que acontecia. Fiz sinal a Carl de que acordasse Hana, ele entendeu. Homens vestindo uniformes azuis e pretos apareceram. Os rostos escondidos em capacetes negros, literalmente. Como aqueles que usamos em motos. Estavam armados. Um deles trazia uma pistola metralhadora na mão.

- O que está acontecendo? – ouvi a voz infantil e sonolenta de Hana. Dirigi-me até ela, fazendo sinal para que ficasse quieta.

- Hana, escute, eu preciso que mantenha a calma está bem? – ela me olhou assustada. – Não importa o que você veja, o que te façam, não importa o que aconteça, você não pode chorar.

- Por quê? – os olhos começaram a ficar marejados. Droga.

- Quer ver a mamãe, não quer? – Segurei os braços dela. – Pra isso precisa ser forte. Tá bom? – olhei nos olhos dela, ela não desviou.

- Tá bom.

Cinco deles pararam em frente a nossa cela, outros sete foram em direção ao grupo de William. O que tinha a pistola metralhadora abriu nossa cela e com um gesto nos mandou sair. Obviamente que obedecemos. Olhei para Hana, estava assustada, com medo, mas não chorava. Quando estava fora da cela, olhei em direção ao segundo grupo. Vi William e os outros, mesmo sem saber quem era quem, exceto Margaret, por ser a única mulher. Ela possuía cabelos ruivos, diria que os olhos eram claros, verdes talvez, a distância não ajudava. Um dos homes, o que segurava um fuzil, fez um sinal com a cabeça e a arma, já que ambas as mãos a seguravam em nossa direção, nos indicando a escada. Começamos a caminhar, o outro grupo também.

Subimos os degraus, não sei ao certo quanto caminhamos, mas quando julguei já ser demais, paramos em frente a uma porta de madeira e ferro. O lugar se parecia com um daqueles castelos medievais, só que com guardas meio futuristas, eu acho. Vai ver estava em algum tipo de RPG. Quando abriram a porta para que passássemos fechei os olhos, devido a claridade que atravessou a recente abertura, não era luz solar, eram tochas, mas ainda assim me cegaram por algum tempo. Demorei alguns segundos para voltar a enxergar, senti a ponta de uma das armas me empurrando pelas costas. Continuei caminhando. Estávamos em um corredor que parecia não ter fim, como onde estávamos antes, só que as únicas diferenças era que ali tinha luz e humanos, não muitos, mas tinha. E além de tudo, o lugar fedia, a sangue.

Conforme íamos avançando, as pessoas iam gritando, urrando. Como um bando de animais esfomeados vendo a refeição passar em sua fuça.

- Isso é repugnante. – Ouvi Margaret comentar a alguns metros de nós. Ela tinha razão, era repugnante.

Depois disso passamos por mais alguns corredores e subimos mais algumas escadas. Até pararmos em frente a um corredor estreito. Extremamente estreito. Havia duas mesas ali, cheias, do que a meu ver, pareciam coleiras. Uma delas possuía coleiras azuis e a outra vermelhas. Elas pareciam aquelas coisas que vemos em filmes, que se você fosse tentar tirar, sua cabeça explodia. Atrás dessas mesas havia guardas, como os outros. O guarda das coleiras azuis nos entregou uma para cada um. Nos ordenou que as colocasse e assim o fizemos. Ao fechá-la eu ouvi um “clic”. O grupo de William também recebeu coleiras azuis. Depois que as colocamos nos mandaram atravessar aquele corredor estreito até o final. Eu fui na frente, depois de alguns minutos caminhando ouvi o barulho de algo sendo trancado. Ao olhar para trás, vi que só havíamos nós ali, os guardas não vieram. Continuei caminhando, até chegar a uma semi sala, com uma porta de ferro. Quando todos estavam dentro dela, uma porta desceu de cima e fechou o local por aonde viemos. Enquanto isso a porta de ferro, à nossa frente, subia, no entanto havia grades atrás dela, grades quadriculadas, também feitas de ferro.

- Ah! – Margaret gritou enquanto Hana começava a chorar.

Agora aqui estou eu, vendo através das frestas da grade uma arena como a do Coliseu. Com corpos espalhados pelo chão, cabeças decepadas e poças de sangue dando cor a areia. E a única coisa que ouço são urros e gritos, como antes de um jogo de basebol.

- Meu Deus. – ouvi a voz de William, antes da grade começar a levantar.


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Notas finais do capítulo

Se gostou, pelo menos um pouquinho, deixa um review? Me faria muito feliz. Obrigada.



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