Nostalgia escrita por NoOdle


Capítulo 1
Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Já havia escrito outras FanFics do Gorillaz, mas este é o único que fiz do aniversário da Noodle...
=Have Fun=
NoOdle



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Aniversário da Noodle

(REAL)

As ondulações do colchão de água tremiam as costas da garota que ali acabara de se tacar, seus olhos mal conseguiam continuar observando os objetos do quarto, estavam precisando de um sono urgente.

Depois de passar o dia todo gravando e regravando músicas antigas, era de se esperar que estivesse nesta exaustão. Cantar, tocar, animar e pular não eram as partes mais difíceis, na verdade, estava muito mais do que feliz com todo o projeto ‘Gorillaz 2001 – 2011’, mas as lembranças que cada som trazia era o mais complicado de aguentar. Stuart, por exemplo, mal conseguiu gravar o El Manãna sem olhar inúmeras vezes para a garota e encher a borda dos olhos de lágrimas.

Talvez o que pesava em sua consciência era o passado. Estava chegando a meia noite de 30 de Outubro, logo seria o ultimo dia do mês. Um pequeno frio passou pela barriga da guitarrista deitada na cama, lembrava-se exatamente do que era comemorado nesta data, tanto que o ano que passara fora um dos piores por ter que aguentar fazer 20 anos. Agora, neste aniversário, estava quase sentido os 21 chegando.

Cinco segundos. Quatro. Três... Deixou as pálpebras caírem, respirando fundo.

“Parabéns, Noods!” Ouviu uma voz conhecida ali por perto. Não soava como 2D, nem Russel, Murdoc ou ainda menos Androide. “Já tem 21?? Puxa, estamos velhas!!” Esta pessoa soltou uma risadinha.

Noodle sentou rapidamente na cama, atordoada. Ali, em sua frente, estava ela mesma; parada e animada, um capacete com duas antenas encachado na cabeça de cabelos escuros e lisos. Ela era mesma provavelmente com 9, 10 anos de idade, quando entrara para a banda.

“No... Noodle...?” A real garota gaguejou. Chegou bem perto, um dedo esticado, e encostou na testa da pequenina, que riu ainda mais, pulando em cima dela.

“Sim!! Quem mais achou que era??” Abriu um grandioso sorriso que sempre era acostumada a dar quando estava feliz. “A gente arrasou hoje lá no estúdio, não?? Nosso Clint Eastwood nunca sai errado!!” Ela não parava de rir, o contrário da outra, que estava um tanto quanto assustada.

“Nunca sai errado?” Outra voz passou ali por perto. “Noodlezinha, você está boba! Lembra de quando o Murdoc pegou nossa guitarra para nos ensinar da primeira vez e saiu tudo esquisito?” Outra risadinha ressoou por perto do armário. “Ele estava muito bêbado no dia!!” Uma Noodle um pouco maior, deveria ter entre 13 e 14 anos, sentou ao lado delas, o que fez a cama balançar ainda mais. “Parabéns para nós, Noodle’s!”

“Haaaaai!!!” A menor gritou, abraçando a que acabara de chegar. “Noodle, por que não está feliz??” Perguntou para a verdadeira aniversariante.

“E... E-eu...” Pensou, apesar de nada disso fazer sentido. Antes mesmo de começar uma pergunta, outra voz idêntica a das três ali sentadas apareceu pelo quarto.

“E-eu...!” Também riu. “Está parecendo o 2-D-San!” Sentou ao lado da Noodle do meio, esta guitarrista era um pouco mais velha, estava toda suja e com as pontas dos cabelos queimados. Deveria ser uma Noodle com 17 ou 18 anos, quando ela caíra no inferno. “Não enrola, se    perder o fio do pensamento ele nunca mais volta!”

“Aah!” As duas menores exclamaram juntas, batendo na que acabara de aparecer. “Não pode falar mal da gente, somos a mesma pessoa!!”

“Essa é a parte mais engraçada!” Olhou a Noodle mais velha de todas. “Feliz aniversário, Noods!”

“É, feliz aniversário!” Uma quarta voz ressoou pelos cantos do cômodo. Esta nova cópia usava uma máscara, mas tratou logo de tirá-la, pois sabia que não havia nada para esconder das outras que eram iguais à ela. A verdadeira Noodle observou-a, era ela mesma há dois anos atrás, aos 19. A menor das menininhas chegou bem perto da segunda mais velha e esticou o dedo, ficando na pontinha do pé.

“O que aconteceu com seu olho??” Perguntou, curiosa. A que estava sendo questionada virou o rosto e empurrou a mão da pequena.

“Nada, nada...” Olhou a que agora tinha 21 anos. “Não acredita que estamos aqui?”

“Nã...” Pegou impulso, apesar de um pouco pasma. “Sim... Acho que sempre estiveram, não?” Conseguiu soltar um pequeno sorriso. Todas assentiram levemente. “Obrigada por voltarem... Hoje foi bem difícil e... Não sei o que teria feito sem vocês.”

Respirou uma vez e observou cada uma. Seus olhos se encheram de lágrimas, que foram enxugadas logo de uma vez.

“Noodlezinha, obrigada por ser forte quando, mesmo sem saber nada sobre seu passado, continuou sorrindo e animando a todos da banda...” Trancou um nó no meio da garganta. “Noodle de 13, 14 anos...”.

“14!” Ela sorriu. “Temos 10, 14, 18 e 19!”

“Sim...!” Riu um pouco, ainda tentando esconder algumas lágrimas. “Noodle de 14 anos, obrigada por ser mais forte ainda quando descobriu tudo sobre sua história e mesmo assim voltou para escrever um CD inteiro, teve até forças para entender que isto era o que tinha que fazer...”.

Respirou fundo, pois sabia que passar para a próxima era muito difícil. Sua voz começou a sair como se estivesse embriagada, mas foi controlada.

“Noodle de 18 anos, obrigada por ser ainda mais forte, por não ter desistido de avisar o que tinha que avisar para Murdoc, de ter continuado tentando sair do inferno e por, mesmo quando tudo estava horrível, ter sobrevivido...!”

Tampou os olhos, já não conseguia se conter. Soluçou algumas vezes, a menorzinha sentou ao seu lado e a abraçou, o que ajudou bastante.

“E, por fim...” Sua voz de choro saia sem se preocupar. “Obrigada, Noodle de 19 anos, por ter voltado com o Russel-Kun para a Plastic Beach e continuado tudo o que tinha que fazer, mesmo sem ter uma família ou com o medo de ninguém mais estar ali para você... Obrigada vocês todas por não desistirem de mim...”

Não aguentou mais, encolheu os ombros e afastou a franja dos olhos verdes encharcados, todas as outras Noodle’s se juntaram a ela em um abraço.

“Menininha, menininha, por que está chorando tanto?” Cantarolou a pequenina, uma por uma as cabeças das guitarristas olharam para ela em uma expressão duvidosa. “Um dia está a pular, outro hora está a choramingar... Olhe para o céu, garotinha, a mamãe vai sempre te amar!”

Cada Noodle, aos poucos, abriu um sorriso feliz, parecia até que seus olhos começaram a brilhar.

“Que musica é essa?” A verdadeira estranhou. Parou um pouco de sentir as mãos em seus ombros, elas estavam partindo. A pequena olhou-a, estranhando.

“A música que a nossa mamãe cantava para a gente, não lembra? Era a única coisa que tínhamos de lembrança, ué... Prometemos nunca esquecer!” Sorriu, os olhos até se fecharam um pouco em uma minúscula lágrima.

“Eu... eu achava que não tinha mães e pais...” Noodle de 19 anos sibilou, enquanto a sua antecessora concordou. “Achei que tínhamos sido criadas pelo laboratório japonês...”

“O que?” A menor colocou a mão na cintura. “Então de onde acha que eu tirei essa música?”

“Eu lembro...” Uma sussurrou, observando a mão que estava a sumir. Sorriu grandiosamente e abraçou a verdadeira. “Não se esqueça, por favor!” Foi sumindo, levando junto todas as outras.

A guitarrista quase fez o coração parar quando deixou de sentir os corpos das suas réplicas, estava completa e inteiramente transtornada. Sua pupila dilatou, ela começava a lembrar.

Os cabelos lisos e louros da mulher roçavam na bochecha da futura arma mortal, a mãe estava chorando. Dizia algo sobre ‘não estou te abandonando’ e ‘eu já sabia que seria assim’, mas o som era muito embaçado para ser entendido por inteiro. Depois de alguns minutos de silêncio a música foi cantada, com uma voz suave e fina, pela de olhos verdes que Noodle herdara.

“Menininha, menininha, por que está chorando tanto? Um dia está a pular, outro hora está a choramingar... Olhe para o céu, garotinha, a mamãe vai sempre te amar!”

Mãos frias levaram-na para longe da bondosa senhora, algumas injeções foram colocadas, os cabelos louros viraram quase negros e as células que já tinham nascido modificadas foram ainda mais transformadas, tudo em um embalo de lembrança.

Sua consciência voltou à realidade, a guitarrista finalmente respirou, olhou a própria palma da mão como se pudesse novamente sentir o toque de sua mãe, mas pelo simples fato de saber que ela existia, sentiu-se reconfortada.

A porta bateu um pouco e depois de não ser respondida, abriu-se. 2D entrou, tímido, com um sorriso no rosto.

“Feliz aniversário, menininha!” Foi até ela, só depois percebeu que esta chorava. “O que foi, o que foi?” Sentou ao seu lado, deixou um pequeno presente de lado para passar o dedão pelas lágrimas que escorriam. “O que está acontecendo, querida?”

Noodle abriu um grande sorriso, ergueu os braços e abraçou o cantor, que caiu na cama, sem entender, apesar de retribuir o carinho. Depois de soluçar um pouco, ela fitou-o com os olhos ainda afastados pela franja e beijou-o na maçã do rosto com afeto, algo como que dissesse que o amava intensamente. Depois de poucos minutos afastou.

“2-D-San, que bom que veio!!” Ainda chorava, mas não era mais de tristeza. Ele, no entanto, parecia muito vermelho e desajeitado. “Ah! Desculpa! É que fiquei muito animada!” Ajudou-o a sentar.

“N-não tem problema...” Coçou a cabeça, olhando em volta a procura do presente. “Aqui, eu comprei para você...!” Entregou o pequeno embrulho.

Dentro havia uma pequena corrente com a letra N foleada a ouro, ela adorou e agradeceu muitas vezes.

“Não precisava, 2-D-San...” Abraçou-o mais uma vez. “Obrigada!! Você é o melhor amigo que já tive e que poderia ter...”

Stuart sorriu. “De nada, querida...” Ficaram por bons minutos abraçados, até que ele afastou-se. “Eer... Russel também queria te dar os parabéns, se quiser pode descer até...” Parou, observando-a. Noodle havia dormido, estava com um sorriso no rosto inchado de choro, o cabelo amassado depois de tantos abraços. 2D colocou-a deitada no travesseiro e cobriu-a com carinho, dando um beijo em sua testa. “Boa noite, menininha.” Sussurrou. Ela respondeu, com sua voz de criança, apesar de ainda estar dormindo.

“Boa noite, papai.”


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? ((:
Beijos!