Harry ficou surpreso com a repentina ação do pai de Demi.

– Vamos - chamou Dumbledore, tirando o garoto de seus devaneios.

Eles voltaram à sala do diretor. Harry sentou-se e esperou, batucando os dedos na cadeira.

– O Sr.London acreditava que a culpa da morte da Sra.London era da família de Selena e não culpa de Voldemort. - o diretor suspirou pesadamente. – Pedro idolatrava Voldemort e achava ele o grande mestre.

– Mas o senhor não disse que ele era trouxa? - indagou Harry, confuso.

Dumbledore sentou-se atrás da escrivaninha.

– Antes de morrer, a Sra.London contou sobre ela, sobre Voldemort e sobre a magia.

– Ele então preferiu acreditar que Voldemort era bom e que os culpados da morte da sra.London eram os Gonsales? - questionou Harry, incrédulo.

– Exatamente. Que bom que está entendendo. - Dumbledore prosseguiu. - Já Selena, sofreu muito nas mãos da irmã. Anne tinha inveja de Selena por ela ser guardiã do medalhão. Assim, quando cresceu e se tornou maior de idade, resolveu maltratá-la da forma mais triste possível.

Harry estremeceu. Dumbledore olhou para o relógio, que batia nove horas em ponto.

– Melhor eu ir, certo? - disse o garoto, adivinhando o que Dumbledore iria dizer.

– Continuamos outro dia. - o diretor levantou-se, da mesma forma que Harry. - Avisarei, não se preocupe. Boa noite.

Harry saiu dali pensando em tudo que vira e ouvira. A infância de Demi e Selena foram, com certeza, muito piores do que a dele.

(...)

Harry acordara no dia seguinte bem cedo. Foi até o corujal para visitar Edwiges, tentando colocar os pensamentos em ordem.

Ainda estava atordoado por conta da noite anterior.

Chegando ao Corujal, percebeu que não fora o único a acordar cedo. Ela estava de costas para ele, por isso não o percebeu de imediato.

– Deu para me seguir, Potter? - Selena permaneceu sem encará-lo, acariciando uma coruja grande branca com uma mancha negra nas asas.

– É sua? - Harry tentou manter a conversa pacifíca, indicando a coruja.

– Não - Selena o encarou, com um sorriso irônico. - É da minha avó. - Revirou os olhos em seguida.

Harry ficou à frente da garota, encarando-a com a sobrancelha arqueada.

– Ihhh...Que bicho te mordeu?

– Um bicho chamado Harry Thiago Potter. - Selena revirou os olhos. - Que é que voce vê em me perturbar?

– Graça - Harry deu de ombros, divertido.

Selena bufou.

– Então fique com sua "graça" que eu fico com meu mal-humor, ok? - Selena deixou sua coruja entre as outras e seguiu em direção a porta.

– Espera! - Harry avançou, nervoso. Selena o encarou com desconfiança. - Eu já sei sobre seu medalhão.

– E o que você quer? - a morena cruzou os braços, assumindo sua postura de defesa. - Rir? Debochar?

– Não. - Harry balançou a cabeça, sentindo um frio no estômago. - Quero... Te pedir desculpas.

Selena soltou os braços, surpresa. Sua postura mudou completamente.

– Pelo quê? - Perguntou, confusa. - Eu quem te trato mal, não você.

– Eu pensava que você... - Harry coçou a nuca, constrangido. - Tinha uma vida melhor que a minha mas vejo que não.

Selena encarou-o por um instante e sorriu. Um belo sorriso que fez Harry ficar hipnotizado e surpreso por longos segundos.

Nunca pensou que fosse receber um sorriso como aquele vindo dela.

– Eu acho que te trato mal porque penso que você deve se achar muito - Selena deu de ombros. - Por ter essa cicatriz e ser o Eleito.

– Eu não queria ter essa cicatriz na testa e muito menos ser o Eleito - defendeu-se Harry, com um suspiro. - Preferia ter uma família a ter que matar Voldemort.

– E eu não queria ter que tomar conta desse medalhão. - Selena segurou o objeto na mão direita, com amargura em sua voz.

Harry nunca se sentiu tão nervoso quanto naquele momento.

– Acha que consegue ser minha melhor amiga...

– E você ser meu melhor amigo? - Adivinhou Selena, deixando o garoto aliviado por perceber que ela estava calma. - Acho que sim.

– Então... - Harry não sabia ao certo o que dizer.

– O nome da minha coruja é Fênix - disse Selena, dando as costas para o garoto. O encarou e sorriu, antes de sair do Corujal.

Harry permaneceu no mesmo lugar, sentindo certo animação preencher seu peito. Havia conseguido a amizade de Selena e aquilo era...Ótimo.