Encontro Final escrita por HaliceFRS


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oie...
Bom, venho deixar para vcs minha primeira one-shot séria depois de me dedicar á escrever fanfics.
Ela é a adaptação para Edward e Bella de uma estória que comecei á escrever há alguns anos e que nunca conclui. Essa foi minha oportunidade de finalmente finalizá-la e deixá-la registrada.
Alguns consideram drama, eu considero uma estória de amor.
Espero que gostem!



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O meu mar está cinza, bravio. O céu lhe acompanha o mau humor, ainda assim amo poder admirá-los. Ver as ondas quebrando nas pedras, mesmo com violência, me acalma. Renova minha esperança de ter mais um dia para esperá-lo, pois ele virá. Não entendo sua demora, mas sei que virá. Enquanto espero, queria poder caminhar até o mar e me atirar em suas vagas; sentir nem que fosse pela última vez o carinho gelado que me faria. Seria como receber o abraço de um velho amigo.

Como não é possível, só me resta continuar aqui, nessa cadeira em frente á janela de onde também poderei ver a aproximação de Edward. Sinto que hoje ele vem. Vou tentar não me prender ao fato de que estou velha demais. Meu amor não dá importância á esses detalhes; tenho certeza que me verá como se ainda tivesse vinte anos como na época que nos conhecemos.

– Não era isso que ele sempre dizia? – murmurei. – Que não importava o tempo, ele sempre me amaria?

Eu também não me importaria com seu corpo modificado pelo tempo. Edward sempre seria perfeito para mim. Com certeza ainda estava tão bonito quanto no dia que veio para a cidade. Minha mente me prega peças ás vezes, mas se fechar os olhos, posso vê-lo nitidamente. Posso me lembrar com riqueza de detalhes de sua postura altiva sobre a moto ao estacionar em frente á minha casa. Eu e minha mãe Renée estávamos na varanda da ala oeste como de costume, tomando o café. Meu pai; Charlie Swan, prefeito de Lynn – uma cidade litorânea de Massachusetts –, estava conosco e assim como eu e mamãe, olhou para o rapaz vestido em jeans e couro com a mesma curiosidade especulativa. Na ocasião eu não fazia ideia, mas ele seria o único á quem amaria por toda minha vida.

– Bom dia! – cumprimentou tão logo nos viu. – Sou Edward Cullen e vim pelo anuncio de emprego temporário. Vi agorinha no jornal local.

Então era aquilo, pensei. Meu pai estava á procura de alguém que desse um jeito em nosso jardim. Depois de pedir licença á nós duas, ele se pôs de pé e foi até Edward que já desmontava de sua moto. Como não usava capacete, desde o primeiro instante eu havia registrado os cabelos de fogo; seu rosto jovem. Não perfeito, mas muito bonito.

– Bom dia senhor! – ele repetiu estendendo a mão tão logo meu pai chegou ao portão.

Mesmo sendo político, Charlie Swan não era afeito ao contato direto com a massa menos favorecida e muito menos com futuros empregados, então ignorou a mão á sua frente e abriu o portão para dar passagem ao rapaz.

– Entre. – disse com sua voz forte e autoritária. – Vamos conversar em meu escritório.

Se Edward em algum momento se sentiu incomodado com o tratamento eu não saberia dizer; nunca conversamos sobre aquele primeiro contato. Então tudo que me lembro foi que ele entrou logo atrás de papai. E que antes de sumir no interior da casa, seguiu até a porta principal com os olhos verdes fixos nos meus. Havia um brilho de reconhecimento e alguma outra coisa que eu não soube identificar na ocasião.

– Bella?

Quando voltei meu rosto na direção do chamado, mamãe comentou.

– Não é educado ficar encarando as pessoas dessa maneira.

– Eu não encarei ninguém. – retruquei na defensiva dando maior atenção ao meu café da manhã.

– Não nasci ontem menina. – ela ralhou. – E também vi a forma que esse rapaz á olhou. Sorte que Charlie não percebeu.

Aquele era um ponto contra mim; sempre fui transparente. Ainda assim eu dei de ombros e tentei dissimular antes de morder meu sanduiche.

– Olhei como olharia para qualquer um... O que esse rapaz teria de especial?

– Acho bom que seja assim. – mamãe falou séria. – Sabe bem como seu pai é e também seu noivo.

Aproveitei todo o tempo que levei para mastigar e engolir tentando encontrar uma resposta satisfatória. Depois de tomar um gole de suco de laranja para limpar minha garganta, disse.

– Jasper não tem com o que se preocupar. Não olho para nenhum outro com interesse.

Tão logo fechei minha boca, me recriminei pela mentira. Meu interesse em Edward foi instantâneo. Se não estivesse com minha mãe, com certeza voaria para a sala e esperaria até que ele saísse do escritório de meu pai, somente para vê-lo melhor. Infelizmente, como se adivinhasse minhas intenções, mamãe ordenou.

– Termine de comer e entre. Tanya precisa recolher a louça e cuidar da limpeza da cozinha antes da hora de sairmos para as compras. E também não quero que se atrase para a prova de seu vestido de noiva.

– Sim senhora.

Com um suspiro fiz como mamãe mandou e terminei de comer em silêncio. Havia esquecido completamente que naquele dia teria a segunda prova do meu vestido de noiva. Na verdade havia até me esquecido que tinha um noivo. O esquecimento era justificado uma vez que na maioria das vezes eu bloqueava esse casamento em minha cabeça. Como havia sido arranjado para atender os interesses políticos de meu pai não havia amor ou qualquer entusiasmo de minha parte.

Eu sabia que não deveria ter aceitado tal arranjo, mas mesmo que estivéssemos em trinta e sete, meu pai mantinha a mesma mentalidade tacanha de seus antepassados e para ele um casamento arranjado era tão bom ou melhor do que qualquer outro que fosse movido por amor; á mim cabia obedecê-lo. Aos dois, por isso terminei meu café da manhã e, depois de pedir licença, segui até meu quarto. Quando estava devidamente trancada, corri á janela e esperei para vê-lo na saída. Esperei pouco; logo Edward surgiu em meu campo de visão.

Como se soubesse que estava sendo observado, ele ergueu a cabeça e flagrou minha vigília. Juro que tentei sair da janela, mas a intensidade de seu olhar me manteve onde estava. Enquanto estávamos presos naquela troca de olhares eu novamente tive um vislumbre de reconhecimento; reforçado pelo sorriso que recebi. Como a idiota que era, ergui minha mão e acenei para ele timidamente. Edward não retribuiu ao aceno, apenas alargou seu sorriso, montou em sua moto e partiu.

Depois da breve visita o dia seguiu estranho. Papai foi para o gabinete na prefeitura, mamãe ás compras com Tanya e eu até a casa da Senhora Stanley, minha costureira. Enquanto eu ficava imóvel feito uma estátua viva e era espetada algumas vezes ao ter meu vestido marcado para os ajustes, pensava que era preferível estar em casa. Talvez Edward começasse o serviço naquele mesmo dia. Minha curiosidade estava aflorada depois daquele primeiro encontro estranho. Não troquei uma única palavra com ele e sentia como se tivesse tanto á dizer.

Infelizmente ele não começou á trabalhar naquele dia e sim no seguinte. Acordei com o som da tesoura de jardinagem que resmungava como se tivesse sendo usada sem descanso desde muito cedo. Imediatamente pulei de minha cama e corri para a janela que dava aos jardins. E lá estava ele; Edward. Podava um dos arbustos atenciosamente. Vez ou outra parava para analisar o resultado e então voltava á ação. De onde estava eu conseguia ver a cabeça coberta pelos fios acobreados de seu cabelo bem cortado e que terminavam em um instigante “V” na nuca. Também via suas costas largas escondidas sob a camisa molhada de suor.

Novamente, como na manhã passada, Edward pressentiu que estava sendo observado e me pegou á admirá-lo. Dessa fez seu sorriso veio antes mesmo de qualquer cumprimento de minha parte; e eu retribui. Sem receio ou timidez daquela vez, apenas como quem está feliz em ver um velho conhecido. Ainda sorrindo deixei a janela para me trocar. Depois de asseada e devidamente vestida, desci para me encontrar com meus pais. Ao chegar á mesa onde normalmente fazíamos nossa primeira refeição do dia, fui informada por Tanya que eles haviam saído para a cerimônia de inauguração de um posto médico.

Eu raramente os acompanhava então era comum ficar sozinha em casa nessas ocasiões. A companhia de Tanya não contava, pois mesmo que tivéssemos praticamente a mesma idade, apenas nos tolerávamos. Sendo assim, tão logo me informou sobre meus pais, ela saiu para a cozinha. Servi-me ao som da tesoura e comi aquela primeira refeição imaginando se seria inadequado de minha parte ir até nosso jardineiro para puxar conversa. Estava quase terminando quando Tanya se aproximou para encher um copo com o suco de laranja que estava á minha frente sem nenhuma cerimônia. Estranhando, perguntei.

– Para quem é isso?

– Vou levar um pouco de suco para o rapaz que está cuidando do jardim se a “senhorita” não se importar.

Estava ali a minha chance.

– Não me importo que ele tenha um pouco de suco, mas não precisa deixar seu trabalho para servi-lo. – disse já levantando da cadeira e tomando o copo de sua mão. – Pode deixar que eu mesma o sirvo.

– Mas... – ela começou aturdida.

– Já disse que eu mesma levo. Acho que você tem mais o que fazer, não?

Tanya me olhou enraivecida, mas nada retrucou. Apenas saiu pisando forte, contrariada. Aquela era a hora de ter percebido seu interesse em Edward, mas estava tão contente com a possibilidade de abordá-lo que deixei o fato passar. Com as pernas trêmulas como jamais ficaram por Jasper, aproximei-me de nosso jardineiro. Encontrei-o agachado ao pé do arbusto que havia terminado de podar. Ao vê-lo sem camisa entendi perfeitamente o que deixou Tanya tão zelosa. Em mim a visão causou um ruborizar violento e um formigar pelo corpo. Como se estivesse tão constrangido quanto eu, Edward ergueu-se rapidamente e alcançou sua camiseta para vesti-la com a mesma destreza.

– Desculpe-me por isso senhorita Swan. – pediu desajeitado.

– Imagine... – murmurei. Então, limpando minha voz com um pigarro, estendi-lhe o copo e disse. – Trouxe para você... Hoje está quente.

– Sim está. – ele concordou tomando o copo de minha mão. – Obrigado!

Quando nossos dedos se esbarraram um novo formigamento correu por meu corpo.

– Não por isso. – eu disse sem jeito.

Enquanto Edward bebia lentamente, já livre de seu embaraço por ter sido flagrado sem camiseta e sempre me olhando fixamente, eu também me recuperei do constrangimento. Quando ele me entregou o copo vazio especulei sobre algo que havia me perturbado a noite toda antes que dormisse.

– Você não é daqui da cidade, é?

– Não. Estou de passagem. – Edward respondeu sem desviar os olhos de meu rosto.

– Que pena! – deixei escapar.

– Por quê? – ele perguntou com o cenho franzido destoando de um sorriso torto que surgiu no canto de sua boca.

– Eu... É... Com licença. – foi tudo o que consegui dizer antes de sair correndo em direção á minha casa.

Cheguei ao meu quarto sem ar depois da corrida. Estava maluca, só podia. Como pude dizer tal coisa á um completo estranho? Depois daquele primeiro contato não tive coragem de abordá-lo novamente. Á noite fiquei sabendo por meu pai que Edward ficaria por uma semana. Nosso jardim era grande, ainda assim ele acreditava que o jardineiro daria um jeito nele em apenas sete dias. Para mim pareceu muito pouco. Nem sabia o que sentia, mas foi incômodo imaginar que não o veria mais depois que o serviço terminasse. Quando Jasper veio para nosso encontro diário, me achou cabisbaixa. Tentou á todo custo animar-me sem sucesso. Ele era um bom homem, seria um bom marido, mas eu nunca o quis; e desde o dia anterior queria Edward.

Ao que tudo indicava, ele também queria á mim. Seu interesse ficou claro no dia seguinte quando eu estendi uma manta na grama recém aparada para ler um de meus livros preferidos; Romeu e Julieta. Admito que a última coisa que fiz foi ler alguma linha da página impressa. Toda minha atenção era dirigida á Edward que transitava pelo jardim, cuidando dessa ou daquela planta. Vez ou outra nossos olhares se cruzavam, a principio eu desviava o meu, levemente envergonhada, mas á medida que esses encontros oculares se tornaram freqüentes eu passei á sustentá-los.

Começou á ser divertido e logo sorríamos discretamente como se estivéssemos guardando algum segredo só nosso. A brincadeira instigante e contraditoriamente ingênua precisou ser discreta. Meu pai estava na prefeitura, mas minha mãe sairia somente á tarde para cuidar de uma de suas tantas obras de caridade e eu não poderia correr o risco de ser pega aos risos para o rapaz que cuidava das plantas. Tal acontecimento seria pior que ser flagrada aos beijos com algum filho de banqueiro, por exemplo. A primeira filha, nascida em berço de ouro, criada com o que havia de melhor não poderia jamais ter sua pele suja pelas mãos de um trabalhador comum.

Na verdade eu sempre havia sido tão esnobe e seletiva quanto meus pais, talvez menos rigorosa, mas ainda assim nunca que me interessaria por um de nossos empregados, mas Edward era diferente. Circulava pelo jardim com a mesma postura altiva que chegou a minha casa e não demonstrava subserviência em seus gestos. Com roupas melhores passaria muito bem como qualquer um de meu meio social. Contudo para mim, nada disso fazia diferença. Rico ou pobre, Edward era especial e eu sabia.

Quando minha mãe se despediu e – sem nem ao menos olhar na direção de Edward –, saiu para cumprir os compromissos de sua agenda, subitamente me senti envergonhada. Foi como se eu tomasse consciência de estarmos sós e o medo me tomasse. Também sem olhá-lo, recolhi minha manta e corri para dentro de casa e então para meu quarto. Não fui nem mesmo á janela, pois tão logo sentei sobre a cama me senti uma tonta por ter fugido daquela forma covarde. Eu sabia que o jardineiro viria até mim e simplesmente entrei em pânico. Alguns minutos depois cogitei em descer e foi nesse momento que bateram em minha porta. Acreditei ser Tanya então disse apenas.

– Entre, está aberta.

– Oi. – ouvi a voz masculina.

De um salto me levantei, arrepiada da cabeça aos pés.

– Edward?! – perguntei alarmada. – O que faz aqui? Como...?

– Sua empregada saiu. – ele explicou simplesmente como se aquele fosse todo o problema, entrando sem cerimônias.

– Certo, mas... O que faz aqui? – repeti.

Simplesmente não conseguia formular uma frase coerente ou desviar os olhos dos dele. O jardineiro aproximou-se manso como um felino prestes a dar o bote e eu o esperei como um cordeiro consciente do ataque iminente que não se importava em ser abatido. Ou apenas tivesse a certeza que toda tentativa de fuga seria inútil.

– Vim saber por que correu. – ele disse já á minha frente.

– Eu não corri, eu só... Vim trazer meu livro até aqui... – menti.

Era estranha a forma como eu sentia que realmente devia dar explicações á um empregado; um completo estranho. Parecia que ao fugir eu havia demonstrado não confirmar em sua índole.

– Então não foi por minha causa? – ele inquiriu me encarando intensamente, chegando ainda mais perto.

– N-não... – balbuciei; acho que as batidas de meu coração podiam ser ouvidas por ele tão forte estavam.

– Isso é bom! – Edward exclamou pegando uma mecha de meu cabelo, confundindo-me, pois não sabia se ele se referia ao fato de não fugir dele ou por apreciar o contato com os fios castanhos e macios.

– O que é bom? – perguntei hipnotizada.

– Ter encontrado você. – ele disse me mostrando que não se referia á nenhuma de minhas dúvidas. – Acreditaria se eu dissesse que sempre a procurei?

– Acreditaria, pois acho que sempre o esperei.

Minha resposta foi praticamente dita entre os lábios de Edward, pois antes mesmo de terminar de proferir a última palavra, ele cobriu minha boca com a sua. O beijo foi leve á princípio; terno. Contudo, após um gemido baixo, ele o aprofundou. Beijou-me sem reservas e de uma forma que eu nunca havia sido beijada. Tomada pela surpresa e ciente de minha inexperiência, não arrisquei me mover. Tudo o que fiz foi pousar uma de minhas mãos sobre o peito forte que ainda trazia na lembrança. Após minutos incontáveis, Edward interrompeu o beijo e, com a testa encostada á minha pediu roucamente.

– Venha se encontrar comigo á noite.

– Eu não poderia; meu pai...

– Venha, por favor...

Seu hálito morno me confundia. Eu sabia que nem ao menos deveria ter permitido sua entrada em meu quarto, quanto mais ir á um encontro secreto á noite, mas simplesmente não conseguia formular desculpas plausíveis. Quando ele se foi – com um sorriso maior que seu rosto – levava a certeza que eu o encontraria no extremo oposto do jardim, na área que não podia ser vista da casa, exatamente á uma hora da manhã.

No horário combinado eu estava uma pilha de nervos, naquela noite mal toquei em meu jantar ou conversei com Jasper. Quando ele se foi minha mãe veio me rondar para tentar descobrir o que me inquietava; aleguei um súbito mal estar que me permitiu escapar para meu quarto. Quando o deixei, minhas pernas tremiam tanto que nem sei como cheguei ao local do encontro. Inicialmente não vi Edward em parte alguma. Por tristes instantes cogitei voltar para casa, contudo antes que tivesse coragem de partir, ele apareceu.

– Desculpe-me a demora. – pediu educadamente, aproximando-se.

– Sem problemas... – sussurrei.

Em minhas fantasias vespertinas ele novamente me tomava em seus braços e me beijava apaixonadamente, mas na realidade foi diferente. Nosso jardineiro sentou-se sobre a grama e me convidou á fazer o mesmo. Quando me acomodei ao seu lado ele disse incerto.

– Não sei o que estou fazendo aqui.

– Eu também não. – disse estranhamente sentida e envergonhada ao perceber que ele havia se arrependido do encontro. Antes que eu o dispensasse para me poupar do constrangimento, ele acrescentou já tomando uma mecha de meus cabelos entre seus dedos.

– Mas eu tinha que vir. – então acariciou meu rosto ternamente. – Como disse em seu quarto, estive procurando por você, mesmo sem saber.

– Fico feliz que tenha me encontrado. – murmurei; não tinha palavras.

– É bom saber disso, pois não teria mais como me afastar de você. – declarou correndo a mão por minha nuca enquanto reclinava-me sobre a grama e se curvava sobre mim sem reservas para cobrir minha boca com a sua e beijar-me exigente

E naquela noite Edward havia dito a verdade, pois ela se tornou a primeira de muitas. Eu sabia pouco sobre ele, mas nunca me importei com esse fato. Mesmo depois de seu serviço ter terminado continuamos á nos ver sempre no mesmo local; sempre á mesma hora. Nas primeiras vezes apenas namorávamos, deitados sobre a grama, as mãos entrelaçadas. Conversávamos sobre tudo e sobre nada. Por duas vezes apenas, deixei-me ser conduzida para fora dos jardins para irmos á praia. Nessas duas ocasiões, depois de alguns beijos apaixonados, Edward me provocou até que eu o perseguisse como se fossemos duas crianças. Em uma das vezes – quando a noite estava quente – também permiti que ele me levasse para o mar, mesmo morrendo de medo. Ainda posso me lembrar dos abraços molhados; dos beijos salgados.

Naquela noite nasceu meu amor pelo mar; como as plantas de meu jardim ele havia sido testemunha de nosso amor secreto. Amor esse que cresceu em tão pouco tempo fazendo com que o desejo que sentíamos se tornasse cada vez mais evidente. Com a necessidade urgente o namoro casto sofreu avanços perturbadores que me obrigavam a refreá-lo, mesmo que minha vontade fosse similar á dele. Nesses momentos tombávamos lado á lado sobre a grama de meu jardim, com a respiração entrecortada e fixávamos nosso olhar nas estrelas até nos recuperarmos. Foi em uma dessas noites – a última noite a exatos dezenove dias que nos conhecíamos – que ele me fez a promessa com a voz ainda rouca e arfante.

– Jamais vou deixá-la. Se um dia tiver que partir eu voltarei para buscá-la. Mesmo estando casada com aquele janota. – ao final da frase seu tom saiu firme. Pela primeira vez percebi seu ciúme.

– Não vou me casar com ele, sabe disso.

– Na verdade não sei. – Edward disse sério, sentando-se ao meu lado para encarar-me. – Disse há dias que desfaria o noivado e até agora, nada.

– Eu já tentei. – falei também me sentando. – Mas meu pai está irredutível.

Sem que eu esperasse, Edward avançou sobre mim e segurou meu rosto para olhar-me intensamente.

– Então fuja comigo!

– Como?

– Fuja comigo. Agora... Nem volte para casa. – então, se colocando de pé me estendeu a mão. – Confia em mim?... Se confia, venha. Não possuo quase nada, mas posso fazê-la a mulher mais feliz que já existiu.

E eu acreditei, mas não sai intempestivamente. Esse foi meu erro, mas não tinha como ser diferente. Não havia como fugir sem levar ao menos meus documentos ou algum dinheiro. Meu retorno a casa não durou mais de cinco minutos, então... Munida de minha identidade, minhas economias e uma muda de roupa, voltei para Edward e segurei sua mão. Pela terceira vez deixei que me levasse para fora do jardim e então até onde escondia sua moto. Lembro-me perfeitamente que meu coração parecia que explodiria incapaz de comportar tamanho medo misturado á alegria e sensação de liberdade enquanto seguia abraçada á Edward que guiava sua moto em alta velocidade, levando-me para uma nova vida. Eu nem me importei com o escândalo que se seguiria. Quando meu pai descobrisse estaríamos longe.

Dormimos num motel de beira de estrada. Bom, dormir foi a última coisa que fizemos. Aquela noite foi nossa primeira noite juntos. Ainda hoje sinto meu rosto ruborizar com a lembrança do olhar flamejante de Edward enquanto apartava cada botão de minha blusa solenemente assim como ao baixar as alças de minha combinação para expor-me. Ainda me inquietava recordar o toque das mãos levemente calejadas sobre meus seios ou a boca faminta a prová-los um á um. Também me desassossegava aquela eterna impressão do peso masculino sobre meu corpo enquanto Edward se movia ritmada e delicadamente ao me fazer sua mulher. Meu eterno jardineiro tornou aquela noite nada menos do que maravilhosa. Eu não tinha nenhuma experiência, mas sempre soube que Edward havia sido um amante perfeito; carinhoso ao extremo que em poucas horas cumpriu parte de sua promessa de me fazer a mulher mais feliz á existir no mundo.

– Vai se casar comigo? – ele perguntou rolando meus dedos entre os dele tão logo me abraçou depois de termos feito amor.

– Basta pedir minha mão. – eu gracejei, aconchegando-me mais ao seu peito.

Ouvi mais do que vi seu riso leve antes de dizer em tom pomposo.

– Isabella Swan, me daria a extraordinária honra de ser minha esposa e permitir que a ame e respeite até que a morte nos separe?

– Sim... – respondi contente.

Faltavam dois meses para meu aniversário de vinte e um anos então a ideia era esperar até essa data para nos casarmos. Antes disso ele me levaria para casa de seus pais na Georgia de onde havia saído há dois meses depois de ser graduado veterinário para se aventurar pelas estradas montado em seu presente de formatura; a britânica BSA G14 modelo lançado em 36, ele explicou. Soube naquele momento do motivo de sua postura altiva. A família de Edward podia não ser abastada como a minha, mas ele não era um ninguém, apenas não possuía nada de seu por ser novo demais, porém tinha um futuro promissor pela frente.

Imediatamente desejei conhecer minha nova família. Edward disse que estava em falta com os pais, pois há quase um mês não lhes dava notícias. Contudo assegurou que na manhã seguinte os alertaria de nossa chegada e pediu que eu não me preocupasse, pois eles eram afáveis; eu seria bem recebida. Ainda assim decidimos que ficaríamos apenas o tempo de nos estabilizarmos. Ele aceitaria ao eterno convite do pai e passaria a atender em seu consultório enquanto eu ficaria em nossa casa onde teria a função de cuidar de nossos dois filhos; um casal. Planos perfeitos de dois jovens apaixonados. Inocentes demais para perceber que nada seria simples; nada seria fácil.

Infelizmente nossos projetos tão detalhadamente traçados foram desfeitos logo na manhã seguinte. Não nos afastarmos mais da cidade foi o segundo erro cometido naquela noite. Tão logo amanheceu – antes mesmo de acordarmos – fomos encontrados por meu pai. Um prefeito furioso invadiu nosso quarto e praticamente me arrastou da cama sem se importar com minha nudez diante de seus dois seguranças que, sem dar maior importância aos corpos expostos, fizeram o mesmo com Edward e o seguravam firmemente para que não viesse até mim.

– Deixe-a em paz! – ele vociferou para meu pai, sem conseguir soltar-se das mãos de ferro que o prendiam. – Deixe-a!

Sem dirigir-lhe sequer um olhar, meu pai arrancou o lençol da cama – manchado com a prova de minha entrega – e o enrolou grosseiramente em torno de meu corpo antes de arrastar-me em direção á porta.

– Bella! – Edward gritou novamente tentando soltar-se.

– Edward... – eu chamei antes que meu pai me erguesse e levasse para fora do quarto.

– Vou buscá-la! – eu o ouvi gritar antes de ser praticamente jogada dentro do carro de nossa família. – Ouviu Bella?... Vou buscá-la.

Ninguém naquele motel simplório se atreveu á nos socorrer. Eu chorei praticamente o caminho todo, implorando ao meu pai que me deixasse ir embora com Edward. Expliquei que o amava, mas nada o comoveu. O político com futuro detalhadamente planejado não iria carregar a mancha de ter uma filha perdida em sua família, foi o que me disse aos gritos. Quando chegamos a nossa casa percebi pela frieza de minha mãe que nem ao menos poderia contar com sua ajuda. Também notei pelo brilho vingativo nos olhos de Tanya que ela havia sido a delatora, pois estava claro que meu pai começou as buscas logo após minha saída, caso contrário não nos acharia de pronto; talvez nunca nos encontrasse.

Em breve continua...





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Notas finais do capítulo

Bom... Ainda mantenho minha impressão. Apesar de interrompido, não vivido em toda sua plenitude, ainda considero apenas uma estória de amor...
Espero que tenham gostado!...
E por favor, comentem...
Obrigada!