Priiiiim. O sinal toca. Finalmente a aula de história acabou dando inicio ao intervalo, álias, que a hora mais esperada por mim no dia. Eu estava quase dormindo, não sei o que acontece comigo, mas no que o professor abre a boca, eu ja fico morrendo de sono, parece que não dormi a noite inteira. Se bem que eu não dormi mesmo porque estou tendo uns ataques de insônia que estão me matando, literalmente, mas estão.

Mesmo eu estando morta, eu pego meu celular e saiu da sala para encontrar com a Taylor para passar maravilhosos 25 minutos só ouvindo a voz dela reclamando da vida. Sério, ela consegue reclamar de tudo, Taylor é muito detalhista e fala bem e mal de todo mundo. Se bem que ela é uma fofa e ultimamente só tem falado mal da estraterrestre, o que me faz rir muito.

Encontro com Taylor toda alegre. Mal sentamos na mesa e ela ja começou a falar. Não estava nem prestando atenção até que ouvi ela dizer "Justin" em um alto e bom som. Eu me virei para ela e disse:

– O que?

– Acorda lesada, estou falando do menino novo e gato da escola, ainda não viu ele não? - pergunta Taylor surpresa.

– Eu? Claro que já. Eu vi ele por ai. Acho que ele é da minha sala de história. Não sei, o que que tem ele? - pergunto sendo o mais irônica possivel... Porque é claro que eu já vi ele. Já vi ele nos meus sonhos, nos meus pensamentos, em tudo. Não, pera, fala sério, um garoto lindo daqueles quem não iria ver? Tá uma cega não iria ver, mas acho que se ele passasse na frente de uma cega, ela iria voltar a enxergar, certeza.

– Sério? Então, parece que ele é super fofo, além de lindo, claro - diz ela toda feliz.

De repente Taylor para de falar, o que me deixa assustada porque nunca vi em toda a minha vida, essa menina parar de falar por um minuto se quer. Me viro para olhar para ela mais uma vez e ela ta olhando para cima, com uma cara de boba apaixonada. Ai eu percebo, é a mesma cara que eu faço para o Justin. Me viro para o lado e lá está ele, parado, me olhando e sorrindo.

– Ola senhorita Gomez, tudo bem com você? - diz ele me deixando toda boba, de novo.

– É, é, ham... - digo desesperada, porque eu não conseguia falar, parecia que todas as palavras tinham sumido sabe, não existiam mais.

– É, é, ham... - repete ele, rindo.

– Oi, meu nome é Taylor, prazer - grita Taylor quase me deixando surda.

– Ah, oi Taylor, o prazer é todo meu e meu nome é Justin, caso não saiba - diz ele rindo novamente.

– Essa aqui é a minha amiga lesada, Selena, mas acho que vocês ja se conhecem - diz Taylor enfurecida comigo por não ter contado nada a ela.

– Já sim, acho que foi a primeira pessoa interessante que eu conheci aqui - diz ele.

Finalmente palavras me vêem a boca e digo:

– Interessante?

– É, a única pessoa que foi gentil comigo, a única pessoa que não me chamou para o baile - diz ele, rindo mais uma vez.

– A única pessoa que foi gentil? - digo surpresa.

– É, quer dizer, você tem o seu jeito de ser gentil, você não me tratou que nem as outras garotas. Eu gosto do seu jeito - diz ele, sorrindo.

Eu, simplismente, fiquei louca sabe, tipo, eu queria pular, gritar e dizer pra todo mundo que ele gosta do meu jeito, gostou do meu jeito, mas a única coisa que eu consegui fazer foi:

– Também gosto do seu jeito.

– Obrigado - diz ele sorrindo mais uma vez.

Para mim, naquele momento, naquele lugar, só existia eu e ele e mais ninguém, só eu e ele. Acho que era o que eu queria. Eu e ele. Só. Já confessei que estou apaixonada por ele, mas comecei a perceber que ele é muito mais do que eu achava que era. Ele é perfeito. Mas aquele meu lindo momento acaba quando só escuto a linda voz de Taylor berrando no meu ouvido:

– Hello! Eu ainda estou aqui pombinhos. Eu existo, falo? Se quiserem que eu deixe vocês dois a sós, eu vou embora, sem problemas.

– Como é que é? Taylor somos só amigos, nem sei se somos isso - digo apavorada, só esperando a resposta dele.

– Ei, claro que somos amigos, acho que você é a única amiga que tenho nesse colégio todo. Sério - diz ele olhando para mim, sorrindo, me deixando toda... Ah, vocês sabem.

– Awn, como você é meigo, mas também sou sua amiga ta? - diz Taylor rindo que nem uma boba.

– Ta bom, vocês duas são minhas amigas - diz ele rindo.

– É, amigos - digo com um ar de tristeza, não sei, é, tristeza sim.

Priiiiim. Mais uma vez o sinal bate, mas acho que dessa vez ele não estragou nada, acho que ele me ajudou a sair de um sufoco, não estava mais aguentando ficar ali com Justin e Taylor. Acho que não aceito o fato de te-lo só para mim. Que isso? Olha o que eu estou falando, conhece o menino a dois dias e já estou assim. Nossa. É, já estou assim.

Vou caminhando lentamente pelos corredores de volta para a sala e eu não estou caminhando assim porque é eu quero, não. É porque eu to cansada mesmo. Podia pedir para o Justin me carregar né? Não.

Entro na sala e vejo ele lá, sentado atrás da minha carteira. Não acredito que ele está lá e não acredito que é mais uma aula de história, parece que eu só tenho essa matéria o ano inteiro, porque esse professor não sai daqui.

Entro na sala e vou andando até minha carteira, antes mesmo de eu me sentar, ele acena e diz oi, eu aceno com a cabeça e sorrio.

De repente, Justin me cutuca e me entrega um papel. Eu o abro, esperançosa. No papel está escrito:

"Me encontra no estacionamento depois da aula, ok?"

Me viro para trás e digo sim com a cabeça, ele sorri e volta a olhar para o professor que está explicando aquela matéria que me faz sempre dormir, qual é mesmo? História, lembrei.

Priiiiim. O sinal toca, dando fim a última aula do dia. Pego minhas coisas e saiu correndo para me encontrar com Taylor e dizer que não vou para casa com ela. É claro que Taylor vai perguntar porque e é claro que eu vou mentir porque se não ela vai querer ir comigo e eu quero ficar sozinha com ele. Eu e ele.

Encontro com Taylor, falo tudo para ela e invento uma história meio besta dizendo que ia ficar na biblioteca da escola para terminar um trabalo de que? De história claro. Disse também que iria mais tarde de ônibus, que ela podia ir embora. Ela fez uma cara de "eu não vou engulir essa" mas ela disse que tava tudo bem e que iria para casa.

Dei graças a Deus que ela acreditou e fui ao encontro de Justin.

Claro, como sempre, toda boba e apaixonada.