- Annabeth, você está bem? - perguntou Piper.

  - O que? - eu respondi, não estava prestando a mínima atenção.

  - Perguntei se você estava bem.. - repetiu Piper, me olhando de maneira preocupada.

  - Estou ótima... - menti -só preciso de ar...- disse me afastando dos outros tripulantes do Argo II e indo em direção ao convés superior.

  Bem? Como eu poderia estar bem?

  Na verdade, era para eu estar me sentindo ótima, maravilhosa! Estava indo encontrar o meu namorado, finalmente. Depois de todo esse tempo eu iria rever Percy, o meu Cabeça de Alga, iria poder olhar em seus olhos verdes, sentir seu cheiro de mar, ouvir sua risada cativante e provar do seu beijo novamente.

  Mas uma voz em minha mente insistia em me perturbar, "e se Percy não se lembrasse do seu amor por mim?", "e se sua memória estivesse tão ruim que sequer se lembrasse de mim?", "será que ele se lembrava, mas acabou conhecendo alguém por quem se apaixonou? Isso poderia acontecer, veja Piper e Jason...".

  Ja chega, Annabeth, disse para mim mesma. Não adiantava nada ficar pensando nessas coisas que só me faziam mal. Se já não bastasse a saudade que eu sentia daquele Cabeça de Alga, aquela que já havia se tornado uma dor física e irracional e que às vezes me fazia desmoronar, agora havia essa dúvida constante, "e se...?".

  Estávamos chegando ao Acampamento Júpiter, cada célula do meu corpo sentia, Percy está perto. Eu sei, pareço uma filha de Afrodite, mas o que eu posso fazer? Eu amo aquele filho de Poseidon.

  E meu medo foi crescendo conforme nos aproximávamos, acompanhado de uma ansiedade incontrolável.

  Nós conseguimos fazer contato uma vez, uma só vez, graças a Grover, mas foi tão rápido. "Você é real?", foi isso que o Cabeça de Alga me perguntou. Eu não sabia dizer se isso era bom ou ruim, poderia significar que ele que se lembrava de mim, de uma forma vaga, e queria saber se eu era uma lembrança verdadeira, ou talvez ele só quisesse saber se o sonho era real, se o "eu" do sonho era uma pessoa de verdade.

  - Annabeth? Estamos chegando! - disse um sorridente Leo, vindo me encontrar. Sua cara caiu quando viu minha expressão. - O que foi?

  - Nada, Leo. Estou bem. - falei automaticamente.

   Leo franziu as sombrancelhas, não do jeito fofo que Percy fazia.

  - Sério, Leo, vai ficar tudo bem. - eu disse, um pouco mais firme.

  - Ok, vou entrar para ver como as coisas estão. Tomara que os romanos não nos matem.

  Ainda tinha isso, não sabíamos como seria a nossa recepção.

  Difícil.

  Comecei a andar de um lado para o outro, sem perceber que estávamos descendo. Só parei quando o navio tocou o solo e eu senti o impacto.

  É isso aí.

  Eu, Jason, Leo e Piper nos olhamos.

  - Casa..- sussurrou Jason olhando para fora.

  Nós descemos do navio e vimos uma multidão de pessoas com armas na mão, mas sem apontá-las para nós, no entanto. Havia prédios no estilo romano, muito bem arquitetados, devo dizer (mas ainda prefiro o estilo grego), alguns adolescentes estavam usando uma roupa parecida com um lençol e outros armadura. Parei de prestar atenção a tudo isso quando encontrei os olhos verdes que eu estava buscando. Perseu Jackson.

  Lá estava ele, e parecia maravilhado em me ver. Meus temores perderam para o meu desejo de tê-lo, de abraçá-lo, de beijá-lo. A pequena distância que nos separava era dolorosa, então comecei a andar em sua direção, olhando em seus olhos, sem dar atenção aos outros que me seguiam. Percy começou a correr, para chegar a mim.

  Um passo nos separava quando paramos, ele me lançou um olhar intenso, que passava muitos sentimentos: saudade, alívio, nervosismo... e o principal, amor. Ele levantou a mão devagar e tocou em meu rosto, como para ter certeza de que eu estava realmente ali.

  O Cabeça de Alga então me beijou, um beijo doce e maravilhoso. Não posso descrever tudo o que eu senti naquele momento, só posso dizer que naquele beijo todos os medos desapareceram.

  Eu finalmente o tinha encontrado. O meu Percy. Ele me abraçou e eu pude sentir o seu delicioso cheiro de mar, que eu tanto conhecia.

  Podiamos ter permanecido daquele jeito por horas, dias, anos... mas nos separamos, Percy me olhou de novo e sorriu.

  - Senti tanto a sua falta, sabidinha. - ele sussurrou, enconstando a sua testa na minha.

  E então todos começaram a aplaudir. Eu nem conhecia aquelas pessoas, aqueles romanos. Quem começou foi uma garota de olhos âmbar e um garoto enorme.

  Percy entrelaçou nossas mãos e eu sorri. Estava tão feliz que só o que consegui responder foi:

  - Também senti a sua, Cabeça de Alga.