Haunted House escrita por GabanaF


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Espero que bem :) Então, como eu havia dito, essa fic não teria muitos capítulos, e esse será, infelizmente, o último. Mas, porém, contudo, todavia e entretanto, eu já estou trabalhando em um epílogo, então sem problemas - pelo menos eu acho.
Espero que vocês gostem :D



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02:14 AM

— Rachel!

Ela ouvia Quinn gritando seu nome, mas a voz dela se distanciava cada vez mais. Os olhos encharcados de lágrimas não a permitiam que pudesse ver o que acontecia na sua frente. Corria às cegas pelo segundo andar até se ver diante da vidraça quebrada no fim do corredor. Arfando, Rachel abriu a primeira porta que encontrou e tropeçou para dentro do quarto.

Os gritos de Quinn continuavam a encher seus ouvidos. Ofegando, caiu na cama mofada e enfiou o rosto em um dos travesseiros. Chorava, sem saber realmente a razão. Ela jamais chorara pelos dos maus tratos que sofrera na McKinley, não sabia o porquê de todos os sentimentos a atingindo de uma forma tão aterradora. Rachel sempre erguia a cabeça, sempre ignorava tudo, por que um dia — ela sabia — aqueles idiotas do colégio iriam idolatrá-la como uma grande artista.

Mas ela nunca se sentira tão conectada com um de seus malditos torturadores antes. Nunca parara para pensar que eles também tinham sentimentos — não até aquela noite, pelo menos. Quem diria que Quinn Fabray era uma pessoa brigara com seus pais, extremamente católicos, por causa de umas amigas que conhecera havia cinco meses, e defendia os homossexuais ativamente? Quem diria que Brittany Pearce era uma garota inteligente, com uma câmera de última geração e que apenas ela conseguia manusear?

Esse era o pior. Rachel poderia sentir-se solitária a maior parte do dia, podia querer alguém com quem conversar além de seus pais, mas a garota jamais esperava se apegar tanto a uma pessoa em menos de três horas, para que algum tempo depois a sua pequena bolha de felicidade fosse completamente destruída. Fanny estava correta, no fim das contas. O caminho ao estrelado era solitário.

Ela virou de barriga para cima e encarou o teto sombrio do quarto. O cômodo cheirava terrivelmente a mofo, muito mais que os outros. Ela enxugou as lágrimas, que finalmente haviam parado de cair, e apertou-se no cobertor por baixo do corpo. O travesseiro fedido também era um bom modo de suprir sua carência, por isso Rachel se aconchegou nele, embora sentisse um enorme nojo de si por estar fazendo isso. Contudo, ela pensou, se Santana e Brittany podiam dar uns amassos ali uma vez por mês, por que ela não poderia deitar por alguns minutos?

Suspirou, cansada. Sabia que teria que encontrar as garotas uma hora ou outra. Se tivesse aderido à sugestão do pai para tomar aulas de rapel, há uns dois anos antes, consideraria pular da janela do quarto. Levaria uma queda, não muito bonita, e desistiria de seu sonho de fazer parte das Cheerios, mas pelo menos encontraria os olhos verdes e belos de Quinn Fabray de novo somente na segunda.

Rachel realmente nunca contou os minutos que passou fitando o teto, se acostumando com a escuridão ao seu redor e os ruídos das (ela esperava) corujas do lado de fora. Deu um salto enorme quando ouviu a batida na porta seguida de um murmúrio fraco.

— Rachel? — Ela notou o tom arrependido que Quinn usava. Não a ajudava muito. — Está aí?

— Ah, pelo amor de Deus, Fabray! — Rachel revirou os olhos aos gritos de Santana no corredor e as batidas mais fortes. — BERRY! Grite que está aí ou nós arrombaremos!

— Isso é realmente necessário? — indagou Brittany antes que ela respondesse. — Ou ela está trancada aí ou fugiu, não precisa chamar a atenção para o bairro inteiro.

Houve uma pausa onde Rachel pôde jurar que Santana revirara os olhos.

— Estou bem! — Rachel resolveu dizer. Pelo menos agora Santana não quebraria a porta. — Eu não fugi ou coisa do tipo. Eu só... queria um tempo pra mim.

— Com essa atitude, você não vai ganhar o uniforme das Cheerios — Santana provocou.

— Ok, vocês já podem voltar a dar seus amassos em outro lugar. — Quinn abriu a porta do quarto, carregando uma lanterna enorme que, Rachel pensou, seria capaz de clarear um campo de futebol inteiro sem dificuldade. O sorriso dela era mascarado pelas sombras que a lanterna jogava. — Eu converso com a Rachel.

Santana enfiou a cabeça para dentro do quarto, lançando um olhar maroto a Rachel.

— Confio minha amiga aqui com você, hobbit — ela disse. Depois, saltitou para fora, Rachel ouvindo a voz de Brittany ralhar com Santana no corredor. Quinn entrou de fininho, o sorriso fracamente iluminado.

Sentou-se desconfortavelmente na cama; parecia estar com medo de se aproximar de Rachel, e a garota não a culpava. O olhar que Quinn Fabray lhe dava a fazia sentir-se terrivelmente arrependida. Os malditos olhos dela, pensou, irritada. São a pior coisa do mundo.

— Rachel, eu sinto muito — Quinn murmurou, fixando os olhos na janela quebrada. — Sei que Santana e eu podemos ser bem vadia quando queremos, mas...

— Entendo — Rachel retrucou, engatinhando sobre a cama para se aproximar de Quinn. — Você é uma Cheerio, eu sou uma perdedora. Papéis têm de ser representados.

Ela sorriu. Quinn retribuiu, tocando timidamente sua bochecha. Rachel ficou vermelha e agradeceu por estar tão escuro no quarto. Ela continuou a se aproximar da garota até sentir o calor de seu corpo. Não enxergava direito, mas sabia que encarava os olhos verdes e misteriosos de Quinn a milímetros de distância.

— Sou eu, não é? — perguntou Quinn num sussurro, o hálito de chocolate dela preenchendo as narinas de Rachel. — A garota que você gosta.

Rachel não conseguiu responder, apenas meneou a cabeça em concordância. Sua respiração enfraqueceu, a temperatura do quarto pareceu aumentar vinte graus. Ela tinha noção do quanto estava perto de Quinn e no quanto queria beijá-la.

Ela jamais beijara alguém na vida, entretanto, naquele momento, simplesmente soube que deveria inclinar a cabeça e fechar a distância entre elas colando seus lábios nos de Quinn.

Foi como milhões de fogos de artifícios começassem a explodir. De repente, suas mãos soltas grudavam no pescoço e nas costas de Quinn. Sentiu a garota puxar seus cabelos e soltou um gemido dentro da boca dela. Rachel sequer reparara, mas Quinn deitava por cima de seu corpo, passando suas mãos por baixo de seu suéter de animais.

Um barulho estranho se fez ouvir no cômodo quando as duas se soltaram em busca de ar. Fixaram o olhar uma na outra — Rachel não acreditando ainda que sua cintura se encaixava perfeitamente por entre as pernas de Quinn — e riram.

— Isso foi engraçado. — Quinn tirou uma mecha de cabelo da bochecha de Rachel. — Você beija bem.

— Sério? — Ela ergueu as sobrancelhas, cética.

Quinn acenou afirmativamente, dando um selinho na garota, que logo foi se aprofundando. Ela se viu por cima de Quinn segundos mais tarde, chupando sua língua com vontade. As mãos de Quinn apertaram sua bunda e desceu para suas pernas descobertas. Rachel soltou outro gemido, dessa vez mais alto.

Rachel sorriu quando a garota terminou de beijá-la, distribuindo selinhos por todo seu rosto. Ela caiu ao seu lado, entrelaçando os dedos nos de Quinn. Ficaram vários minutos em silêncio, desconfortáveis na cama mofada, mas Rachel não se importou.

Sua tarefa estava completa.


03:00 AM

O relógio de Quinn apitou, anunciando que eram três horas da manhã. As duas continuavam de mãos dadas, se abraçando ternamente, porém Quinn suspirava lentamente em seu ouvido, dormindo. Ela aninhava-se no corpo da garota sem conseguir fechar os olhos.

Ela sabia que jamais teria a chance de se aconchegar em Quinn novamente; que nunca mais beijara seus lábios finos outra vez. Sabia desde quando decidira fazer daquela noite algo aproveitável para si. O que acontecera ali era algo de uma noite só. Assim que saíssem daquela casa, tudo seria esquecido. Rachel guardaria o segredo de Brittany e Santana; ninguém nunca mencionaria nada.

Por mais que quisesse entrar para as Cheerios, não suportaria a ideia de ser somente amiga de Quinn. Desfilar pelos corredores da McKinley naquele uniforme a libertaria de toda dor que vinha sofrendo nos últimos meses, mas de repente não valia a pena. Observar Quinn de longe seria menos doloroso.

Ela seria uma perdedora pelo resto do Ensino Médio, lutando por créditos suficientes para entrar em uma universidade de artes em Nova York. Se Quinn quisesse, poderia estar em Harvard no segundo ano. Tinham histórias e destinos diferentes, Rachel nunca deveria ter posto tanta esperança em uma só pessoa em tão pouco tempo.

— Rachel... — O sussurro suave de Quinn invadiu seu ouvido. As mãos dela apertaram seu corpo ainda mais. — Tudo bem?

— Claro — respondeu, tentando esconder o ressentimento na voz. Infelizmente, era intensa demais e seu tom saiu meio pesado. — Beleza.

— Não... — ela murmurou. Rachel franziu a testa, pois ninguém reparava quando estava triste; talvez porque não tivesse ninguém que se importava. — O que foi?

Rachel não respondeu de primeira. Apertou a mão de Quinn com firmeza. Queria lembrar daquilo para sempre — ignorando os chamados estranhos de bichos do lado de fora e as teias de aranha que via no teto.

— Às sete horas nós voltamos para sua casa — ela disse, distante. — Meus pais vão me buscar e nós ficamos assim. Segunda você já volta a me odiar. Certo?

O movimento foi quase imperceptível, porém Rachel sentiu Quinn meneando a cabeça em concordância. Suspirou. Ao contrário do que ela pensava, ouvir uma afirmação daquilo não doeu muito. Não foi como os lances de escada de onde Santana lhe empurrara ou os slushies que as Cheerios lhe jogavam diariamente. Doeu, mas ela sabia que iria doer.

— O que acontece numa casa assombrada, permanece numa casa assombrada — Quinn recitou as palavras ditas para Santana mais cedo. Rachel se amaldiçoou por ter falado aquilo. — Não é?

Rachel não queria dizer sim. Talvez, quando tivessem o futuro, de certa forma já traçado, e longe de Lima, as duas pudessem se encontrar outra vez, tomar um café e conversar sobre aquela noite. Talvez, se ela tivesse sorte, Quinn pudesse se lembrar do quanto tinham se divertido. Talvez elas pudessem se conhecer e virar realmente amigas. Talvez até um pouco mais longe.

— Do que está rindo? — Quinn perguntou confusa, assustando a garota; Rachel sequer reparara que as possibilidades de um futuro para elas a tinha feito rir.

— Nada — respondeu, desviando o assunto. Enquanto a segunda-feira não chegasse, pensou, aproveitaria o máximo das últimas horas da madrugada que tinha com Quinn Fabray.


07:39 AM

— Então... — Santana olhou para a mansão abandonada e depois para Rachel. — Acho que é isso.

Ela ofereceu a mão para a garota, que a aceitou de bom grado, se esforçando para não abraçá-la. Santana era uma boa pessoa no fim do dia, afinal.

— Rachel, você poderia fazer uma careta assustada? — Brittany estava segurando sua câmera outra vez, se intrometendo entre Rachel e Quinn, filmando de perto suas reações. — Vai ficar perfeita na edição, o término que eu precisava.

Rachel apenas a encarou, sem expressão. Não sabia o que fazer.

— Perfeito — elogiou, fechando o visor da câmera e a desligando.

Elas estavam na soleira da porta, encarando o jardim com o mato alto e o portão aberto que Rachel não tivera coragem de fechar na noite anterior. Era estranho; ela parecia ter entrado na mansão décadas atrás, sua visão de mundo e daquelas garotas ao seu lado — principalmente a que segurava sua mão — eram completamente diferentes.

Costumava odiá-las, costumava vangloriar de seu talento por que ela sabia que aquilo era o que a faria sair de Lima. Mas agora... De uma maneira muito estranha, queria que as outras três — o Unholy Trinity, apelido dado por Brittany — também saíssem do inferno que era aquela cidade. Esperava ver Santana e Brittany casadas, quem sabe. Esperava ver Quinn lançando um livro, talvez. Não importava. Rachel queria que as três fossem tão bem-sucedidas quanto ela.

— Até que você não é tão irritante, Berry — Santana murmurou, numa voz tão baixa que Rachel teve que se inclinar para poder ouvi-la. Vindo da garota, pensou que fosse o melhor elogio que ganharia na vida.

— E você não é tão má quanto eu pensava — Rachel retrucou. Ela abriu um sorriso, forçando Santana a sorrir também.

— Ainda bem que você desligou a câmera, Brittany — disse Quinn, apertando ainda mais a mão de Rachel contra a sua. — Esse sorriso de Santana Lopez só será lenda entre a gente.

Santana deu um soco no ombro de Quinn, que somente retribuiu quando Rachel acenou que ficaria bem se ela soltasse sua mão. Depois, ela e Santana embarcaram em uma pequena briga estilo judô, deixando Rachel e Brittany observando-as, rindo.

— Você é legal, Rachel — Brittany disse enquanto Quinn apertava Santana em uma chave de braço. — Quando eu jogar slushie em você, eu prometo que não vai levar nas roupas.

Rachel agradeceu com a cabeça. Esquecera-se daquele detalhe. O momento sentimental que estava acontecendo ali varrera praticamente tudo da sua cabeça. Na próxima segunda, não teria mais amigas ou um uniforme das Cheerios. Voltaria a ser Rachel Barbra Berry, a perdedor-mor da McKinley High com um sonho de brilhar na Broadway.

— Vamos? — perguntou Quinn, com o rabo-de-cavalo bagunçado por causa da briga com Santana. Ao seu lado, a outra apenas observava a casa com um olhar esnobe. Não precisou muito para Rachel descobrir quem ganhara.

— Você não tá esquecendo alguma coisa? — perguntou Rachel de mansinho, se aproximando de Quinn e a abraçando pela cintura.

A garota franziu a testa, confusa.

Na curva de seu pescoço, Rachel murmurou:

— O uniforme das Cheerios. Ganho ou não?

Mesmo não querendo o uniforme, Rachel ainda precisava de uma resposta concreta para poder seguir com sua vida.

Quinn balbuciou um pouco, mas conseguiu pronunciar:

— Você decide, eu acho... — Rachel sabia que ela estava olhando para Santana, tentando saber o que fazer.

— Quinn Fabray, a mais nova capitã das Cheerios desde a própria Sue Sylvester, em 1984 — falou Santana em voz alta. Rachel virou-se para ela, ainda abraçada a Quinn, franzindo a testa. — A única garota do nono ano que tem a McKinley aos seus pés. E deixando a decisão de chamar uma nova garota para as líderes de torcida nas mãos dela. Isso vai ser interessante em contar para a treinadora.

— Podemos dizer que ela não passou — Brittany disse, erguendo a câmera no alto. — As montagens que eu posso fazer com as tomadas de Rachel assustada dariam um vídeo de dez minutos.

— Isso é ofensivo — Quinn retrucou.

— Mas é verdade — Rachel ponderou. Ela voltou-se para Quinn, erguendo-se nas pontas dos pés para lhe dar um beijo na bochecha. — Eu não vou deixar você perder seu posto de Head Cheerio.

Um dia, Rachel agradeceria Brittany por tê-la livrado daquela. Ela deixou que Quinn lhe desse mais um beijo em seus lábios, demorado, aproveitando cada segundo que elas tinham na varanda da mansão aos pedaços.

Santana desviou o olhar, fingindo um acesso de vômito. Por cima do ombro de Rachel, Quinn fez um gesto obsceno à amiga. Quando elas se soltaram, por fim, Rachel estava pronta para sair dali. Era hora de se esquecer de tudo, afinal...

— Lembrem-se — Santana disse de mãos dadas com Brittany até o portão de entrada. — O que acontece numa casa assombrada...

—... permanece numa casa assombrada — completaram Quinn e Rachel em uníssono.



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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Espero que deixem seus comentários nos reviews, algumas sugestões - ainda há tempo! - e, bem, críticas são sempre bem-vindas.
Beijos para vocês e até o epílogo :*



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