F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 17
17. Fogo.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ COISA LINDAS E PRECIOSAS DA MINHA VIDAAA! *0*
eu queria agradecer novamente por todos os reviews, sério. 101!
Fiquei toda boba aqui quando vi o 100.
Então... Eu tinha "preparado uma surpresa" para quem fosse o nº 100!
E a Líís foi a 100! LOL
Então... Espero que tenha gostado e tal.
LEIAM AS NOTAS FINAAAAAAAAAIS! q



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17. Fogo.


Escuto sua voz através do radio, bem ao lado do meu ouvido. Sei que está falando sobre um conflito ocorrido em um show, e sei que está pedindo um pouco de paz para poder deixar de ser estereotipados como uma cidade não civilizada. Seu novo programa fala sobre as novas bandas de Rock e faz denuncias sobre temais civis.

Me pergunto se agora ele acredita no que está dizendo...

Me sinto tão confuso... Ontem sai de seu apartamento, umas horas depois, com mil perguntas dando voltas em meu interior.

Porque o convidou? Quero saber.

Para que remexer uma ferida tão grave? Para que voltar a chorar?

Porque disse que éramos um casal?

É a pergunta que mais me agonia. Não quero me iludir, não de novo. Não quero voltar para depois cair de uma grande altura. Não quero chorar mais.

Os olhos ardem e o peito dói.

Mas o sino soou. Assustado desgrudo minha cabeça do balcão, me afastando do radio também, para olhar meu irmão que chegou com um sorriso carinhoso, como o que mostrava toda vez que fazia uma travessura. Como sempre dizia que tinha sido eu e Mikey terminava sendo o garoto bom, mas o pagamento era esse sorriso e com isso me sentia satisfeito.

-Olá. –Murmurei desligando o radio. Contornei o balcão até me encontrar de pé em frente ao meu irmão.

O sorriso foi se apagando para dar passo a um olhar triste dirigido ao chão.

-Mikey? Você está bem irmão? –Perguntei sem me aproximar muito.

-Gerard... –Levantou o rosto me deixando ver as cristalinas gotas de água salgada manchando suas bochechas.

-Mikey... –Me aproximei e o abracei com força. –Não chore. Tudo vai ficar bem...

Algo em meu interior se quebrava toda vez que via seus olhos vermelhos de choro. Me enfurecia ao saber que chorava e desejava, sob qualquer meio, quebrar a cabeça de quem fizera meu doce irmãozinho chorar.

-Gerard eu sinto muito, sinto muito, sinto tano. –Esfregava seu rosto contra meu ombro negando com suavidade. Minhas mãos se agarraram a suas costas e as suas me seguraram pela cintura.

-Não sinta. Não aconteceu nada.

-Não queria te tratar dessa maneira. Não quero me afastar de você e só... –Soluçou e meus braços o apertaram para depois lhe dar um beijo no topo da cabeça. –Só tive medo de que você se afastasse de mim.

-Nunca. –Me separei dele sem conseguir que Mikey se afastasse de minha cintura.

Segurei com ambas as mãos suas bochechas e comecei a limpar a suave pele de seu rosto. O cabelo grande atrapalhava caindo em adoráveis mechas que também consegui tirar. Os preciosos olhos de meu irmão viajaram até minha mão, onde pode ver o esparadrapo branco que rodeava minha ferida.

Me lançou uma muda pergunta com o olhar.

-Eu cai, estou bem. –Respondi e sorri, depois aproximei meu rosto do seu e beijei seus lábios ternamente. Desfrutando da pressão que faziam meus lábios sobre os seus. –Nunca me afastarei de você. –Sussurrei contra sua boca ao nos separarmos. Abri os olhos e me perdi no calor dos seus. –Porque sempre vou te amar. Aconteça o que acontecer, te amo.

E Mikey acreditou, me deixou saber no apertado abraço que continuou depois de minha declaração.

Sem importar o que aconteça, continuarei o amando. Sem importar os anos, continuará sendo meu pequeno irmão.

Sem importar o que aconteça...

A porta se abriu. A campainha soou mais estridente que em ocasiões anteriores. Levantei a cabeça sem soltar meu pequeno irmão e vi seus olhos esmeraldas cintilando de uma forma que nunca havia visto.

Me aproximei de seu ouvido, depositando no caminho um beijo em seu longo cabelo castanho escuro.

-Mikey, quero que você conheça alguém. –Sussurrei com suavidade.

Meu irmão levantou seu rosto de meu pescoço e me olhou com curiosidade.

-Mikey Way, te apresente a Frank Iero. –E meu braço se estirou na direção de onde o locutor estava parado, nos olhando com os olhos semicerrados e as mãos escondidas no bolso da calça.

Meu irmão enfim me soltou para limpar seu rosto e suspirar antes de virar para ver Frank.

-Muito prazer. –Mikey sorriu me oferecendo sua mão. Frank a aceitou olhando meu irmão analiticamente. –Gerard me falou muito de você. –Mentiu, mas sei que havia sido por cortesia.

Frankie só assentiu com a cabeça agitando a mão contra a de Mikey.

-Mikey é meu irmão. –Esclareço colocando meu braço ao redor do pescoço de Michael.

-Acredito que seja obvio pelo sobrenome. –Meu irmãozinho disse risonho soltando enfim a mão de Frank. –Bom, tenho que ir, eu só vim para... Gerard!

Se separou assustado.

-Eu esqueci de te dar o convite! –Suas mãos procuraram desesperadas algo no interior de sua capa. Enfim tira dele um envelope dourado e me oferece. –Não leia agora, só espero que você esteja comigo. –Sorriu. –E leve Frank.

O olhei confuso e apenas tenho consciência de que assenti com a cabeça.

-Fique tranquilo Gerard, não é nada ilegal desta vez. –Riu um pouco e levantou sua mão ao ar. –Te prometo. –Sorri também. –Já vou. Te amo.

Beijou meus lábios e antes de se separar o segurei pela bochecha.

-Eu também. –Sorri e voltei a lhe beijar.

-Até logo Frank! –Balançou sua mão em despedida e saiu rindo só, como era costume quando estava feliz.

Olhei para Frank que vigiava o andar do menor da família Way, sorri perante o olhar de ira que soltou ao voltar a me ver.

“Não pode negar Frank, isso é ciúmes...”

Abri o envelope não dando importância a cara de aborrecimento que meu locutor poderia ter e comecei a ler...

-Cerimônia nupcial. –Li em voz alta. –Entre Brittany Walker e Michael Way... Se... Casar...

Meu pequeno irmão vai casar!! Será em uma semana e apenas tem a decência de me informar! O matarei!!

Começo a rir inundado de felicidade, e o orgulho me consumindo por saber que meu irmão começa a formar uma família.

-Meu irmão vai casar... –Murmurei vendo Frank que brincava com seus dedos, os movendo ritmicamente sobre o balcão.  Me aproximei dele, segurei essa mão que fazia o chato e continuo som para aperta-la contra a minha, sorri e me aproximei dele para beija-lo com paixão. Embriagado em felicidade e orgulho.

Nos separamos com leveza, sorri e ele correspondeu.

-Estou com desejo de comida italiana. –Disse ele. –Vamos?

Assenti contente com a cabeça, segurando sua mão nos dirigi ao carro, não sem antes fechar a livraria.

Durante o trajeto nossa muito bem praticada rotina se quebrou quando Frank falou.

-Seu irmão... É bonito. –Sorriu quando supôs que eu havia deixado de olhar os prédios para vê-lo.

-Seu sei, um desperdício de homem. É heterossexual. –Soltei uma gargalhada que foi compartilhada, surpresamente, pelo locutor.

-Uma pena. E vai se casar...

-Sim. –Sorri olhando para frente. –Meu pequeno vai se casar.

-Sabe? –Me olhou. –Isso de beijar nos lábios... Não me parece muito comum. Eu não tenho irmãos e não sei como isso é, mas é um pouco...

-Incomodo?

-Estranho. –Esclareceu sem me olhar. Estacionou o carro.

-Acredito que sim... Nosso sentia... Nojo, segundo suas palavras. –Desci do carro. –Mas não podemos evitar... Não sei por que o fazemos, é difícil de explicar.

Frankie assentiu com a cabeça e, ao estar ao meu lado, pegou meu braço o enroscando no seu.

-Bem-vindo ao melhor restaurante de comida Italiana.

Me encontrava em frente a um local elegantemente decorado e com um lindo letreiro de cor dourado com o nome do lugar, com varias palavras italianas que nem sequer tentei decifrar. Pouco tempo depois nos encontrávamos no interior do local com uma vela acesa no centro de nossa pequena e redonda mesa.

Era muito difícil saber que era duas da tarde no lugar já que estava na penumbra, só iluminadas por velas que descansavam no centro das mesas. Um garçom delgado e de óculos nos ofereceu o menu e só pude pedir o que pareceu mais normal.

-Pensei que neste lugar tinham regras de etiqueta. –Mencionei falando sobre nossas vestimentas.

-Aceitam quem pode pagar. –Respondeu simples .

Comi uma deliciosa macarronada e até roubei um pouco dos canelones pedidos por Frank. Acompanhamos a comida com o típico vinho italiano e conversamos um pouco.

Cada vez mais os silêncios iam se reduzindo até ser quase inexistentes entre nós.

-Frank? Posso te perguntar uma coisa?

O locutor assentiu sem parar de beber de sua taça.

-Bom... Eu queria falar sobre o que aconteceu ontem, no jantar...

-Oh.

-Porque os convidou?

-Já te disse, Ryan se convidou.

Colocou de lado o prato vazio, assim como a taça com pouco liquido, para poder colocar seus braços sobre a mesa.

-Mas você poderia ter dito não. –Disse o olhando com firmeza. –Porque queria voltar a sofrer por conta do passado?

-Para supera-lo tem que enfrenta-lo. –Desviou o olhar.

Entendi verdadeiramente então o quão importante havia sido Ryan e todas as consequências de suas palavras. Entendi que Frank Iero continuava curvado perante suas recordações apesar dos anos.

-Você superou? –Perguntei com esperança para que o fantasma de Ryan enfim desaparecesse e lhe permitisse continuar.

-Superei. –Sorriu.

O olhei sorrindo com o imenso amor refletindo em meus olhos, amor que só pode ser inspirado por ele.

-E, bom, eu tenho outra pergunta.

Minha segurança havia aumentado e o nível de esperança cresce em tempo recorde.

-Porque os disse que éramos um casal e tínhamos 2 meses juntos? –Abaixei o olhar com um pouco de vergonha. –Acabou de quebrar sua promessa de não mentir.

-Eu não menti. Não disse que éramos um casal, não disse que vivíamos juntos. Só disse “2 meses” porque faz um pouco menos de dois meses que nos conhecemos. Calar é a mesma coisa que mentir, pra você? –E me sorriu com cinismo.

-Algumas vezes sim. –Disse com raiva. –Vamos? Tenho que continuar trabalhando.

Frank pagou e ao voltar tivemos nosso comportamento normal, sem falar durante o trajeto.

Me acompanhou a livraria e antes de abri-la me encostou contra a porta para me beijar nos lábios enquanto segurava-me pela cintura.

-Nos vemos em Black Rose? –Sussurrou contra meus lábios. Meu olhar se fundiu com o seu e só pude assentir com a cabeça. –Então te espero as dez.

E só um rápido beijo antes do tchau.

“Tem ciúmes de mim, segura minha mão, me beija na rua, vamos almoçar juntos...
Somos um casal! Porque não aceita logo?”

* * *

O lápis continua se movendo e fazendo traços difusos. Linhas que vão se fundindo uma com as outras até formar uma figura. Meus dedos esfumaçam o interior e adiciono alguns detalhes. Uma rosa. Havia criado uma rosa de grafite, resplandecente e linda.

“Esta eu te dou para que, quando encontrar alguém que te ame e te faça feliz, a entregue como presente de São Valentin...”

Ainda guardo a rosa. Guardada dentro do congelador espera o momento em que possa ser a dádiva de quem me ame.

Eu, com toda minha fé, espero o momento em que ele me ame.

“Porque não me deixa ocupar uma parte de seu coração?
Porque não me deixa te conquistar?

Porque tem medo do amor?”

Descobrir o segredo de seu olhar havia sido um desafio, mas eu consegui.

Suportar o frio de seu quarto havia sido difícil, mas me acostumei com a frieza do cetim. Seus beijos são meu delírio, e seus braços o lugar de onde sempre desejo viver. Mas Frank fecha suas portas, me recusa e me ofende no momento em que minha esperança cresce em níveis desesperados.

Me abraça e me confunde. Para desfrutar.

Seu coração é distante, distante demais para mim.

Se não sou o suficiente para ele, porque permite que eu continue ali?

Porque me afasta? Porque não me diz simplesmente: não?

Minha rosa havia se manchado de preto. O lápis se agita de um lado para o outro e consegui com que rasgue a folha branca.

Só uma mancha escura.

Coração, coração escuro
Coração, coração com muros
Coração que se esconde.

Eu o amo.

Ele se esconde.

Eu lhe entrego minha alma.

Ele se vai.

Já me fez cair de joelhos chorando por sua ausência.

Ele sorri com cinismo.

Ai! Coração que está onde
Coração, coração em fuga
ferido de duvidas de amor(*)

“Está ferido. Eu sei, mas o que prometi o cumprirei.

Eu nunca te farei mal...”

Mas, depois um estrondo.

Um grito, e a perca de luz.

Estou em meu apartamento esperando que seja dez da noite, mas aquele som havia me perturbado e mais ainda a escuridão que me rodeia.

Outra explosão, mais próxima do que as outras, acompanhadas de muito mais gritos. Abro a porta e vejo meus vizinhos correrem pelo corredor.

-O que aconteceu? –Gritou a uma que mulher só me ignora.

Avanço para ver o problema, mas escuto outra explosão.

Logo sou capar de ver, pois a escuridão é substituída por uma luz laranja, quente e penetrante no fundo do corredor.

Abro os olhos com surpresa.

O prédio está incendiando!

Corro para meu apartamento, o tapete está molhado com um ligeiro cheiro de... Gasolina?

Não há tempo para perder.

Vou ao congelador. Será estúpido saltar a flor já murchinha, mas é a única coisa que quero salvar. A guardo dentro de meu casaco e corro atrás do tumulto de pessoas. O fogo avança rapidamente e a fumaça começa a intoxicar meus pulmões, apenas pude sair.

Uns homens vestidos de amarelo me recebem e perguntam como estou. Assinto com a cabeça incapaz de aceitar o que acaba de acontecer a uns segundos.

-Gerard! –É a voz de minha mãe. –Vi a nuvem de fumaça e escutei o radio! –Viro para vê-la e me deixo ser abraçado. –Estava tão preocupada.

Fico em silencio enquanto sinto o peso de meu corpo e minha alma.

Surpreso não imaginava como em segundos sua vida pode mudar tanto.

Viro e vejo toda minha independência, minha razão para trabalhar, a recompensa de meu esforço, meu verdadeiro lar e meu próprio espaço fora do “casual”.

Meu próprio mundo se tornando em cinzas.

Vejo tudo... Se consumindo por chamas alaranjadas...


(*)Quien fuera - Silvio Rodríguez


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Notas finais do capítulo

Coitado do Ger, não? Alguem quer abrigar ele?! HMM q
Enfim... APAREÇAM! QUERO POSTAR OUTRO CAPITULO HOJE! Umas 7 eu apareço de novo. Se vocês aparecerem ç-ç
Um cheiro. ♥