Incondicional escrita por Manu Dantas


Capítulo 44
Segunda Temporada, Capítulo 13 - Garotas não merecem chorar


Notas iniciais do capítulo

Gente do céu, esse foi um dos capítulos que mais me deu trabalho para escrever! Coisa que só que INC consegue fazer comigo!

Por isso, respirem fundo e bora ler!

Aproveitem o cap! *--*



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 No capítulo anterior:

— Ahhhh Vidinha, é agora que você não vai embora daqui de jeito nenhum... –  Ouvi o Luan falar entre os nossos beijos, a respiração ainda um pouco ofegante.

— Luan, já falei que você não pode me prender aqui... – Respondi afagando os seus cabelos. A minha frase era mais um lamento do que uma reclamação. Na verdade, o que eu mais queria era ficar ali para sempre, nos braços dele.

— Nem adianta, Cristal! Dessa vez você não vai fugir!  – Ele me provocou em tom de brincadeira.

— Você está me desafiando? – Ergui uma sobrancelha o encarando, mantendo o tom de “zombaria”.

— Tá aí, tô te desafiando sim! – Ele me respondeu sorrindo.

— Então a aposta está feita, senhor Luan... Só não esquece que eu sou craque em fugir de você... – Avisei com a voz confiante.

—  E não esquece, dona Cristal, que eu sou “expert” em te trazer de volta pra mim... – Ele me lembrou antes de voltar a me beijar daquele jeito que fazia a minha cabeça girar e esquecer do resto do mundo.


Porém, como a minha sorte andava “curta”, o beijo não durou muito. Quando estávamos na melhor parte, com o Luan puxando de leve o meu cabelo e as suas mãos descendo pelas minhas costas, o telefone dele tocou na mesa perto do espelho.

— Luan... Luan... – Chamei em meio aos beijos – O... seu... celular...

— Deixa esse trem tocar, Vidinha... – Ele me olhou com uma expressão sapeca no rosto.

— Mas pode ser algo importante... Algum compromisso para o festival – O meu lado profissional surgiu lá do fundo do meu “eu”. Às vezes eu odiava essa parte da minha personalidade.

— Ahhh, nem vem Cristal... Você nem é mais minha assessora para ficar mandando em mim – Ele rebateu.

— Luan, é sério! Atende o celular! Pode ser o Anderson... – Falei já me levantando para buscar o telefone. No caminho tropecei no meu sapato que estava jogado no chão, o que fez o Luan rir no sofá.

—Toma, atende isso logo! – Falei nervosa, voltando até perto dele e entregando o aparelho.

Ainda rindo, o Lú atendeu a ligação. – Oi... Ah, oi Arleyde! Hã? Tentando falar comigo mas o Rober não deixa você vir até o camarim... Se aconteceu alguma coisa? Não, não... Tá tudo ótimo! – Ele terminou a frase me encarando de cima a baixo.

— Entrevista? Vixi, rapáiz, eu esqueci! – Ele falou coçando os cabelos – Que trem é esse aí, “Leydinha”? Me explica!  

O Luan continuou conversando com a sua nova assessora enquanto se levantava e ia até o outro canto do camarim. Eu não tinha certeza, mas pelo jeito a ligação não devia estar boa e por isso ele saiu do sofá para buscar um ponto com um sinal melhor.

“Cristal, tá louca, mulher? Você está em horário de trabalho, o seus patrões vão entrar no palco daqui a pouco e você tá aí, de saliência com o Luan? Isso sem falar no seu acordo com a Laura, né? Se ela souber do que está acontecendo aqui... E isso nem é muito difícil de acontecer, já que a Débora também está no festival!” – O meu lado sério me deu uma “baita” bronca, me fazendo voltar para a realidade.

Caramba, o que eu tinha acabado de fazer?

Aproveitando do momento de distração do Lú, me abaixei e peguei a sua calça que estava jogada no chão. Depois tateei o seu bolso até encontrar a chave da porta. Em seguida, comecei a caçar todas as minhas peças de roupas espalhadas pelo camarim e corri até o banheiro. Por muita sorte, havia uma ducha ali. Tomei o banho mais rápido da minha vida, usei o desodorante do Luan, me vesti, ajeitei o meu cabelo o melhor possível e voltei para o camarim como se nada tivesse acontecido. 

— Onde “cê” pensa que vai, Cristal? – O Lú me perguntou também juntando as suas roupas do chão. Ele usava apenas cuecas e meias, o que me fez lembrar de todas as vezes que ele dormiu em casa e eu o via daquele mesmo jeito no meu quarto.

“Foco Cristal, foco”.

— Não vou para lugar nenhum... Você trancou a porta, lembra? Só achei melhor eu me vestir – Disfarcei.

— Ahh, quer dizer que você reconhece que perdeu a aposta? – Ele provocou – Vou tomar uma ducha rápida também e já volto tá, Vidinha? A Arleyde disse que eu tenho umas entrevistas, mas é só daqui a pouco. Já mandei uma mensagem para o Sorocaba avisando que você tá comigo! Depois que eu me trocar, a senhorita vai sentar e me contar direitinho o que tá acontecendo, tim, tim por tim tim... – Ele piscou para mim me entregando o seu aparelho celular. Na sequência, me deu um beijo rápido nos lábios e entrou no banheiro, encostando a porta.

Assim que ouvi o barulho do chuveiro, corri até a porta a destrancando. Dei uma última olhada no camarim para ver se não estava me esquecendo de nada e vi o celular do Lú na minha mão. Na tela, como imagem de plano de fundo estava uma foto nossa. Aquilo me fez vacilar por um instante. Com um pouco de esforço para voltar ao meu objetivo, destravei o aparelho e o mais rápido que consegui e digitei uma mensagem para ele.

“Ganhei a aposta e perdi você. Me desculpe! Se cuide e não se preocupe comigo. Quebra tudo hoje no show! "

Deixei o celular de volta na mesa e corri porta afora com o coração na boca. 

Praticamente voei pelos corredores até chegar ao camarim da dupla Fernando e Sorocaba. No caminho acabei caindo na risada sozinha.


Meu Deus, o que eu tinha feito? Além de abandonar o show da Thaeme e do Thiago no meio, eu larguei os “chefinhos” Fernando e Sorocaba à “própria” sorte no festival. Tudo isso para acabar trancada no camarim com o Luan, cair nos braços dele, fazer uma aposta “barata” e terminar fugindo como “cachorro magro”. Se alguém descobrisse o que tinha rolado entre nós eu estava perdida! Onde eu estava com a cabeça? Eu poderia ter sido demitida, a Débora poderia contar tudo para a Laura...

 “Relaxa um pouco, mulher! De vez em quando é bom soltar a maluquete que existe dentro de você! E fala sério... Tudo isso valeu a pena! O que foi aquilo no sofá, menina? Uaaaaau, hein?!”
 – O meu lado Maluquete estava nas nuvens com tudo o que havia acabado de acontecer.

— Oi, oi... Eu cheguei! Tá tudo bem por aqui? Eu tive um... imprevisto – Menti para toda a equipe da dupla F&S que estavam com eles no camarim. Enquanto passava pelos corredores pude ouvir que a Thá e o Thí ainda estavam no palco se despedindo do público e eu estava torcendo muito para que a Débora estivesse lá com eles.

— Imprevisto, Cristal? – O Fernandinho perguntou com um tom irônico.

— Acho que um "meteoro" cruzou o caminho dela, parceiro – O Sorocaba riu enquanto ajeitava o chapéu conferindo a sua imagem no espelho. 

— Ahh... E aí "um beijo falou mais que mil palavras", não é? – O outro cantor entrou no clima de zuação ajeitando o seu penteado.

—  Ou então todo o imprevisto virou pra ela e disse: “Não vai embora não, deita aqui no sofá e se alguém te perguntar... " – O Sorocaba cantou agora vestindo o seu casaco.

— Dá para os pararem? Não é nada disso que vocês estão pensando! – Falei brava, cruzando os braços.

 - Ih... Pelo jeito o Meteoro cantou foi outra música para ela, viu Sorocaba? Pela cara tá mais para “Pode ir, tudo bem, você não sabe o que é gostar de alguém...” – O Fernandinho me provocou com outra música do Luan.

— Sei não... Com essa camisa amassada aí que a Cristal tá usando tô achando que a trilha desse imprevisto tá mais para “Deixou digitais em mim...”  - O outro emendou ainda em clima de zuação.

Fiquei vermelha na mesma hora.  Olhei para a minha camisa e tarde demais percebi que ela estava bem amassada mesmo. Ai meu Deus!

— Cristal, que bom que te achei! Thaeme e Thiago terminaram o show agora. Eles vão "tomar um ar" e depois vão para o estúdio do pessoal do Multishow. Depois é a vez deles – A Débora fez uma pausa apontando para os “chefes” – Rápida entrevista antes de subirem ao palco, coisa de duas, três perguntas e depois um bate papo no estúdio. Essa é a programação. Tentei te encontrar antes para combinarmos os detalhes, mas não te encontrei... – A Débora, que chegou toda estabanada no camarim, me informou tentando ser prestativa. 

— É que a Cristal encontrou um meteoro pelo caminho, Deby – O Fernandinho me entregou, ainda rindo.

Olhei para ele com cara de quem tinha comido jiló azedo. Ele tinha acabado de me dedurar para a informante da Laura com quem eu estava durante a minha “fugidinha”.

“Calma Cristal, calma”.

— Ele está só brincando, Débora. Não liga para esses dois – Cortei o assunto, séria – E agora vamos! Vou passar algumas instruções para você e combinar algumas coisas com a Thaeme e com o Thiago. Depois eu volto e fico com essa dupla “parada dura” aqui... – Avisei fazendo careta para os “chefinhos” antes de deixá-los. O meu plano era tirar a Débora o mais rápido o possível de perto deles e torcer para que eles esquecessem aquele “imprevisto” e parassem de me zuar.

Caminhei lado a lado com a Débora conversando sobre alguns pontos que eu gostaria de destacar na entrevista que aconteceria logo em seguida. Pelo caminho fui tentando dar uma “ajeitada” na saia e na camisa que eu estava usando e torcia mentalmente para a Débora não ter entendido a indireta do Fernandinho e que ela não desconfiasse do meu sumiço repentino e sem explicação. Se a Laura ficasse sabendo do meu encontro com o Luan... Eu não queria nem pensar nas consequências.

— Fica tranquila, eu não vou contar – A Débora me falou assim que terminamos de acertar alguns detalhes profissionais.

Olhei para ela sem entender. O que ela estava querendo dizer?

— Eu sei aonde você estava, Cris. Ouvi o secretário do Luan conversando a Arleyde. Ela estava perto de mim, disse que adorava a voz da Thaeme... Pode confiar, eu não vou contar para a Laura! Já avisei para ela que estou fora desse esquema sujo dela. Já percebi o meu erro, não quero continuar errando... – Ouvi a Deby me falar tudo isso com a voz sincera. Os seus olhos estavam serenos e a sua expressão era decidida. Ela realmente parecia estar dizendo a verdade, mas como eu poderia ter certeza que as palavras dela não eram mais uma armadilha?

Fiquei em silêncio sem saber o que responder. Mil coisas se passaram pela minha cabeça. A cena na torre, a Laura me falando que a Débora esteve contra mim todo aquele tempo, a noite que eu deixei o Luan...  Acabei só balançando a cabeça, meio que concordando, meio que agradecendo, perdida em meio a tantos acontecimentos.

Continuamos caminhando em silêncio, mas de repente eu me sentia com um pouco mais de esperança. Se a Débora realmente cumprisse a sua palavra, o Luan estaria salvo. E só aquilo me bastava...

***
A noite passou, Fernando e Sorocaba “bombaram” no palco, as entrevistas correram bem, tudo estava dando certo...  A correria foi tanta que mal tive tempo para respirar. Mas, é claro, que consegui fazer uma pausa para ver o Luan cantar. Eu estava morrendo de saudades dele... E aquele encontro no camarim só fez aumentar a falta que eu sentia de tê-lo por perto. Eu sabia que ele estava se preparando para gravar o seu 3º DVD e que já estava trabalhando algumas músicas do novo repertório e eu queria muito ouvi-lo cantar as novas canções ao vivo.

Arrumei um cantinho na lateral do palco, avisei o Rober e o Well que ficaria por ali e acompanhei o show, ligada em cada detalhe. Em alguns momentos eu apenas fechava os olhos e ouvia o Lú cantar lembrando de todas as viagens que fizemos juntos, de todos os nossos momentos... 

O Luan me viu enquanto cantava a segunda música do show, “Sinais”. Ele me fitou com uma expressão triste, e depois desviou o olhar. Senti um certo ressentimento no seu gesto, mas não podia culpá-lo. Eu o abandonei duas vezes sem maiores explicações, sem nem dizer tchau... Eu sabia que seria difícil para ele me perdoar... A minha única saída era que ele entendesse as “pistas” que eu deixei antes de deixá-lo na chácara. Eu sabia que ele já estava desconfiado que alguma coisa errada estava acontecendo, mas quanto tempo demoraria para que ele conseguisse juntar “2 + 2”? E será que ele realmente iria tentar entender todo aquele rolo? Ou será que ele me deixaria, se cansaria de mim por eu viver fugindo dele?

Algumas fãs que estavam na grade me viram e me chamaram. Acenei para elas e aí a vontade de chorar quase tomou conta de mim... O que as Luanetes iriam dizer quando soubessem que eu havia deixado o Lú?

O momento romântico chegou e o meu coração foi a mil. Se já estava difícil segurar a minha emoção antes, com o Luan cantando “Te Vivo”, a situação só ficou mais complicada. Logo depois ele fez uma pausa para pegar um violão que alguém da equipe entregou para ele e sentou-se em um banquinho, também providenciado por alguém da produção.

O que era aquilo? Música nova no show?

— Agora eu quero cantar para vocês uma “moda” nova. Essa música aqui... – Vi o Luan fazer uma pausa e olhar para mim. Foi rápido, mas aquilo foi o bastante para que eu entendesse: Ele estava triste comigo e aquela canção seria a sua tentativa de fazer e acertar tudo entre nós – Essa moda aqui gente, conta a história de uma menina que jurou nunca mais se apaixonar porque teve o coração machucado por alguém... Ela se trancou dentro do “mundinho” dela e vivia sem sonhos até um cara chegar e mudar tudo...

*** Link para músicahttps://www.youtube.com/watch?v=WZYxz6Xsp6U

Então ele pegou o violão e começou a tocá-lo. Notas delicadas preencheram o vazio antes do Lú entoar os primeiros versos da canção com a voz emocionada.

“Ela é uma mulher menina que precisa urgentemente ser mais forte
Ela quer alguem que leia seu sorriso antes de olhar seu decote
Ela vê suas amigas se entregando ao primeiro que aparecer
Numa tentativa boba de se preencher
Garotas querem mais amor de verdade, mais sinceridade
Garotos são todos iguais, tem necessidade, não passam vontade
Mais to aqui pra provar”

Assim que ouvi a primeira estrofe foi como se um filme começasse a passar na minha cabeça contando a minha própria história. Senti minhas pernas fraquejarem e precisei me segurar em uma das caixas de som que estavam ali por perto para conseguir me manter em pé. Foi então que eu compreendi: Aquela era a música que o Luan dissera que estava fazendo para mim quando estávamos no Rio e depois em São Paulo, no show de comemoração do seu aniversário.

“Eu não te deixaria por uma aventura a toa
Nem te trocaria por qualquer outra pessoa
Só pra matar a vontade, o crime não compensa
Garotas inocentes não merecem chorar
Por garotos que não tem a verdade no olhar
Escolhi ser diferente amor, só pra te amar”

Senti a minha pele ficar arrepiada quando ouvi a segunda parte da música. Aquela letra tocou fundo no meu coração, na minha alma... Era como se o Luan conseguisse ler os meus sentimentos, as minhas lembranças, e pudesse transformá-los em versos.

Quando ele cantou “Nem te trocaria por qualquer outra pessoa só para matara vontade...” era como se ele estivesse falando de tudo o que o Diogo fez comigo e como se quisesse mandar um recado para ele “O crime não compensa”.

Ao ouvir a última estrofe eu não me aguentei. Toda a pressão, o medo, e a saudade que eu sentia do Luan vieram a tona e eu chorei, mesmo com o Lú cantando que “Garotas inocentes não merecem chorar”. Ao ouvir o verso seguinte “por garotos que não tem a verdade no olhar” eu tive a mais absoluta certeza que ele estava se referindo ao Diogo, afinal, ele me enganara se passando pelo irmão. Já a última frase “Escolhi ser diferente amor, só para te amar” me fez lembrar de todas as vezes que o Luan precisou ser paciente comigo por causa dos meus traumas. Desde o dia que nos conhecemos até quando começamos a namorar ele foi paciente o suficiente para esperar o meu tempo de me soltar.

Precisei respirar fundo duas vezes para controlar o meu choro. “Ela é uma mulher menina que precisa urgentemente ser mais forte”. Quantas vezes eu não havia repetido para mim mesma que eu precisava ser forte, que precisava seguir adiante? E agora, mais uma vez, eu estava ali, precisando de coragem para vencer mais um desafio. 

Só que dessa vez as forças me faltaram. Vi o palco sair de foco e a minha vista escurecer. Eu precisava sair dali, eu precisava correr, fugir, me esconder...

Saí em disparada pelo backstage praticamente correndo pelos corredores já agora vazios. O Luan era a última atração da noite e as equipes dos outros cantores que haviam se apresentado já tinham deixado o lugar. Eu não sabia para onde estava indo, mas não parei. Continuei andando em frente até chegar a um banheiro. 

Entrei, fechei a porta, e me encostei na parede toda encolhida, como se estivesse me protegendo de algo muito ruim. Imediatamente me lembrei que eu realmente estava tentando me proteger, só que era da Laura...

— Cristal? – Ouvi alguém me chamar com a voz preocupada – Menina do céu, você está pálida! Tá tudo bem? – A minha vista ainda estava embaçada, mas depois de algum tempo reconheci a Dagmar chegando até perto de mim e me segurando pelos braços – Nossa, você está gelada! 

— Dag? – Chamei com a voz meio fraca.

— Sou eu, Cristal! Tá tudo bem agora... Vem cá, lava o rosto! Vai te ajudar... – Ela me guiou até a pia e segurou os meus cabelos enquanto eu seguia o seu conselho.

— Aconteceu alguma coisa, Cristal? Você entrou tão de repente, parecendo muito abalada... – A ex-assessora do Luan voltou a me perguntar.

— Não, tá tudo bem... – Menti.

— Tudo bem é que não tá, né Cris?! Fala a verdade, menina! – Ela me cobrou.

Soltei o ar pesadamente me dando por vencida. Depois acabei dando um sorriso meio contido para a minha ex-chefe. A última vez que eu encontrara a Dagmar nós estávamos em um banheiro super luxuoso no camarote da Brahma para assistir o desfile das escolas de samba no Rio de Janeiro. Na ocasião, ela me pediu desculpas por estar implicando tanto comigo e assumiu que estava com um “pouquinho” de ciúmes do Luan, além de confessar que as coisas haviam mudando muito desde que o “Gurizinho” começou a fazer sucesso. Agora, por uma tremenda ironia do destino, nós voltávamos a nos encontrar em um banheiro. E mais uma vez, muita coisa tinha mudado.

— Dag, o que você está fazendo aqui? – Quis saber. A agitação era tanta que eu nem tinha me dado conta que a ex-asessora do Lú estava naquele evento.

— Estou trabalhando com o Israel Novaes, lembra? Ele cantou antes do Luan. Aí estava aqui me preparando para ir embora quando você entrou – A Dagmar me explicou com pressa – Mas eu te conheço, Cristal. Você está tentando me enrolar... Pode abrindo o jogo... 

— Não foi nada, Dag. Eu estava assistindo o show do Luan, aí fiquei um pouco emocionada e quis ficar um pouco sozinha para me acalmar, entende? – Resumi a história, muito bem resumida.

— Pois é... Achei estranho isso! Eu vi quando o Luan chegou e você não estava com ele. Está tudo bem entre vocês? – Ela foi direto ao ponto. Droga! Às vezes eu odiava a mania que a Dag tinha de reparar nos pequenos detalhes.

— Hum... Está tudo... mais ou menos... – Falei, receosa.

— Cristal, vocês brigaram? Ouvi comentários pelos bastidores que o clima estava estranho entre o casal. E quando perguntei por você o Luan desconversou. Ele também fez o mesmo com alguns repórteres que eu vi! O que está rolando, Cris? – Ela continuou firme. Seria difícil escapar daquela.

— Bom... Mais cedo ou mais tarde todo mundo vai ficar sabendo... Eu e o Luan não estamos mais juntos... – Desabafei com a voz fraca.

— Não? Mas vocês estavam tão bem? O que aconteceu? – A Dag ficou chocada com a notícia.

— É uma longaaaaa história... – Desconversei.

— Longa história? Cris, isso tem algo a ver com aquilo que aconteceu ano passado com o Diogo? – Ela quis saber. 

Poxa, será que estava tão na cara assim?

— Digo isso porque antes, todas as vezes que vocês brigavam era por causa disso. Mas desde que vocês assumiram e começaram a namorar mesmo a situação andava tranquila. Vocês nem brigavam mais... Aliás, os dois eram um grude só! – Ela correu se explicar ao ver a minha expressão de assustada com a pergunta – A única coisa que mexia com vocês era esse rolo do Diogo e da família dele.

Fiquei perplexa. Como foi que ela matou a charada tão rápido? A Dag deveria apostar na loteria! Ela era ótima com palpites...

— Acertei na mosca, né? – Ela sorriu ao ver a minha cara de “Como é que você sabe?” – Olha Cristal, eu preciso voltar para o hotel que o pessoal tá me esperando. Mas só quero te dizer uma coisa... Vocês dois brigavam, brigavam e brigavam mas, no final das contas, sempre se acertavam... Eu não sei o que está acontecendo, mas acho que vocês deveriam conversar e tentar se acertar. O Luan é um menino de ouro e completamente louco por você! Ele sempre soube te entender, e tenho certeza que dessa vez não vai ser diferente! – Ela pegou uma das minhas mãos enquanto falava tentando me dar forças. Fazia tanto tempo que eu estava sofrendo calada que receber carinho e atenção de alguém me fez muito bem.

— Obrigada Dagmar! Obrigada mesmo... – Respondi um pouco emocionada.

— Olha, sei que quando vocês assumiram o namoro eu fiquei toda “mordida”, perdi a linha, falei coisas que não devia... O tempo que passei de férias foi ótimo para mim, Cristal! Me fez repensar muitas coisas... Realmente estava na hora de mudar! E você estava certa quando dizia que o Luan tinha ficar próximo do público dele e que explorar a relação de vocês na mídia não ia dar certo... Hoje eu vejo que as fãs passaram a te respeitar, pelo menos uma parte delas ... – Ela fez uma pausa ainda segurando a minha mão – Mas agora é a minha vez de te dar um conselho: O Luan precisa de alguém do lado dele e você é a pessoa certa para isso. Alguém capaz de entender a correria das viagens, das fãs, da imprensa, alguém que jogue “a favor” dele. Alguém que não ofusque o brilho dele, mas que o faça brilhar ainda mais. Não sei o que está acontecendo, mas tenho certeza que ele vai entender...

— Nossa, nem sei o que falar... – Comentei com os olhos cheios de lágrimas. 

“Eu não vou chorar, eu não vou chorar. Pelo menos, não mais por hoje...”

— Fica bem, Cristal! – A Dagmar me deu um forte abraço – E agora eu preciso ir! Tá na minha hora! Se cuida, menina – Ela se despediu e depois me deixou sozinha, parada em frente ao espelho, encarando o meu próprio reflexo.

Fiquei sozinha por ali algum tempo colocando a minha cabeça no lugar. Depois daquele festival eu precisaria voltar para São Paulo para assinar o contrato com a Laura. Depois que eu sacramentasse o meu acordo com a irmã do Diogo eu não teria opções. Teria que cumpri-lo, ou ela entregaria a foto para a polícia. 

Mas e se a Dag estivesse certa? E se eu realmente devesse abrir o jogo para o Luan e contar tudo o que estava acontecendo? Talvez isso mudasse o rumo da situação, talvez isso me salvasse...

Acabei me agarrando a aquele “fio de esperança” para tomar a minha decisão. Eu iria atrás do Luan, contaria tudo para ele e aí seria o que Deus quisesse...

***
Ponto de vista do Luan

Terminei o show, dei entrevista e depois segui direto para o meu camarim. Tudo tinha dado certo. O show foi maravilhoso, a galera estava animada... Até a entrevista que dei depois que deixei o palco foi divertida. 

Apesar de tudo, eu estava “baqueado”. E tudo por causa da Cristal...  Poxa, eu tinha feito um “trupé” danado para conseguir descobrir se ela iria naquele festival e nada tinha dado certo! A Cris tinha escapado pelos meus dedos que nem “bagre ensaboado”. Diacho de muié, viu?!

Tudo aquilo já era demais para mim! A Cristal já estava dando um nó danado na minha cabeça! Primeiro ela me deixava sozinho na chácara, sumia sem dar explicações, depois voltava, ficava comigo no meu camarim e quando eu achava que tudo estava bem entre nós, ela fugia de novo e me deixava um recado para não me preocupar...

Não bastasse tudo isso, eu ainda tinha brigado com quase todo mundo da minha equipe para incluir a música que fiz para ela no repertório do show e, de novo, a Cristal fugiu sem nem ao menos terminar de me ouvir cantar. No fim, todo mundo curtiu a “moda” nova e eu fiquei sem saber a opinião da Cristal. Aliás, eu nem sabia onde ela estava... Ela havia mudado o número do celular e ninguém sabia em qual hotel ela estava hospedada. Era uma missão praticamente impossível conseguir falar com a minha Vidinha!

Eu me sentia cansado e inútil. Eu sabia que a Cristal estava com um problema. As atitudes dela desde o nosso jantar-surpresa estavam muito estranhas... A bolsa que ela deixara comigo junto com os aneis, a “brabeza” ainda maior que de costume... Mas por que ela não me contava o que havia de errado? Por que ela sempre insistia em resolver tudo sozinha?

Juntei todas as coisas no meu camarim enquanto pensava em tudo aquilo. Por mais que tentasse, eu não conseguia não sentir um pouco de raiva da Cris. Nós já havíamos passado por tantas coisas juntos, eu já havia feito tanta coisa por ela... Não dava para entendê-la! Eu cumpria a minha parte no nosso trato de estar junto dela, “pro que der e vier, até o final”, mas pelo jeito a Cristal não andava fazendo a sua parte...

— Tá pronto, Luan? Bora pro hotel? O resto do pessoal já está na van esperando... – O Well me avisou parado perto da porta.

— Tudo certo, cara. Bora descansar que a noite foi puxada hoje... – Falei colocando o meu boné na cabeça, já pronto para sair. 

— Que cara é essa? Tá bravo por que o Anderson brigou com você lá por causa do lance da música? – O meu segurança perguntou.

— É, tem isso também... Mas tô chateado mesmo é com a Cristal... – Falei colocando a minha mochila nas costas.

— Ela tava lá no palco hoje, né? O Rober falou que vocês... conversaram aqui no camarim... – O Well disse em um tom irônico. Pelo jeito, todo mundo já estava sabendo da minha “conversa” com a Cristal. Ô povo fofoqueiro, viu?

— É, mas aquela bandida não quer nem saber de mim! Tô feio nos “pano” mesmo, cara – Reclamei, infeliz.

— Ih, já ouvi essa história antes... – O meu parceiro riu – Você e a “Ursinha” viviam brigando e reatando... 

É, eu estava “feio nos pano” mesmo! Até a história da “Ursinha” e do “Ursinho” tinha vazado!

— Quer saber de uma coisa? Eu vou mudar esse “trem” aí... Agora chega! Eu não vou mais ficar correndo atrás da Cristal que nem um bobo. Se ela não confia em mim, não posso fazer nada... Se ela quer resolver tudo sozinha, então que resolva! Eu cansei das “bandidagens” da Cristal! – Declarei, decidido. Era assim que ia ser...

— Então tá, ursinho... – O Well fez uma cara de quem não estava acreditando e mim – Mas agora “vamô” que o pessoal não vê a hora de voltar para o hotel...

Saímos do camarim e dei de cara com ela, a minha Vidinha. Ela estava pálida, o cabelo preso, a expressão abatida. Aquela foi das poucas vezes que a vi como um cristal mesmo, frágil e delicada.

Trocamos olhares por alguns segundos. Ela parecia estar ali para falar comigo, porém não disse nada. Apenas ficou ali, parada, me encarando, esperando uma atitude minha.

Atitude essa que não veio. Eu tinha acabado de dizer que estava cansando de correr atrás dela e não dava para voltar atrás agora... Eu precisava seguir em frente, mostrar para ela que estava cansado de sempre vê-la fugindo de mim...

— Luan... Vamô pro hotel? – O Well me chamou meio que perguntando se eu queria ir ou ficar. Na certa ele percebeu a "tensão" do momento.

— Vamô... vamô sim, cara... – Dei uma última olhada para a Cristal e segui pelo corredor sem olhar para trás com o meu segurança atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

Peraí, produção:

Luan deixou a Cristal no vácuo? É isso, mesmo?

Nunca antes na história dessa fic foi visto algo deste tipo!

E agora? É o fim do Casal Vidinha? Será? Só digo uma coisa: O depoimento que a Cris gravou no aniversário do Luan vai estar no próximo cap. #FicaDica

Meninas, façam as suas apostas! INC tá fervendo!

E fiquem com o apelo: #VoltaCasalVidinha

(***)
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