A Profecia escrita por Semideusa 4ever


Capítulo 4
O Novato. (Clarisse)


Notas iniciais do capítulo

O primeiro cap narrado por ELA!Espero que gostem.



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(Clarisse)

Que garoto estranho. Eu estava andando até a minha sala e um menino esbarra em mim derrubando todos os meus livros. Que idiota!

Ao entrar na minha sala eu fui sentar ao lado da minha única amiga, Gabriela, ela era o tipo de pessoa nada popular que vive escondida pelos cantos, uma verdadeira nerd, mas eu não ligava. Ela tinha os cabelos loiros com uma franjinha e usava óculos desde pequena e tinha um jeito bastante desajeitado, mas é a melhor pessoa que eu já conheci.

–O que aconteceu com o seu livro?-Gabriela me perguntou apontando para o meu livro de física todo amassado.

–Um menino esbarrou em mim e derrubou os meus livros no chão.

–Hum... Que chato.

Quando a Gabriela terminou de falar o professor entrou na sala de aula dando inicio a primeira aula, Matemática,tive vontade de me matar, definitivamente aquela não era a minha matéria preferida.

Quando estávamos mais ou menos na metade da primeira aula a coordenadora do ens. Médio, e braço direito da diretora, pediu licença ao professor para fazer um comunicado.

–Queridos alunos tenho o prazer de informar que o nosso querido colégio, Alternativa, teve mais uma adição ao seu maravilhoso grupo de alunos. -a coordenadora foi até a porta e puxou um garoto pela a alça da mochila.

Eu o reconheci na hora, era ele, o garoto que tinha esbarrado em mim hoje de manhã. Só agora eu prestei atenção nele. Ele estava usando uma calça jeans escura e uma blusa vermelha, diferente de todos os outros alunos que estavam usando o uniforme da escola. Ele tinha um cabelo preto liso desalinhado, feições graves, olhos cinzentos que aparentavam estar fazendo cálculos matemáticos a cada segundo, alto e com o físico atlético.

–Este é Sam Clark. Ele veio de muito longe então espero que vocês sejam amigáveis com ele.

Depois do discurso da coordenadora sobre a recepção de novos alunos ela saiu da nossa sala deixando o garoto novo, Sam Clark, lá na frente da sala parado com cara de interrogação.

O professor fez um sinal para a única carteira vaga na sala inteira, que era justamente do meu lado, e Sam foi se sentar. Enquanto ia para a sua carteira ele olhava constantemente pra mim, me senti incomodada com isso.

Ele passou nada mais nada menos que os três primeiros tempos de aula inteiros me encarando. Quando eu me virei para perguntar qual era o problema dele o sinal para o intervalo toca me fazendo esquecer a minha ação anterior. Levantei da minha carteira e fui com Gabriela até o refeitório quando lembro que esqueci o meu IPod na sala. Quando voltei para a sala de aula encontro Sam Clark mexendo nas minhas coisas.

–Ei... O que você pensa que está fazendo ai?-perguntei furiosa.

Ele olhou para mim surpreso e se afastou das minhas coisas com as mãos para cima.

–D-desculpa. –gaguejou.

–Se eu ver você mexendo nas minhas coisas de novo... Você será um garoto morto, Sam Clark.

Mesmo sabendo que ainda iria voltar para a sala guardei todas as minhas coisas na mochila e desci tentando ignorar o fato do garoto novo ainda estar me olhando. Quando cheguei lá em baixo encontrei Gabriela sentada sozinha em um banco. Assim que me viu ela perguntou:

–Já vai embora?

–Não.

–Então porque está com a sua mochila?

–Aquele garoto novo, aquele tal de Sam Clark, encontrei ele mexendo nas minhas coisas quando fui pegar o meu IPod lá em cima.

–Meu Deus! Que garoto mais estranho. Será que é melhor eu pegar as minhas coisas também?

–Não acho que ele seja um ladrão, só acho que ele está a fim de me irritar.

Quando o sinal tocou fui até a minha sala, e ele já estava lá, sentado na carteira ao lado da minha. Fui sentar e re-arrumar as minhas coisas. Enquanto ajeitava as minhas coisas ele ficou olhando para mim, eu já estava a ponto de ter um colapso de raiva.

Passei a aula inteira tentando ignorar o novato, mas não tive sucesso. Quando a aula terminou me despedi da Gabriela e fui até o pátio, sentei em um banco e comecei a ler.

–Desculpe por mexer nas suas coisas. Eu não queria deixar você chateada, e que eu sou novato, não conheço ninguém e você pareceu uma pessoa que vale a pena conhecer, só mexi nas suas coisas para saber do que você gosta para poder puxar papo. Sinto muito.

Ele me deu o maior susto.Afinal de onde ele havia saído?

–Desculpe. -ele falou sentando do meu lado.

–Você sempre é inconveniente? Porque foi isso o que você foi o dia inteiro, inconveniente! -gritei.

–Ei... Eu vim pedir desculpas, não era para você estar gritando comigo. -ele disse parecendo chateado.

–Ok. Me desculpe,é que as vezes eu sou um pouco estressada. –assumi.

–Então você me perdoa por mexer nas suas coisas?

–Certo, só não faz de novo.

–Que livro é esse que você está lendo?-ele perguntou com curiosidade.

–É um livro sobre o corpo humano, ele possui mais de duas mil reações do corpo em diferentes situações. É incrível!

Ele olhou para mim me avaliando por um momento parecendo intrigado, como se estivesse tentando adivinhar alguma coisa sobre mim.

–O que foi?-perguntei incomodada.

–Nada.

–Você é um cara bem esquisito, sabia?

–Por quê?

–É que você fica me olhando de um jeito estranho.

Quando disse isso ele desviou o olhar, murmurou algo como “Idiotae fez uma careta.

–Desculpa. -ele disse.

Não respondi, em vez disso voltei a ler.

–Já faz muito tempo que você estuda aqui?-ele perguntou me tirando da leitura.

–Este é o meu segundo ano aqui, foi um milagre achar uma escola que me aceitasse por mais de um ano.

–Por quê?-ele perguntou com curiosidade.

Não sabia como responder a essa pergunta. O que tinha acontecido nas minhas outras escolas nunca fez sentido nenhum para mim.

–Eu não sei. Algumas coisas estranhas aconteciam e todos achavam que a culpa era minha, mas não era.

–Coisas estranhas?

–É. Bebedouro que explode, invasão de corujas na escola... Já me acusaram até de roubo, mas eu não roubei, eu pedi e me deram, então depois foram atrás de mim e disseram que eu estava mentindo e fui expulsa. Mas eu nunca fiz nada.

–Eu acredito em você. -ele me disse com segurança.

Eu não sabia como era ter alguém que acreditasse em mim, normalmente isso não acontecia, e ele falou com tanta segurança que eu acreditei nele. Pela primeira vez desde aquele momento em que ele esbarrou em mim de manhã eu estava certa de que aquele garoto estranho era importante, só não sabia como.

Olhei para o relógio para ver as horas, já era 13:30.

–Tenho que ir. -disse arrumando as minhas coisas.

–Você vai vir amanhã?

–Claro que vou. Essa é a escola.

Ele deu um sorriso estendeu a mão e perguntou:

–Amigos?

Fiquei em duvida. Ele parecia ser um cara legal e de certa forma confiável. Então me deixando levar por esse pensamento apertei a mão dele e disse:

–Amigos.

–Te vejo amanhã então. -ele disse enquanto eu ia embora.

Sai da escola, peguei dois ônibus e cheguei em casa. O apartamento, da mãe, é bastante pequeno então pensar em dar uma festa de vez em quando não rola. Coloquei as minhas coisas no meu quarto, fui á cozinha e almocei o que a minha mãe havia deixado separado para mim, e depois fui tomar um banho. Sempre demoro um tempão no banho, a água me acalmava eu poderia passar dias na água e nunca iria me cansar dela.

Levando em consideração o que havia acontecido na escola hoje, havia sido um dia bem calmo, fiz até um amigo, um amigo bem estranho, mas mesmo assim um amigo.


No dia seguinte, quando cheguei à escola, entrei rapidamente na minha sala e sentei na minha carteira de sempre, e Sam Clark estava do lado.

–Oi. –ele falou com um sorriso amigável no rosto.

Hoje ele estava usando a farda da escola, ele ficava estranho com ela.

–Tentando se adaptar ao novo ambiente?-perguntei olhando pra a sua farda.

–É melhor começar se eu quiser ficar inteiro. -ele disse apontando para um menino que estava sendo esmurrado por uns valentões no canto da sala.

–Ah não. -Suspirei irritada.

Uns valentões estavam batendo em um cara magrelo que sempre era excluído de todas as atividades em grupo. Eu não suporto ver uma pessoa levando uma surra e eu não fazer nada. Levantei da minha carteira e fui em direção ao grupo que estava batendo no pobre garoto no fundo da sala.

–Solta ele. -eu gritei.

–O que você vai fazer se eu não soltar?-um valentão perguntou com um ar de deboche fazendo os seus companheiros rir.

–Você não vai querer saber. -disse olhando com cara de nojo.

Sinto uma pressão tomando conta do meu corpo. Então eu sinto uma mão no meu ombro.

–Se acalma. –Sam sussurra pra mim.

Eu olho para onde ele está apontando de leve e percebo que a garrafa de água de uma garota havia explodido.

–O que foi isso?-perguntou o valentão parecendo confuso.

Eu fiquei verdadeiramente assustada com aquilo.

O Sam olhou para mim e sorriu tranqüilo, ele foi até o grupo de caras que estavam parados com a boca aberta tentando assimilar o que tinha acontecido e pegou o garoto que estava sendo espancado, parou e falou:

–Vem comigo.

Eu obedeci. Nós levamos o garoto machucado para a enfermaria. Quando voltávamos para a sala ele parou na minha frente e disse:

–Você precisa se acalmar. Se continuar se exaltando desse jeito você vai ser expulsa de novo. -ele disse me repreendendo.

–Eu não fiz aquilo.

Ele parou, cruzou os braços e falou com descrença.

–Claro que não foi você. Foi o coelhinho branco da Alice.

–Como seria possível eu explodi uma garrafa sem nem tocar nela?

Ele parou e refletiu por um tempo. Por fim ele falou:

–Você é... Diferente.

–Como você pode ter tanta certeza?-perguntei confusa.

Ele suspirou e disse:

–É melhor voltarmos para a sala.

Ele voltou em disparada para a sala e eu fui atrás dele. Para o meu azar a aula já havia começado então eu teria que ir atrás de explicações depois. Sentei em meu lugar e ouvi a Gabriela perguntar sussurrando:

–Onde você estava?

–Na enfermaria. -falei o mais baixo que pude.

Mesmo tentando falar baixo, infelizmente, o professor ouviu a minha conversa com a Gabriela e me mandou ir à diretoria para conversar sobre o meu comportamento.

Senti a raiva me consumir por dentro, professor desgraçado. Sai da sala e fui à diretoria. Tinha medo daquele lugar, toda vez que eu chegava perto da diretora nova eu ficava nervosa.

A secretaria da diretoria fez um sinal com o dedo pedindo para eu entrar. Quando cheguei lá dentro ouvi uma voz dizendo:

–Sente-se minha jovem.

Sentei e olhei para a mulher que me dava arrepios. Ela era bem bonita, tinha olhos azuis e tudo, mas tinha algo nela que me assustava.

–Eu sei o que você fez e, principalmente, eu sei o que você é. -Ela disse virada de costas.

Eu não sabia do que aquela maluca estava falando.

–Eu não sei do que a senhora está falando. -falei confusa.

Ela se virou para mim com os olhos azuis meio avermelhados transbordando de ódio.

–Você logo vai saber. Agora saia da minha sala ou será expulsa.

Sai de lá correndo. Ela me assustava e aquele lugar me deixava enjoada, não pensei duas vezes antes de sair correndo. Peguei uma autorização de retorno com a recepcionista e fui para a minha sala.

Quando voltei para a sala entreguei a autorização de retorno a minha professora e fui para o meu lugar.

Quando a aula terminou acompanhei a Gabriela até a saída e fui para o pátio procurar o Sam. Quando o vi sentei perto dele e perguntei:

–Como assim eu sou diferente?-perguntei curiosa.

Ele me olhou parecendo divertido e perguntou:

–Você já ouviu falar sobre mitologia grega?

–Já, mas o que isso tem a ver comigo?

Então eu reparei que ele carregava um livro com capa de couro que tinha umas letras engraçadas que eu, por alguma razão, consegui ler. A capa dizia: ”Mitologia Grega: A arte dos deuses.”

–Você acredita em mitologia?-ele perguntou curioso.

–Eu acredito em muitas coisas. Depende de como as historias são contadas.

–Qual é o seu deus preferido?-ele me perguntou parecendo intrigado.

Ele deveria estar testando a minha paciência.

–Deixa de enrolar e responde a minha pergunta. -falei irritada.

–Só quando você responder a minha.

Fechei os olhos e tentei me lembrar do que eu sabia sobre mitologia. Suspirei e disse:

–Poseidon. O deus dos mares e dos terremotos.

Ele sorriu e disse:

–Você é diferente porque é única. É isso o que importa por enquanto.

Eu sabia que não era isso. Vi que ele está escondendo alguma coisa de mim, mas sabia que ele só iria abrir o jogo comigo depois.

Suspirei e disse:

–Você é muito irritante. Eu vou descobrir o que você está escondendo de mim mais cedo ou mais tarde.

Não esperei por uma resposta. Peguei as minhas coisas e fui pra casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do cap!Me mandem reviews pf...só assim consigo inspiração para escrever!



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