Na Toca Da Raposa escrita por Nyuu


Capítulo 8
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Culpem minhas provas pelo atraso das postagens.



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Acordei ao raiar do dia com pássaros cantando ao meu redor. A floresta ainda não estava totalmente clara, e na penumbra eu vi algo que me assustou. Pequenos olhos me fitavam numa árvore a cerca de 3 metros de distância, com um interesse peculiar. Percebi que era a figura de uma pequena menina. Pele, cabelos e olhos escuros. Era pequena e frágil. No topo da árvore, parecia um pequeno pássaro. Ficamos nos encarando por alguns segundos até que ela agilmente desceu da árvore e correu para longe, as longas pernas fazendo um ótimo trabalho. Eu estava faminta e sedenta. Havia cerca de cinco frutas nos meus bolsos, e eu devorei todas em instantes. Agora eu estava sem comida e sem água. A única solução era sair para procurar.

Desci da árvore com cautela, ouvidos funcionando como radares. Parecia tudo calmo e tranquilo, então me pus a andar. Quando o sol já estava bem alto, um barulho me fez pular. E a visão que tive me petrificou. Eram os carreiristas caçando. Já tinham alguns animais em sacolas nos ombros, o que seria o suficiente para me alimentar por um mês. Escondi-me atrás de uma árvore grossa e esperei que passassem. Então tive a ideia que terminaria por garantir minha sobrevivência. Quando eles já estavam a uma distância segura, comecei a segui-los. Eles haviam montado um acampamento perto do lago e uma pilha de suprimentos começava a surgir. Não acreditei quando entendi: eles haviam pegado os suprimentos e armas da cornucópia e estavam montando seu próprio depósito. Aqueles que vi caçando eram só metade do número total. Clove, Glimmer e Marvel. Os outros, incluindo o gigante loiro, estavam empilhando cuidadosamente tudo em forma de pirâmide. E um menino estava fazendo uma armadilha ao redor dessa pirâmide. Uma armadilha com explosivos sensíveis ao toque.

Fortes, bom de briga e espertos. Que chance eu tinha contra eles? Foi então que percebi. Eu não teria chance nenhuma contra eles. Seria massacrada. E como diz o ditado: se não pode com eles, junte-se a eles. Porém, entrar num grupo de carreiristas não era assim tão fácil. Eu teria que ter alguma utilidade para o todo. E eu definitivamente não possuía nada assim. Mas... e se eu ficasse com eles sem eles saberem? Seria uma fonte de comida, de segurança e de água, já que estávamos à beira do grande lago. Era isso. A ideia perfeita. A estratégia perfeita.

Um barulho me tirou de meus devaneios escondidos em meio às árvores. Um barulho estranho. Mas bem conhecido. Era o som de algo queimando. Algo grande. Tão grande quanto uma floresta inteira.

O fogo não estava muito perto de onde eu estava, mas eu podia ouvi-lo e senti-lo. Uma fumaça negra subia por muitos metros no céu, tapando por hora o sol. A floresta não era mais tão segura; não havia como saber se minha posição seria atingida ou se em segundos tudo viraria cinzas. A alguns metros na minha frente a floresta virava campina e em seguida lago. Os carreiristas estavam percebendo o fogo e começaram a vir em minha direção. Todos vieram juntos. Escondi-me novamente e esperei que passassem. Então corri na direção do acampamento, mas num ponto fora de seu campo de visão.

Foram um pouco tolos naquele instante. Toda a pirâmide de suprimentos estava à minha disposição. Assim como a água. Rapidamente encontrei uma mochila com um saco de dormir, uma garrafa d’água, uma faca, uma jaqueta térmica e comida. Então comecei a procurar abrigo. Logo depois do acampamento carreirista, uma pequena floresta pedregosa começava. Comecei a procurar por árvores para escalar, mas elas pareciam difíceis e finas demais. Então achei o esconderijo perfeito: uma pequena gruta de pedra escondida entre alguns arbustos. A entrada era tapada por uma pequena moitinha. Entrei no meio das pedras e me acomodei. Não era muito grande, mas o suficiente para servir de abrigo e esconderijo. Coloquei o saco de dormir no chão e me sentei em cima. Bebi um gole d’água e comecei a comer. Havia um pouco de tudo: desde biscoitos até carne seca. E a poucos metros de distância, havia uma fonte inesgotável de tudo isso. Poderia ficar ali até as coisas se acalmarem. Até pensar em um jeito de voltar pra casa. Escondida e segura. Dentro da minha toca.


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