Meu Nome Não É Juliette! escrita por Quididade


Capítulo 5
Intercessão!


Notas iniciais do capítulo

Ah! Perdão pela demora, eu estava ficando inspirada, e no dia seguinte sem inspiração, esses dias todos foram assim, então dificultou o termino do capítulo. Mas ele ficou maior do que os outros, e ia ficar maior ainda, ma sachei melhor parar de escrever, afinal de contas são 01h56min da madrugada (oficialmente a data do debut do SHINee no calendário ocidental!) e eu estou caindo de sono, sem contar que mais tarde tem aula. Então fica por isso.
Só para avisar que estou experimentando um método de narração novo nesse capítulo, visto que só na terceira pessoa não estava dando para escrever, conforme for eu talvez me fixe em um só, não sei, preciso da opinião de vocês.



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Todos os dias desde sua última conversa com Kang Shin, Hana estava por ficar na escola mais um pouco. Sempre havia coisas a se fazer, e sempre ficavam coisas para terminar no fim do dia. Hoje, Hana estava pintando uma parte do cenário com uma clara apatia no olhar.

Como os ensaios da peça aconteciam antes dela ter tempo para cumprir seu castigo, e todos da equipe cenográfica trabalhavam durante os intervalos e o horário de almoço, Hana acabava ficando sozinha no enorme auditório e a única coisa que preenchia o vazio era a música que saia de seus fones.

Então lá estava ela, enfiada em seu jeans skinny escuro favorito, uma blusa de algodão preta onde “The Strokes” estava escrito no tecido, e o casaco de um dos seus melhores moletons. O dia estava gelado como o inverno no polo norte. Por isso seus lábios estavam meio pálidos, mesmo com o batom rosa claro.

Baby you light up my world like nobody else, The way that you flip your hair gets me overwhelmed — Ela cantarolou, molhando a borda do pincel na lata de tinta antes de voltar a pincelar a lua minguante. — You don't know, oh oh, You don't know you're beautiful.

Palmas ecoaram por todo o enorme cômodo. Assustada, Hana largou o pincel que caiu respingando tinta branco-perolada por todo seu jeans e um pouco dos seus cabelos. A pessoa que lhe assustou riu.

— Tão desastrada... Você nunca muda Hanita? — O menino sorriu provocador ao vê-la bufar diante do apelidinho carinhoso que só ele dava a ela.

— Vá embora, Castiel. — Ela rugiu. — Estou sem paciência.

— Você alguma vez teve paciência?

Hana bufou e encarou feio o rapaz. Castiel jogou os cabelos ruivos para o lado e sorriu mais uma vez. Os lábios cheios e em um natural tom de rosa saudável se esticaram sobre os dentes um pouco mais brancos que sua pele. O rapaz subiu os poucos degraus e caminhou até o lado da menina, pegando o pincel que a mesma deixara cair.

— Seja legal comigo. — Ele ordenou em uma voz adocicada. Hana apenas riu de forma seca.

— E porque raios eu deveria? —Retorquiu. Os braços cruzando-se em frente aos seios.

Castiel examinou a menina sem deixar de sorrir. Era inevitável, ele adorava irritá-la desde... Desde sempre. Era tão divertido que há tempos passou a dizer aos outros que era o seu hobby, mas desta vez ele não estava ali para aporrinhá-la, não por vontade própria, é claro.

— Porque, Haninha, eu estou com um pincel na mão. — Explicou, pausadamente, como se ela fosse uma criancinha do fundamental. — E você sabe bem que se me irritar, eu sujo o seu jeans favorito sem dó.

A menina franziu o rosto, um tanto boquiaberta.

— Eu duvido muito. E esse não é meu jeans favorito, de qualquer forma.

Castiel arqueou uma de suas sobrancelhas ruivas e mergulhou o pincel na lata, levando lentamente ele para próximo do jeans após isso. A tinta pingando das cerdas.

Hana deu um gritinho e se afastou em um pulo.

— Não, Castiel! Não faz isso! — Ela gritava enquanto os dois corriam por sobre o palco. Hana ia se escondendo por de trás de todo e qualquer objeto que pudesse impedir o garoto de se aproximar.

— Fica Parada, ta com medo de que Hana?! — Ele retorquiu aos pedidos. — Pensei que não fosse seu jeans favorito.

— ELE É! PARE! — Ela berrou, e Castiel parou para rir, mas logo parou ao vê-la cair do palco. — Ai.

E como se fosse um jatinho o ruivo estava ao lado de Hana, o pincel jogado no meio do trajeto, as mãos segurando o tornozelo da menina, examinando-o.

— Você está bem?

— Pareço bem pra você? — Objetou venenosa, porém mordeu a língua logo depois. Castiel apenas riu, e continuou examinando-a rapidamente.

Bizarro. Pensou Hana, observando o rosto de Castiel tornando-se cada vez mais sério. Ele não... Retrucou. Ele estava sendo doce.

— O que... AI! — Ela gemeu quando ele apertou seu tornozelo. Os braços de Castiel envolveram-lhe sua cintura, e ele com cuidado a colocou de pé. — O que você está-

— Colabore. — Ele a cortou. E então, surpreendendo Hana, pegou-a no colo e começou a andar, ignorando as reclamações da menina. — Cala a boca. Estou te levando à enfermaria, não te sequestrando.

Hana permaneceu protestando por todo o caminho, ouvindo uma vez ou outra, comentários como “você é tão pesada”, ou, “precisa fazer dieta” da parte do menino que só a largou em cima da maca, mandando-a ficar quieta.

— Não me mande calar a boca, seu bastardo. — Retrucou, semicerrando os olhos.

Castiel riu.

— Está vendo senhora Jones, eu ajudo e é assim que sou tratado. — Fez-se de inocente. A senhora, já de idade, acariciou as bochechas do garoto e lhe estendeu um dos pirulitos que ela sempre dava aos pacientes. — Viu Haninha, cavaleiros ganham doces, malcriadas recebem machucados... Como o seu tornozelo torcido. — Ele apertou o mesmo, fazendo-a arfar.

O menino abanou a mão em um tchau mudo, e sorriu, saindo do lugar.

— Cretino... — Ela gemeu. — Isso é culpa dele. O que ele foi fazer lá, afinal?

— Falando sozinha? — A enfermeira indagou retoricamente. — Bateu com a cabeça também, querida? Posso lhe arrumar alguns analgésicos.

Hana mordeu a língua pra não faltar com respeito. Contou até dez e respirou fundo, ignorando a senhora que esperava pela resposta.

— Eu estou bem... Obrigada. — Conseguiu dizer entre os dentes. A senhora nada mais disse, terminou de enfeixar o tornozelo de Hana e saiu deixando pairar sobre o ar uma ordem de descanso. — Ótimo, estou zicada. Só pode ser isso.

Levou alguns longos minutos até Hana começar a sentir o efeito dos medicamentos que lhe foram dados. Primeiro, a dor latente já não estava tão constante, ela ficaria bem se não mexesse demais o tornozelo. Segundo, o sono vinha chegando, sorrateiramente, fazendo-a piscar mais vezes do que o normal para combater a sonolência. O tiquetaquear do relógio pendurado na parede tornara-se uma cantiga de ninar estranha, mas funcional, os bocejos foram se alongando, as pálpebras pesando sobre os olhos e então a última coisa que ela ouviu antes de se jogar nos braços de Morfeu foi o ruído da porta se abrindo.

 Castiel parou por uns minutos de frete para a maca, observando a face angelical de Hana. Retirou um aparelho do bolso e jogou ao lado da menina, era o celular dela. Bufou.

— Que preguiçosa problemática. — Resmungo em sussurros, para logo depois passar os dedos entre os cabelos chocolate da menina, afastando algumas mexas do rosto. Virou-se para a enfermeira que estava sentada de frente a uma mesa, anotando algo. — Quando ela acordar a senhora poderia me fazer um favor? Avise-a que ainda estou esperando a minha parceira de cenografia... Ela vai perguntar o que, então diga que basicamente eu estou de castigo com ela.

A senhora meneou a cabeça em concordância, e Castiel lhe sorriu. Sua atenção voltou-se para Hana, e ao primeiro contado que seus olhos tiveram com a imagem da menina ele soltou um ruído estranho.

— Muito problemática.

— O —

Acordei assustada, com algo vibrando entre meus dedos. Cocei os olhos e tateei a cama macia até encontrar o aparelho. Era ele, aquele cretino. Romeo. Não importava o quanto ele tentasse fazer as pazes comigo, sempre que lia o remetente algo como um nó se formava em minha garganta, e os sintomas de cólera brotavam do além.

Ele tinha o dom de abalar qualquer sistema, burlar qualquer paz, e apenas com palavras escritas... Um completo imbecil, resumindo.  Larguei o celular sobre a cama sem sequer abrir o sms, e ao passar os olhos sobre o local notei que não era bem o que eu achava que era. Eu não estava em meu quarto.

— Você está na enfermaria. — A voz de Dakota preencheu o silêncio momentâneo. Ela soava como alguém que não dormiu muito bem, na verdade, ela tinha uma aparência como esta também.

Ah. — Soltei o ar em puro desanimo. — Condição “Onew” outra vez? 

— É. Ela anda atacando você muito ultimamente. — Dakota riu-se por uns minutos, mas parou de repente, me olhando de forma profunda. — Castiel...

— O que tem esse bastardo, cretino e idiota? — Indaguei Mal-humorada outra vez. Certo, o dom de burlar a paz estendia-se ao ruivo também, não era restrito ao Romeo. Que antes fosse. Seria um a menos para me aborrecer.

— Bem, esse “bastardo, cretino, idiota” te socorreu desta vez. — Ela sorriu. Arregalei os olhos com a informação, me lembrava de algo assim. — Está devendo uma a ele.

— Mas...

— Mas antes. — Ela emendou minha frase inacabada com a dela. Dakota se levantou e pegou meu celular. — Vamos ver o que seu Romeuzito lhe escreveu.

— Não se atreva! — Vociferei entre os dentes.

— Querida Juliette — Ela recitou bobalhona e logo riu. — Brincadeirinha. Uh! Ele parece bravo.

— Me dá essa coisa, sua... Sua...

— Lindona, eu sei, também acho isso. — Fez bbuing-bbuing por uns dois minutos antes de caminhar até mim com o aparelho estendido. — Na próxima, peça com mais educação irmãzinha.

— Na próxima... Não haverá próxima, a não ser que goste de viver sem um braço. Ou quem sabe dois. — Ameacei dando um dos meus melhores sorrisos psicóticos. Dakota se afastou quase que instantaneamente assim como sempre fazia nesses momentos, era instinto.

Observei-a caminhar até a janela escondida por grossas cortinas e empurrá-las para o lado abrindo a vidraça em seguida. Uma lufada de ar congelado adentrou me fazendo bater os dentes imediatamente.

— Está muito frio, fecha isso! — Encolhi-me no cobertor. Quando foi que ele surgiu?

— Não enquanto não ler e responder educadamente esse garoto. — Colocou as mãos na cintura, fazendo cara de brava. — Sério. Vocês tem que se entender logo, ou seu castigo nunca vai acabar. E vai por mim, quando você souber o que te espera lá no auditório todos os dias, vai querer implorar o perdão desse seu Romeu fajuto.

— Não é tão simples. — Contorci o rosto em uma careta e bufei, passando a mão nos cabelos para acertar uns fios rebeldes. — Ele é educado, mas muito, muito, muito, muito... Ahn... Lerdo. Fala coisas que... Um minuto, o que me espera todos os dias? — Indaguei de repente.

Esquadrinhei o rosto alvo de minha irmã, o meu rosto, e de repente era como se eu estivesse sentada em frente a minha antiga penteadeira, com luzes brilhantes a sua volta e lilás, com minha mãe penteando meus cabelos com um pouco de raiva por estarem embolados e reclamando exatamente sobre isso e a falta de cuidado que eu tinha para com eles. Eu me vi no rosto contorcido de Dakota. Eu conhecia aquela expressão muito bem.

— Comece a falar. Agora. — Em um pulo sai debaixo do cobertor e me pus de pé, meu tornozelo latejou forte me fazendo morder os lábios para não gemer, mas ainda sim no primeiro indicio de que a dor amenizara manquei até ela, apoiando-me no parapeito da janela.

Dakota me observava com aqueles olhos castanhos grandes e preocupados. Dei graças a deus por ser um das coisas em que não éramos parecidas, os olhos. Seria assustador notar que os olhos preocupados eram os meus também, mesmo sabendo que eu nunca deixava meus sentimentos transparecer assim.

— V-Você não devia sair andando por ai assim, Hana. — Ela tentou falar sério, como mamãe fazia ao nos dar broncas, mas senti sua voz falhar quando lhe lancei um olhar um tanto mórbido. — Não me olhe assim, só estou falando isso porque eu sei que dói... Eu meio que-

— Se vai começar com a baboseira de que sente o que eu sinto e aquele treco de ligação especial pode parar por ai. Eu não acredito nisso.

— Eu sei. — Ela ciciou Cabisbaixa, como sempre ficava quando eu encerrava o assunto desta forma. Sem ele ao menos começar. — Pois bem — Seu semblante se iluminou tão rápido quanto um relâmpago, um sorriso serpenteou seus lábios. Dakota era tão imprevisível e previsível ao mesmo tempo, ela era tão... Minha irmã.

Não pude evitar as risadas que me irromperam de uma hora para a outra, e a vi me acompanhar por longos minutos. Paramos quando nossas barrigas doeram, e eu sentia os indícios de que meu maxilar iria doer se continuássemos. Dakota puxou a cadeira em que estava sentada quando acordei e posicionou a mesma perto da janela.

— Senta — Ela ordenou daquela sua forma adocicada. Ela nunca ia parar de se preocupar comigo, acho que terei de me conformar. — Anda logo.

Eu obedeci rapidamente, queria respostas e discutir com ela só me traria o oposto. Dakota era o tipo de irmã mais nova que usava todo e qualquer ponto fraco meu em seu favor. Como o fato de eu não saber lidar muito bem em não ter as resposta de qualquer questão que for de meu interesse.  Fitei-a com uma curiosidade crescente. Ela sorriu outra vez.

— Está tão curiosa que seus olhos chegam a brilhar. — Suas mãos pousaram em meus ombros e ela acabou por se sentar aos meus pés. Toda aquela áurea infantil que ela irradiava acalmava a tensão de minutos atrás. — Bem, vamos dizer que você ganhou um ajudante.

— Mesmo? — Objetei sorrindo de orelha a orelha. Cara, um ajudante era tudo o que eu mais queria... Ou era até eu perguntar quem.

— Castiel, também conhecido como “bastardo, cretino, idiota” e a sua dupla.

— NÃO! — Rugi, fazendo Dakota parar de rir imediatamente. — Me. Recuso. A. Isso. Eu não posso trabalhar com aqueles dois patetas, sem contar que com Castiel lá eu nem chegaria a pensar em trabalhar. Ele me irrita, eu o irrito, nós discutimos e fim.

— Hana...

— Dakota, não tem como nos colocar juntos, a não ser que seja algum tipo de estratégia pra dar inicio a uma guerra mundial.  

Aah, mas que exagero! — Dakota gorjeou, levantando-se. Acompanhei ela chegar à maca com os olhos, e retornar a posição que estava com meu celular em mãos. — Vamos esquecer isso por ora, se nós resolvermos esse problema aqui, Castiel vai acabar de castigo sozinho.

Apertei os olhos, desconfiada da razão pela qual minha irmã estava tão fissurada no meu trabalho de língua estrangeira. Acontece que depois de uns poucos minutos analisando a minha atual situação a verdade me atingiu como a bola de basquete na última aula de educação física. Eu tinha que fazer esse trabalho fluir melhor. Ela estava certa.

E todo mundo sabe que a coisa está realmente muito ruim quando Dakota está certa. No meu caso, a coisa estava negra.

— O —

Key apertava as teclas do Blackberry com uma força além do necessário. Tinha alguns minutos Que o loiro estava concentrado em acalmar Juliette, e apesar dos pesares, ele estava obtendo algum resultado, mesmo que com demora e muito mais empenho do que normalmente usaria.

MinHo voltara a levá-los para casa, tranquilo mediante a toda baderna, no momento apenas o castigo de TaeMin importava. E era assim para Jonghyun e Onew também, os três mantiveram-se calados escutando o Maknae desbobinar toda a história, fazendo casualmente uma pergunta ou outra.

— Então, não tem um motivo certo para te obrigarem a arrumar a biblioteca? — Minho questionou, fazendo Jjong fechar a boca esperando a resposta do dongsaeng.

— Não. Pelo menos não que eu saiba, eles não me disseram a razão, só o que eu tinha que fazer. — Ele respondeu, dando de ombros em uma forma fofa.

— Isso não me parece certo. — Jong comentou, afastando o rosto que antes repousava no banco do motorista e fitando a paisagem lá fora. — Você não deve só aceitar as coisas, Taemin-ah. Algumas vezes você deve questionar as coisas, afinal de contas o mundo todo gira em torno de perguntas.

Key riu, roubando o foco dos meninos para si.

— Aish, bateu o filosofo agora. — Os meninos acompanharam a sua risada. Key acertou os óculos sobre o rosto e entregou o celular a Onew com um olhar no mínimo duro. — Chegamos a um consenso, finamente.

— Consenso... —Taemin murmurou, com o olhar triste outra vez. — Ah, Hyung, perdão esse trabalho só anda te trazendo problemas!

— Você anda dormindo? — Onew indagou direto, assustando o Maknae, que apenas assentiu. — Então está valendo a pena. — Suspirou, pressionando a têmpora. — Que consenso?

— Vamos conversar em casa. — Key declarou. O nariz empinado, e os olhos focados na estrada. Aquilo era irritante às vezes, mas não havia muito que fazer, no fim das contas a última palavra, na maioria das vezes, era de Kibum.

         Eles não estavam muito longe de casa, entretanto, quando o carro de Minho parou no estacionamento Taemin já estava dormindo. Seus hyungs trocaram longos olhares, e um sorriso apareceu na face cansada de Jong.

— O último a entrar carrega o Taeminnie! — Gritou ele, já correndo. Key bufou.

— Seu idiota, se já estivermos lá dentro não vamos querer voltar!

— Essa é a ideia! — Ele rebateu em um berro. Com uma risada maquiavélica, Key lançou um último olhar para Minho e bateu retirada junto com Onew.

O menino gargalhou.

— Muito idiotas. — Observou a face pálida do mais novo entregue aos deleites do sono. Não conseguiu evitar um sorriso bobo no canto dos lábios quando ele murmurou seu nome, mas esse sorriso sumiu assim que Taemin citou os outros hyungs.

Tomou cuidado ao pegá-lo no colo, e trancou o carro com um pouco de dificuldade. Taemin não era pesado, e tinha um cheiro tão singular quanto o mesmo, isso tornava a tarefa de levá-lo melhor... Na verdade, até se ele estivesse pesando dois mil quilos e cheirando a puro suor seria uma tarefa um tanto agradável.

— Eles agem como se eu alguma vez houvesse me incomodado em carregá-lo, Taeminnie. — Sussurrou fingindo surpresa no ato dos meninos.

— O —

A água quente batia contra meu corpo desfazendo os nós dos músculos. Eu estava, sinceramente, muito cansado de toda a correria. Ao cansado de querer largar tudo, mas só cansado, entende? Um ou dois dias para dormir e comer frango e eu estaria inteiro de novo, mas... Nem sempre querer é poder, sem contar que eu nunca cancelaria nada sem motivos realmente necessários. Muitas fãs se decepcionariam se fizéssemos algo do tipo.

Fãs decepcionados é a última coisa que eu quero, não seriamos nada sem eles.

O sabonete tinha um cheiro terapêutico de erva doce, coisa de Key. Enfiei a cabeça debaixo dos jatos de água e prendi a respiração. Precisava pensar. Precisava relaxar. Tinha que resolver esses problemas. Só podia fazer duas coisas.

Pensar, resolver. Relaxo depois. Com isso em mente deixei que minha mente vagasse por vinte minutos em formar de contar as últimas para os meninos.

Pensei em algo como: “Ah, eu não disse? Sou Appa, não é legal?”, mas acho que Eles enfartariam no minuto seguinte. Talvez algo como: “Jong, fique feliz, finalmente aquela menina que você queria tomar conta está pra vir”, porém eles nunca me levariam a sério assim.

Porque tinha que ser tão complicado? Eu nunca mais penso “isso só acontece em filmes” de novo. Sinto-me vivenciando aquele filme do Jang Geun Suk hyung, mas com uma menina no papel do bebê, e eu sabia de quem ela era filha, sabia de onde veio... Sabia por que veio.

Só não sabia o motivo para ponderar tanto sobre isso. Key vai me matar.

— Hyung, estamos te esperando na sala, Key pediu para te apressar. — Taemin gritou, provavelmente de dentro do meu quarto porque sua voz não estava abafada.

Respirei fundo soltando o ar sem muita presa e desliguei o chuveiro. A toalha branca provocou uma boa sensação ao tocar na minha pele. Era isso. Enfiei-me em uma camiseta qualquer e algo mais confortável do qualquer um dos jeans que usaria normalmente. Se eu tinha que enfrentar Key, enfrentaria confortável. Ainda prefiro enfrentar as consequências a Key...

Desci as escadas pulando de dois em dois degraus. Os rapazes estavam sentados na sala observando Minho e Jong jogar uma partida de soccer no vídeo game, não vi Key, mas deduzi que ele estivesse na cozinha, então apenas me juntei aos outros.

— Vai dar tudo certo, Onew-hyung. — Taemin sussurrou encorajador, ele afagou meu braço. — Somos uma família.

Somos uma família... Como eu venho escutando isso ultimamente. Sorri para Minnie de forma que ele voltou sua atenção à tela, satisfeito, achando que realmente havia me acalmado.

Um cheiro invadiu a sala fortemente, e os meninos deram pause para ver Key entrar na sala com um enorme pote cheio de...

— Frango frito? — Tae resaltou, e todo mundo olhou para mim.

Kibum soltou um dos seus típicos sorrisos malvado.

— Agora sim estamos prontos para conversar.  — Ele caminhou até um ponto em frente à tevê, e de frente para mim e se sentou, no chão mesmo. — Valendo dois frangos a cada resposta dada com honestidade, valendo.

Ele só podia estar brincando...

Mas ele não estava. Os meninos riram. Jonghyun soltou algo como “agora eu quero ver”, pois bem, até eu quero me ver sair dessa se já estava salivando.

— Vai ser um bom menino? — Ele indagou, balançando o pedaço sagrado de frango de um lado par ao outro e eu não conseguia parar de seguir seus movimentos.

— O que exatamente quer saber? — Retruquei sem pensar muito. Notei Key sorrir de uma forma mais gatuno, eu diria.  Não era a toa que seu animal era a raposa.

— Bem, bem. Eu queria muito que você nos explicasse a real razão pelo seu abatimento, e também, o porquê vive implicando com Juliette, ou melhor, porque foi grosso com ela hoje. O que anda te incomodando tanto, Lee Jinki?

Ooh, Key hyung está usando banmal com Onew hyung! Taemin cochichou para Jonghyun, mas foi alto o suficiente para eu ouvir.

— Se eu falar, você me dá o frango certo? — Indaguei. Ele confirmou. — Não era intenção ser rude... Mas ela estava me irritando. — Confessei, fazendo um esforço desumano para olhar Key não o frango. — Ela... Tem esse jeito estranho de achar que é a dona da razão, chega discutindo, não tem respeito... Eu tentei ser legal, mas também tenho um limite.

Kibum colocou a mão no queixo, pensativo, mas não demorou muito a esticar o pedaço de frango para mim. Quase chorei de felicidade.

Jjong tem razão, eu preciso mesmo me tratar.

— Bom menino.  Agora vamos para a próxima pergunta. — Kibum disse orgulhoso e estendeu mais um pedaço daquela coisa que me tirava do chão. — O que está te deixando tão abatido?

— Um problema. — respondi totalmente ligado no frango.

— Que, problema? — Ele retrucou seco. A sala um total silencio além das nossas vozes, eu podia ver pela visão panorâmica Jong e Taemin mais próximos de mim, e as orelhas de Minho um tanto de pé, querendo ouvir o que eu dizia.

— Um problema judicial. — Reiterei com a mente mais densa. Se eu salivasse mais, babaria. Pude ouvir Taeminnie aspira o ar rapidamente e quase engasgar com tamanha surpresa, e nem era toda verdade. — Recente. Um problema judicial recente.

— Que envolve...?

— Uma pessoa. — Retorqui. Key colocou o frango no pote e ficou de pé, carrancudo. Ele ameaçou ir embora então soltei sem pensar. — Uma criança! Envolve a guarda judicial de uma criança! 


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Notas finais do capítulo

Cara, eu preciso muito saber como isso ficou (Muito provável que uma porcaria). Tenho que me desculpa pela falta de revisão e os claramente existentes erros ortográficos. Eu até fiz uma revisão rápida por conta própria, mas nunca é a mesma coisa que um beta fazendo isso. /sad



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