O Circo Inomeável escrita por Reira chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem, não tem nada realmente grave na história, mas achei melhor não arriscar a colocar +13 na bagaça né.



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As roupas coloridas do anunciante brilhavam e contrastavam com a alta melancolia cada vez mais clara nos passantes e no cenário ao seu redor. Sua voz, ainda mais evidenciada pelo geito incessante e escandaloso, ainda tinha a vantagem de ser absurdamente aguda e potente, sendo portanto justificável os olhares curiosos e às vezes assustados que se atraíam por ele.

 - Venham! Conheçam o nosso grande circo! Apreciam nossos maravilhosos números! Riam com nossos fantásticos palhaços! Apreciam a atração do impossível com nosso incrível mágico! Aproveitem de boas risadas, boa comida e ótimo tempo! Venham!

O mundo cinzento ao seu redor cada vez mais se aproximava, curioso e salivante. Alguns faziam perguntas, outros simplesmente pegavam um dos folhetos grandes e espalhafatosos que ele jogava para cima e deixava cair desleixadamente no chão, distribuindo assim em todas as direções.

"Circo!" era a única palavra que era lida no topo da página, amarela, grande e brilhante, com letras cheias de rabos e detalhes, tão visível que era quase audível no silêncio de sua existência. Isso atraiu ainda mais a atenção dos passantes cinzentos. Uma delas colocou a mão na cintura, com indignação visível no rosto.

 - Oras, mas o circo não tem nome? - disse com uma voz nem grossa nem aguda, apenas suficiente. O anunciante colorido, sem perder o sorriso evidenciado pela maquiagem vermelho-vivo, respondeu:

 - O nome do circo é um segredo único para aqueles que o conhecem; ao final do espetácilo, ele será revelado! - sua voz soou, pela primeira vez no dia, baixa e apreensiva. Sua respiração estava mais audível agora, saindo em baforadas profundas e lentas.

Apesar de o tom também ser misterioso, foram as suas palavras, mais materiais, que atiçaram a curiosidade dos passantes. Os papéis que o anunciante jogara imediatamente sumiram no bolso dos passantes que pretendiam conhecer o endereço.

Enquanto eles se afastavam, com os olhos fixos no papel, conferindo a proximidade do endereço e compatibilidade dos horários, o anunciante, alegre, ainda berrou um ultimato:

 - Esse circo é paradisíaco!

Os passantes sorriram educadamente, mesmo que sem entender o significado.

...

Às exatas 21h32min, com dois minutos e cinco segundos de atraso, as cortinas vermelho-brilhantes se abriram, revelando um apresentador de roupas amarelas chamativas, com a mão esquerda segurando uma rosa vermelha e a direita um microfone rosa-claro em um tom conhecido como cor-de-pele. Foi este que ele aproximou dos lábios carnudos antes de falar, com a voz gorssa:

 - Sejam bem-vindos, muito bem-vindos, a esse fantástico espetáculo, senhoras e senhores! Como o combinado, o nome do circo será revelado ao final da apresentação, porém, enquanto esperam, aproveitem-na! - e ao final da simples fala, jogou a capa amarela à sua própria frente, desaparecendo quando ela tocou o chão, exatamente ao mesmo tempo em que uma banda multicolorida surgia tocando animada, fazendo todos os ali presentes escancararem as bocas de surpresa com a perfeição magnífica do timing.

Em seguida, um grupo de acrobatas esverdeados, cujos rostos soavam idênticos graças às suas maquiagens, entraram pulando, girando e se unindo em diferentes formas sincronizadas com a música, fazendo os olhos de várias crianças e de alguns adultos brilharem. Suas formas elásticas atraíam e hipnotizavam os olhares, e os espectadores internamente desejavam que aquilo nunca acabasse; diferentes partes de seus corpos brilhavam devido aos variados movimentos e excessiva iluminação, causando fascínio. Os olhos de sua platéia estavam ávidos por mais, e suas bocas suspiraram um lamento ao final.

Mas logo em seguida surgiu um mágico, cuja roupa azul-escura ondulava e brilhava com a luz. A platéria calou-se em seguida, curiosa, encarando-o e seguindo-o com o olhar. Ele se posicionou em frente ao palco e, sem dizer uma palavra, fez um rápido movimento com a mão. E de repente, todos os presentes sentiram alguma coisa incomodá-los debaixo das mangas da camisa, e imediatamente tiraram-na para ver o que era; e para a sua surpresa seus olhos encheram-se com a visão de uma rosa azul-escura e de cheiro atraente, exatamente da mesma cor que as roupas do mágico. Fascinados, todos aplaudiram e jogaram as flores no palco, em uma homenagem ao mágico. Ele sorriu e, com outro movimento, tornou-se o apresentador de antes, em roupas amarelas.

Pegou uma das rosas e ela tornou-se vermelha como a anterior. Então ele falou, na mesma voz grave de antes:

 - Vocês não perdem por esperar, respeitável público! Confiram, logo após os palhaços e elefantes, o meu próprio número, O Mágico Calado! - e ao fim dessas palavras, sumiu, assustando a platéia, e logo em seguida a música recomeçou e surgiram dois palhaços vestidos de laranja, pulando e batendo palmas. As pessoas distraíram-se; em poucos segundos todos riam, batendo palmas e chegando até a derramar poucas lágrimas devido às gargalhadas.

Ao fim do número, todos estavam felizes e achavam que tinham entendido as palavras do anunciante: o circo era realmente o paraíso; tudo era perfeito e divertido; por uma hora as próprias vidas e problemas foram esquecidos por todos.

Em seguida, surgiram elefantes incrivelmente talentosos, equilibrando-se em enormes bolas liláses da mesma cor das roupas dos treinadores que os acompanhavam; todos se impressionaram com seu incrível trabalho.

E depois, o número esperado: o mágico novamente surgiu com roupas azul-escuras e sua rosa mutante que agora tinha a mesma cor. Se postrou diante da platéia, novamente sem uma palavra. Esperou.

Repentinamente, bateu o pé, um barulho estalado ecoando. Todos esperaram. Nada aconteceu. Ele riu por alguns instantes e parou. E quando parou, de repente, várias serpentinas caíram do teto em suas diferentes cores, assustando a platéia. Algumas mulheres reclamaram que havia bagunçado seus cabelos, estragando o penteado. O mágico, calado, simplesmente estendeu o braço e deslizou com a mão por toda a extensão da platéia, para ao final abaixá-la. As serpentinas sumiram e as mulheres gritaram.

Assim o número se seguiu, mudo e impressionante, perfeito como tudo naquele circo paradisíaco, fascinando a todos. Várias mágicas depois, o mágico repentinamente se tornou o apresentador, com suas roupas amareladas, sorrindo e falando animado:

 - Infelizmente, senhoras e senhores, tudo o que é bom dura pouco; o espetáculo está acabando. Falta apenas um último número de mágico, e logo depois a curiosidade dos senhores será saciada.

A platéia ficou em dúvida se lamentava ou comemorava; mas sua atenção foi voltada ao apresentador que, calado, com a expressão do máfico, mas as roupas dele mesmo, levantou os dois braços em direção ao alto lentamente, inicialmente com as mãos espalmadas, mas enquando subia ele ia fechando os dedos com a mesma lentidão, em silêncio, até que estava apontando o indicador para o teto.

Ao terminar, de repente uma enorme barreira de fogo subiu à sua frente, como se tentasse lamber o ar, agitada. A platéia pulou para trás, com susto em seus rostos; o mágico, rindo escandalosamente, desceu o braço e apontou à platéia à sua frente.

O fogo avançou sobre esta, chegando até o teto, amarelo como a roupa do apresentador; assustadoramente no mesmo tom e cor. Algumas pessoas à frente da platéia gritaram, sangrando e queimando de fora pra dentro. Atrás do público, a lona se abriu, e a platéia correu assustada se empurrando em desespero, de forma assustadoramente mais lenta que as chamas amareladas, perdendo o ar durante a corrida enquanto o próprio fogo sugava as reservas que eles tinham. Alguns alcançaram a liberdade. Outros não, mas sobre estes ninguém quis pensar assim que teve a certeza de não estar entre eles.

Todos se reuniram, bufando, encarando-se assustados. O circo paradisíaco havia conhecido o inferno e o diabo infiltrado fora o anjo que mais atraíra atenção. E esse pensamento os assustou tanto quanto a pergunta irrespondível que assaltou suas cabeças repentinamente em casa, enquanto eles, deitados na cama, tentavam dormir.

Qual era, afinal, o nome do circo?


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Notas finais do capítulo

Então, leitores, suas teorias: qual o nome do circo?