Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 37
O espírito dividido


Notas iniciais do capítulo

O papel de Janine e Ayesha em importantes revelações e respostas às perguntas dos bruxos. Onde fica a base do Círculo Sombrio? E qual é a identidade do "Avatar das Trevas"?



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CAPÍTULO 36

O ESPÍRITO DIVIDIDO

Harry e Gina saíram pela lareira da recepção do St. Mungus, onde Martinette Thomas já esperava por eles. A Medi-Bruxa especializada em Reformatação Facial Mágica levou o casal até uma ala privativa, na qual a segurança era praticamente inviolável. Afinal, fora Harry que supervisionara a instalação dos feitiços e defesas.

—Para Arthur estar na Ala de Segurança, significa que a coisa é bastante séria, não deve ser só paranoia do “Olho-Tonto” Moody. _ disse Gina.

—Essa eu ouvi, garota. _ disse Moody, aproximando-se _ E você tem razão, Gina. Não é só paranoia minha. Vou contar tudo a Harry e depois ele te conta o que puder. Venha comigo, Harry.

Moody conduziu Harry até uma sala de reuniões e contou a ele o que se passava. Minutos depois, o bruxo entrava no apartamento onde estava Arthur, com um Auror vigiando a porta.

Arthur Weasley, Ministro da Magia da Inglaterra e da Grã-Bretanha, estava deitado na cama, pálido e bastante emagrecido. Ao ver a filha e o genro chegando, sorriu e ajeitou-se.

—Não fiquem assustados. A minha aparência é que está ruim, mas não corro mais risco de vida. Só preciso de repouso e Poção para Repor o Sangue.

—Hein? _ espantou-se Gina _ Como daquela vez em que Nagini te atacou?

—Não, filha. Desta vez é meio diferente. Creio que Alastor te contou tudo, não é, Harry?

—Sim, Ministro. Ele me contou.

—Sem formalidades, Harry. _ Disse Arthur _ Não estamos em nenhuma ocasião oficial.

—OK, Arthur. O Prof. Moody me explicou que o Círculo plantou alguém nas cozinhas para te envenenar, com uma substância que reproduzia os sinais e sintomas de um câncer de cólon. Por sorte, ele conseguiu impedir que Arthur ingerisse o catalisador, que tornaria os efeitos permanentes. Resumindo, morreria de um câncer sem ter um câncer. Graças ao Prof. Moody e ao Neville, a substância foi identificada e Arthur foi salvo. Mas terá de ficar internado por cerca de uma semana, para eliminar o veneno. E não é só Poção para Repor o Sangue que vai ter de tomar. Também há outros medicamentos, inclusive quimioterápicos trouxas, que vão ajudar a eliminar a toxina, já que ela tem o comportamento de um câncer de verdade.

—Já vi que vai me dar muita náusea. Eu sei quais são os efeitos colaterais de uma quimioterapia trouxa. _ disse Arthur _ Bem, pelo menos não será por muito tempo.

Nos dias que se seguiram, Arthur Weasley ficou internado no St. Mungus, realizando seu tratamento. O problema foi que, devido à imunossupressão causada pelos quimioterápicos, teve um resfriado que evoluiu com uma pneumonia, o que obrigou a equipe médica a administrar novas poções e antibióticos trouxas, potencializados com magia. Ao cabo de duas semanas, Arthur Sinclair Weasley estava recuperado da pneumonia e logo poderia ter alta, assim que recuperasse as forças. Estava magro, debilitado e fraco, mas vivo, sorridente e feliz. Durante todo o tempo do tratamento, ele não ficou sozinho por um instante sequer. Molly e alguns dos filhos ficavam durante o dia. À noite, logo que terminavam as aulas em Hogwarts, Harry, Gina e Hermione tomavam uma lareira e passavam a noite no St. Mungus, revezando-se nos turnos de vigia, tanto pela saúde de Arthur quanto para neutralizar uma possível ameaça.

E é claro que “p” também estava por perto, realizando uma segurança velada.

A alta de Arthur estava programada para o dia seguinte. Em companhia de Molly e Harry, ele estava sentado em uma poltrona, fazendo um pequeno lanche.

—Não que a comida do St. Mungus seja ruim, muito pelo contrário, mas eu estou com saudades das habilidades gastronômicas de Molly. _ disse Arthur, enquanto a esposa corava.

—Ora, Arthur, assim você me deixa sem jeito. _ disse Molly _ Só não vá exagerar.

—Estou certo de que em casa, com a família e alimentando-se bem, Arthur logo estará de volta à atividade. _ disse Harry _ Inclusive, há algo importante que eu preciso falar, mas é sigiloso.

—OK, Harry. _ disse Molly, saindo do apartamento _ Arthur ainda não está no Ministério, mas o Ministério já está nele. Enquanto estivermos nessa guerra contra o Círculo Sombrio, o descanso será um luxo.

Depois que Molly saiu, Harry e Arthur passaram um bom tempo conversando. No dia seguinte, antes de ter alta, Arthur estava reunido com Amélia, Harry, Sirius, Shacklebolt e seus filhos, com as esposas. Enquanto não era liberado, olhou para todos e revelou seus planos.

—Gente, já estive por muito tempo à frente do Ministério, desde que Cornelius Fudge me indicou para a sucessão, em lugar de Scrimgeour, que estava a soldo do Círculo. Pena que tal ato custou a vida de Cornelius, bem como de Douglas Spencer Collingwood, Assessor do Primeiro-Ministro trouxa. Desde então, vivemos muitos eventos, com o atentado durante minha posse, os funerais de Lord Voldemort, as batalhas contra o Círculo Sombrio, novas gerações de nossas famílias em Hogwarts, as mortes de Dumbledore e Minerva, entre outras coisas. Sinto que minha missão à frente do Ministério chegou ao fim e é a hora de haver um sucessor. Vários nomes já passaram pela minha cabeça, mas hoje cheguei a uma conclusão sobre quem poderia ser o candidato da chapa de situação. Amélia declinou, dizendo que já tem muita idade para o cargo. Sirius e Harry também declinaram, pois não querem deixar suas atividades de docência, sem contar que tomam parte ativa em combates contra o Círculo Sombrio e indicar Harry poderia parecer nepotismo, o que também desaconselha a indicação de Hermione ou de qualquer um dos meus filhos, por mais que tenham competência para tal. _ todos os Weasley coraram _ Não pensem que a escolha é de exclusão, porque ele já provou que pode muito bem estar à frente do Ministério da Magia. O indicado é Kingsley Shacklebolt e, se em quinze dias, não se apresentar um candidato para compor uma chapa de oposição, será um pleito de chapa única.

—Tudo como prevê o regulamento. _ disse Percy _ Papai não pode indicar um parente, mas se algum quiser concorrer como candidato em uma chapa de oposição, não haverá problema.

—Exato, Percy. _ disse Arthur _ Cada candidato terá de provar sua competência. Quando eu assumi as circunstâncias eram diferentes, mas agora poderemos ter uma disputa eleitoral, se for o caso.

Naquele momento, o Dr. Nicholas Whitehurst entrou no apartamento, com a pasta de Arthur.

—Ministro Weasley, o senhor está liberado. Não há mais sinal algum da pneumonia e todos os vestígios do veneno foram eliminados. Aliás, eu jamais havia visto uma substância daquelas. Até parece que foi sintetizada.

—Realmente foi, Dr. Whitehurst. _ disse Harry _ Mas não vem ao caso nos estendermos sobre isso.

—Compreendo. Bem, graças ao talento do Sr. Longbottom, foi possível produzir o antídoto. Essa substância não será mais um problema.

Arthur foi liberado e todos tomaram uma lareira para a Toca, onde ele ficaria recuperando-se por mais alguns dias. Depois que ele estava instalado, os filhos foram cuidar de seus respectivos afazeres. Gui e Fleur foram para casa, de onde ele iria para o Gringotes. Fred e Jorge foram para os escritórios da empresa de logros. Carlinhos voltou para a Romênia. Percy e Rony foram para o Ministério. Hermione, Harry e Gina retornaram para Hogwarts, juntamente com Sirius, não sem que Arthur e seu genro trocassem um olhar discreto, porém significativo.

As aulas haviam terminado e a professora de Feitiços, D. S. Guise (Janine, disfarçada), dirigiu-se ao Gabinete do Diretor, entrando na lareira e rodopiando para Londres, com o pó de Flu. Sempre verificando se não estava sendo seguida, entrou em várias lojas, mudando de aparência e roupas quando não havia ninguém reparando. Então, no banheiro feminino de um restaurante, desaparatou.

Aparatou em frente a um estabelecimento comercial que vendia especiarias e comidas orientais em Limehouse, com a aparência de uma velhinha chinesa. Seguiu para uma porta nos fundos da loja e, após passar por ela, desceu uma escada e entrou em uma sala ricamente decorada. com cheiro de incenso e em penumbra.

—Você foi seguida? _ perguntou uma voz masculina.

—Nem mesmo se tivesse alguém grudado em mim e, se tivessem usado um Feitiço de Marca, eu perceberia e neutralizaria.

—Que bom. Não aguentava mais de saudades. _ o dono da voz saiu das sombras e abraçou Janine, beijando-a apaixonadamente.

—Hmmm, você ficou lindo de bigode e cavanhaque. _ disse ela, já com sua aparência original _ Mesmo que ele me faça cócegas no nariz.

—Me perdoe pelo tapa que precisei dar em você, meu amor. Espero que não tenha doído muito. _ disse Draco, abraçado à esposa.

—Confesso que fiquei com medo, naquela hora. _ disse Janine _ Você é um excelente ator. Qualquer um que olhasse pensaria que você realmente estava sob o domínio do Círculo.

—Eles quase conseguiram. _ disse Draco, sentando-se a uma mesa e servindo duas taças de vinho _ Aquele Nitobe Suwo é muito habilidoso e eu tive de resistir até o último instante, quando fiz uma projeção astral para resguardar minha mente e meu espírito. Mesmo assim, tive de limpar meu Cordão de Prata, pois já tinha manchas. Depois daquilo, foi só atuar da maneira mais convincente possível.

—Quando isso terá fim, Draco?

—Creio que não irá demorar muito, Jan. _ respondeu ele _ A arrogância de “Escuridão” está fazendo com que ele cometa erros e a frustração pelas recentes derrotas também contribui para perturbar sua capacidade de julgamento. A soma disso tudo e mais o trabalho de “p” arrastarão o Círculo Sombrio para o seu fim. E como estão nossos filhos? Estou sentindo muito a falta deles.

—Adriano é um excelente Monitor e Narcisa tem ótimas notas. Os Novos Marotos estão sempre alerta, principalmente agora que surgiram as pichações na escola.

—Pichações?

—Sim. Parece que alguém andou pichando algumas paredes com imagens alusivas a um retorno de Voldemort, com um “Delay Spell” e um Feitiço de Confusão. Assim a imagem aparece depois de algumas horas, dificultando a identificação.

—O filho de Pettigrew, Albert, não é bom em desenho?

—Sim, mas não é coisa dele. Ele faz parte dos Novos Marotos e Harry confia nele. Agora venha e me abrace. Sinto tanto a sua falta...

Abraçados entre os lençóis, deois de terem se amado apaixonadamente, Janine e Draco planejavam os passos seguintes. Sendo ele mais um infiltrado entre o Círculo, as chances dos bruxos da Ordem da Fênix aumentavam consideravelmente.

—E há algo que Harry precisa saber. A localização da base principal do Círculo Sombrio está protegida sob um Feitiço Fidelius Conditio, de modo que nem mesmo o Fiel pode revelá-lo diretamente. É necessário se valer de modos indiretos, tipo charadas, enigmas e parábolas.

—Então, “Escuridão” revelou a você a localização através de um meio indireto?

—Exato, Jan. Eu preparei uma charada na forma de uma equação simbólica, escrita neste pergaminho. _ e enttegou um pequeno pergaminho enrolado à esposa _ Se Harry decifrá-la, o local aparecerá no lugar deste “X”.

—Vou entregá-lo a Harry, ainda hoje. Creio que é melhor eu ir, então. Você precisa retornar, a fim de não despertar suspeitas e esta informação precisa ser analisada.

—Harry será facilmente capaz de decifrá-la, eu sei. _ disse Draco beijando a esposa, enquanto se vestiam e Janine voltava à aparência da velhinha chinesa.

Janine saiu da loja e dirigiu-se à estação do metrô Aldgate, mudando de linha na estação Liverpool Street, seguindo pela Central Line até a estação Notting Hill Gate, onde desembarcou. No banheiro feminino, mudou de aparência e saiu da estação, indo em direção a um beco e de lá desaparatando para St Pancras e King’s Cross. Conferiu as horas e entrou na estação, dirigindo-se à barreira, atravessando-a e chegando à Plataforma 9 ½.

A bruxa preferiu fazer esse trajeto mais complicado, mudando de aparência e desaparatando, terminando por voltar pelo Expresso de Hogwarts, para não despertar suspeitas, já que, por um instante, pareceu sentir um Ki conhecido, mas por tempo insuficiente para identificá-lo. Então às 23:00 horas, pontualmente, o trem deixou a estação King’s Cross, rumo a Hogsmeade. Em uma das cabines, com vários feitiços de segurança colocados por ela mesma, tomando uma taça de um excelente Tannat, ia a professora D. S. Guise, satisfeita pela missão praticamente cumprida. Na manhã seguinte estaria no povoado.

Enquanto isso, na Estação King’s Cross, uma pessoa com o Ki baixo e olhos atentos observava a partida do Expresso de Hogwarts (“Mais uma pedra no tabuleiro. E é uma pedra branca”, pensou a pessoa).

Na “Cidadela de Bóreas”, Draco Malfoy entrou disfarçadamente em seus aposentos e, lá dentro, encerrou o feitiço do seu Shikigami. Assumindo o seu lugar, foi até a biblioteca, onde encontrou Mariana e “Sombra”, sentadas em poltronas à frente da lareira e saboreando uma dose de Brandy cada uma.

—Draco, venha tomar um Brandy conosco, ora pois. _ disse Mariana.

—Não, obrigado. _ disse Draco, que sobraçava uma botija de cerâmica, com alguns Kanji escritos e uma caixa, com o restante do equipamento _ Em uma saída ao Japão, comprei um excelente Sake em uma lojinha de Ikebukuro. Pretendo aquecê-lo e conferir se é tão bom quanto me recomendaram.

Instalou um pequeno fogareiro perto da lareira e acendeu o carvão aromático, vertendo o Sake da botija para as garrafinhas, que foram colocadas para aquecer em banho-maria. Logo o perfume do saquê permeava o ambiente e a bebida atingia a temperatura de 36,5 graus, ideal para o consumo.

—Belas roupas. Também comprou em Ikebukuro? _ perguntpu “Sombra”.

—Não, “Sombra”. Estas foram compradas em uma loja do bairro da Liberdade, em São Paulo. _ respondeu Draco. Ele trajava um kimono verde- escuro e um Hakama cinza-grafite.

—Muito bonito mesmo, Draco. _ disse Mariana _ E deve ser bastante confortável.

—Sem dúvida, Mariana. A gente fica bem à vontade. _ disse Draco, servindo-se de uma dose de Sake— “Kampai”. Aaah, excelente, mesmo. E “Escuridão”? Não virá juntar-se a nós? Ele aprecia bastante o Sake.

—Creio que não, Draco. _ disse “Sombra” _ Ele está há horas encerrado em seu gabinete. Parece que está planejando novos golpes.

Na verdade, além de planejar novos golpes, “Escuridão” também pensava em muitas outras coisas, principalmente nas falhas de segurança que haviam ocorrido. Os atentados e operações mais importantes haviam sido neutralizados por Harry Potter e seus amigos, mas seria impossível fazê-lo sem ajuda de dentro. Só que, por mais que “Escuridão” pensasse, não conseguia imaginar quem seria o responsável. O antídoto contra o vírus “Inferno 300”, a operação “Helena Frankenstein”, o Velocino de Ouro, o atentado à reunião da Confederação Internacional dos Bruxos e, mais recentemente, a tentativa de envenenar Arthur Weasley. Em todas elas, “Sombra”, Mariana e “Viper” sempre estiveram ao seu lado. Não haveria meio de algum deles, da alta cúpula do Círculo Sombrio ser um traidor. Ou haveria? Não, ele não deveria deixar que a paranoia o dominasse, ainda mais com a proximidade de uma operação de enorme vulto. Nada poderia deter a “Operação Dâmocles”, o maior ultimato de extorsão às nações do mundo. Com aquilo, a Ordem das Trevas certamente retomaria seu lugar de direito como regente agora não só da Bruxidade, mas também das nações trouxas. Só que para mostrar à ONU que ele falava sério, seria necessário realizar uma demonstração maior do que aquela do vírus “Inferno 300”.

E “Escuridão” já sabia qual seria o alvo.

Mas agora era o momento de relaxar um pouco, ainda mais porque acabara de sentir o aroma de um ótimo Sake, certamente trazido por Draco, em sua última viagem ao Japão.

Na sala, Draco continuava a saborear o Sake, quando “Escuridão” chegou.

—Senti o aroma de um bom Sake. Esse daí não é Komori, não é, Draco?

—Não, “Escuridão”. Este é mais artesanal, eu o trouxe de Ikebukuro.

—Hmmm, excelente. _ disse “Escuridão”, aspirando o perfume da bebida e servindo-se de uma dose _ “Kampai”. Aaah, que delícia!

—Eu trouxe mais algumas botijas. _ disse Draco _ O preço estava bom e a qualidade é excepcional.

—Sem dúvida. Bem, acho que vou me recolher. _ disse “Escuridão”, levantando-se e saindo _ Boa noite.

—Boa noite. _ responderam os outros três.

Entrando em seus aposentos e despindo-se, entrou em uma banheira de espuma e tentou se acalmar (“Aquele Sake era ótimo, mas não estava me descendo muito bem, o sabor parecia ter um fundo de... sangue. Não me lembro de onde li esse texto, mas ele dizia ‘Na primavera, as flores de cerejeira à noite. No verão, as estrelas. No outono, a Lua Cheia. No inverno, a neve. Isso sempre é o bastante para tornar o Sake delicioso. Se o sabor estiver ruim, é a prova que há algo de errado com você.’ É assim que eu me sinto, essa desconfiança sobre quem pode ser o traidor está me envenenando e me fazendo usar de artifícios para manter os planos a salvo. Não posso contar a ninguém mais do que ele deve saber e não antes da hora. Mesmo assim, não devo revelar tudo a respeito da ‘Dâmocles’ e o papel do ‘Leviathan’ nela. E também falta pouco para o Levante de Hogwarts. Graças ao talento da Srta. Cornwall, adiantamos o calendário. Bom, vamos dormir e tentar deixar a mente mais leve. Ainda bem que Mariana compreendeu que hoje eu preciso ficar só”, pensou o bruxo).

Hogwarts, Gabinete do Diretor.

Janine entrou no Gabinete do Diretor, onde Harry, Sirius, Hermione, Gina, Hsiao e Pendergast esperavam por ela. Ao verem o sorriso no rosto da bruxa, agora com sua própria aparência, compreenderam que fosse o que fosse, havia dado certo.

—Parece que a sua ida a Londres foi proveitosa. _ disse Hermione.

—Em todos os sentidos, Mione. _ concordou Janine _ Matei as saudades do meu esposo, a quem não via há algum tempo, por conta do disfarce e ele me entregou uma pista valiosíssima.

—Não me diga que Draco conseguiu... _ e Harry deixou a frase pela metade.

—... Exatamente, Harry. _ completou Janine _ Ele conseguiu montar o enigma para localizarmos a base do Círculo.

—Enigma? _ perguntou Hsiao.

—Sim, Hsiao. _ respondeu Janine _ O Feitiço Fidelius Conditio, sob o qual “Escuridão” ocultou a localização da base, não permite que nem mesmo o Fiel do Segredo o revele de forma direta, tendo de se valer de charadas, enigmas e parábolas, com a particularidade de não poderem se repetir. Então Draco precisou criar isto aqui.

Na folha de pergaminho havia vários desenhos: uma casa quadrada, quatro janelas com setas apontando para uma grande letra “S”, um urso visto através de uma janela e com um ponto de interrogação. Entre um desenho e outro, um sinal de adição e, depois de um sinal de igualdade, uma letra “X”.

—O que Draco estava pensando em dizer com isso? _ perguntou Sirius.

—Acho que descobri. _ disseram, ao mesmo tempo, Harry e Pendergast.

—Como assim? _ perguntou Hermione.

—Desta vez te ganhei, Mione. Você sempre foi boa em lógica e enigmas, mas este eu já adivinhei.

—E qual é a resposta? _ perguntou Gina.

—A resposta é “BRANCO”. _ disse Harry.

Como que sublinhando as palavras de Harry, o “X” começou a mudar de forma e apareceram as palavras “CIDADELA DE BÓREAS”.

—Como você descobriu, Harry? _ perguntou Hsiao.

—Não foi muito difícil, Hsiao. Acho que Pendergast deve ter seguido a mesma linha de raciocínio que eu.

—Sim, Harry. E depois me lembrei de um filme no qual havia algo semelhante. Veja, uma casa quadrada e depois quatro janelas.

—Significa uma em cada parede e, se todas apontam para uma letra “S”, o urso que for visto de qualquer uma delas será branco, pois será um urso polar.

—Mas claro! _ exclamou Gina _ Se todas as janelas apontam para o Sul, significa que a casa está no ponto mais ao Norte possível, ou seja, o Pólo Norte.

—De onde se conclui que a base fica no Ártico. _ disse Sirius _ Ainda mais pelo nome, “Cidadela de Bóreas”, o Vento Norte.

—Bem, isso reduz a área na qual temos de procurar. _ disse Janine.

—Mesmo assim, ainda é uma considerável extensão de terreno. Boa noite, gente. Oi, amor. _ disse Ayesha, que acabara de chegar e dava um beijo em Sirius.

—Oi, querida. _ disse Sirius _ Realmente, o Ártico é enorme. E isso ainda não é tudo. Certo, Harry?

—Certo, Sirius. _ concordou Harry _ Bem, considerando que “Escuridão” ainda possui pelo menos um volume do Necronomicon em seu poder, suponhamos que haja algum feitiço capaz de ocultar uma grande estrutura, tipo um edifício ou uma fortaleza. E mesmo com magia, ainda é bastante difícil disfarçar a emissão de calor o suficiente para que não se possa detectar as coordenadas geográficas.

—E se o tal feitiço for ainda mais longe? _ perguntou Gina _ E se ele não se limitar a ocultar, mas sim criar um espaço alternativo?

—Tal como a Passagem das Brumas? _ perguntou Ayesha.

—Exato. _ disse Harry _ Um portal para uma dimensão paralela. Então, não bastaria conhecer as coordenadas geográficas do local, mas também saber como abrir o portal.

—Quanto às coordenadas, me deixe tentar. _ disse Ayesha, segurando o pergaminho e logo o devolvendo a Harry _ Não, não adiantou. De todas as minhas habilidades de adivinhação, a Psicometria é a mais fraca e, além disso, a proteção gerada pelo feitiço é bastante forte.

—De volta à estaca zero, então. _ disse Sirius.

—Não exatamente, Sirius. _ disse Janine _ Não se esqueça de que Draco e “π” devem estar trabalhando para obterem uma pista e nós também podemos pensar em algo. De qualquer forma, há mais de uma coisa para ser resolvida.

—Sim. Temos de descobrir mais sobre o “Avatar das Trevas” e os planos que “Escuridão” está tramando através dele. _ disse Hermione.

—Identificar os responsáveis pelas pichações. _ disse Gina.

—E libertar o espírito de Voldemort. _ disse Harry _ Não será uma tarefa das mais fáceis, mas juntos nós conseguiremos.

Hogwarts, Câmara Secreta de Slytherin

A sessão de treinamento do grupo de jovens trevosos ia chegando ao seu final, quando um pentagrama se formou no ar, alargando-se e permitindo aos alunos ver a figura do malévolo líder do Círculo Sombrio, “Escuridão”. Seu olhar penetrante e seu sorriso cruel demonstravam o quanto estava satisfeito.

—Parabéns, jovens. _ disse ele _ Vejo que estão preparados para a missão que os espera, serem a cabeça-de-ponte para uma bem-sucedida conquista da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Graças ao excelente treinamento proporcionado pelo “Avatar das Trevas” e aos talentos pessoais de cada um de vocês, nossas chances de vitória são enormes. E um agradecimento especial à Srta. Daphne Cornwall, que nos proporcionou os meios para que a operação possa ser antecipada. Portanto preparem-se, meus jovens. Em sessenta dias, a contar de hoje, ocorrerá a invasão de Hogwarts.

Ao ouvir aquilo, Albert Pettigrew prestou mais atenção nas palavras do bandido bruxo. Escondido em um lugar que lhe proporcionava uma ótima visão do grupo, sem que nenhum deles pudesse vê-lo, ele estava curioso. O que será que aquela fanática da Daphne Cornwall havia descoberto? Devia ser muito importante, pois “Escuridão” estava fazendo o maior segredo, até mesmo para o “Avatar das Trevas”.

Escuridão” terminou de falar, o pentagrama desapareceu e o “Avatar das Trevas” liberou os alunos e permaneceu por ali. Ele estava conseguindo manter-se fora do domínio de “Escuridão” por um tempo cada vez maior e o utilizava para conversar com Albert, que conhecia o seu segredo.

—Você ouviu tudo, jovem Pettigrew? _ perguntou o “Avatar”.

—Sim, ouvi. _ respondeu Albert _ Mas o que será esse tal detalhe, no qual há a participação da Srta. Cornwall?

—Deve ser o Ás na manga de “Escuridão”, pois ele não revelou nada disso, nem mesmo a mim. Ele parece estar cada vez mais paranoico, pois há detalhes de seus planos que ele não revela nem mesmo a “Sombra”, “Viper” ou Mariana.

—Vem coisa séria por aí. _ comentou Albert _ Será que eu ou outro dos Novos Marotos conseguiria descobrir esse detalhe?

—Seria bom, jovem Pettigrew. _ disse o “Avatar das Trevas” _ Porém creio que não será uma tarefa fácil. Vamos embora, pois sinto que o tempo está se esgotando. De qualquer forma, conto com vocês e com os infiltrados.

Subiram pela passagem, até o banheiro da Murta que Geme. Graças aos Feitiços de Proteção do “Avatar”, sempre que o grupo de jovens trevosos iria ter instruções, ela e Cedric mantinham-se afastados dali. Albert dirigiu-se à Sala Comunal da Sonserina, enquanto o “Avatar” seguiu para a câmara onde guardava o manto e a máscara de prata que escondiam sua verdadeira face.

Sentindo que seu tempo estava chegando ao limite e que sua Henshin (“Transformação”) estava prestes a sofrer a reversão automática, o “Avatar” apressou-se em alcançar a câmara, dando mais importância a chegar lá a tempo do que à segurança de sua identidade (“Afinal, quem estaria circulando pelos corredores a esta hora? Só se houvesse um motivo específico para isso”, pensou ele, enquanto chegava ao local).

Só que não era assim. Alguém o seguia, com o Ki rebaixado e sob Feitiço de Desilusão.

Chegando à pequena câmara secreta onde guardava seu disfarce, o “Avatar das Trevas” desabotoou o manto e removeu a máscara que cobria o seu rosto, deixando ver um rosto masculino, com os traços de um Tom Riddle no início da idade adulta, porém com os cílios longos e o nariz bem cinzelado de Bellatrix Lestrange. Os olhos negros tinham uma expressão sofrida e o rosto estava contraído em um esgar de dor, o que tinha razão de ser.

No instante seguinte, entre gemidos de agonia e contraturas musculares, o corpo do “Avatar das Trevas” começou a se contorcer, como se algo quisesse sair de dentro dele, embora o que aconteceu a seguir tenha sido diferente.

Como fosse um pedaço de massa, depois de diminuir até o tamanho de um pré-adolescente o corpo adulto começou a se separar, a se dividir em dois até que, no lugar do adulto, estavam ali no corredor dois jovens de doze anos, suando, com o olhar vago e uma expressão aluada em seus rostos.

—Eu imaginava qual dos dois seria, mas jamais pensaria que fossem os dois ao mesmo tempo. Ainda bem que eu dei importância ao pequeno flash premonitório que senti.

—Professora Black? O que a senhora está fazendo aqui? Aliás, o que NÓS DOIS estamos fazendo aqui?

Mariel e Mirela Dort Moldov Nero não entendiam coisa alguma do que se passava.


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