Tranquei a porta do banheiro e apoiei minhas mãos na pia com a cabeça baixa. O nervosismo era tanto que ficava difícil respirar entre os soluços. O gosto salgado de minhas lágrimas na boca era penetrante. Levanto a cabeça e vejo meu reflexo no espelho. Estou uma bagunça. Meu rímel preto escorre pelo rosto deixando marcas e meus olhos estão vermelhos. Abro a torneira e lavo o rosto com as mãos borrando minha maquiagem ainda mais. Rezo para que ninguém ­tenha vindo atrás de mim, mas as preces não são suficientemente fortes.

– Rach! Abre, por favor!

Paralisei. Ela não podia me ver assim. Eu estava acabada, mas acima de tudo fraca.

– Rachel, por favor! É a Santana! Abre essa merda! – Ela gritou novamente. Sua voz ecoou na minha cabeça. Aquela fraqueza já é muito forte para agüentar sozinha, então destranquei a porta e antes que me desse conta, ela estava jogando os braços sobre mim e me segurando firme num abraço.

Meus soluços cessaram permitindo que meus ouvidos escutassem os dela. Ela está chorando também. É a primeira vez que a vejo chorar. Ela é tão forte, tudo pode estar errado e ela ainda consegue segurar as lágrimas. Mas agora ela está chorando. E é tudo minha culpa. Ela aperta mais o abraço e agora posso sentir seus lábios mornos no meu pescoço, o que me dá um arrepio em todo o corpo.

Nós duas ficamos lá abraçadas por pelo menos cinco minutos, até que devagar ela me soltou. Meu coração voltou a acelerar. Agora teremos que conversar sobre acontecido, mas não me sinto pronta para isso, mas mesmo assim tenho de encarar os fatos.

–Me desculpa San, eu não devia ter feito isso! Eu não sei onde estava com a cabeça! Bem agora que estávamos tão amigas eu – seus lábios estavam nos meus.

Meu coração disparou, meu corpo arrepiou e aquela sensação estranha no estomago. Estranha, mas boa. Boa não, ótima. San está me beijando. Santana Lopez está me beijando. Santana Fucking Lopez está me beijando. Ela aprofundou o beijo me puxando para perto pela cintura e eu coloquei minhas mãos em seu pescoço. Sua língua morna viaja pela minha boca deixando seu gosto de gloss de cereja. Minha respiração está pesada e nem sei mais o que são lágrimas. Esse é o momento mais perfeito da minha vida. O momento em que estou beijando minha amada pela primeira vez.

Nós partimos o beijo e ficamos paradas por uns instantes com as testas encostadas, olhando para o chão. Devagar levanto o olhar e encontro seus olhos fixos nos meus. Ela sorri e solta uma risadinha, o que me faz sorrir também. Ela pega a minha mão e me puxa para fora do banheiro.

– Não! Eu estou horrível! – Eu disse ao lembrar que passei os últimos quinze minutos chorando.

– Cala a boca, Berry! Você está linda! – Ela disse e piscou com um olho me fazendo corar.

Eu peguei a mão dela e nós saímos do banheiro sem mais nenhuma palavra, mas posso jurar que ela tem no rosto, o mesmo sorriso tolo que eu. O sorriso de alguém apaixonado, que acabou de beijar o seu amor.