Resolvi não contar nada à Julie hoje. Ao chegar em casa, à encontrei deitada na cama, jogando Snake no celular.

Me deitei ao seu lado e fiquei visível.

- Oi.

- Oi meu amor. – ela responde, tirando os olhos do celular e se sentando. Também me sento e passo a mão em seus cabelos.

- Tudo bom?

- Não importa o quão ruins estejam as coisas, sempre melhoram quando estou com você. – seus olhos brilham. Meu Deus, como eu a amo. E amanhã, esse amor será provado.

P.O.V. Julie

Tudo sempre estava perfeito com Daniel por perto.

Larguei meu celular e o abracei forte. Ele retribuiu o abraço. Olhei em seus olhos, mas seu pensamento parecia distante.

- Aconteceu alguma coisa na tal reunião?

- Só as coisas chatas de sempre.

Não me atrevi a fazer maiores perguntas sobre o assunto. Daniel deveria estar cansado e não se animaria em dar notícias.

- Nunca esqueça o quanto eu te amo.

- Eu te amo mais!

- É nada.

- É sim.

- Então prova. – desafio.

Ele me beija enquanto vai me fazendo deitar na cama, e bom... Vocês já sabem no que deu.

Acordei no outro dia com alguma coisa me agarrando. Estremeço. Já sonhei muitas vezes que estava sendo sequestrada, e aquilo fez tudo parecer real.

Quando estremeço, me viro para o lado e vejo Daniel.

- Te sufoquei? – ele ri.

- Não. Adoro acordar nos seus braços.

Ele sorri e me beija na testa. Reparo que seu beijo parece mais intenso, e consigo senti-lo melhor.

- Julie.

- Fala.

- Eu tenho uma surpresa.

- Então mostra. Adoro surpresas!

P.O.V. Daniel

Era hora. Peguei sua mão e a levei até meu peito.

- Daniel – ela se surpreende. – Seu coração tá batendo! Mas como?

- Ontem, na reunião, eu salvei a vida do chefe da organização dos fantasmas e ele me disse que eu poderia pedir qualquer coisa à ele. Um único pedido. Pedi pra reencarnar. Hoje, amanhã e até o fim da vida, sou um vivo.

- Mas por quê, entre tantas coisas, escolheu isso? – ela parece confusa.

- Por nós. Não suportaria ter que me afastar de você. E com o Demétrius na nossa cola, você nunca poderia ter uma vida normal. Agora, NÓS podemos. – beijo sua mão.

Seus lindos olhos negros brilham enquanto eu acaricio seu rosto. Porém, nosso lindo momento é interrompido por uma batida na porta.

P.O.V. Julie

- JULIE! – meu pai grita, batendo na porta.

- Ferrou. – sussurro para Daniel.

Como ele não era mais um fantasma, não poderia mais ficar invisível ou intangível à hora que bem entendesse.