New Stories escrita por Karina Motoda


Capítulo 7
Imposições da Realidade


Notas iniciais do capítulo

"So I sneak out
To the garden to see you
We keep quiet
Cause were dead if they knew
So close your eyes
Just keep this down for a little while"
[Love Story-Taylor Swift]
No próximo capítulo: Uma antiga carta pode revelar o motivo de Harry e Taylor serem ligados um ao outro. Um baile de máscaras que acontecerá vai uni-los ou vai aumentar o abismo que estão criando entre si? As máscaras de quem irão cair?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/221507/chapter/7

Eu queria responder, defender meu pai, mas as palavras não saiam de minha boca por causa da confusão estabelecida em minha mente.


–R-responsável como?- minha voz saiu fraca e trêmula, mas ainda sim foi o melhor que consegui. Nunca acreditaria que meu pai faria qualquer mal a alguém, mas quis saber o que Harry tinha a me dizer.


Ele respirou fundo e com uma expressão vazia em seu rosto, como se flashbacks passassem por seus olhos, disse:


–Um roubo quase causou a falência na empresa em que meu pai trabalhava. Todos ficaram revoltados, inseguros e, claro, procuravam o culpado. Não sei como e quem começou com o boato, mas logo ele ficou forte, afinal, não era muito fácil de acreditar que o homem que pediu um aumento perto da data do roubo tenha sido o culpado?- ele prosseguiu sem esperar por uma resposta minha-O aumento seria pra pagar as despesas daqui da escola. Apesar da bolsa, os custos estavam além do que minha família poderia pagar, por isso eu sempre me sinto... -ele parou e respirou fundo novamente-... me sinto culpado pela demissão do meu pai.


–Você sabe que isso não é verdade-disse olhando fixamente seus olhos.


–Não, não sei, mas aposto que um homem que veio de outra cidade depois da demissão e ficou com o cargo que era do meu pai, teria bons motivos para que acreditassem que ele era culpado. Não concorda?


A revolta me dominou antes mesmo de Harry terminar de falar. Novamente fiquei sem saber o que dizer.


–Sabe, deve ser muito bom ter uma foto de funcionário do mês, não acha? Pergunte ao seu pai agora que ele tem chance de ganhar uma!- disse com sarcasmo em sua voz.


–O que eu realmente acho é que você devia dobrar sua língua antes de falar dele assim e também nunca mais me procurar pra qualquer coisa.


–Ótimo!- disse ele se virando e indo embora.


Fiquei parada por alguns instantes, ainda tomada pela revolta, depois comecei a andar apressada para que pudesse chegar logo até minha casa, os passos duros marcando minha caminhada, simplesmente não via quem estava a minha frente, estava presa pelos meus pensamentos, só saí deles quando quase esbarrei em Sara, uma garota que estudava em minha sala, mas que eu não chegara a conversar.


–Tudo bem com você?-perguntou gentilmente quando viu minha expressão.


–Sim - respondi tentando manter minha voz calma.


Quando respondi e a vi melhor fiquei surpresa. Apesar de seus cabelos loiros ondulados não estarem presos em um coque e sim soltos, emoldurando seu rosto, não deixei de notar uma enorme semelhança entre ela e a garota com quem eu conversara em meu sonho.


–Tem certeza que está bem?- insistiu ela.


–Sim-repeti a resposta que todos dão quando não querem prolongar a conversa ou preocupar ninguém.


–Bom, pode me pedir ajuda se precisar,... –disse ela e percebi que se empenhava em tentar lembrar meu nome.


–Taylor.


–Isso, Taylor. Ah! E essa é a Jane - disse apontando para a garota ao seu lado.


Ela ergueu a mão como quem me cumprimentava, fiz o mesmo. Jane por sua vez, parecia ser gêmea idêntica da garota de cabelos cacheados castanhos que avistara Harry em meu sonho. E eu em minha inocência, acreditei que aquele dia não poderia ficar mais estranho, até que as avistei.


–Bem, eu preciso ir. Podemos nos falar amanhã?


–Ah, claro-disse Sara.


Me despedi delas e voltei a caminhar rumo à minha casa. Queria conversar com meu pai, mas não havia ninguém em casa. Subi até meu quarto, deitei em minha cama e pouco tempo depois adormeci.


“Quando cheguei ao salão, encontrei minha mãe, ela me fitava com um olhar severo.

–Eu poderia saber quem era aquele rapaz com quem você conversava?

–Que rapaz?

–Aquele que também dançou com você. Não se lembra?-perguntou com o sarcasmo marcando suas palavras.

–Um amigo.

–Espero que este seu “amigo” não seja quem eu estou pensando. Você sabe muito bem como vemos os Montecchios.

–Sim, senhora, eu sei.

–Pode ir. Era sobre isso apenas que eu queria lembrá-la - disse com a desconfiança em seus olhos.

Abaixei minha cabeça, como sinal de respeito e de que compreendia o que ela falara e deixei o salão. Segui por um caminho e cheguei até um deslumbrante terraço, então eu comecei a olhar ao longe, até que o barulho de galhos secos se quebrando sob os pés de alguém e o movimento dos arbustos atraiu minha atenção, e de lá saiu Harry, com um magnífico sorriso estampado em seu rosto, naquele momento eu não estava com raiva dele, pelo contrário, o simples fato de encontrá-lo fez com que uma onda de felicidade me inundasse. Ao me ver, ele fez um sinal com sua mão para que eu me afastasse. Segui sua instrução e dei alguns passos para trás. Ele então escalou a parede, chegando até o terraço com uma facilidade e rapidez desnorteantes.

–Não pensei que fosse vê-lo logo – disse.

–Quer que eu vá?-perguntou ele com um sorriso de quem sabia muito bem qual seria minha resposta.

–Não!-respondi um pouco mais alto do que gostaria, apesar de saber que ele não iria embora, só o fato de pensar em me distanciar dele me perturbava muito.

–Sua mãe perguntou sobre mim?

–Sim... Espero que ela não descubra, senão estamos mortos...

–Por você vale a pena correr o risco-disse ele segurando minha cintura e me puxando para mais perto de si, para que eu o abraçasse. O abracei apertado e encostei minha cabeça em seu peito. Ficamos alguns instantes em silêncio, até que ele se afastou um pouco de mim, aquela reação me deixou confusa.

–O que houve?-perguntei atordoada.

–Não!Não é o que está pensando!-apressou-se em me responder-É que desde o primeiro dia em que te vi, não paro de pensar um segundo sequer em você, em nós, por algum motivo e estar aqui, agora me parece um tanto surreal - completou ele me fitando e segurando minha mão.

Meu coração se acelerou ainda mais e minhas bochechas ficaram rubras. A reação que eu tive parecia diverti-lo, seu sorriso largo comprovava minha suspeita. Com sua mão, ele desenhava o contorno de meu rosto até suavemente traze-lo para milímetros do seu. Minha respiração quase parou naquele momento e eu não conseguia prestar atenção em mais nada ao meu redor que não fossem seus brilhantes olhos castanhos. Ele sorrira mais uma vez e colara seus lábios macios aos meus, eles moldavam-se uns aos outros, como um quebra-cabeça que se completava, meus olhos fecharam-se naquele momento, mas antes de eles se cerrarem vi que o céu estava repleto de estrelas, o que na minha opinião deixava aquela noite ainda mais mágica, se isso era possível. Ele se afastou lentamente e simultaneamente meus olhos se abriram.

–Prometo a você que um dia iremos ser só você e eu e ninguém irá se opor a isso-disse segurando minhas duas mãos.

Ele conseguia me deixar sem palavras facilmente, aquele momento era a prova disso.”

E foi assim que um dos, se não o meu melhor sonho acabara sem desfecho. Já ouvi dizer que os sonhos acabam na melhor parte para que possamos torná-los reais, mas ele parecia mais distante de mim do que nunca, já que o protagonista dele parecia ter se tornado o antagonista, já que agora ele estava tão perto e tão distante de mim ao mesmo tempo e já que parecia que os personagens estavam ao meu redor, mas o mundo quase perfeito, se não fossem as barreiras que ele possuía, só existia em minha mente, o único lugar onde estava a salvo das imposições da realidade.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "New Stories" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.