My Feelings Towards You escrita por dieKholer


Capítulo 1
Oneshot




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Lá estavam eles depois de uma caça de três fantasmas que assombravam um terreno antigo. Não estão gravemente feridos pelo que pude constar. O mais novo disse algo sobre a caça, sorriu e foi tomar banho deixando o outro sozinho, sentado na cama daquele motel barato. Foi quando notei um pequeno ferimento que estava oculto sob a manga direita de seu casaco. Havia uma pequena mancha de sangue, mas ele parecia não se importar.

-Dean... – eu disse, materializando-me na frente dele e estendendo meu braço em direção ao ferimento. - O que houve?

-Caramba, Cass! Quantas vezes eu já te disse para não aparecer assim do nada! – exclamou, levantando-se da cama e franzindo o cenho. - Seria irônico demais eu, um caçador, morrer de ataque de coração porque um anjo apareceu do nada.

-Desculpe. Deixe-me curar isso... – aproximei-me de Dean, mas este recuou, levando o braço ferido até uma garrafa, provavelmente alguma bebida alcoólica.

-Não é nada, apenas um fantasma idiota lançou um canivete e pegou de raspão... está tudo bem.

-Está negando uma ajuda do anjo do Senhor? – disse, no tom mais calmo possível, tentando parecer sarcástico. Isso é mais difícil do que aparenta ser, acredite.

-Ok,ok...  apenas pare de me fazer parecer um cara mau e conserta isso logo. – pediu, ou melhor, ordenou, após dar um gole na garrafa.

Encostei no braço machucado pressionando meus dedos levemente sobre o ferimento. Logo estava curado e restou apenas a mancha escura no casaco.

-Foi um fantasma? – Eu já sabia que foram três deles, queria apenas conversar. Aprendi a mentir com os humanos. Aprendi melhor ainda com Dean.

-Foram três, eram ciganos que...

Não prestei atenção no que dizia, afinal, já sabia de tudo. Eu sempre sei de tudo que gira em torno dele, de seu irmão e de Bobby, que foi como um pai para eles. Sei tudo sobre a vida dos irmãos Winchesters e de como eles me aceitam como se fosse um deles. E tenho conhecimento de que por mais que irrite Dean com a minha ingenuidade e até ignorância em relação à vida terrena, ele gosta disso e que não deseja que eu mude.

É pecado amar um humano, Pai? Amar no sentido carnal, não como um irmão ama o outro e sim como um homem ama uma mulher. É pecado?

Eu o vejo contando sobre sua caçada aos três fantasmas com um entusiasmo quase infantil, destacando a parte de como a moça que pediu seus serviços possuía atributos físicos avantajados e a voz doce e suave. Aquelas orbes verdes brilham ao destacar e como viu o primeiro deles a queimar e os outros dois pedindo perdão antes de sofrerem o mesmo destino.

Ele é uma pessoa má? Não, não é... sou incapaz de amar alguém com maldade no coração. A única maldade que Dean cometeu em sua vida toda talvez fora tentar proteger tudo e todos a sua volta, contando apenas consigo e ignorando ajuda de terceiros por puro orgulho ou desconfiança. Até porque, Pai, nunca vi um ser mortal tão orgulhoso quanto Dean Winchester.

-... está me escutando, Cass?! – sentiu seu toque no meu ombro, despertando de meus devaneios.

-... a mulher pediu que dormisse com ela porque estava com medo... – repeti a última coisa que captei.

-Porra, Cass, já terminei de contar sobre a caçada! Estou te perguntando se está tudo bem... lá em cima, você sabe. – disse apontando para o teto e revirando os olhos. – Espero que não esteja tendo muitos problemas...

-Bem, um soldado de Rafael arrumou um feitiço que matou quinze anjos do meu exército, mas ele não contava que esse feitiço mataria a si mesmo depois de executado. Bem, de resto, vou indo como posso...

Dean sorriu. Posso estar em um receptáculo de um pobre mortal, mas de certa forma, nós, anjos, temos coração... e o meu se aqueceu ao ver aquele sorriso, porque era para mim, para ninguém mais... estou ficando egoísta?

-Espero que fique tudo bem, sabe que pode contar comigo e com o Sammy. – manteve aquele sorriso. – E além do mais, quero um bom cargo no Céu quando morrer, okay? Acho bom eu virar o Diretor Executivo daquele lugar...

-Os nossos “Diretores Executivos” são responsáveis por capturar grandes Demônios, anjos delinqüentes e aniquilar portais que conectem o Inferno a Terra nas áreas mais remotas do planeta. Não terá tempo, nem disposição para se deitar com mulheres mortais se for um deles, até porque, não encontrará um receptáculo que sirva em você...– disse a verdade, embora não quisesse magoá-lo... se ele pedisse um cargo menos honroso  talvez fosse mais fácil. Escutei uma sonora gargalhada como resposta.

-Ai, Cass... só você mesmo para me fazer rir sabendo que está acontecendo uma guerra no Céu que pode culminar em um novo Apocalipse... – disse, com as palavras entrecortadas pelo riso. Como ele pode achar graça diante de uma situação assim? Eu realmente não entendo os humanos, Pai...

Escutei a porta do banheiro se abrindo e Sam saiu, trajando apenas uma toalha na cintura e sacudindo seus cabelos molhados. Devia deixá-los a sós, descansando.

-Do que está rindo, Dean? Está falando com o Bobby?

-É o Cass que... Cass? – o mais velho se virou me procurando e eu ainda estava lá, mas não era mais visível.

-Cass esteve aqui?

-Ele é doido... bem, fico feliz que ele tenha arrumado um tempinho no meio desse caos de guerra entre os anjos para poder me fazer uma visita... só ele me consegue fazer soltar umas gargalhadas assim.

Agora era eu que sorria. Eu o fazia se sentir feliz e confortável. Acho que era o bastante.

Ou não.

Chequei mentalmente como estava a situação de meu exército na guerra. Aparentemente, os soldados de Rafael estão exaustos e ainda procuram por mais Armas Celestiais e os meus fazem o mesmo. Uma trégua. Por quanto tempo será?

Decidi me dar ao luxo de visitar alguns lugares que não via há décadas... Paris, Egito, China... grandes cidades com grandes construções. Sempre soube que os humanos fariam grandes feitos... eles não eram “primatas com uma pitada de inteligência” como alguns anjos afirmavam. Eram bem mais que isso. Talvez diziam isso porque tinham inveja ou porque ficavam chocados pelo fato de que o mesmo ser que constrói e cria coisas belas tem o mesmo dom para destruir e cometer barbáries... isso eu não posso negar. O tempo que vivi, sempre os observando, permitiu que eu analisasse seus comportamentos e constatasse que os humanos eram seres tão magníficos, que essa mesma magnitude era a causa de seus piores defeitos e pecados.

O cheiro de morte ainda pairava naquela construção... Coliseu, prova ainda intacta da beleza e do horror que os seres humanos são.

-Cass, preciso de você... por favor, agora.

Esperei alguns minutos, talvez vinte ou trinta e lá estava eu, atrás dele.

-Me chamou?

-Demorou, hein?!

Desculpe-me, Pai, mas creio que adquiri alguns dos defeitos dos mortais: orgulho. Dean me chama e se não é urgente, demoro alguns minutos... até horas.

-Estava... longe.

-Céu?

-Itália.

-Ótimo, eu nesse hotel mofado e meu melhor amigo visitando museus...

-Coliseu.

Dean riu. Sorri de canto em resposta. Sam estava dormindo... uma ideia me ocorreu.

-Hey, o que...? – peguei Dean pelo braço e logo estávamos muito distante do tal “motel mofado”.

O céu se dividia em várias cores que contrastavam com aquela imensidão azul escura.

-Ahn, Cass, que lugar é esse?

-Islândia. Ás vezes venho aqui só para ver isso. –apontei para as faixas verdes que riscavam o céu.

-Podia pelo menos ter um aquecedor, né? – Dean esfregou as mãos e pude notar que tremia.

Segurei sua mão.

-Está melhor?

-Ok, isso é estranho... mas está quente e não tem ninguém olhando, então está melhor sim.

-Por que me chamou?

-Apenas queria conversar. Está tudo bem mesmo, Cass?

-Se eu precisar de ajuda eu falo, Dean. Não sou tão orgulhoso quanto você, não espero estar à beira da morte para...

-Ok, Ok... está pior que mulher discutindo relação!

Silenciamo-nos. Era um momento de paz e tranqüilidade, esqueci-me completamente da guerra, de Rafael, Armas Celestiais... era só eu e ele, ali.

Não é pecado amar, é, Pai? Eu sei que a maioria das coisas que os humanos classificam como pecado não fazem a mínima diferença quando estiverem no Purgatório. Sei que falam barbáries pelo Seu nome e que de certo modo até acha graça disso.

Eu o amo. Anjos podem sentir, disso eu sei muito bem, e se somos dotados de sentimentos... é porque devemos aproveitá-los.

-Dean, o que você seria, caso não existisse Céu, Inferno, anjos e demônios, criaturas malignas e tudo mais?

-Provavelmente seria algum indigente trabalhando por comida, porque caçar é o que faço de melhor. E você Cass?

-Eu não existiria, sou um anjo e pertenço ao Céu...

-Não é isso. E se você fosse humano? O que seria? – não era uma pergunta difícil de responder.

-Bem, eu seria... alguém que contrata indigentes que trabalham por comida, porque o que faço de melhor é salvar a sua vida. –respondi, olhando em seus olhos. Mais uma vez ele riu. Não me importava se estava debochando... confesso que até gosto.

-Não... você seria uma mulher e nós seríamos casados, por que só você pega no meu pé desse jeito.

-Eu posso ser sua esposa mesmo sendo um anjo. – disse por fim, desviando olhar.

O sorriso de Dean se desfez... provavelmente ia ter um ataque de “masculinidade” como já presenciei alguns humanos terem. Mas ao invés disso, envolveu seu braço pelo meu ombro.

-Ótimo, pelo menos já esta claro quem iria ser a “mulher” da relação. – não entendi sua resposta, mas se ele disse num tom calmo é porque estava tudo bem. – Hum, Cass... se importa de voltarmos? Não que eu não tenha gostado daqui, mas se o Sammy descobrir que “sumi” irá ficar desesperado e irá dirigir meu Impala pelas ruas me procurando... e não quero que ele encoste no meu bebê.

Suspirei, não queria sair dali, mas não tive outra opção. Voltamos ao motel barato.

-Obrigado pelo passeio, Cass... na próxima vez, quero ir até em um daqueles becos que tem na Holanda cheio de mulher as – fez um gesto com as mãos, insinuando as curvas de um corpo feminino.

-Preciso ir, até logo, Dean. – não queria ouvir aquilo e além do mais, senti um dos meus soldados me chamando. Dever acima de tudo, assim devem seguir as coisas.

Pai, posso lhe fazer um pedido? Tenho lutado esse tempo todo para restaurar a paz na Terra pós apocalipse e colocar ordem em nossa casa... eu sei que esse é meu dever, não mereço nada em troca, mas eu gostaria Pai... eu gostaria que, depois que isso tudo acabar, me transformasse numa mulher holandesa assim... –fiz o mesmo gesto que o Dean fez com as mãos, esperando que além de estar me escutando, estivesse também me vendo.

Não importa se ele me ama de verdade, não se importará se meu receptáculo for masculino, certo? Quem ama só enxerga a alma, não é?Por favor, Pai, não se esqueça de me responder isso quando voltar.


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Notas finais do capítulo

Sou fã de Supernatural desde o início da terceira temporada e nunca havia escrito uma fanfic sobre meu OTP, vê se pode? Destiel é lindimais!
Reviews, please? :3



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