Kaya ficou extremamente surpreso, jamais poderia imaginar que Kamijo estivesse escutando sua conversa com Juka. Este por sua vez também parecia surpreso, porém não conseguia esconder sua satisfação por Kaya estar encurralado. “Ele precisa disso pra aprender...” – pensou.

- O que é isso? Juka, você o avisou que estaríamos aqui, conversando?! – gritou.

- Em absoluto, ele não tem nada a ver! – responde Kamijo rispidamente.

- Oras, mas eu vou é sair daqui, isso sim! – gritou Kaya, indo em direção a porta.

Kamijo o segurou pelo braço, encarando-o duramente. Kaya sabia que por mais que odiasse, não poderia simplesmente afrontá-lo naquele momento. Portanto, não ofereceu resistência.

- Juka, poderia nos deixar a sós?

- Claro. – respondeu, retirando-se.

- Agora me solta! – exigiu Kaya, tentando se soltar.

Kamijo soltou-o, e logo Kaya apoiou-se na pia, evitando olhá-lo. Kamijo acendeu um cigarro e encostou-se na parede.

- Estou esperando uma resposta.

- O que é que você espera que eu responda, Yuuji? – rebateu Kaya, agora olhando-o incrédulo, como se fosse óbvio a sua resposta. – Agora é proibido não gostar de alguém? Você acha mesmo que é adorado por todos? – continuou, gesticulando teatralmente.

- Idiota! – Kamijo esbravejou furiosamente, fazendo Kaya recuar. – Eu escutei a sua conversa com o Juka! Como pode alguém ser tão egoísta? Eu não entendo! Você diz que eu sou o queridinho do momento, se queixa do sucesso da minha banda, mas você acha que chegamos onde chegamos assim, num piscar de olhos?! A carreira de nenhum de nós ia bem, e trabalhamos muito para chegarmos aqui!

- Ah, coitadinho! – riu ironicamente, mas logo assumiu uma expressão séria – E só por isso acha que é o rei do mundo, que pode humilhar as pessoas?!

- Eu nunca me achei o rei do mundo e nunca humilhei ninguém! Você não me conhece, não pode tirar esse tipo de conclusão baseado em dois atrasos meus e guiado pelo seu egoísmo e orgulho! – rebateu, empurrando-o contra a parede.

Kaya ficou absolutamente sem reação, queria falar algo que estava entalado em sua garganta, mas não conseguiu. Por mais que tentasse, nenhuma palavra saia de sua boca.

- Reveja seus conceitos. – finalizou Kamijo, largando-o e retirando-se.

Kaya permaneceu estático por alguns minutos, até uma lágrima solitária correr pelo seu rosto.

Kamijo seguiu para o carro de Jasmine, completamente alterado. Abriu a porta do passageiro e entrou.

- Mas que droga! – gritou, esmurrando o painel do carro.

- O... o que foi, Kami-san? – Perguntou Jasmine, cautelosamente.

Kamijo tentou manter a calma, respirando fundo e pausadamente.

- Agora não Jasmine... vamos? – pediu, com o máximo de calma que se permitia ter.

Jasmine concluiu que seria melhor não insistir, então dirigiram-se rumo ao restaurante.

Kamijo foi se acalmando durante o caminho, graças a Jasmine, que conseguiu entretê-lo.

O almoço seguiu-se agradavelmente, e nenhum dos dois tocou no assunto que tanto irritara Kamijo.

E assim as semanas passaram-se. Kamijo e Kaya se evitando ao máximo, e quando falavam um com o outro, acabava em briga. Apesar disso, procuraram dar uma atenção mais especial ao projeto, já que cada vez mais as datas dos 3 shows programados se aproximavam.

Como de costume, todo dia Kamijo era “seqüestrado” por Hizaki e Jasmine na hora do almoço.

- Faltam 5 dias! Em 5 dias estaremos nos apresentando no Shibuya O-WEST! – comemorou Hizaki.

- Mal posso esperar! – completou Jasmine, batendo palminhas.

- Nem eu! – respondeu Kamijo – Não agüento mais o Kaya, cada dia mais irritante! Se eu tiver que ser o Louis da Carmilla dele por muito mais tempo, juro que me mato! – completou seriamente, mas não resistiu as risadas de Hizaki e Jasmine e acabou rindo também.

- Ai, ai, vocês dois... - exclamou Hizaki, olhando maroto para Jasmine.

- Dizem que pessoas que brigam demais acabam juntas! – completou Jasmine, agarrando-se em Hizaki, ambos rindo muito.

- Eu morro antes disso. – Respondeu Kamijo, jogando canudinhos nas “damas” à sua frente e rindo na mesma intensidade.