Death Note: Unknown Note escrita por Jodie


Capítulo 2
Capítulo 1. Truques




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Outubro de 1987

É de uma pretensão quase romântica(2)  narrar minha história aqui, dessa forma.\Realmente, não nasci para piadas. Continuemos, sim? Preciso avisá-los, porém, que teremos diversos deuteragonismos(3) transitórios. Essa é a minha vez de ser protagonista.

Esse era o dia no qual o menino que era seu irmão postiço se tornaria mais velho que Faith, que, agora, se entitulava Faye.

Ela brincava de montar e desmontar um rádio antigo repetidamente, enquanto esperava a hora de seu pai postiço chegar.

Enquanto isso, um garoto que estava com uma das mãos lotada de doces e algo embaixo dos olhos que ensaiava olheiras entrava na sala. Ele carregava consigo uma caixa de quebra-cabeça. Sentou-se ao lado oposto à menina na mesa de mogno, e a abriu. Faye não notava, estava entretida demais com as peças luminosas e engrenagens que tinha por perto.

Dois anos antes, eles brincavam no jardim.

Agora, se encaravam dos lados opostos de uma mesa.

“Como você resolve essas coisas, esses ‘quebra-cabeças?’”

“Da mesma forma que você faz isso com o rádio. É uma questão de rearranjar os componentes corretamente.”

“Mas no caso do rádio é fácil ver distintamente onde cada peça vai, e, aí, não!”

“Você está treinada para resolver engrenagens, e, eu, quebra-cabeças.”

Por fim, permaneceram silenciosos, entretidos com seus labirintos pessoais enquanto aguardavam o retorno de Wammy.

A pouco menos de 1 kilômetro dali, um homem bem agasalhado estava carregando uma caixa de bolo com uma das mãos. A outra se ocupava de manter um menino silencioso de íris vermelhas próximo.

Não era a primeira vez que essa cena acontecia, mas apenas a segunda este ano que o bolo vinha acompanhado de uma vela.

Wammy tentara em vão fazer com que o menino lhe dirigisse a palavra, todas as outras 69 vezes que isto acontecera, porém o garoto dirigia qualquer manifestação verbal somente à irmã.

Ainda assim, naqueles corações acalentados, a esperança nunca morre.

“Animado para ver sua irmã na sua visita mensal, huh?”

O menino apenas o encarou com seus olhos escarlate.

Sete anos antes, Wammy Quillsh fizera um acordo – diga-se monólogo – com o menino onde, todo mês, ele levaria o pequeno Beyond Birthday para visitar sua irmã. A cada visita, esse menino assimilava mais e mais o jeito de L. Isso preocupava Wammy.

Por quê a preocupação?

Ela foi inútil.

E acredito que sempre será, comigo.

Obrigada, porém não existe orientação que quem quer que seja possa me dar. Sempre estive perdida, e nunca foi algo que eu tivesse de sobra.

Faltava até para mim.

Voltando para nossa dupla na mesa de mogno, esperamos durante um silêncio que zunia alguém falar algo.

A menina não resiste.

“Por que você come tantos doces, L?”

“Eles me ajudam a pensar.”

“Mas aí você não consegue dormir!”

“Eu sei.”

Ela largou o que estava fazendo e encarou o enigma metálico à sua frente, indiferente.

“Estou cansada de esperar, quero ver meu irmão.”

“Por que ele tem olhos vermelhos e, você, azuis?”

“E eu que vou saber por quê nossos olhos não são iguais?”

“ ‘Não são iguais’ não, são diferentes.”

“Claro que é ‘não são iguais’. Ele é meu irmão!”

“Ainda assim...”

Ambos foram interrompidos pelo tilintar da tranca da porta sendo aberta.

“Irmão!” Faye não perdeu tempo, e correu para abraçar o pequeno rapaz silencioso. Sua pele sem cor e gélida retribuiu o carinho, com a pele sobre os ossos do rosto se rasgando em um sorriso estranho e forçado. Pouco tempo depois, a mesma expressão facial marmórea retornou.

“Também estou feliz em vê-la, Faith.”

“Agora é Faye!”

Esse diálogo sempre terminava com ele olhando para um ponto fixo acima da cabeça dela e fazendo uma careta.

Depois, vocês já podem imaginar a cena clichê de um “parabéns” sendo entoado enquanto uma chama moribunda crepitava em uma vela, em cima de um bolo decorado.

O menino de olhos estranhos encarava o aniversariante. Um olhar inquietador, que desvendava segredos. Por algum motivo, alguma similaridade entre pontos acima da cabeça de L e de Faye o irritava. No dia seguinte, Wammy retornava com o menino para o orfanato. Essa cena se repetira depois desse acontecimento durante três anos. No quarto, ele se recusara à visitar a irmã com um simples gesto negativo com a cabeça.


Novembro de 1991

“Ele é seu irmão.” L disse.

Faye permaneceu calada, esperando a sequência.

“Eu sou seu irmão?”

A primeira badalada do Big Ben despontou. Foi possível ouvir alguns sinos, em sintonia com as badaladas seguintes. Os sinos...

“Claro que não.”

“Então, o que sou?”

Após uma espera que lhe pareceu longa, ele mordiscou a unha do dedão e  fez menção de sair de sua posição agachada na cadeira.

“Não. L, espere.”


Março de 1995

“Você tem certeza disso?” L, com seus 15 anos, perguntava à já crescida Faye.

“Tenho sim.” Ela abraçou aquele garoto magrelo e corcunda, e, logo depois, ajeitou seu cabelo curto, estranhamente similar ao dele. “Obrigada, Watari.” Aprendera a chamar Wammy assim já fazia 3 anos.

Ele sorriu.“Tome cuidado nos EUA, tudo bem, Faye?”

Alguns anos depois, haveria uma conferência em uma das salas envernizadas do orfanato entre um grupo de crianças e o maior detetive do mundo.

Uma conferência onde você estava.

Onde BB estava.

Posteriormente, também aprenderiam um novo apelido.

Felix.

Um belo fundo falso, com um coelho pronto para surpreender alguns espectadores de cavanhaque.

Eu sou o fundo, falso por pseudônimo. O coelho macabro que encobri, BB.

E, finalmente, o mágico que revelou a verdade parcial, ocultando sempre o fundo falso para não arruinar a magia de seu truque, L.


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Notas finais do capítulo

(2) Romantismo: também chamado de Romanticismo, foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. (Fonte: Wikipédia) NA
(3) Deuteragonista: Deuteragonista é o ator que desempenha um papel secundário, de acordo com a tradição dramática da tragédia grega. O ator que desempenha o papel principal designa-se por protagonista. (Fonte: Wikipédia) NA



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