O Pequeno Tordo. escrita por rueslullaby


Capítulo 2
Capítulo 1 - Thresh




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Faz uns 10 minutos que estou olhando para o teto desde que acordei. As telhas velhas e gastas já quase não aguentam a brisa calma da manhã. Pelo visto Karima saiu já faz um tempo, normalmente nesse dia ela sai cedo para buscar comida. Em um dia normal eu também já teria saído para trabalhar nos pomares, mas, hoje é um dia especial. Um dia especialmente horrível, o dia da Colheita.

Minha irmã entra sem fazer muito barulho, provavelmente para não acordar a nossa avó. Coloca a sacola em cima da mesa, retira as coisas de dentro com muito cuidado e diz:

— Hora de acordar, Thresh! - ela balança bruscamente meu pé com a mão. Apesar de sua aparência bruta, ela é muito carinhosa, pelo menos comigo.

— Já estou acordado, Ka. - digo lentamente enquanto sento na cama

— Esta na hora, querido. - diz ela com os olhos aflitos.

— É, infelizmente está na hora. - respondo já levantando.

Vou para o banheiro tomar banho e quando volto minha avó já está de acordada. Estava sentada na beira da cama comendo. Ela olha para mim de lado e volta a comer o pedaço de pão. Vou ao armário procurar uma roupa quando ouço ela dizer:

— Sua roupa está aqui. - e aponta para cadeira a seu lado.

Em cima da cadeira havia uma blusa e uma calça. A blusa era de um amarelo tão gasto que era quase branca e a calça era de um marrom bem claro. Troco-me, sento na cama e coloco um par de sapatos que estavam embaixo dela. São pretos e muito formais só uso nessa ocasião. Levanto e paro em frete ao espelho.

— Você se parece muito com ele. Se parece muito com seu pai. - diz minha avó com os olhos cheios de lagrimas. Fico me perguntando por que ela teria dito isso agora, ela nunca falava em meu pai.

— Seus pais teriam orgulho de você, filho - diz minha avó se levantado e parando atrás de mim. - teriam orgulho do homem que você se tornou. - ela dá um meio sorriso e me abraça por trás. Seus pequenos e magros braços não dão a volta em meu corpo. Sorrio e a abraço rapidamente. Estou indo em direção a porta quando Karima diz:

— Já está indo, Thresh? Não vai nos esperar?

— É melhor eu ir logo, encontro vocês lá.

— Não vai comer nada, querido? - diz ela com um pedaço de pão na boca

— Não, voltarei logo para casa. - digo saindo, mas não tinha tanta certeza.

Para chegar a praça preciso andar um longo pedaço. Enquanto ando tento adivinhar quantas vezes meu nome estaria naquela bola de vidro. Peguei algumas tesseras. No começo minha irmã não deixava, mas, quando precisávamos muito não tinha outro jeito. Mesmo sendo só eu, Ka e nossa avó, o que ganhamos no pomar não é suficiente para sustentar nos três. No caminho só se ouvia o canto dos tordos, eles eram as únicas criaturas que tinham motivação de fazer algum barulho naquele momento. Eu não estava muito perto mas já estava para avistar os rostos aflitos e apavorados das crianças na fila de inscrição. Já fiz isso algumas vezes então já sei como funciona. Entro na fila, me alisto e fico bem perto do palco, como de costume. Esse ano a pessoa estranha que vem da capital para levar dois de nós para a morte é uma mulher chamada Domitia alguma coisa, não prestei muita atenção. Ela começa como sempre:

— Bem-vindos! Bem-vindos! - são as primeira palavras que saem da boca verde com os lábios estranhamente cheios da mulher da Capital. O batom verde combina com a roupa e com o cabelo. Que variavam de verde claro a verde escuro, mas não sai disso.

Primeiro assistimos o vídeo de sempre que, fala o que aconteceu com quem se rebelou contra a capital e que se fizermos isso o nosso destino será a morte. Já vi isso tantas vezes que sei até as falas. Quando o vídeo termina, toda animada, a mulher verde chama o tributo feminino. Ela chama um nome que eu não queria ter escutado. Ela chama Rue.

Rue é uma menina que tem 12 anos então esse é seu primeiro ano , mas teve ter pego tesseras pois tem muitos irmãos e todos são mais novos. Ela já trabalha no pomar, à vejo sempre em cima das árvores, ela é tão nova tenho certeza que vai morrer, e isso me dói tanto que não consigo respirar, Domitia vê que ela é muito pequena e pergunta se alguém se oferece para ir em seu lugar, mas ninguém responde. Mas será que Rue consegue sobreviver? Será que o tributo masculino irá a proteger? E se for eu? Eu não vou a matar, porque se eu vencer, a população do 11, irá ter ódio de mim.. Mas não há mais tempo para pensar nas possibilidades, fui escolhido.


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