Um Refugio Para A Vida escrita por Borracha


Capítulo 1
O Meu Jardim


Notas iniciais do capítulo

«No Mistério Da Mata

O Vento Murmura

E Abre Caminhos

A Quem Os Procura»

Maria Cândida Mendonça

(A Cor Que Se Tem)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/219457/chapter/1

Acordei no meu quarto, numa manhã de Verão. Lá fora ouvia - se o ruído de um ancinho sobre a terra. Havia raios de sol que penetravam através das persianas e uma poeirazinha dourada.

Não pensava no resto do dia à minha frente. Só ouvia uma vozes muito calmas a falar ao longe, na outra ponta da casa.

O sol era mais quente e lançava pequenos clarões de luz sobre a minha cama.

Levantei - me a correr, tomei o pequeno almoço e saí para o jardim. No jardim havia bétulas, um cedro, uma cerejeira, uma amendoeira, dois plátanos, e muitas mais plantas. Entre elas havia tílias altícimas cujas folhas, dum lado verdes e do outro quase brancas, palpitavam na brisa.

O meu jardim era muito extenso, via - se o principio, ms não o fim.

Com o sol tão quente, fui para a sombra do cedro, que ficava ao pé do ribeiro, que de água tão cristalina, podiam - se observar no fundo as suas brilhantes e polidas pedrinhas.

Fiquei estendida ao sol no meio da erva fresca, olhando o céu.

De repente apeteceu - me correr de cabelos ao vento pelo meio dos campos pintados de amarelo por milhares de florezinhas de verão, depois fui para debaixo do sistema de rega como se fosse uma chuvada imprevista. Sequei - me e almocei comidinha da horta dos meus avós.

Os meus pais foram para o céu quando eu era pequena e os meus avós ficaram a cuidar de mim.

Fui novamente para a beira do ribeiro, fiquei horas colada a um livro dos cinco, devorando as aventuras fantásticas, e imaginando com eles, vivendo aventuras perigosas em grutas e castelos perdidos no mundo, sonhando acordada com um mundo cheio de coisas maravilhosas lá fora.

Lá no alto da montanha o pastorzinho guarda o rebanho, o rio corre alegremente, e Barbicha, a cabrinha salta de pedra em pedra.

De seguida a avó Joana trouxe - me uma cesta de comida. Fiz um piquenique com frutas e sumos, do pomar, legumes da horta e um deliciosa tarte.

Mas acabei, fui para o terraço para o meu baloiço. Ele sobe, sobe, quase até ao céu, lá em cima vê - se tudo tão pequenino...

O avô encontrou uma tartaruga . Conchita pareceu - me um bom nome. Quando ela for crescida, vai fazer um vistão a passear pelas ruas do meu jardim.

A propósito, o meu nome é Isabel.

Não fazer nada: ser uma manhã de Verão, ficar deitada na relva, e tornar - me uma chávena de chocolate.

*****

O Natal é tão amado na Dinamarca que a maior parte das residências conta os dias para a festa.

Na minha casa, já começamos a acender as velas brancas da Advent Wreath, uma coroa feita de galhos finos, decorada com frutas vermelhas, enfeites, fitas e 4 velas brancas. Todos os domingos que antecedem a data que marca a chegada do menino Jesus, uma nova vela deve ser acesa, como uma contagem regressiva para a véspera do Natal.

Aqui na Dinamarca acendem - se milhares de velas por todo o lado e têm - se sempre bolinhos e doces prontos para os visitantes. Ninguém quer que o espirito do Yul* se vá embora! Para isso é muito importante que um visitante não saia de uma casa sem ter comido nada!

Nas duas últimas semanas antes do Natal, ocorre a Tradicional Baking, um período de preparações das comidas especiais da data. A avó Joana já fez uma enorme fornada com centenas de bolinhos! Claro que eu já fui lá roubar alguns! Como eu costumo dizer: antes de alimentares os de fora, trata de alimentares os de dentro. Na ocasião, as famílias reúnem - se para fazer, decorar e assar bolos, biscoitos e cookies. Eu e as outras crianças usámos chapéus de cozinheiros que foram passados de geração para geração. Que grande honra!

No dia 1° de dezembro começou o Julekalender, ou calendário de Natal. Eu tenho - o “aberto” diariamente e juro que só comi um chocolate por dia! Não sei porque é que a avó e o avô preferem a kalenderlys, afinal ela não é nada doce!

É apenas uma vela especial, toda decorada com temas natalinos que, como uma fita métrica, possui 24 marcações, representando os dias que antecedem o Natal. Os avós acendem - na sempre mesa do pequeno - almoço e eu assopro sempre a vela antes que a chama alcance a próxima data.

Hoje é dia 23 e chegaram as minhas primas Catarina e Matilde. O avô e o tio Roberto foram comprar um pinheiro e com a ajuda da tia Bruna colocaram - no no meio da sala. Mas é claro, eu fiquei com muita pena do pobre pinheirinho que lá teve de ser arrancado à mata!

Eu vou decorá - lo com a minha prima Catarina. A Matilde acha que já não tem idade para isso. Ela está mesmo muito estranha. Deve ter sido infectada com aquela doença que agora anda a infectar todos os que têm a idade dela. Como é que se chama? Ah! Já sei! Adoltentia...NÃO... Adolescência! Sim, é isso!

Vamos decorar a árvore de Natal decorada com estrelas, doces e muitas coisas brilhantes. A Catarina não se importa que eu coloque a julestjerne (estrela de natal), que tem folhas verdes e vermelhas no topo da ávore. Que bom!!!

A avó disse que logo à noite já poderiamos comer o risengrod, que é uma espécie de arroz de leite com cobertura de açúcar, canela e manteiga.

Na tarde de amanhã vamos todos à igreja! E há noite temos a ceia de Natal!

A ceia é servida cedo, entre às 18 e 19 h. Na véspera de Natal, na Dinamarca, a família junta-se para o jantar. Tudo está decorado com a bandeira dinamarquesa. Põe-se uma vela acesa à janela oferecendo comida e abrigo a quem precisar.

Ao cair da noite, lê-se o Evangelho do Natal e todos entoam cânticos.

Come-se o tradicional pudim de arroz que tem uma amêndoa escondida. Quem a encontrar ganha uma prenda (um fruto ou um doce de massapão), mas normalmente espera até que esteja tudo comido.

Segue-se ganso recheado com maçãs e ameixas, acompanhado com couve roxa e batatas assadas, tudo com molho de frutos silvestres. Para a sobremesa há muitos doces deliciosos!

Deixa-se uma taça do pudim de arroz à porta para o Julnisse, um elfo malandreco que vive no sótão e prega partidas. Se lhe for dado o doce ele toma bem conta da casa o ano todo. A avó disse que ele costuma andar com o gato da casa. Cá para mim o desaparecimento do pudim tem mais a ver com este..

Depois de tanto comer, chega a hora de acender as velas da árvore e dançar ao redor dela cantando músicas de Natal!

Depois da Ceia abrem as prendas ao lado da árvore. E eu sinceramente espero que este ano o Julnisse me traga algo melhor que o do ano passado! No ano passado eu pedi dez livros, um cavalo e tantos doces quantos eu pudesse comer. Ao invés disso, ganhei meias e uma blusa. É claro que ele deve ter confundido o meu pedido com o de uma outra pessoa. Só porque ele dá coisas de graça não significa que possa ter uma organização incompetente!



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yul significa Natal.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Refugio Para A Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.