POV Hanna

Estou tão animada, mas não muito. Pedro, meu namorado me ligou, dizendo que queria falar uma coisa muito importante comigo.

20 minutos antes...

Estava no banho quando o meu celular começou a tocar. “TRIM TRIM TRIM”. Corri até meu quarto e atendi.

–Alô?

–Hanna? Sou eu, Pedro, nós poderíamos conversar?- Meu amor disse.

–Agora amor? Acabei de sair do banho...

–Então, podemos nós encontrar em algum lugar? Que tal no parque novo que abriu?

–Ok ok, nos encontramos em 20 minutos. Beijos e tchau.- Desliguei antes dele responder, vai ficar puto da vida agora.

Agora...

Coloquei um vestido azul claro com botas preta, para completar os brincos que ele me deu e uma maquiagem fraca. Prontinho, estava linda. Desci do prédio e peguei um táxi.

[...]

Nossa, como o parque ta lotado, como vou acha-lo aqui? É melhor ligar para ele. Um, dois, três toques e finalmente ele atendeu.

–Pedro aonde você está?- Perguntei-o.

–Estou aqui na entrada.... Perai, acho que vi você já.- E a chamada encerrou. Senti uma mão forte no ombro que dei um pulo. Olhei para trás e vi que era ele.

–Que susto amor, então, o que você queria conversar comigo? Que precisou me trazer ao parque?- Interroguei-o.

–Antes, vamos nós sentar.- Fomos até um banco próximo. Não estava gostando da cara dele, parecia que tinha culpa e dor estampado em seu rosto.

–O que você quer falar? Está me deixando aflita!- Esfregava minhas mãos como sinal de nervosismo.

–Hanna, eu pensava que te amava, mas não te amo.- COMO ASSIM? NÃO TAVA ENTENDO NADA.-
Nós tivemos bons e maus momentos como todo casal...-Uma pausa dramática. Já estava com lagrimas transbordando dos olhos.- Como eu estava dizendo, nem todo casal dura para sempre e como nós também não vamos durar, sinto muito. – Ele estava terminando comigo, era isso.

–Então, nós terminamos aqui.- Disse com a voz embargada.- Depois de 2 anos, você termina comigo em um parque de diversões? Depois de tudo que tudo que nós passamos juntos.- Não estava me aguentando, queria era dar um tapa bem forte nele.- Sabe Pedro, eu te amo, pelo ou menos te amava. Por que? Nós estávamos tão bem ontem, e, do nada, você resolve terminar comigo? Como se fosse simples, dizer apenas isso, e pensar que tudo ia ficar bem entre nós, como velhos amigos? Por que não diz logo que tem outra?!- Praticamente gritei.

Não sei o que ouve, mas de repente as pessoas começaram a correr, adultos e crianças gritando e barulho de tiro! Olhei para o Pedro, parecia que tudo estava em câmera lenta, virei de volta e
tinha um homem de mascara apontando a arma bem na nossa direção. Parece que foi instintivo, a bala vinha em direção á nós, mas diretamente em direção ao amor da minha vida. Não sei o que deu em mim, pulei na frente dele, como eu disse foi instintivo. Apenas senti algo atravessando em meu peito, e alguém gritava meu nome quando cai no chão.

–HANNA!- Abri meus olhos e vi um anjo.- Hanna, por que fez isso? Fala comigo meu bem! Por favor!- Tudo à minha volta não passava de vultos e sombras.- Por favor! Alguém de ajude! Hanna, mantenha os olhos abertos, por favor!- Por que meu anjo chorava? Ele não deveria chorar...- Por que Hanna? Por que?- Coloquei uma mão no seu rosto.

–Tudo por você...- Consegui falar ao sussuro, mas tudo se apagou, havia apenas uma luz, como dizem “Uma luz no fim do túnel”, que apenas segui...

POV Pedro

Não, não, por que isso estava acontecendo? Hanna em meus braços, morta...? Isso não pode acontecer. Seu vestido antes azul claro, agora estava escuro pelo sangue em volta de seu peito.

–Hanna? Meu bem, mantenha os olhos abertos, por favor, não me deixe...- Ouvi o som da ambulância chegando.

–Por favor, senhor se afaste, temos que leva-la até o hospital.-Disse um homem parado ao meu lado.- Senhor? Você está ferido?- Apenas balancei a cabeça em sinal de negação e me afastei. Por favor, Deus, não afaste minha Hanna de mim, eu preciso dela, por favor... Rezava, mas acho que isso não iria adintar.

–Senhor, você à conhece?-Olhei em direção ao homem.

–Sim, ela é minha namorada.- Respondi num sussuro.

–Pode nos acompanhar?- Fiz que sim.

[...]

Estou no hospital esperando noticias dela. Já falei com o detetive sobre o que ouve no parque. O pior foi falar com os pais dela sobre o ocorrido.

Flachback on

–Alô?- Atendeu a senhora Colin.

–Sra. Colin? Sou eu Pedro.- Disse já com lagrimas escorrendo.

–Oi Pedro, como vai? Hanna está com você? Estou tentando ligar para ela mas não consigo, aliás me chame apenas de Ana, senhora é muito formal.

–Estou bem obrigado. O que eu quero falar é sobre Hanna mesmo.- Não me aguentei, já estava
chorando.- Nós estávamos no parque de diversões, quando assaltantes começaram a atirar, e...- Não consegui terminar a frase.

–E o que? O meu Deus, ela está bem? Aconteceu algo?- Percebi que Ana já estava chorando também.

–Infelizmente, a bala acertou nela...- A emoção era muito forte que desliguei o tefone.

Flachback off

Já não tinha mais lagrimas, todas se foram.

–Pedro?- Ouvi a voz do senhor Colin.

–Olá.-Disse em voz baixa.

–Oi querido, tem noticias dela? Como está?- Ana perguntou.

–Não sei, ainda não recebi noticias.- Respondi.

[...]

3 horas, 36 minutos e 28 segundos, e nada de noticias dela. Já estava perdendo a esperança.

–Com licença,- Disse um médico que aparentava ser de meia-idade.- gostaria de falar
com os parentes de Hanna Colin.- Meu coração deu um pulo e um pouco de esperança nasceu.

–Somos nós.- Disse o Sr. Colin.- Como ela está?

–Sinto muito, nós tentamos o possível. A bala conseguiu perfurar uma veia que mandava
sangue para o coração, tentamos fazer o ligamento, mas já era tarde. Sinto muito mesmo. Agora se vocês me deem licença tenho uma cirurgia agora.- Meu mundo parou totalmente. Ela se foi. Hanna se foi. O amor da minha vida se foi e por minha culpa. Se eu não tivesse terminado com ela, nós estaríamos bem.

Olhei à minha volta, sem saber o que procurava. Os pais dela estavam chorando, queria ir lá e conforta-los, mas parecia que meu corpo estava em choque. A pessoa de quem amei realmente, agora se foi e o pior, por minha culpa. Se eu não tivesse sido tolo, achando que precisava conhecer mais pessoas. Como fui burro, mas agora não tem mais volta, estou sozinho sem ela, perdido e sem saber por onde ir...

[...]

60 anos depois...

Depois de 60 anos eu ainda não à esqueço. Continuei minha vida sem Hanna. Encontrei Denize, eu não amo ela, apenas tenho um carinho muito grande, tive 3 filhos, 4 netos e agora estou com 83 anos.

Observando sua cova,”Hanna Machado Colin, 22 anos (12 de Janeiro de 1990- 18 de Abril de 2012)”.

–Entrego essa flores para ti amor, suas preferidas, lírio.- Disse para o nada. Sentei-me ao seu lado e fechei os olhos...

[...]

Abri os olhos e achei estranho, não estava no lugar certo. Tinha uma cachoeira, um lindo arco-íris e uma linda campina.

–Você demorou amor.- Não acredito, conheço essa voz.

–Hanna...

–Claro, quem mais seria?- Virei-me. Como ela está linda, com um vestido branco, seus cabelos
ruivos estavam soltos voando e uma sandália igualmente branca.

–Você está linda. Onde nós estamos?- Perguntei.

–No paraíso amor.- Sorriu para mim e rodopiou. Segurei sua mão e disse.

–Eu te amo, você não sabe o quanto. Desculpe por ser tolo, achei uma coisa e na verdade era
outra. Por que você fez aquilo? Se jogou na frente na bala, se voc...- Ela tapou minha boca.

–Shii, não diga mais nada. Eu também te amo. Se você não lembra, eu disse tu...

–Tudo por você.- Terminei a frase e a puxei para um beijo.

–Sim, tudo por você, sempre...

                                                              
                                                   FIM