Hector ficou parado olhando para Julliét, como se estivesse em um transe, se lembrou de quando a aprisionou naquela cripta, aquela maldita cripta. Por um lado Hector se sentia feliz por ver Julliét viva e bem mais por outro temia por ela, por seu bem estar. Hector guardava um segredo, que ninguém nunca conseguiu descobrir que envolvia desde Leonel, Sebastian, Julliét e Vallentina. Hector balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos, aquela não era uma boa hora pra relembrar o passado, e com certeza Julliét não iria abraçalo e dizer o quanto sentiu sua falta, era uma coisa impossível de acontecer.

Julliét ficou o olhando enquanto sorria ao ver a reação de Hector.

– Ah, vamos lá não seja tão mal educado me tire pra dançar.

Hector continuou a fitando enquanto deu um sorriso meigo para Julliét que fez com que o corpo dela se estremecesse. Hector a cumprimentou para que aceitasse dançar, Julliét sorriu e lhe ofereceu a mão. Hector a levou ate o centro da pista de dança. Todos os olhares estavam voltados para os dois. Julliét olhou de relance para Williams que dançava com Vallentina que também olhava para os dois, com um olhar de curiosidade . Hector sorriu e apertou Julliét mais em si fazendo com que ela olhasse diretamente para ele. Julliét olhou para aqueles olhos azuis que facilmente se confundiriam com o azul do mar e que depois de tantos anos pareciam ainda mais vivos.

– Como saiu de lá? Perguntou Hector quebrando o silencio, Julliét não disse nada apenas observou sua reação quando ele tentou ler seus pensamentos e não conseguiu.

– Aprendi alguns truques. Disse Julliét o observando. – Mas respondendo sua pergunta, eu não sei.

Hector continuou a fitando enquanto dançavam todos aqueles olhares já estavam a deixando nervosa e Hector percebeu isto.

– Não os culpe, é que faz muito tempo que não tiro alguém para dançar.

Julliét sorriu enquanto rodopiava e voltava a colar seu corpo ao de Hector.

– Me deixe ver, desde que eu fiquei presa? Ah Hector achei que já houvesse superado essa fase.

Hector assentiu com a cabeça, a dureza com que Julliét se dirigia a ele o machucava, mais tudo que ela fazia com ele, era por culpa dele mesmo. Ele simplesmente a privou de uma vida normal, de ser feliz, por mais que ele quisesse a afastar de tudo aquilo, esse sempre foi o destino dela e nada que ele fizesse poderia modificar qualquer coisa. E sua única escolha foi aprisioná-la.

– Então, vai me dizer qual seu plano? Perguntou Hector ainda a fitando. Julliét riu na cara de Hector, como se aquilo fosse à coisa mais idiota que ela já houvesse ouvido na vida.

– É claro que não Hector, o que o faz pensar que diria? Ela perguntou ainda o fitando com um olhar sutil.

– Me deve obediência Julliét, fui eu quem te transformei. Igual Williams lhe deve lealdade, você também deve a mim. - Julliét o olhou com um olhar furioso então Hector prosseguiu. – A e não se esqueça que ainda é minha esposa.

Julliét o fuzilou com o olho como se ele acabasse de pronunciar uma calunia ao próprio Deus, depois respirou fundo.

– Não me chame de esposa nunca mais, ta me ouvindo? Essa palavra não combina comigo.

Hector não deixou de sorrir quando ouviu as palavras. Julliét lhe deu as costas e saiu andando fazendo com que Hector ficasse aparentemente irritado. Hector a seguiu e a puxou bruscamente de volta para si.

– Porque faz isso? Porque faz com que as pessoas achem que se importa comigo? Nos dois sabemos que eu era um premio desde o inicio para você Hector. Julliét se debateu tentando sair dos braços de Hector sem muito sucesso, Hector a olhava vagamente então ela prosseguiu – Por quê? Porque me tirar da minha família, de minha querida Dulce e meu amado Diogo, que me faziam tão feliz e me colar em um mundo de solidão e dor? Porque me transformar na sua pressa? Afinal eu era só uma garota.

Os olhos de Julliét se encheram de água enquanto pronunciara aquelas palavras, por mais que ela lutasse e quisesse odiar Hector, uma parte dela o amava e não queria sair de seus braços. Hector voltou a olhar com os olhos cheios de amor e compaixão mais também com um olhar de culpa, uma dor que passava de seus olhos para todo seu rosto. Julliét se soltou dos braços de Hector e em fração de segundos, aquela expressão de menina delicada e sensível se transformou em puro ódio enquanto caminhava em direção a mesa das bebidas. Hector simplesmente a seguiu ate a mesa.

O bar ficava em uma posição que era possível ver toda a pista de dança, todos se divertiam. Vallentina sorria enquanto Williams a contava de suas aventuras.

Vallentina adorava ouvir aquelas historias, não só as de Williams, mais de todos os vampiros que por ali passavam, perto da vida deles, sua vida parecia entediante e sem qualquer importância, mais mesmo com Williams lhe contando as historias, nada a fazia parar de pensar na garota que Hector tirara para dançar. Aquilo sim era uma novidade, ele nunca tirava ninguém para dançar, na maioria dos bailes ele ficava sentado em sua poltrona real, parecendo uma estatua de mármore.

– Quem é ela? Perguntou Vallentina apontando para Julliét no balcão do bar.

Williams olhou em direção a Julliét e sorriu brevemente.

– É uma velha amiga de seu tio, acho que deveria conhecer, ela é incrível e você adoraria as historias dela. Acredite! São melhores que as minhas. Williams sorria docemente para Vallentina que retribuiu o sorriso e voltou a olhar para o balcão mais não havia sinal algum nem da garota nem de Hector. Williams percebeu isto e logo olhou em direção a poltrona de Hector que continuava vazia, o que não era muito incomum. Mas, ali estavam os dois as margens da escada olhando todo o salão, ainda em silencio.

Julliét sorriu ao olhar para o relógio e ver as horas, se virou para Hector delicadamente.

– Sabe, gostei da decoração, mais sei lá, acho que falta algo no teto. Disse Julliét sorrindo.

Antes que Julliét acabasse de falar corpos ficaram pendurados apenas por cordas que desciam do teto. Hector olhou horrorizado e depois voltou seu olhar para Julliét e fechou os olhos como se estivesse profundamente irritado e quase cuspiu as palavras que saiam de sua boca.

– Que diabos você esta tentando fazer Julliét? Perguntou ainda com os olhos fechados e encostando-se à pilastra da escada cruzando os braços e os colocando sobre o peito.

Julliét apenas observava parecendo maravilhada como se estivesse assistindo a um espetáculo.

– Se acalme querido, esses são apenas os corpos você ainda nem viu o sangue. Disse Julliét observando o pânico de alguns convidados enquanto outros, no entanto pareciam tão encantados quanto ela. Georgina estava do outro lado do salão rindo sozinha enquanto Nicolau e Miguel olhavam perplexos um para o outro. Alguns vampiros beberam o Ponche e então começaram a cuspir sangue imediatamente. Ao que eles cuspiam sangue as gargalhadas de Georgina aumentavam o som e se tornavam ate mesmo assustadoras. Hector abriu os olhos e fitou Julliét agora já um pouco calmo.

– Satisfeita ou preparou mais algum truque? Mais algum joguinho que você e Georgina tenham planejado juntas?

Julliét se aproximou de Hector novamente e continuou sorrindo agora com o rosto delicado como uma rosa sem qualquer tipo de amargura aparente.

– Por enquanto não, quem sabe outro dia não é mesmo? Julliét deu de ombros e saiu andando em direção a Williams que estava perto de Georgina rindo.