Ele começa a me beijar, passando uma de suas mãos pela minha cintura.

O clima esquenta, mas somos interrompidos pelo choro de Samantha.

- Deve ser a fralda. – comento.

- É... – ele assente, provavelmente preocupado se eu pediria a ele que trocasse a fralda.

- Vou checar. – aviso.

Ao pegá-la, levo-a até o trocador do quarto e checo. Nada. Daniel se encontrava atrás de mim, observando tudo, aparentemente tentando absorver informações.

- Deve estar com fome.

Me sento em uma poltrona. Tento dar-lhe leite materno, e ela aceita.

Daniel me olhava, sentado no braço da poltrona, dando um sorriso torto.

Após alguns minutos, Sam vira seu rosto, para me avisar que já está cheia.

Ela começa a fechar seus olhos, sonolenta. A ponho de volta no berço, e me viro para Daniel.

- Ela dorme bastante, né? – ele comenta.

- Sam é um bebê, e normalmente eles dormem 14 horas por dia.

- Como sabe disso?

- Sabendo, mães precisam saber de tudo, não?

Ele ri e assente.

O interfone toca e vou atendê-lo enquanto meu futuro marido supervisiona nossa filha.

- Oi? – falo, atendendo.

- Dona Juliana, tem uma garota aqui pedindo pra subir. Disse que se chama Bia.

- Pode liberar.

- Ok.

E desligo.

Volto até o quarto e aviso Daniel.

- A Bia tá vindo.

- Legal. Sabe se ela tá vindo com o Pedrinho?

- Sei não. Ele só disse que ela tava vindo.

- Ah... – ele parece decepcionado.

- Por quê?

- Nada não. – ele disfarça.

Tão logo ouvimos uma batida na porta. Saio do quarto para atendê-la e dou de cara com a Bia.

- Oi amiga! – digo sorridente.

- Oi Julie. – ela parece mais séria. Meu sorriso desaparece.

- Tem alguma coisa errada? O Pedrinho tá bem? – pergunto, ao me lembrar da pergunta de Daniel.

- Foi exatamente sobre isso que eu vim aqui. O Pedrinho tava andando de bicicleta hoje, mas caiu e quebrou a mão.

Meu queixo cai e meu coração dispara. Meu pobre irmãozinho!

- Foi há quanto tempo? Ele tá bem? Levou no hospital? – comecei a enchê-la de perguntas.

- Por quê não vai até sua antiga casa, pra vê-lo?

- Boa. – me viro para trás. – Daniel! O Pedrinho se machucou! Vou até minha casa velha para vê-lo!

- Peraí, Julie! – ele grita de volta. Após alguns segundos, ele aparece, com Sam em seus braços. – Vou com você.

E assim saímos. No carro de Daniel, eu não consegui dizer uma única palavra durante o caminho do apartamento para minha velha casa.

Ao chegar lá, não deixei que meu futuro marido estacionasse o carro antes de abrir a porta e sair.

Pego a chave e já vou entrando em casa. Ninguém. Em lugar nenhum. Vou até a edícula, abro a porta, acendo a luz, e...

- SURPRESA! – é tudo o que consigo ouvir. Todos os meus parentes e amigos mais queridos, envoltos por balões rosa. No centro, uma mesa toda decorada, com um delicioso bolo de chocolate.

- N-nossa! – mal consigo falar, de tão surpresa. – Gente, muito obrigada, mesmo. Me viro para trás por um momento e vejo mais gente chegando.

Bia vai abrindo a porta, atrás de mim. Reparo que ela tem Sam nos braços.

- Ah, só queríamos homenagear a mais nova mamãe do pedaço! – ela diz, brincalhona.

- Own... Imagina.

- Você merece tudo isso e mais um pouco, meu amor. – Daniel surge atrás de mim, completamente do nada, e me lembro de quando ele era um fantasma.

Sorrio. À gritos de “beija! Beija! Beija!”, Daniel pega minha cintura, me inclina para trás e me beija intensamente. E a plateia vibra.

Escuto alguém soltar um “isso é melhor que a novela das nove!” ao fundo. Quando ele me solta, começo a rir.

Depois, só bagunça. Bolo, brigadeiro, e claro, muitos presentes. Abro todos, e os convidados se animam a cada revelação.

No fim da festa, chego perto de Pedrinho.

- E a sua mão quebrada, hein? – eu digo, zoando.

Ele também ri. Irmão é uma coisa muito boa.

Me ofereço para limpar a bagunça, mas sou impedida por Bia, que com a ajuda de Martin e Félix, arruma toda a edícula, cuidando até dos mais mínimos detalhes.