Lá estava Jonghyun, jogado no sofá, trocando de canal a cada cinco segundos e era fácil ver como ele estava entediado. Era sábado, mas foda-se, porque estava nevando e pelo visto segunda-feira não teria aula também.

Jogou o controle no sofá e desligou a televisão. Estava a ponto de subir as escadas e ir para seu quarto ler algum livro, mas sua mãe o chamou e lá estava seu pai ao lado dela.

- Kim, estamos indo ao orfanato. – Disse a mulher, Jung, com um sorriso no rosto. – Quero que você seja gentil com quem vamos adotar, sim?

- Já vimos quem será na semana passada. – O pai disse e não conseguia se segurar para sorrir abertamente. – É um garoto praticamente da sua idade e-

- Não, Seung! – Disse a mãe, dando um tapa de leve no marido, com as costas da mão. – Era para ser surpresa!

Os três riram e logo o casal foi até o orfanato, e enquanto isso Jonghyun lia algum livro em seu quarto, jogado na cama.

 O garoto que iam adotar era poucos centímetros mais alto que Jonghyun, tinha os cabelos castanhos claros – praticamente loiros – de comprimento até a nuca e a pele branquíssima. Parecia ser um ótimo garoto, gentil, inteligente e prestativo. Se chamava Lee Taemin. Tinha 16 anos, três anos a menos que o futuro irmão adotivo, Jonghyun.

As papeladas estavam todas prontas e agora Taemin se encontrava de malas feitas, sorrindo como nunca. Depois que completou 11 anos, achou que iria ficar naquele lugar pelo resto da vida. Não era ruim, não mesmo, mas sempre sonhara em ter uma família, e sempre soube que são poucos os casais que adotam crianças acima de 10 anos.

- Vamos, Taemin? – Sua mais nova mãe adotiva lhe sorria com ternura. – Antes de ir para casa, vamos passar para comprar chocolate, sim?

O garoto assentiu com a cabeça e sorriu sincero. Ele adorava chocolate.

Os três entraram no carro da família e, depois de comprarem algumas caixas de bombons, chegaram em casa.

Seung havia falado sobre Jonghyun e tudo mais. “Vocês vão se dar bem!”, e era o que Taemin esperava.

Entraram em casa e Jung gritou para que o moreno descesse as escadas para conhecer o novo irmão e para apresentar-lhe a casa mais tarde. Iriam dividir um quarto e o mais novo estava com medo de ser odiado por isso. Afinal, era como destruir a privacidade do garoto.

- Sou Jonghyun. – O moreno lhe sorriu.

Na verdade, mal sabia encontrar palavras para poder falar com o garoto, afinal, porra, era o garoto da sua escola, três anos mais novo que ele e o mais atraente entre todos daquele colégio.

- Prazer em conhecê-lo, e, bem... – Continuou dizendo e estava um pouco tímido. – Bem vindo a nossa família. – Estendeu a mão para Taemin, e este apertou, cumprimentando-o.

- Taemin. – Sorriu mais tímido do que Jongyun. – Obrigado...                                                                  

- Eu e o pai de vocês vamos trabalhar agora, certo? Fique a vontade Taemin. – Sorriu com carinho. – E Jonghyun, apresente a casa para ele.

Os dois saíram e o barulho da porta batendo e o motor do carro sendo ligado lá fora anunciou um enorme silencio constrangedor na casa.

- Nós vamos dividir um quarto, não é? – Jonghyun disse e sorriu de canto. – Quer começar por ele? É lá em cima.

Taemin assentiu com a cabeça e os dois subiram as escadas de madeiras até irem ao fim do corredor, onde havia uma porta de madeira escura com uma plaquinha branca, escrito “Jonghyun” com letras pretas e algumas cruzes e caveiras envolta.

Eles entraram.

- Bem, acho que vamos ter que mudar a placa da porta antes de tudo. – Sorriu o moreno. – Eles ainda estão enrolados com as coisas da adoção e tudo mais, então não compraram a sua cama ainda. A minha é de casal, então... Não se importa em dormir comigo, não é? Digo... Se não a gente sorteia quem dorme no sofá e tudo mais.

Taemin pareceu congelar quando ouviu Jonghyun dizer as palavras “dormir” e “comigo”. Tae era apaixonado pelo moreno há algum tempo atrás e achava que seria impossível alguma coisa dessas acontecer, nem mesmo em seus sonhos. Afinal, Jonghyun tinha uma namorada.

E agora Taemin ia dividir o mesmo teto com ele, e talvez dividir uma cama com ele.

Isso estava mesmo acontecendo? Porra. Tinha que contar aquilo para Amber, sua melhor amiga – e homossexual – que sempre lhe acompanhava em tudo quanto é lugar.

- P-Por mim tudo bem, mas... – O loiro começou a dizer. – Você está bem com isso? Digo... Não estou violando sua privacidade?

O moreno riu ao ouvir aquilo. Violar privacidade? Nem fodendo. Na verdade, estava agradecendo aos céus que sua mãe e seu pai tinham se esquecido de comprar uma cama pro garoto.

- Lógico que não. – Jonghyun respondeu ainda com seu sorriso no rosto.

Eles passaram os próximos trinta minutos andando por toda a casa. Logo depois cada um foi pro seu canto e lá estava Taemin, se sentindo incomodado com a situação. Afinal, estava na sua nova casa, com seu novo irmão. Na verdade, nesse momento, Jonghyun estava e seu quarto lendo algum livro e Taemin estava assistindo TV.

Depois o loiro decidiu que estava na hora de deixar suas roupas e coisas arrumadas em seu mais novo quarto. Assim, quando Seung e Jung voltassem do trabalho, tudo estaria em ordem e evitara dores de cabeça.

Subiu então as escadas e bateu na porta do quarto, que, aliás, estava aberto. Jonghyun desviou o olhar das inúmeras palavras de seu livro e levantou os olhos ao loiro.

Eles conversaram sobre arrumar as coisas de Taemin e acabaram achando um espaço no guarda-roupa de Jonghyun para o loiro. Na verdade, Taemin nem tinha tanta coisa assim. Só o necessário.

- Vamos mudar a placa? – Jonghyun perguntou logo depois de terminarem de arrumar as roupas do mais novo. Percebeu um leve ar de duvida rondando Taemin e completou: – a plaquinha da porta, que diz “Jonghyun”.

O mais novo riu de leve.

- Vamos.

- Tenho mais outras guardadas. Achei que eu certamente iria mudar as placas a cada dois ou três dias, então comprei várias. – Riu Jonghyun.

- Entendo...

E quinze minutos depois lá estavam os dois sujos de tinta guaxe, mas foda-se, porque a bendita plaquinha estava pronta. Escrito Jonghyun & Taemin em letras pretas com uma carinha sorridente ao lado.

- Ficou tão gay. – Jonghyun disse e riu, logo depois acompanhado por Taemin concordando com a cabeça. Eles estavam à frente a porta, observando a arte recém-terminada.

- Acho que vou tomar um banho. – Taemin disse e entrou no quarto para pegar algumas peças de roupa.

Jonghyun se segurou para não dizer “eu vou junto” ao mais novo. E segurou-se muito. Afinal, tinha que se segurar. Porque, afinal de contas, ele era seu irmão agora e sua namorada não iria gostar nada de saber que foi traída, não é?

É.

O banho do loiro durou cerca de dez minutos e este saiu do banheiro com os cabelos bagunçados e molhados. Pegou o celular – que tinha comprado com o dinheiro que tinha juntado trabalhando numa lanchonete – e começou a escrever uma mensagem para Amber enquanto descia as escadas.

- Hey. – Ouviu Jonghyun lhe chamar com uma voz grossa. Assustou-se, quase derrubando o celular escada abaixo. – Assim você vai acabar caindo.

A face de Taemin mostrava duvida e agora este estava indo se sentar ao lado do irmão no sofá para assistir televisão.

- Você estava prestando mais atenção no celular do que nos degraus. – Jonghyun explicou – Você ia acabar caindo, não acha? – E riu.

Taemin riu junto e direcionou seus olhos para o celular assim que ouviu o mesmo apitar avisando que havia chegado uma mensagem.

- Com o susto que você me deu... Eu ia acabar capotando do mesmo jeito. – O loiro riu.

“Se a SunHee descobrir que você vai dormir toda bendita noite com o namorado dela, ela vai surtar.” – Foi o que leu na tela do celular. Respondeu rapidamente com poucas palavras: “E quem disse que ela vai descobrir? Você não sabe de nada”.

SunHee era a namorada de Jonghyun. Os cabelos loiros encaracolados caiam levemente pelos ombros, tinha os olhos pretos e um rosto de angelical. De angelical só tinha o rosto mesmo. Era uma garota esnobe, com a voz irritante e toda fresca. Só para ajudar, era a líder das líderes de torcida da escola.

Mas tinha um corpo escultural e os seios fartos, e, às vezes, Tae pensava que era só por isso que Jonghyun estava com ela.

02h00m e o celular de Taemin vibrou em cima do criado-mudo de madeira, fazendo um barulho chato e fazendo os dois garotos ali no quarto acordarem.

Tae acordou rapidamente e passou a procurar pelo celular, só que o mesmo estava em cima do criado-mudo que estava ao lado de Jonghyun. Havia o deixado lá quando tirou do bolso da calça jeans para trocar de calça para ir dormir.

Embora esteja inverno, ambos estavam sem camisa. O aquecedor fazia os dois sentirem calor e isso tornava aquela situação mais constrangedora ainda.

O moreno riu baixinho ao perceber o quanto Tae estava incomodado com aquela situação. Podia ver a face do loiro por conta da luminária acesa no recinto. Acabou por pegar o celular e entregar a Taemin.

O mais novo apenas sussurrou um obrigado e se virou de costas para o outro.

Na tela do celular dizia: “Tae, to em uma festa e a SunHee tá aqui. Eu acho que to bêbada. Eu acho que quero comer ela”.

Taemin pensou em responder que aquilo era impossível, afinal Amber era uma garota e não possuía pênis. Mas deixou para lá e acabou rindo baixinho da própria piada.

“Estupra ela com um vibrador então.

...

Mentira. Não faça porra nenhuma. Você tá bêbada. Não faça merda.” – foi apenas o que respondeu, desligou o celular e voltou a dormir.