Incondicional escrita por Manu Dantas


Capítulo 35
Segunda temporada - capítulo 4 - É nóis no Planeta, rapáiz - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Será que tem "Felinete" por aí? Rs!

Aviso aos navegantes: Cap tá beeem bacana! Ouso dizer que está "divástico", como diria a Thay e a Bequinha! Leiam e depois me digam se eu estava certa, ok?

Aproveitem! xD



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No último capítulo:

O carro parou e o Well se preparou para abrir a porta da van. O Luan apertou a minha mão ainda mais forte. Do lado de fora era possível sentir a expectativa das meninas que estavam ali para ver o seu ídolo.

Era agora, o tudo ou nada. Aquela seria a minha chance de conseguir provar para todo mundo que o nosso relacionamento poderia dar certo sim, independente de todas as crises, boatos, especulações e intrigas.
A porta abriu. Respirei fundo. “Calma Cristal, calma”! 

O segurança desceu primeiro, abrindo caminho entre as garotas. Para minha surpresa, todas elas estavam em silêncio. Com certeza as fãs imaginaram que se não houvesse tumulto e gritaria as chances de o Luan conseguir atender a todas aumentaria.

Vi meu namorado levantar do banco e se dirigir para a porta do carro ainda segurando a minha mão com firmeza. Ele me encarou e, sem dizer uma palavra, entendi que ele gostaria que eu estivesse ao seu lado naquele momento. Também levantei pegando a minha bolsa e descemos juntos para a calçada. Assim que colocamos o pé para fora, foi como se alguém tivesse puxado um gatilho ou acionado um alarme... Quase todas as meninas começaram a gritar, a maioria dizendo frases de desaprovação por causa da minha presença ali.

A primeira fã se adiantou para tirar foto com o Lú. Vi ele dar um abraço muito apertado na garota que aparentava não ter mais de 15 anos e posar junto dela. Tentei me oferecer para bater a foto, mas a garota me ignorou deliberadamente, me deixando um pouco constrangida.

A próxima Luanete era uma negra alta, que parecia ter uns 18 anos. Ela olhou para mim com uma expressão de desprezo antes de tirar a sua foto com o Luan. Ele havia soltado a minha mão para abraçar as fãs e sem o seu toque eu me sentia desorientada.

A situação só foi piorando. Uma das garotas estava chorando e me acusou de roubar o Lú delas. A outra reclamou que ele não entrava mais no Twitter por minha causa e uma terceira ainda disse que preferia o Luan solteiro. 

Não sei quanto tempo eu aguentei ali... Foram poucos minutos que para mim mais pareceram uma eternidade. As fãs me desprezavam e me tratavam com muita frieza enquanto eu permanecia ali, ao lado do Luan, tentando encontrar uma maneira de reverter essa situação. Eu tremia, e não sabia se era de nervosismo, de medo, de raiva ou por causa de tudo isso junto. Minha garganta ficou seca e de repente tudo o que eu mais queria nessa vida era desaparecer da face da terra. O Lú me olhava tentando me dar força, mas eu sabia que ele não iria dizer nada em minha defesa que fosse desagradar as fãs. Pensando bem, nem eu queria que ele fizesse algo. O Luan estava ali para atendê-las, aquele era o momento delas e se alguém estava sobrando, esse alguém era eu...

Sem falar nada, fui abrindo caminho pela multidão a caminho do saguão do hotel. O Well e o Luan me olharam preocupados quando viram eu me afastando, mas fiz sinal de que tudo estava sob controle e continuei caminhando em frente. 

Para o meu azar, a missão não seria tão fácil como eu imaginei. Levei alguns puxões de cabelo e muitos esbarrões e trombadas, sem contar os comentários de mau gosto que ouvi pelo caminho. Eu sentia uma vontade enorme de chorar. Nunca passei por uma situação tão humilhante em toda a minha vida.

Quando estava quase chegando ao saguão, uma fã loira, na casa dos 19 anos, de olhos claros e expressão “fatal” me parou no caminho. Ela me mediu da cabeça aos pés fazendo o meu corpo gelar diante da sua avaliação. Algo nela me assustou muito.

— Fica esperta, senão a gente te pega – Ela falou olhando diretamente nos meus olhos tentando me intimidar.

Se é que era possível, senti meu corpo tremer ainda mais após ouvir a ameaça dela. Eu já estava bem assustada por causa dos e-mails misteriosos que andava recebendo...

— Vem Cristal, vem... – Senti alguém me puxando em direção à porta. Só depois que adentrei o salão é que percebi que se tratava do Rober. Ele e o Anderson já haviam descido da van e entrado direto no prédio, enquanto eu e o Luan paramos para atender as fãs.

— Nossa, você está gelada! – O Gutão também apareceu ao meu lado sem eu nem me dar conta – Vem cá, senta um pouco, menina! – O personal me conduziu até umas poltronas instaladas na recepção do hotel. Eu estava assustada demais para resistir, então apenas deixei que ele me falasse o que fazer.

— Aqui, toma um gole de água – O Rober me passou um copo d’água com uma expressão bem preocupada no rosto.

Tentei dar um gole, mas descobri que não tinha condições de nada. Todas as minhas energias estavam concentradas no fato de que eu não podia chorar. Não ali, na frente de todo mundo, na frente das fãs...

“Calma Cristal, calma!”

— Cristal, tá tudo bem? – Ouvi o Anderson me perguntar com a voz suave. Apenas assenti com a cabeça, os pensamentos rodando na minha cabeça.

— Olha Cris, sei tudo isso é muito difícil, mas vai passar. É que o namoro ainda é novidade para as fãs, com o tempo elas vão se acostumar – O empresário tentou me acalmar – E se você quer saber de uma coisa, se existe uma pessoa capaz de enfrentar tudo isso, esse alguém é você – Ele me confessou se abaixando na minha frente e colocando a mão no meu joelho – Sei que no começo eu fui contra esse relacionamento, mas hoje sei que você é a pessoa certa para passar tudo isso ao lado do Luan. Você só precisa ser forte, Cristal. Como você sempre foi... 

Respirei fundo, tomei mais um gole de água e fechei os olhos tentando encontrar uma “luz” no meio de toda aquela confusão. Quando tornei a abri-los, vi o Luan se aproximando de mim seguido pelo Well. Ele estava com uma expressão abatida e caminhava diretamente em minha direção. Ao chegar perto, o Lú apenas me estendeu a mão, em um convite silencioso para segui-lo. Deixei o copo na mesinha ao lado, levantei pegando a minha bolsa e agradecendo o Rob, o Gutão e o Anderson e fui de encontro ao meu namorado. Seguimos até o elevador juntos em silêncio, o segurança atrás de nós com uma expressão de “eu sabia que isso não ia dar certo”. Às vezes eu tinha vontade de bater no Welligton...

Começamos a subir até o 13º andar, onde o Lú estava hospedado. Eu olhava para todos os lados, menos para ele. Estava com medo de que ele percebesse o quanto fiquei em choque depois do encontro com as fãs. Passamos por dois andares no mais completo silêncio até que eu senti a mão dele me segurando e me puxando para perto. Depois ele recostou a sua cabeça no meu ombro e bem baixinho disse: “Desculpa”.

— Não precisa pedir desculpa! Tudo isso faz parte... – Falei me esforçando para manter o meu tom de voz calmo.

— Você tá bem? – Ele me perguntou ainda com a cabeça no meu ombro.

— Tá tudo bem, tá tudo bem... – Passei as mãos pelos cabelos dele suavemente.

— Fiquei com medo de te perder... Eu não podia fazer nada... Era as duas razões da minha vida ali, brigando na minha frente – O tom de voz dele era muito angustiado.

— Já disse, Lú. Tá tudo bem... Eu te entendo, eu te entendo... – Coloquei uma mão de cada lado do seu rosto o forçando a olhar para mim – Tá tudo bem, entendeu? – Repeti, dessa vez com a voz mais firme. 

— “Tendi”... – Ele me disse com a voz baixa – Só quero que fique tudo bem entre a gente, sempre – O Lú completou agora me encarando com os olhos cheios de dúvida.

— Vai ficar... Sempre fica, lembra? – Dei um meio sorriso para ele.


— É, fica quando você não briga comigo, né? – O Luan retrucou recuperando o humor.

— Só brigo porque você me provoca – Retruquei no meu típico tom sério. Por dentro eu estava aliviada por a tensão entre nós ter diminuído.

— Fala aí, Well... Cristal “num” é mais “braba” que uma onça? – Meu namorado continuou me provocando agora me apertando ainda mais em seus braços e cutucando a minha barriga, me fazendo rir sem parar. Do fundo do elevador, o segurança soltou o ar pesadamente com uma expressão de “Prefiro vocês dois brigando...”.

— Luan, para com isso! Vai entrar gente nesse andar... – Consegui pedir entre o “ataque de cócegas” que estava recebendo do meu namorado. O painel do elevador indicava que alguém estava esperando no 9º andar.

Antes que pudéssemos nos ajeitar, as portas abriram e um homem moreno e baixo entrou no elevador junto com a gente. Ele vestia uma calça preta, camiseta branca, colete preto e tinha um lenço com estampa de tigre amarrado na cintura, sem contar os acessórios como correntes e brincos de ouro. Ao ver o “curioso” elemento, nos endireitamos e fizemos cara de “somos pessoas comportadas” tentando segurar as gargalhadas.

— Luan Santana! Mas que honra te encontrar, “parça”. Sou um grande admirador seu – O rapaz disse com um forte sotaque carioca e gesticulando com as mãos de uma maneira chamativa enquanto o elevador retomava a sua subida.

— Pô cara, valeu! – Meu namorado respondeu educadamente.

— Sabe, eu sou músico também! Ando por aí fazendo um som a galera, só curtindo... Deixa eu me apresentar, sou o MC Felino – O moreno estendeu a mão para o Luan – Seria uma honra e um grande prazer fazer um “Funknejo” contigo, o príncipe do sertanejo universitário.

— Demorô, cara! Ia ser top... Chique “dimais” – O Lú apertou a mão do funkeiro todo empolgado.

— Fechô, então! Um dia vou ser que nem você, “realeza”! Ainda vou ter umas “Felinetes” dessa categoria... – O MC Felino olhou para mim ao terminar a frase.

Oi? Felinetes? O cara estava falando de mim?

— Ahh rapáiz, mas dessa categoria aqui eu demorei muito tempo para conquistar... E olha que não foi fácil, não – O Luan me encarou com um sorriso malicioso no rosto enquanto colocava as duas mãos na minha cintura e me puxava de novo para perto de si.

Fiquei furiosa com o meu namorado. O MC Felino estava flertando comigo e tudo o que o Luan fazia era dar mais corda para ele?

O elevador parou no 11º andar logo em seguida. – Falô aê, parceiro! Se precisar de qualquer coisa, tô aqui nesse andar! É só chamar! – O MC disse dirigindo-se ao Luan. Depois, ele virou para mim, pegou a minha mão e a beijou – Encantado em conhecê-la, “riqueza”. Se todas as negas do Luan forem que nem você, esse cara tá feito na vida – Ele me disse antes de sair caminhando pelo corredor.

Assim que a porta fechou e voltamos a subir, o Luan caiu na gargalhada. Nem o Well aguentou. Até o segurança riu alto daquela situação.

— Luan... O cara estava todo de graça pro meu lado e você não faz nada? – Tentei parecer irritada. Na verdade, o MC falava de um jeito tão engraçado e tinha um jeito tão “singular” que era impossível ficar brava. Talvez ele só estivesse tentando me fazer um elogio... Ao seu modo, é claro...

— Cristalzete, a rainha dos MC’s! – O Luan estava se divertindo muito às minhas custas – Viu só, Well? Riqueza, rapáiz! Vê se pode! Quanta categoria!

— Luan, quer fazer o favor de parar de rir de mim? Você deveria me defender e não dar apoio a esse tal de Felino – Cruzei os braços e peguei o meu celular para fingir que não estava gostando da situação. Por dentro eu estava achando a cara de pau do MC muito hilária.

— “Ela não anda, ela desfila... Ela é top, é capa de revista...” – O Luan começou a cantar para me provocar ainda mais.


Ignorei-o me concentrando na tela do meu telefone. Vi que tinha um e-mail não lido, e resolvi checar o que era.

“Espero que você esteja preparada, porque a sua hora tá chegando. Depois não diga que eu não avisei...”

Fiquei gelada de repente. Mais um e-mail misterioso... Novamente senti a sensação de que a pessoa que estava por trás daquelas mensagens não estava só de brincadeira. Um misto de emoções tomou conta de mim: Medo, incerteza, angústia... Será que tudo aquilo era por que eu estava com o Luan? Era tão errado assim namorar com ele?

— Ahhh Vidinha, vai falar que você ficou brava de verdade? – Ouvi o Luan me perguntar me virando para ficar de frente para ele – Ih... O que foi Cristal? O que aconteceu? - Ele ficou sério ao ver a minha expressão.

Nesse momento as portas do elevador se abriram no 13º andar, onde três fãs esperavam pelo Luan. Como elas sempre sabiam onde ele estaria era um mistério que eu nunca conseguiria desvendar...

— Luaaaannn – Uma das meninas chamou com uma voz bem emocionada.

— Fotos só lá embaixo, fotos só lá embaixo – O Well se adiantou e entrou na nossa frente impedindo as fãs de entrarem no elevador.

Eu e o Luan ficamos sem saber o que fazer. Eu ainda estava parada de frente para ele e uma de suas mãos me segurava pela cintura. Demorou alguns segundos para que nós percebêssemos os olhares do Well de “Andem logo e entrem no quarto”. Vacilamos por alguns momentos, mas as meninas estavam começando a discutir com o Well e isso fez com que o Luan desse um passo a frente.

— Vai – Disse para ele – Te espero no quarto – Completei antes de sair de cabeça baixa, morrendo de medo de ouvir mais desaforos. 

Sai do elevador e dei dois passos pelo corredor quando senti o Lú me puxando pelo braço – Eu já tô indo te encontrar, vida – Ele me respondeu com uma expressão aflita no rosto ao ver a minha cara que devia estar péssima depois de toda a confusão na frente do hotel e do e-mail misterioso... Apenas concordei com a cabeça antes de voltar a andar em direção ao quarto. Atrás de mim eu podia ouvir as Luanetes felizes por conseguirem o tão sonhado abraço do Luan e poderia imaginar que o Well estava bravo porque o Lú o desobedeceu. Quem poderia culpá-las por irem atrás do seu ídolo? Eu só queria que elas entendessem que eu precisava tanto dele quanto elas...

Entrei no quarto e me joguei na cama, completamente arrasada. Eu nunca deveria ter ido para aquela viagem... O meu lugar não era ali, perto do Luan. Eu tinha uma vida complicada e confusa demais, cheia de problemas mal resolvidos. A lógica era simples: Era injusto trazer mais problemas à vida do Luan e também era injusto querer compartilhar o meu passado com ele...

Pensando nisso, peguei as minhas malas que ainda estavam no mesmo lugar onde deixei e segui até a porta, decidida a voltar para casa. Ao sair no corredor, dei de cara com o Luan.

— O que você tá fazendo? – Ele me perguntou com a voz surpresa.

— Estou indo embora – Respondi com a cara emburrada.

— Embora pra onde, muié? Cristal, o que está acontecendo?

— Não está acontecendo nada. Só acho que foi um erro ter vindo para esse show – Tentei manter o tom de voz firme.

— Cristal, Cristal... Eu conheço de cor e salteado cada uma das suas desculpas esfarrapadas – O Luan me advertiu – Me conta o que está acontecendo...

— Já disse... Foi um erro vir para esse show! Estou cansada e quero ir para casa!

— Você não vai pra lugar nenhum à uma hora dessas da noite – Meu namorado tentou se impor.

— Luan, já está tarde, você está cansado e doente... Não vou discutir com você. Estou indo para casa. Boa noite! – Falei seguindo para o elevador com a mala nas mãos. As fãs e o Well ainda estavam por ali, o que só piorava a situação.

— Então vai ser assim, Cristal? Você vai continuar me deixando e brigando comigo sem eu saber o motivo? Pensei que a gente estivesse junto nisso, até o final, lembra? – Ouvi o Luan praticamente gritar.

Olhei para o Well implorando por ajuda. Graças a Deus, ele pareceu me entender, porque saiu correndo até a porta do quarto, e pelo que pude perceber, deu um jeito de colocar o Lú pra dentro e impedi-lo de vir atrás de mim.

O elevador demorou o que me pareceu uma eternidade para chegar até o meu andar. Enquanto esperava, fiquei ouvindo os comentários das fãs, que me julgavam do canto do corredor.

“Ela até que é bonita...”

“Vocês viram como o Luan gritou por ela? O Nego parecia triste de verdade...”

“Por que será que ela está indo embora? Eles terminaram?”

“Vocês viram como ele atendeu a gente rápido? Tudo por culpa dela...”

Finalmente o elevador chegou e eu tratei de entrar e apertar o botão da garagem o mais rápido que consegui. Depois de horas, aquela era a primeira vez que eu ficava sozinha. Fechei os olhos e senti as lágrimas tomarem conta do meu rosto. Chorei como há muito tempo não chorava... Como era possível que a época mais feliz da minha vida também fosse a mais difícil?
 

***
Ponto de Vista do Luan

— Achou a Cristal, Well? – Perguntei pelo celular.

— Não, Luan. Fui até a garagem, mas o pessoal do hotel disse que ela tinha acabado de sair. Até tentei ir atrás dela, mas não achei nada. A Cristal já pegou a estrada mesmo... – Ele me respondeu com voz de “cachorro sem dono”.

— Beleza, cara. Vô tentar o celular dela de novo. Depois “noís” “cê” fala – Desliguei e disquei o número da Cris.

— Caixa postal... Ô diacho... – Resmunguei comigo mesmo. Já tinha quase uma hora que estava tentando falar com a Cristal sem nenhum sucesso. 

A preocupação já estava tomando conta de mim. Nada tinha dado certo naquele dia... Meu coração estava doendo de ver as minhas “negolas” tratarem a Cris do jeito que elas trataram. Nunca pensei que fosse pensar isso, mas por um instante eu quis largar tudo, todas as minhas fãs, todo o sucesso, tudo mesmo para ir atrás da Cristal e protegê-la de tudo o que as meninas estavam fazendo com ela.


Fiquei andando de um lado para outro no quarto, inquieto demais para fazer qualquer coisa. Enquanto não tivesse notícias da Cris eu não ia sossegar. Enquanto esperava, fiquei lembrando do tempo que nós ainda não namorávamos e vivíamos brigando. 

Relembrei também toda a história da Cristal... Tudo pelo o que ela havia passado, o jeito como ela entrou na minha frente para me proteger do Diogo, dela no hospital, do nosso reencontro em casa, da virada de ano perfeita que passamos no antigo apartamento dela lá em Sampa...

Eu e a Cris já tínhamos passado por muita coisa juntos e sabíamos que enfrentar o assédio das fãs em torno do nosso namoro seria mais uma “barra”. Mas acho que ela não imaginava que seria tão difícil! Eu já estava acostumado com toda aquela bagunça, mas se pudesse, eu protegeria a Cris daquela exposição.

Respirei fundo. Eu sabia que a Cris tinha ficado balançada com a “cara feia” das minhas “negas”, mas tinha mais coisa ali. Aquela “bandida” estava me escondendo alguma coisa...

— Ai, ai, ai Cristal... Sempre fugindo de mim e me deixando louco! – Falei me jogando na cama, completamente cansado e ficando mais preocupado a cada minuto. 

Será que o Diogo estava aprontando alguma coisa com ela? Será que aquele “lazarento” tinha voltado a pegar no pé da Cris? Ou será que outra coisa? Será que era alguma coisa comigo?

Cansei de tanto esperar e resolvi tomar um banho gelado para esfriar as ideias. Quanto mais eu pensava mais eu tinha certeza que a Cris estava me escondendo alguma coisa. A cara que ela fez no elevador depois que mexeu no celular tinha a entregado.

Tirei a roupa e entrei embaixo d’água. Por mais que eu tentasse, a Cris não saía da minha cabeça. Por que ela ainda não confiava em mim? Por que ela não dividia os seus problemas comigo? Será que ela achava que eu não seria capaz de ajudá-la?

Sai do chuveiro e comecei a me secar muito bravo com a Cristal. A gente era namorados agora, poxa! Quando aquela “muié” ia parar de fugir? Não era certo ela ficar escondendo nada de mim... E também não era certo ela me abandonar no hotel daquele jeito... Se estava comigo, tinha que ficar ao meu lado! Namorada era pra isso não era? Isso não ia ficar daquele jeito... Quando eu falasse com a Cristal, nós iríamos ter uma conversa muito séria, rapáiz... Eu ia acabar essa “palhaçada”! Ou ela era a minha namorada do jeito certo, ou o nosso “relacionamento” ia “pro pau de vez”... Que isso? Eu era um homem das “antiga” e não ia aceitar aquilo da mulher ficar fazendo o que bem queria...

Saí do banheiro com uma toalha enrolada na cintura enquanto secava o meu cabelo com outra. Quando entrei no quarto quase cai pra trás, tamanho foi o susto.

— Cristal?
 

***
Ponto de vista da Cristal

Vi o Luan sair do banheiro só com uma toalha enrolada na cintura. Definitivamente, foi uma ótima ideia desistir de voltar para casa, dar meia-volta e pedir a ajuda do Rober para conseguir a chave reserva do quarto do Lú.

— Oi – Respondi tentando parecer indiferente.

— Você não foi embora? – O Luan me perguntou parado que nem uma estátua perto da porta do banheiro e me olhando com uma cara de quem não estava entendendo nada.

— Então, eu fui... Mas aí eu ouvi um certo cantor sertanejo cantar no rádio “Não vai embora não, deita aqui na cama...” – Cantei o refrão de “Sogrão Caprichou” para ele ainda fingindo que aquela situação era completamente normal.

— E se alguém te perguntar... – Ele falou sorrindo com a brincadeira.

— Eu falo que estou com o Luan Santana – Completei a frase olhando-o fixamente nos olhos.

— Olha Cristal, e eu vou falar bem baixinho que é pra você saber – Ele continuou caminhando até mim com um olhar que era capaz de me tirar o fôlego. Eu estava deitada na cama e a minha saia marcava um pouco as minhas pernas e o Lú parecia gostar muito disso – O sogrão caprichou muito na hora de fazer você, hein? – Ouvi o Lú cantar a estrofe da música no meu ouvido, ele de joelhos ao meu lado na cama, o cheiro de banho recém tomado dominando todo o lugar. “Calma Cristal, calma”.

Virei o rosto em sua direção ficando a poucos centímetros de distância dele – Desculpa – Pedi com o máximo de sinceridade que eu consegui reunir – No momento que peguei a estrada eu me arrependi de ter ido embora.

— E por que você foi embora? – O Lú me perguntou sério. Nós estávamos muito perto, mas ele não me tocava. E aquilo já estava me incomodando...

— Porque eu me desesperei... Achei que não era justo trazer mais problemas para a sua vida – Falei a verdade. No fundo, eu ainda pensava daquela forma. A questão é que eu era egoísta demais para aguentar me afastar dele.

— E desde quando você traz problemas para a minha vida? – Ele continuou sério, a voz grave.

— Bom... desde sempre, né? Acho que a nossa relação nunca foi exatamente normal... – Tentei “quebrar o climão” entre nós, o que deu certo, porque ganhei um sorriso em resposta.

— Você tá certa, vidinha. Mas será que nunca passou pela sua cabecinha oca e teimosa que talvez seja exatamente por isso que eu gosto tanto de você? – Ele provocou arrumando os cabelos que estavam caindo na sua testa – Ô muié, eu quero poder tomar conta de você. Será que é tão difícil de entender?

— E eu quero ficar ao seu lado, porque esse é o meu lugar... – Respondi com a voz baixinha louca para tocá-lo, mas achei melhor esperar pela atitude dele.

— E o que foi que te deixou “braba” no elevador? – Ele quis saber.

— Não foi nada... – Tratei de desconversar. Tudo o que eu menos queria era que o Lú ficasse preocupado por causa dos e-mails misteriosos que eu andava recebendo.

— Cristaaaaal... – Meu namorado fez uma voz brava – Eu te conheço, não mente pra mim...

— Me conhece, é? – Levantei uma sobrancelha o e encarando – Então me diz, o que eu quero agora? – Corri os olhos pelo seu corpo enquanto mordia os lábios e jogava o cabelo, consciente de que o Luan não resistia quando eu fazia isso.

— Ahhhh Cristal... – Ele me olhou com um sorriso malandro nos lábios, aquele que fazia o meu coração parar dentro do peito. No instante seguinte, ele estava me beijando, as mãos me puxando de forma que fiquei por cima enquanto ele deitava na cama.

— Isso significa que eu estou perdoada? – Perguntei interrompendo o nosso beijo de propósito.

— Isso significa que eu amo você demais... – Ele me deu um selinho – E que eu estou com muita saudade... – Outro selinho – E que fiquei preocupado demais com “ocê” pra ficar de “prosa” fiada agora – Mais um selinho – Mas a senhora vai me explicar essa história todinha depois, viu sua “bandida”? Não quero mais você fugindo de mim... – Ele mal completou a frase e já voltou a me beijar, puxando o meu cabelo com uma mão enquanto a outra já ia subindo a minha blusa para tirá-la.

Respirei aliviada. O Luan tinha me perdoado e eu tinha conseguido enrolá-lo sobre os e-mails. Certamente, mais tarde, quando a gente estivesse conversando e ele tocando violão para mim na cama, ele ia lembrar de muita coisa, menos daquilo... Por enquanto aquele era um segredo só meu.


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Notas finais do capítulo

Ok, vamos por partes:
O que acharam do jeito que as fãs trataram a Cris?
E o e-mail misterioso?
E o Mc Felino?
E a briga? E a reconcicliação? "Casal Vidinha" causou nesse cap, hein?
Ahhh, quero comentários, pelo amor! Preciso saber se vocês gostaram!



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