Vampire Memories .:: Meia-noite escrita por William Grey


Capítulo 7
Sonho


Notas iniciais do capítulo

Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.( Clarice Lispector )



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Ela estava sentada na grama verde de um jardim maravilhoso.

O clima suave de fim da tarde, e o vento que batia em seu rosto, tornava aquele momento ainda mais magnífico. Louise estava vestindo um vestido de seda branca do século XVIII, bastante justo, valorizando sua bela silhueta. Ao olhar bem ao seu redor, identificou fácil onde estava. Era o parque Snowbell. Quando criança ela sempre visitava o parque com a mãe e o pai para um piquenique.

"Quer um sanduíche?" perguntou uma voz doce e suave ao lado de Louise.

Louise se virou. Já sabia quem era. Aquela voz era impossível de esquecer.

"Mãe!" gritou ela alegre. "Quero sim." Louise pegou o sanduíche. Fatias de queijo colocadas entre duas perfeitas fatias quadradas de pão sem casca.

Louise começou a comer.

"Você está bem?" perguntou a mãe.

"Estou sim. Eu acho. Aliás, estou me sentindo confusa. Quanto tempo se passou? Eu estou morta? Isso é o céu?" Louise olhou ao redor. Sempre imaginara que o céu era à margem de um grande rio, onde todos dançavam e cantavam para Deus.

"Não minha querida. Você não está morta." respondeu a mãe com um sorriso amigável.

"Você está linda mãe. O que faz para manter a beleza neste lugar?" Louise agora sorria enquanto comia seu sanduíche.

"Gostou?" a mulher passou a mão pelo longo cabelo, se gabando pelo brilho.

Era bom estar ali. Louise estava em paz.

"Você precisa saber de uma coisa." disse a mãe ficando séria. "Você não é uma garota normal. Nunca foi. O ataque do vampiro. Eu já deveria saber. Era óbvio. Mas já havia se passado tanto tempo. Não me lembrei. Eu achei que se eu tentasse esquecer o passado e contruísse uma família ao lado do seu pai, eu nunca mais reviveria esse pesadelo."

Louise parou de comer e olhou a mãe, confusa.

"Você já sabia que ele era um vampiro?"

"Na hora não. Eu abandonei este mundo a muito tempo. Perdi o jeito. Eu deveria ter sentido que ele era um inimigo. Mas meus instintos estavam desligados. "

"Não estou entendendo mãe."

"Os vampiros querem sua morte. É preciso que você se esconda. Não confie em ninguém. Falta três dias para seu aniversário. Três dias apenas, e você receberá o que é seu por direito. Quando isso acontecer, vai ser preciso lutar. Lute Louise. Não deixe que Eles ganhem esta guerra."

A mulher pegou um sanduíche no sexto ao seu lado e o levou a boca. Louise ficou olhando para a mãe, tentando entender o significado de tudo aquilo. Mas em segundos, o clima de paz ficou pesado. Uma sombra baixou sobre elas. Algo vermelho começou a escorrer pelo sanduíche de sua mãe. Louise ficou apavorada. Sentiu nojo. Era sangue. Sua mãe continuou a comer.

"Mãe... Para!" gritou ela se levantando.

"O quê? Isso? Isso é normal." disse a mulher, mas não era a voz da mãe de Louise. Era uma voz distorcida. Robótica. A aparência da mãe ficou distorcida também. A pele macia e jovial ficou escura como a de um cadáver. Os lábios muchos. Os olhos pareciam prestes a cair. Todo o corpo envelheceu, ficando esquelético.

"O que é isso?" gritou Louise.

O jardim, as árvores, o parque todo desapareceu. Estavam em um lugar escuro. Louise logo identificou onde era. Mas nao queria acreditar. Era apavorante de mais. Um cemitério em ruínas. Louise correu. Olhou para trás. A coisa, que já não era mais sua mãe, corria atrás dela, sorrindo, com a boca suja de sangue.

"Filha, não corra! Mamãe quer te contar uma história pra dormir." dizia a coisa.

Louise correu, pulando várias lápides. Distraída, ao pisar sobre um túmulo, não viu um enorme buraco sobre ele. Louise afundou, caindo dentro do buraco. Ela ficou sentada olhando para cima. E agora? Ela vai me pegar. Pensou ela. O esqueleto de alguém caiu sobre seu colo. Ela gritou. Lá em cima, a coisa apareceu, estendendo a mão para ela.

"Venha!" gritou ela sorrindo. "Você vai ficar igual a mim. Os ratos vão comer seu rostinho bonito!"

Um rato enorme pulou no buraco sobre Louise. Ela gritou novamente. O rato estava em seu cabelo, tentando subir pra sua cebça. Louise o agarrou fortemente e o atirou contra a coisa com toda a força que conseguiu.

Ela ainda gritava, e lágrimas escorria do seu rosto quando ela acordou e se sentou no sofá.



Louise andou de um lado para o outro, inquieta. O corpo de sua mãe ainda estava jogado no chão da sala. Ver aquilo a fez ter medo. Lembrou do seu sonho. Daquele monstro horrível que a seguia no cemitério. A garota foi até o corpo e pegou a mãe pelos braços. Com muito custo, conseguiu arrastar o corpo para dentro de um armário de baixo da escada. Ela jogou vários casacos sobre o corpo e fechou a porta.

- Me desculpe mãe. - ela disse.

Ela olhou para o relógio na parede da sala. Nove horas. Ela pensou. Ele já devia estar aqui. Louise queria olhar pela janela, mas sabia que o sol a mataria. Continou a andar de um lado para outro, aflita. A campaínha tocou.

- Já era tempo! - ela disse animada.

Louise correu para a porta. Segurando a maçaneta, ela recuou.

- Se eu abrir, o sol vai bater em meu rosto. Pensa... - ela pensou por algum instante. - Quem é?

Não houve resposta. A pessoa apenas bateu na porta novamente.

- Quem é? - ela repetiu.

- Jennifer.

- Quem?

- É a Louise? Abra, sou amiga da sua mãe.

Louise pensou. Ela girou a maçaneta e abriu a porta, se escondendo atrás dela. Uma mulher morena entrou.

- Oi. - disse ela sorridente.

- Oi. - Louise não se moveu. - Minha mãe não está. Volte outra hora.

- Acho que não vou precisar. Porque seria muito fácil eu me comunicar com sua mãe, já que ela está nos mundos dos mortos. Você deveria saber disso. Ah, me esqueci, você é uma iniciante, não é mesmo?

Louise ficou congelada. Como ela sabia?

- Quem é você? - gritou ela. Os olhos em chamas.

- Jane. Uma bruxa, como sua mãe, como sua avó... como você. - ela caminhou até uma janela. - Só que você pelo visto decidiu ser uma novidade, não é? Se transformou em vampira. Sabe que isso é crime no nosso mundo, não sabe? Bruxa-vampira.

Jane segurou as cortinas, ameaçando abrir.

- Não abra! - gritou Louise.

- Posso até nãoa brir, mas quero um favor. Tem um amigo meu aqui fora. Está louco pra te ver. Só que de acordo com a lei, ele precisa de uma permissão para entrar. Permita.

Não convide nenhum estranho a entrar! Ela lembrou de Joseph dizer.

Jane começou a abrir a cortina. Um pequeno raio de luz invadiu a casa e atingiu Louise. Sua pele queimou.

- Para! - gritou ela. - Por favor! Está bem. Ele pode entrar!

Jane sorriu e fechou a cortina. A porta se abriu novamente. Louise ficou olhando, escondida na sombra atrás da porta. Um homem entrou. Seus olhos verdes encontraram o olhar perdido de Louise. Ele se aproximou com um sorriso misterioso.

- Prazer em conhecê-la - ele estendeu a mão para ela, mas ela não a segurou. - É falta de educação, mas tudo bem. Meu nome é Armand.

- O que quer comigo? - disse Louise assustada.

- Se eu disser, estraga a surpresa que preparamos para o seu aniversário.

Armand olhou para Jane e sorriu. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? ^^