Coletando Lembranças... escrita por Luangel


Capítulo 36
Ponte


Notas iniciais do capítulo

Oiê! ^^ Está tudo bem com vocês, meus bebes? ^-^ Sabe, eu demorei quase duas semanas p fazer esse ultimo cap e espero q gostem...



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Após aquela revelação tão improvável, Layla viu que sua filha precisava de alguns minutos para continuar aquela conversa que dali em diante, pioraria cada vez mais. Elas estavam sentadas na mesinha de canto, onde num passo de mágica aparecera um bolo caseiro e um bule fumegante e tentador.
A matriarca observava a mais nova enquanto bebia elegantemente a sua xícara, mas sem desviar os olhos de Lucy, que ainda estava cabisbaixa, mergulhada em seus pensamentos, observando as bolhas solitárias da bebida escura estourarem lentamente.
—Pode comer, é de verdade, você vai precisar.—Aconselhou a mulher, e foi então que a loira se moveu, mostrando-se viva.
—Eu não estou com fome.—Respondeu com a voz rouca, como se as suas cordas vocais estivessem mofadas e estropiadas.
—Se você não comer nada, não contarei nada...—Chegando a arrancar um sorriso da filha por meio dessa “chantagem” de mães.
Por fim, Lucy acabou cedendo e bebeu um pouco enquanto a sua mão começara a falar:
—Cacius era sim o meu noivo, era belo, vinha de uma renomada família, era o partido perfeito que todo pai desejara aos deuses para suas filhas, principalmente para mim, que era uma princesa...—Disse a Heartfilia com um sorriso sombrio, os olhos perdidos nas dores do passado.—Eu não o amava, o achava perfeito demais para ser uma pessoa boa. Mas as minhas vontades foram inúteis, acabei sendo noiva da pessoa que mais desprezava no mundo... Confesso que tentei amá-lo, tentei enxergar todos os atributos que as pessoas o atribuíam, tentei... Mas, eu só enxergava ganância, fome e sede de poder e vontade insaciável de ter o que quer...
—Você acha que ele te amava?—Perguntou a mais nova, e a mulher lhe endereçou um sorriso que dizia “como você é ingênua, minha filha!”.
—Pessoas como ele jamais conseguiriam nutrir um sentimento tão puro como um amor. Alguém que prezava o poder nunca seria capaz de se doar sem ter nenhum ganho além de afeto... Eu era apenas um brinde, um capricho, a esposa bonita que vinha juntamente com o Reino Mágico.
—Como você conseguiu se livrar do casamento?
—Cacius não aceitaria uma mulher que já havia sido tocada de todas as maneiras possíveis, por outro homem, para ser sua. Logo, o casamento se desmanchou e eu caí em desgraça por meu pai e o resto você já sabe...—Layla soltou um suspiro que soou quase dolorido.— Cacius sumiu no meio de toda polemica, o que até seria normal para seu status e posição, mas ele não apenas se retirou publicamente, ele desapareceu completamente. E quando pesquisaram sobre seu passado e tudo, descobriram a rede de mentiras que ele fizera para tentar usurpar o trono... mas era tarde demais, eu jamais pensei que ele havia fugido para o mundo dos humanos.—Murmurou a ultima frase m tom de repreensão para si mesma.
—Mas... o que Cacius ganha vindo até aqui, fazendo todo esse esforço?—Perguntou Lucy e a mais velha encarou a sua filha, parecendo cansada e velha, como se falar aquilo ferisse a sua alma.
—Já viu alguma semelhança entre os espíritos, humanos e qualquer outros seres que existam no mundo?—Indagou a Hertfilia, e a outra não ousou responder, e a mais velha não se importou e continuou a falar.—Há uma coisa que todos almejam, não importa onde, não importa como, não importa a era, todos querem poder. O meu pai quis poder para continuar no trono, o seu pai quis poder para construir seu império e Cacius sempre quis poder para governar os espíritos e os humanos, eis ai, a chaga do mundo, a fome insaciável pelo poder.
—Como ele conseguiria esse poder? Pra que ele o usaria? Apenas por capricho também?
—O mundo dos humanos é bem venenoso para nós, criaturas espirituais.—Respondeu didaticamente Layla enquanto ajeitava uma mecha de cabelo para atrás da orelha.—Eu adoeci por causa disso, meu lar, meu lugar não era naturalmente lá... Assim como eu, Cacius está enfraquecendo, definhando e precisa de poder para permanecer vivo. E imagina o quanto poder esse portal carrega consigo... juntamente com os dragões, não quero nem imaginar o que aconteceria...
—O que eu posso fazer?—Perguntou a loira, determinada a impedir Cacius, tanto por si mesmo como por sua mãe.
—Você deve derrotá-lo enquanto ele ainda está fraco, essa é a sua única opção. Mas... você precisará de ajuda...
—Que ajuda?—Indagou Lucy e Layla respondeu quase não contendo o riso maroto.
—A que está chegando...
A Lucy não entendeu ao certo o que aquilo queria dizer, mas nem teve muito tempo de fazê-lo, pois de súbito, o chão faltou-lhe e a sua visão se embaçou. A loira até chegou a pensar que estava mudando de cenário novamente, mas então percebeu que era apenas si que sofria com aquilo. Layla a segurou em seus braços e viu sua filha desfalecer com notável ódio e preocupação.
—Já começou né, seu desgraçado...—Murmurou a mais velha.
Enquanto isso, do lado de fora daquele mundo paralelo que era aquele portal, Cacius realmente já começara o seu plano maquiavélico. Os gêmeos e Rei observavam com receio e desconfiança Cacius desenhar, com a ponta do pé, um pentagrama perfeito no chão de terra.
—Para que serve isso?—Perguntou Kuwabara, quebrando o silencio daquela caverna macabra.
O loiro estava concentrado demais para escutar e muito menos responder ao garotinho, ou fingiu muito bem fazê-lo. Depois de terminar o desenho, o homem abriu os braços e começou a sussurrar palavras desconexas. Palavras tais que foram ganhando força como uma onda, ondas que ecoavam pelas paredes daquela caverna como se fosse uma concha. Mesmo sem nem ao menos saber o que aquelas palavras silábicas e de estranha entonação significavam, era fato que eles reconheciam o poder contido nelas... Era algo que não dava para ser explicado ou contido em palavras, ou demorariam demais para descrever qual a sensação de sentir todas as células e átomos do seu corpo sentindo a vibração de algo antigo e poderoso, como se aquele estranho mantra fosse a canção da criação do universo.
Logo, o símbolo no chão começou a entrar em diferentes tonalidades de verde e automaticamente, a grandiosa jóia que há na porta, correspondeu ao sinal e brilhou também.
—O senhor vai trazer a Lucy de volta, né?—Perguntou Kouji, a sua voz infantil tremia por medo, os seus dedinhos se entrelaçavam quase como para pedir piedade ao seu mestre.
Em resposta, o homem soltou uma risadinha contida, quase que cínica na verdade e essa risadinha fez com que os cabelos da nuca de Rei se arrepiassem como se ela estivesse diante de alguma ameaça, e como um gato acuado, a morena olhou ao redor, procurando alguma saída daquele lugar horrível.
—A Lucy não vai voltar mais...— Respondeu ele em alto e bom som, não deixando nenhuma chance para maus entendidos.
Os gêmeos empalideceram mortalmente enquanto o ar pareceu ser impossível de ser respirado para a garota.
—Lembra que você me perguntou o que isso significava?—Comentou Cacius os encarando com um brilho diabólico no olhar antes de dizer em um tom sombrio.— Isso é um tumulo!
Os irmãos deram as mãos, e aquilo fez com que o ambiente mudasse, como se eles tivessem tirado o oxigênio do lugar.
—Você...—Começou Kuwabara, rosnando.
—Matou...—Continuou Kouji com o jogral, igualmente irado como o seu irmão.
—A nossa Lucy?!—Gritaram juntos, seus olhos se tornaram negros como nunca antes vistos, mas Cacius, não se intimidou, na verdade chegou a achar graça na ameaça deles, zombando:
—Ownt, que fofuxo vocês dois zangados, vocês vão querer mesmo lutar a serio comigo?—Disse estralando os dedos, com que se aquecendo para fazer algo.
Nesse momento, Rei sabia que devia fazer alguma coisa, sabia muito bem o que Cacius seria capaz de fazer com os meninos, sem dó, nem piedade. A morena conhecia o loiro há mais tempo e sabia que lutando a sério, nem aquela caverna agüentaria. Em meio de toda essa tensão externa, a garota sofria com uma tensão interna, ela que sempre fora independente e anti-social, agora conhecera um mundo novo com Lucy e os gêmeos, pessoas que há pouco tempo, nem considerava como companheiros, e que agora ocupavam um grande pedaço do vazio de seu coração. Saber que a loira irritante agora estava prestes a morrer apertava o seu coração, mas saber que ainda poderia fazer algo para salvar os meninos, lhe dera forças para fazer o que fez.
Enquanto Cacius se preparava para atacar, a morena avançou usando a força de um urso para prendê-lo contra a parede, gritando para as crianças:
—Fujam, eu cuido dele!
Os dois acabaram hesitando em deixá-la para trás, com o mago rosnando como um selvagem para tentar se soltar. Durante alguns segundos, Rei pensou em como Lucy se comportaria diante de uma situação daqueles para fazer com que os gêmeos se salvassem, afinal, eles sempre a ouviam. Então a morena notou que jamais seria como a loira, e por ser ela mesma, ela resolveu as coisas do jeito que ela sempre fez com os meninos, gritando:
—Peçam ajuda, seus pirralhos idiotas!
Assim, como se tivessem uma missão a cumprir, os dois garotinhos saíram correndo dali, deixando para trás a companheira, que levou uma poderosa joelhada de Cacius.
A mesma cambaleou e o loiro se divertiu sadicamente de ver a dor estampada no rosto da discípula, antes de dizer em um tom macabro:
—Você sabe que não há ajuda, Rei...
Kouji e Kuwabara corriam o máximo que suas pernas infantis permitiam, o som de seus passos trôpegos e a respiração falha ecoavam pelos túneis do labirinto que era aquela caverna gigantesca. Em determinado momento, naquele lugar envolto de escuridão, Kouji caiu no chão, ralando o seu joelho, começando a chorar logo em seguida, como qualquer criança de sua idade. Kuwabara ficou desesperado ao ver o irmão sofrendo, mesmo diante de um machucado tão pequeno e insignificante.
—Para que tanto chororó vocês dois?—Perguntou a voz rígida de Gajeel ao ver os dois meninos que Levy tanto estimava.
Os garotos ficaram chocados ao vê-lo ali, e não responderam nada, nem se lembraram de continuar a chorar como a pouco.
—O que foi, o gato comeu a língua de vocês?!—Indagou o DragonSlayer, com o seu tom impaciente e irritado como sempre.
—Calma Gajeel, eles são apenas...
—Crianças?—Completou o mesmo, usando um tom quase que zombeteiro, interrompendo a fala de Erza, que também encarava as crianças.—Acho que essa é a fala da Rata de biblioteca, afinal de contas, você mesma já provou do poder deles.
A ruiva ficou em silencio, sem ter o que rebater, reconhecendo a verdade mesmo naquela fala desagradável do homem.
—Quieto Gajeel.—Brigou Makarov, como um pai que apartava a briga de dois filhos, procurando não assustar as crianças, que seriam uma boa fonte de informação sobre Lucy.
Mas antes mesmo que o mais velho pudesse fazer algo, Natsu apareceu na frente dos meninos, os assustando:
—Lucy, onde ela está?—Perguntou e os garotos se entreolharam, sem saber o que dizer.
—Cacius, ele...— Kuwabara estava com a voz embargada, sem saber como dizer aquilo.
—Onde ele está?—Perguntou o rosado, quase gritando e os gêmeos deram as mãos, decidindo de que o inimigo do que inimigo é meu amigo.
—Vamos levar vocês até ele.— Respondeu Kouji, já se levantando do chão, sem chorar mais.—Cacius precisa pagar.
Enquanto era guiado pelas crianças, o Dragnell sentia cada vez mais o cheiro de sangue que emanava do caminho em que seguiam. Logo, a origem daquele cheiro metálico, era Rei... a morena estava no chão, desfalecida enquanto recebia socos e mais socos violentos de seu mestre, que sentado em cima dela, gargalhava ao se manchar de sangue. Natsu não hesitou ao lançar fogo contra Cacius, que apenas se levantou e tirou a capa que pegara fogo. O loiro se virou e a aura que ambos emanavam, de loucura e ódio parecia expulsar qualquer oxigênio do lugar.
—Onde está Lucy?—Perguntou o rosado, rosnando, de sua boca, saindo o hálito quente e ameaçador digno de um dragão.
Em contrapartida, Cacius também estava fora de si, bêbado de poder, em uma crise de abstinência feroz, que o deixava cada vez mais imprevisível.
—Morta...—Sussurrou o homem, se deliciando com as palavras em sua língua, como se dizer aquilo lhe desse um prazer incontrolável.
Escutar aquilo fez com que os gêmeos chorassem novamente e que os magos perdessem qualquer juízo são e frio em busca de um plano calculista. A partir de então, tudo aconteceu muito rápido, todos os magos avançavam num ataque combinado e que massacraria o oponente, mas sua gargalhava ainda ecoava, como se não fosse capaz de enxergar a situação delicada em que estava ou como se visse algo que ninguém mais via.
Com um barulho doloroso como um gemido, a jóia que abre o portal se rachou ao toque de Cacius. As portas de abriram violentamente, como se uma ventania as tivesse atingido. De lá de dentro, se emanava poder, um poder bruto, puro, desses que beirava ao divino. Nada poderia ser comparado aquilo, nada poderia descrever a imensidão daquilo.
—Isso é Deus?—Indagou Gray, embasbacado e o loiro se voltou para ele, em um tom quase teatral e pomposo.
—Obrigado... Em breve serei um Deus.
Lucy corria, mas não sabia contra o que.
A única coisa que sabia era que deveria impedir Cacius a todo custo, mesmo que não fizesse a mínima ideia de como fazê-lo ou por onde deveria começar. Acordara há poucos minutos nos braços de sua mãe, que estava desesperada. Pelo o que soube, o homem já estava colocando em prática seu plano de usurpar poder, um poder milenar, de desde a criação do universo. Agora todo aquele santuário de paz e alegria, intocado pelo tempo e até mesmo pela morte, parecia estar prestes a desmoronar como um castelo de cartas. Tudo estava opaco, a luz do Sol parecia gélida, o vento parara de dançar com as arvores que agora pareciam mortas. As suas antepassadas pareciam aflitas, andavam de um lado para o outro, seus rostos estampavam terror ao verem seu paraíso profanado pelas trevas. Quando viam a loira, soltavam as falas soltas e quase inaudíveis, e pela primeira vez desde que a Heartfilia estivera ali, ela entendeu perfeitamente o que elas queriam dizer.
Lucy sentia o corpo dormente, pesado, como se ela fosse uma fantasma. Sabia que aquilo era culpa de Cacius, sabia que aquela sensação era um aviso, um aviso de que seu corpo não pertencia aquele lugar, um aviso para que saísse dali o mais rápido possível ou acabaria sendo destruída juntamente com o portal. No meio daquela campina infinita havia um buraco disforme, como um redemoinho, que aumentava e sugava tudo com força assustadora. Engolindo a seco, a loira sentia que deveria entrar ali, sabia que talvez, muito provavelmente na verdade, acabaria sendo destroçada como se um caminhão passasse em cima de uma batata podre, mas sabia que aquele era o caminho para destruir Cacius e toda aquela confusão em que se metera.
Respirando fundo, a loira se jogou no portal que a levaria ao outro lado, sem se dar conta de que poucos segundos poderiam fazer a diferença em todo o seu plano. Do outro lado, Cacius realmente já se mostrara equivalente a um Deus. O loiro drenava o poder do portal como quem saciava a sede num deserto. Ele estava visivelmente mais forte, mais rápido, mais tudo! Era impossível tocá-lo ou causar-lhe algum misero dano. Erza cuspira sangue ruidosamente, mas partiu para outro ataque, enquanto os gêmeos cuidavam da inconsciente Rei... todos levavam golpes e mais golpes de Cacius, que se divertia como uma criança, como se fosse um jogo.
E então, atrás de si, nas portas do portal aberto, Lucy surgiu quase que majestosamente, ofegante e com um brilho quase que animalesco no olhar.
—Lucy...—Sussurrou Kouji, sem acreditar que a loira estava viva.
—Já disse que está morta!—Rosnou Cacius, sem se dar conta da garota logo atrás de si.
A garota gargalhou alto, atraindo a atenção do loiro, antes de dizer:
—Sumo por cinco minutinhos e é isso o que já falam de mim?—Largando o tom zombeteiro, a loira o encarou, dizendo com acidez.—Você vai precisar de muito mais do que isso para me matar, Cacius...
—Tarde demais Lucy, agora sou capaz de matar civilizações inteiras antes que o Sol se ponha...—Disse ele depois de se recuperar de sua surpresa momentânea, já esboçando o seu sorriso arrogante de sempre.
Cacius levantou a mão em sinal de algum ataque, a voz de Natsu se fez presente em um sonoro “Não!”, mas a Heartfilia não se assustou ou temeu por sua vida, algo dentro de si a mantinha calma, confiante de que nada que o loiro fizesse a feriria. Quando o golpe de Cacius foi desferido, uma redoma, um campo de força dourado e brilhante, amável e quente surgiu ao seu redor, a protegendo como... como um abraço de mãe. O loiro parecia tão embasbacado quanto Lucy e os outros, mas logo a sua perplexidade deu lugar á cólera. A sua pompa e arrogância deram lugar á loucura desse homem. Ele começou a xingar em uma língua antiga e a garota até ficou aliviada de não entender o que ele dizia, mas foi então que viu a quem ele dirigia seus insultos.
Primeiramente Lucy achou que se tratava do campo de força que escurecia a sua visão e a deixava vendo vultos dourados, mas foi então que ela viu que haviam fantasmas dourados ocupando todo e qualquer lugar naquela caverna, e reconheceu suas antepassadas e até dragões, como Igneel e Metalicana, que recebiam os olhares carinhosos de seus filhos adotivos ali presentes. Mas a aura mais brilhante e que mais chamava atenção era Layla, que flutuava divinamente pouco acima de sua filha, encarando com ódio para o homem.
—Maldita sejas tu, Layla!—Urrou Cacius, espumando de tamanha ira, seus olhos quase saltavam de sua face, mas a mulher, ao contrário dele, parecia ser superior o suficiente para não se importar com as ofensas, na verdade, até se divertia em assistir o desespero daquele verme.
—Jamais deixaremos que tome o nosso poder.—Decretou ela num tom soberano como uma rainha.
—Nem mesmo depois de morta você deixa de atrapalhar meus planos...—Rosnou e a Heartfilia mais velha soltou um risinho zombeteiro e provocante.—Você não poderia estar aqui fora, isso é impossível! Eu estudei tudo durante todos esses anos!—Berrava ele como uma criança birrenta que não aceitava ter perdido em seu jogo favorito.
—De fato, você estudou tudo o que deveria.—Respondeu Layla em um tom maternalmente didático.—O seu único pecado foi seu orgulho. Você usou minha filha por capricho nesse seu plano maquiavélico e o seu capricho, seu orgulho e sua arrogância é quem cavaram a sua cova. Lucy entrou no portal, ela pertence a lá e também a este mundo agora... Nosso sangue é o mesmo, ela é a ponte que nos ligou até aqui, que nos ligou para ser e ver a sua ruína de uma vez por todas.
Sucumbido pelo desespero, Cacius tentou desesperadamente atingir um golpe na mulher, mas a bola dourada a atravessou sem causar nenhum dano sequer. Assim, decidindo o martelo da justiça, todos os corpos dourados se desfizeram e se reagruparam na forma de uma arma, de um arco e flecha dourados, que se colocaram nas mãos de Lucy. A loira logo entendeu o que deveria fazer, afinal de contas, como sua mãe havia dito, ela era a ponte, o que levava a vontade do passado para a sua realização para o presente. Sem hesitar, a flecha dourada foi lançada e acertou em cheio o coração do loiro, se é que ele possui algum.
Os gritos agonizados do homem se fizeram presentes enquanto os flocos dourados o desintegravam, o apagavam de sua existência na terra ou em qualquer outro lugar que ele esteve... Era o pior castigo que alguém poderia sofrer, doloroso de todas as maneiras possíveis. Em poucos segundos, tudo terminou e o silencio sepulcral voltou como antes. Todos ficaram parados, sem finalmente acreditar que Cacius finalmente estava morto. Uma mão tocou o ombro de Lucy e a mesma se virou assustada, esperando encontrar o loiro novamente, rindo de superioridade e soltando frases esnobes, mas quem a tocara fora Layla. Dessa vez ela não estava fantasmagoricamente dourada como há pouco, há quem diria que ela estava completamente normal, de carne e osso.
—Acabou Lucy, acabou...—Sussurrou a mulher, afim de acalmar a filha.
As lágrimas rolaram pelo rosto da mais nova, para serem coletadas pela mão carinhosa da mais velha, que parecendo uma colecionadora de lagrimas felizes, sorria como a não o fazia. Todos encaravam aquela cena sem conseguir desviar os olhos de tamanha surpresa ao verem a dita “falecida” matriarca diante de seus olhos, mas ao mesmo tempo, eles se sentiam intrusos, como se estivem espionando uma cena intima.
—Mas e o portal?—Indagou Lucy depois de secar as suas lagrimas, olhando para as portas de cobre que agora pareciam velhas e frágeis, assim como a jóia antes bela e poderosa, dava pena de olhar.
—Certamente não serve mais para nada.—Respondeu a mulher, olhando para o portal.—E é por isso que tenho que te pedir algo, é mais como um presente.
—O que?—Perguntou Lucy, encarando a mãe.
—Nosso poder.—Respondeu ela com seriedade.—Como vê, essa não será a primeira ou a ultima vez em que viram atrás de nossa lenda...Você disse que queria nos libertar, não é? Agora você pode...
—Eu aceito...—Respondeu a loira, arrancando então, um sorriso orgulhoso, mas quase triste de sua mãe.
—Você cresceu tão rápido meu amor...—Comentou Layla acariciando a bochecha da filha.— E eu perdi tudo isso...—Se lamentou dolorosamente, mas Lucy sorriu e disse com carinho:
—Você sempre esteve comigo, mesmo quando eu não pude enxergar, eu sempre vou ser a sua menina, mãe, não importa aonde esteja...
Chorando, a mais velha abraçou a garota, e foi então que o seu corpo começou a se desintegrar de forma delicada, em flocos dourados, e mesmo sentindo isso, nenhuma das duas disse adeus, pois ambas sabiam que uma estaria fazendo morada no coração da outra, mesmo quando as trevas reinassem e a visão ficasse embaçada, elas estariam ali, como uma luz dourada em meio a escuridão. Lucy demorou a perceber que Layla desaparecera e não segurou o choro, deixando que tudo extravasasse de seu corpo, de sua alma... Raiva, amargura, medo, duvida, felicidade e alivio, e seus companheiros assistiam aquilo, sem nem ao menos saber o que deveriam fazer em seguida.
Kuwabara e Kouji se aproximaram correndo e a abraçaram com força, chorando alto e de modo até irritante para alguns como Gajeel. Os gêmeos choravam como crianças assustadas que tinham acabado de encontrar a mãe dentro do mercado após passarem segundos tenebrosos perdidos dela. Eles gaguejavam, tentando falar o quanto estavam felizes de vê-la novamente, mas só conseguiam soluçar e chorar mais ainda, ai desistiam e abraçavam a garota com tanta força que a fez cair no chão, já gargalhando da situação. Ao escutar aquele som angelical que era a gargalhada dela, Natsu sentia que poderia morrer naquele exato momento que nada mais importava, ela estava bem, ela estava viva e isso já o deixava em estado de apoteose.
Mesmo hesitante, ele se aproximou dos três e quando ela o viu, o silencio reinou, mas não de forma desagradável e sim, por que o olhar entre eles já dizia muita coisa. Lucy estava suja, descabelada e tudo o que possa descrever alguém que tenha lutado contra lunático quase Deus e atravessado um portal para um mundo alternativo, mas de qualquer maneira, o Dragneel nunca a viu tão linda em sua vida... Já a garota sentia vontade de abraçá-lo, de se embriagar em seu perfume e se perder em seus braços quentes e o mais importante, não sair daquele lugar nunca mais. O sorriso entre os dois foi o suficiente para dizer tudo isso e muito mais e quando ele a ajudou a se levantar do chão, Lucy já se jogou em seus braços, enlaçando os seus braços ao redor do pescoço do mago e o beijou profundamente, que retribuiu o afeto com fervor e paixão, e só foram interrompidos com as piadinhas que Gray gracejava.
Digamos que mesmo sem dizer nada , todos saíram daquela caverna para nunca mais voltar, sem saber ao certo o que aconteceria a seguir, e quer saber, eles não se importavam tanto. Rei acordou na Fairy Tail,escapando das garras da morte e quase escolhendo voltar para ela ao ver todo o barulho que havia naquele lugar, mas logo se acostumou com tudo aquilo e se enturmou tanto que era difícil encontrá-la sem estar tagarelando ou brigando com alguém. Kuwabara e Kouji viraram os bibelôs da guilda, não havia uma pessoa naquele lugar que não apertassem as bochechas deles ou que os enchiam de doces para mimá-los, principalmente Levy, que lia para eles e brincava como se tivesse a idade deles.
Já Lucy, oh, Lucy como explicar que ela voltou como se nada tivesse acontecido? Pode ser meio complicado de explicar, mas juro que essa é toda a verdade. Afinal de contas, para alguém que passou tanto tempo em meio ao passado, em meio a lembranças esquecidas e dolorosas, nada parece melhor e mais vivido, do que colecionar e coletar novas lembranças, com os olhos no futuro...


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Notas finais do capítulo

E aí? o/ mereço reviews ;-)? Recomendações ;-D? Ou tomates T.T? Sabe gente, peço desculpas por toda demora e agradeço a todos q leram essa fic, sério, muito obrigada por vocês que leram até o final, pelos que comentaram ou que não comentaram, enfim, obg...sentirei sdd... ;-; me visitem em outras fanfics, meus amores! :3
:*



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