3:50 da manhã, New York. Eu estava dormindo muito tranquilamente, até que o telefone toca. ''Quem diabos liga a essa hora?" pensei, enquanto me levantava para atender. Passei pelo corredor frio da sala, até que encontrei o telefone. Atendi. E me surpreendi com quem era do outro lado da linha, ainda mais a essa hora da madrugada.
   
  - Alô? - Eu disse, sonolento.
  - Gerard? Gerard é você? É o Mikey. - Reconheci bem a voz, era o próprio, parecia estar assustado.
  - Sim, sou eu, o que foi? Por que ligou a essa hora? E uma emergência? - Eu disse preocupado.
  - Não Gerard, agora já não é mais, talvez se eu tivesse descoberto a algumas horas fosse. - Disse ele, acho que estava começando chorar.
  - Como assim Mikes? - Disse eu ainda mais preocupado.
  - Apenas venha pra cá Gerard, te conto tudo aqui. - Ele disse, e depois desligou o telefone.

               
              Seja o que fosse, eu saberia que era algo muito importante, eu sei que ele nunca me ligaria se não fosse esse caso. Sabia que era loucura, tomei um banho rápido, peguei minha carteira, joguei algumas roupas na mala e fui pro aeroporto, esperando que ainda tivesse algum avião para New Jersey. Fui o mais depressa pro aeroporto possível, cheguei lá, perguntei se ainda havia passagens disponíveis para o voo de 6:00 da manhã para New Jersey, com sorte ainda tinha, comprei e apenas fiquei esperando o voo.
               
              Horas depois, cheguei a New Jersey, peguei o primeiro táxi que vi e fui para a casa de Mikey.  Bati na porta, e encontrei Mikey preocupado na minha frente. 

  - O que aconteceu de tão grave Mikes? - perguntei, aflito.  
  - F-frank, ele... bom, é melhor você ver. - ele disse, me levando até a sala.

Em cima da mesa havia uma carta, ele me entregou ela, comecei a ler. 

              Peguei a carta e comecei a ler em voz baixa, as letras redondinhas e um pouco borradas. Li em voz alta:
"Se você recebeu essa carta, é porque isso deu certo, eu apenas quero que entenda que eu não fiz por mal, apenas não aguentava mais.

Adeus Gerard.
Com todo amor do seu Frank."
               
              Ali mesmo comecei a chorar, comecei a chorar como nunca antes, parecia que o meu mundo havia desabado completamente. Fiquei sem reação e em silêncio por alguns minutos. O que faria Frank cometer tal ato? O que poderia ter sido tão grave? Mikey se aproximou de mim e me deu um abraço.

  - Sinto muito Gee. - Disse ele enxugando minhas lágrimas, sua voz estava rouca.  
  - Mikes, ele disse por que fez isso? - Perguntei tentando não chorar de novo.
  - Não Gee, não. Na verdade foi a mãe dele que achou essa carta e me entregou aqui em casa. Ela pensou que eu podia saber de algo. - Disse ele, agora começando a chorar também.

               
              Abracei meu irmão de novo e ficamos assim por alguns minutos. Nos separamos e ele foi até a cozinha, me ofereceu café, eu aceitei.

  - Acho melhor eu falar com a mãe dele. Tem que ter alguma explicação pra isso. - Eu disse me sentando a cadeira que agora se tornará desconfortável.
  - Ela não sabe, Gee. - Ele disse olhando para mim.
  - Mas ela deve conhecer alguém que saiba. - Eu disse tentando impedir minhas lágrimas.
  - Talvez, talvez. - Ele disse se virando e indo fazer o tal café.
               
              Depois que tomei o tal café do Mikey, que estava com um gosto amargo como tudo na minha vida agora, decidi subir ao meu antigo quarto, eu sabia que a mãe do Frank não estava em casa hoje, Mikey me contou, então resolvi descansar um pouco.
               
              Entrei em meu antigo quarto e vi que pouca coisa havia sido mexida, garanto que meu pai nunca entrou lá, talvez porque eu tenha sido o motivo da briga e da separação. É muito ruim ter um pai que não aceita que seu filho namore com outro garoto, mas mesmo assim, eu não sinto ódio dele.
               
              Entrei em meu antigo banheiro e a mesma coisa do quarto, pouca coisa mexida, resolvi tomar uma ducha rápida, mas rápida mesmo, estava frio lá fora e não tinha chuveiro elétrico naquele banheiro. Foi um banho rápido mesmo.
               
              Depois me joguei na cama e deixei as lágrimas rolarem soltas pelo meu rosto, me virei de lado e fechei os olhos, tentando dormir, eu só queria esquecer, queria dormir e nunca mais acordar. Mas eu não conseguia, lembranças dele, de seu sorriso, suas brincadeiras, coisas que eu não veria mais, me perseguiam.
               
              Lembro quando nos beijamos pela primeira vez, ele estava vermelho demais, o que o deixava muito fofo.

  - V-você gosta de mim? - ele perguntou, envergonhado.
  - Não Frank, eu te amo. - eu disse, o puxando para um beijo, sua linguá brincava com a minha, eu explorava cada canto de sua boca, era maravilhosa a sensação de te-lo em meus braços. Puxei seu corpo para mais perto do meu. Quando nos separamos, ficamos apenas de mãos dadas.
  - Eu também te amo, Gee. - ele disse, sorrindo.
               
              Lembrar dessas coisas me tiravam alguns sorriso, mas depois me faziam chorar mais e mais. Eu só queria meu baixinho de volta, queria senti-lo de novo. Eu precisava descobrir o que havia de errado.
               
              Mas pensando bem, no ultimo dia que eu o vi, senti que havia algo errado. 
 
  - Hey Frank, alguma coisa errada? - Eu disse, passando a mão pelo seu rosto.
  - Não, nada... - Ele disse, dando um meio sorriso.   

              Claro que havia algo errado, como eu não havia percebido? Pior, eu percebi, mas achei que não era nada demais, afinal se ele dizia que não era, eu poderia confiar nele. Eu estava errado. 
               
              Fiquei o resto da tarde e da noite enrolando naquele quarto, apenas chorando e chorando. Mikey nem se quer me incomodou, ou bateu na porta pra saber como eu estava, ele sabia que eu precisava de tempo. Foi quando a madrugada começou a vim e que eu consegui dormir, com o travesseiro e rosto encharcados.