Selum escrita por Giunty


Capítulo 1
O ruivo


Notas iniciais do capítulo

Hey, espero que gostem ^.^



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Selum era um ótimo lugar para morar. Era, até que há uns 3 anos atrás, quando o reino de Catom nos dominou. Eles falavam a língua da Roma antiga, o latim, já nós, selunianos falávamos Alektá, um antigo diadema e éramos a única nação no mundo que permanecia com esta língua. Isso, por algum motivo inexplicado até esse ponto da história, era algo inaceitável para Liquir, o rei dos catomicos.Então ao dominar nossa terra, guardas foram implantados por toda a cidade e qualquer pronuncia em Alektá, sua cabeça era cortada fora.

Liquir tinha uma filha: a bela princesa Saluper. Esta era tão bonita a ponto de todos os homens solteiros e até casados desejarem a tal menina - talvez nem Helena de Troia fosse tão linda como tal. Seu pai a protegia muito, por isso nem em seu próprio castelo podia andar sozinha. Para não ter vários homens armados como seguidores, pediu ao progenitor que lhe concedesse três meninas de sua idade como acompanhantes. Kilote, Fiba e Rema: são os nomes das três jovens que não desgrudam da futura rainha.

Saluper veio correndo em minha direção. Os passos eram largos e apressados, como se ela pudesse esquecer do que ia me dizer.

–Kilote! Eu te procurando em todo lugar.

– Procurei, Saluper... - sorri para a menina - Você sempre erra os verbos.

Ela era uma pessoa boa e eu estava prestes a ser decapitada, quando a mesma impediu. Então, tentou aprender o mínimo de Alektá para poder falar comigo.

–Eu sei - seu riso ecoou pelo quarto - Mas, não é sobre isso que eu quero falar. Um menino. Satoah.

Lembrei imediatamente do menino que morava ao meu lado. Era um grande amigo antigamente, até Liquir matar seus pais. Desde então o ruivo sumiu. Sem deixar nem ao menos uma noticia. Nem para mim.

–Ele é um revolucionário, Kilote! Um revolucionário! - a jovem princesa continuou

–Saluper, você não entende o que ele quer? - disse enquanto segurava seu braço.

Para mim era algo óbvio. Ela era o cordeiro sendo atraído pelo leão e um cordeiro cego, mas a menina recusava a acreditar. Esta se soltou da minha mão e Afastou-se um pouco.

Estávamos no quarto de Saluper. Era antigamente da princesa Taime, que depois da morte do pai, virou a líder dos Revolucionários. A luz entrava sorrateiramente pela janela. Já era tarde e o sol estava se pondo. A cama, perfeitamente arrumada por empregadas selunianas salvas da morte, era esculpida com a melhor madeira encontrada em toda Riverdeen. Surpreendia-me como os detalhes de nossas culturas foram mantidos nas fasquias. Tecidos rosa entrelaçavam o leito da jovem realeza.

–Por quê? Ele é tão verdadeiro.

Antes que eu pudesse discordar com a mesma, bateram na porta. Escutei risos extremamente finos vindos do outro lado. Saluper se dirigiu à maçaneta e ao abri-la Fiba e Rema empurraram um menino da nossa idade para dentro, logo depois trancando-a rapidamente. Eu o reconheci. Acredito que ele também tenha, pois entrou sorrindo até seus olhos verdes me verem.

A princesa abraçou o garoto com toda sua força. O mesmo tentou disfarçar o choque que sentiu ao me ver, beijando a jovem. As duas meninas se encontravam ao meu lado, discutindo alegremente em latim, enquanto Saluper trazia o garoto até mim.

–Kilote, este é Satoah. - engoli a seco aquele nome

O ruivo, ainda um pouco atordoado, estendeu a mão como um ato amigo. Eu o ignorei: ele estava enganando Saluper, não ia apertar a mão de um traidor. Sua cara se fechou. Eu vi em seus olhos que ele queria gritar comigo, mas o impulso era segurado pela atuação vingativa. A mão até então estendida foi recolhida.

–Tudo bem... - Os punhos dele se cerraram – Amor, posso falar com a sua amiga por um instante?

–Você? Conheceram ela?

Assentiu.

–Neste caso... Fiba e Rema! Vamos até a cozinha. - a princesa levantou uma sobrancelha, hesitando.

Os gritos dos revolucionários sendo decapitados ecoavam no quarto silencioso. A porta se fechou, realizando o desejo do menino. Ficamos encarando a janela iluminada pelo sol, já que sabíamos que o torturante som vinha por aquela abertura.

–Se lembra? - seus olhos permaneciam vidrados - Foi assim que eles morreram.

–Se lembra também que você sumiu? Me largando? Sozinha, sem alguma explicação do que houve com você? -desviei meu olhar da janela para ele

Minhas pálpebras caíram com a intenção de estar em outro lugar por alguns segundos. Lá estávamos. Meu pai sorria.

–Ele já está aqui?

Sabia que era de Satoah que ele falava. Num intuito respondo que não e Bohsi, meu progenitor, continua ao meu lado. A sala era iluminada pela janela da parede esquerda. Os moveis estavam lustrados, então deveria ser sexta, o dia que a minha mãe limpava toda a casa.

O sino de som estridente, do qual sentia falta, de minha casa soou. Olhei para os meus pés, percebendo que estava vestida para uma festa. O baile de outono da princesa: o último dia que vi Satoah. Meu pai pulou da cadeira num impulso e sem hesitar foi até a porta. Vagarosamente levantei. Numa cegante luz solar, meu amigo sorria. Sua roupa era um lindo traje formal, apesar deste ser um ruivo gordinho e baixinho, aos meus olhos ele estava lindo. O menino caminhou até a minha direção. Segurou minha mão e com um beijo caloroso nesta, me fez sorrir.

–Você está linda.

Seus dedos trêmulos largaram os meus.

–Lembro. - Satoah finalmente me respondeu, fazendo com que a minha mente saísse do transe.

–Que ótimo ao menos isso. - suspirei de tal forma que o fiz sorrir

–Sentia falta disso. - meus olhos se estreitaram

Aproximei-me dele e com a ponta do dedo o empurrei. Ele nem se movia, mas continuei repetindo o movimento enquanto me pronunciava.

–Não magoe Saluper. Ela não é igual ao pai. Nem pense em descontar seu ódio nela. Se não eu desconto o meu em você.

Ele ri. Somente isso e, ainda com o sorriso bobo estampado na face, me encara. O ruivo realmente estava bonito. Não havia como negar. Seu cabelo estava aparado de uma forma diferente, uma que eu nunca havia visto e seus olhos estavam mais brilhantes do que me lembro, assim como seu sorriso, mas o fato dele fazer aquilo com Saluper, enganar a pobre donzela, me irritava. Ele era um monstro

Ouvi novamente um grito. Estávamos muito próximos um do outro, até demais. Sentia sua respiração abafada correr pelos meus cabelos, dando arrepios pelo meu corpo.

–Eu te odeio.

As palavras saíram tão frias quanto todo o resto do lugar.


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