O Anel De Prata escrita por Hermiarry Potter


Capítulo 2
Vozes, um grito e morte.


Notas iniciais do capítulo

Ficou meio dramático o título,mas era o que mais combinava :) Não revisei, se tiver erros de ortografia foi por falta de atenção mesmo *-* meu teclado é meio bugado.
Boa Leitura!



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Era primeiro de Setembro. Os primeiros raios do dia entravam pela minha janela do segundo andar. Eu e Rachel não dormimos nada de noite, então quando levantamos da cama parecíamos duas zumbis atormentadas.

–Já? –disse a minha melhor amiga, esfregando os olhos e sentando no colchão.

–É... Também, quem mandou a gente ir dormir três horas da manhã? –eu disse, sentando na minha cama. Peguei meu pente de madeira e comecei as escovar meu cabelo, os olhos quase fechando de cansaço.

–Desiste, Jessie. Está se empenhando numa batalha perdida. –disse Rachel Swane, referindo-se aos meus cabelos. Em parte ela tinha razão. Meus cabelos loiros eram cortados acima da altura dos meus ombros por uma tesoura de plástico por mim mesma. As pontas sempre ficavam tortas e desiguais, mas eu não dava a mínima. Melhor que minhas madeixas ficasse assim, terrivelmente estranhas, que bonitas e chamativas.

Eu nunca fui do tipo que tenta chamar atenção com beleza. Na verdade, nunca tentei chamar atenção dos outros com nada.

–Olha, é bom nos apressarmos. Daqui a pouco vão ser sete horas e ainda não vamos estar nem prontas! –disse Rachel.

–Tá, Rachel, calma! –eu disse, conseguindo abaixar um último fio de cabelo. –Eu vou me trocar. –e peguei minhas roupas e fui ao banheiro.

Nenhuma roupa minha se encaixava no padrão “normal”. Peguei um conjunto de roupas sem ver, que vinha a ser uma blusa azul escura, com desenhos coloridos sem nexo, uma camisa xadrez de várias cores com botões brancos, uma calça jeans clara e um All Star de cano alto, todo rabiscado com estrelas e linhas coloridas por mim.

Era bem difícil achar alguém que aprovasse esse meu gosto de estilo na minha escola. Era exatamente o contrário, as pessoas prefiriam se afastar de mim. Azar delas.

Vesti o conjunto inusitado e voltei pro quarto, onde Rachel estava vestindo uma bata cor-de-rosa com detalhes amarelos, uma legging lilás e scarpins cor-de-rosa.

–Ah, hoje você caprichou, hein? –perguntou Rachel, observando a minha roupa.

–Claro, como se eu estivesse ligando muito pro que eu peguei no armário. –retruquei a Rachel, que agora prendia os cabelos ruivos num rabo de cavalo.

–Jessie, Rachel? Desçam! Mamãe já está chamando! –gritava Pamela do andar de baixo chamando-nos para tomar café.

Eu e Rachel descemos pela barra de ferro que tem no meu quarto, que nos levou pro andar de baixo.

Lá nos esperava Pamela McAlesse, uma garota alta de dezessete anos que eu chamava de “irmã”.

–Boa dia, Pamy! –eu e Rachel dissemos ao mesmo tempo.

–Bom dia, Belas Adormecidas! Que horas você foram dormir ontem, hein? –ela disse com um olhar repreendedor e um sorriso travesso.

–Ah... Umas... Três... –eu disse.

–Três?! –exclamou Pamela.

–É, mas foi por uma razão importante, Pamy... –Rachel tentou se explicar.

–Sei... Destruir o Lorde Magazóide dos seus videogames é suuuuper importante, não? –disse a loira, sarcástica. –Vamos tomar café. Faz um século que a mãe preparou esse café, já deve estar frio.


Depois de tomarmos café, eu e Rachel fomos andando até a minha escola. Ela fica a quase um quilômetro da casa, e não se pode chamar a Rachel daquele tipo de pessoa que ama caminhar.

–Por que a gente não pega o ônibus? –reclamava Rachel, com uma cara de dor e as costas encurvadas.

–Porque ele já passou faz um bom tempo, e estávamos dormindo, Rachel. Vamos andar mais rápido. Se a gente se atrasa no primeiro dia de aula, tenho certeza que a Sra. White vai ter o prazer de nos comer vivas. –ela respondeu. A Sra. White era a professora mais detestável daquela escola, como se não bastassem os outros pra enfernizar a nossa vida. A Sra. White nos odiava, disso eu tenho certeza. Não poupava detenções e injustiça.

Chegamos ao Colégio McKenzie bem em cima da hora, 7:23. Com muita sorte,conseguimos chegar dois minutos antes dos portões serem fechados. Filch, o zelador, olhavanos com desconfiança, e continuou a limpar o gramada. Argo Filch nos odiava, nunca estava de bem com a vida. Acho que a única vez que vi o seu sorriso foi quando Derek Massias foi expulso por pendurar sua gata Kloe no mastro da bandeira no dia da independência.

Fomos pros nossos antigos armários guardar nossos materiais e vimos do nosso lado um menino de cabelos ruivos muito mal penteados, de olhos verdes, um pouco mais alto que mim e Rachel, olhando pra gente.

Ele era Nathaniel Chase. Era nosso melhor amigo, meu e de Rachel. Nós chamávamos ele de Nath, mesmo sabendo que o apelido comum pra Nathaniel é Nathan. Mas ele nem ligou e disse que ele não era uma pessoa comum

–Nath! –exclamei e o abracei. –Como foram as férias? –disse o largando.

–Como se você não soubesse, né, Jessie?! –disse sarcástico o meu melhor amigo. Eu, ele e Rachel havíamos passado a tarde inteira no Central Park no dia anterior.

–Oi, Nathaniel. –disse Rachel.

–Oi,Rachel. –disse Nathaniel. –Como está o seu braço?

–Não sei... Acho que ainda com as marcas dos seus dentes! –exclamou ela, mostrando o braço mordido.

–É, eu o meu pescoço também ainda tá vermelho por causa do tapa que você me deu! –retrucou ele.

–Tá, mas a culpa não é minha se você me derrubou no lago!

–Foi um acidente, Rachel!

–Não foi n... –disse Rachel, mas eu me intrometi entre eles.

Éramos assim, vivíamos entre amizade e brigas. Nathaniel e Rachel ainda mais. Dou um milhão de dólares pra pessoa que me citar um dia que eles passaram sem nenhuma briga ridícula.

–Por que você não se casam logo? –perguntei.

–Eca! Que nojo! –exclamaram os dois juntos, se contorcendo e se afastando um do outro.

Dito isso, o sinal tocou e fomos pra sala de ciências, ou como nós três chamamos, o terrível covil da White.

Pegamos nossas carteiras habituais: as últimas carteiras das três primeiras fileiras, onde sentávamos na ordem: Rachel, Jéssica, Nathaniel.

–Bom dia. –disse sem emoção a Sra. White entrando na sala. Marghareth White era uma mulher alta, tinha cabelos negros com muitos fios envelhecidos sempre presos num apertado coque no alto da cabeça, que repuxava seu rosto inteiro. Os olhos dela eram de um cinza muito frio e penetrante, e sempre tinha uma expressão severa no rosto, como se odiasse tudo aquilo de trabalhar na escola.

–Bom dia. –a sala disse em coro, no mesmo entusiasmo de Sra. White.

–Hoje –continuou largando a maleta cheia na mesa. – iremos aprender sobre o primeiro capítulo de vocês. Mas antes, eu quero que os alunos novatos apresentem-se. –e então apontou a uma garota baixa de cabelos pretos e lisos de óculos, que estava meio encolhida na sua carteira. –Você é...?

–Louise... –disse ela, tão baixinho que quase não pude ouví-la.

–Desculpe? –disse a Sra. Wihte.

–Louise. –repetiu mais alto. –Meu nome é Louise Fattlyman.

–E de onde você vem? Ou já morava aqui? –perguntou a professora de ciências, andando até a mesa de Louise.

–Não, senhora. Eu vim de Vancouver.

–Encantador. –disse a Sra. White parecendo entediada. –E você, garoto? –disse andando até um menino que eu nunca vi na minha vida.Ele tinha cabelos castanhos claro muito bagunçados, olhos verde claro, como limão.

–Castiel McDoodle, senhora.

–E você...? –começou Sra. White, mas Castiel cortou:

–Não. Eu vim de Rio de Janeiro. Não sei se conhece, uma cidade no Brasil...

–É claro que eu conheço, seu pequeno insolente. Eu não sou nenhuma burra. –disse a Sra. White curvando-se para a mesa de Castiel. –E eu não gosto, mas não gosto mesmo de adolescentes insolentes que cortam a minha fala pela metade. E se isso voltar a acontecer, você vai conhecer o que é um castigo, Sr. McDoodle. -porém Sra. White não fez nenhum efeito em Castiel. Ele apenas fixava os olhos nos de Sra.White, como se estivesse estudando formigas entrando em conbustão. A mulher levantou-se, então. –Abram os seus livros. Agora.

A aula foi realmente entediante. A voz de Sra.White se arrastava e ecoava na sala de aula, semelhante a uma canção de ninar que fazia crescer a vontade de dormir mais e mais...

Então, quando a aula estava quase acabando, eu ouvi um grito. Um grito que pareceu ter sido criado no pé do meu ouvido. Mas ninguém mais pareceu ter ouvido. Continuavam com a mesma cara de puro tédio, como se nada houvesse acontecido.

Foi só coisa da minha imaginação, era o que eu pensava. Mas foi tão realista... Era como se alguém estivesse sendo torturado, e gritava desesperadamente por socorro... Mas não podia ter sido real. Se eu ouvi tão nitidamente, todo mundo também devia ter escutado.

Mas e se tivesse sido mesmo real? E se alguém realmente tivesse gritado? E se tivesse vindo de alguém no colégio? E se...

Não é ele... Não é ele... Esqueçam-o, não é ele...

Mas ele sabe demais... Vozes estranhas ecoavam nos meus ouvidos. Algumas vezes eu as ouvia. Uma discussão, uma conversa ou uma simples fala apareciam sem pedir licença na minha mente.

Era tão estranho... O modo que elas ecoavam como se estivessem sido ditas em uma sala grande e vazia... O modo que elas entravam na minha mente e nunca queriam sair... E nunca faziam sentido. Nunca eu conseguia as entender. Eram ditas coisas estranhas. Mortes, sequestros, magia negra... E um Anel de Prata... Era quase sempre citado o Anel de Prata...

–Ei! Jessie?! Acorda! TERRA CHAMANDO JESSIE, TERRA CHAMANDO JESSIE, TERRA... –Rachel acordou-me de meus pensamentos.

–O que...? –eu perguntei confusa.

–O sinal já tocou faz meio minuto, quase todo mundo foi embora e você aí, sentada, olhando pro nada. –disse Nathaniel. –Tá tudo bem, Jessie?

–Elas apareceram de novo... –eu disse.

–De novo? –perguntou Nathaniel. Rachel e Nathaniel sabiam faz um bom tempo que eu ouvia essas vozes muitas vezes.

–É... Mas acho que não tem nenhum problema... Vamos embora daqui, esse lugar me dá arrepios e tem cheiro de White. –eu disse, pegando a minha mochila e indo embora, seguida pelos dois.

Fomos até os nossos armários pegar os materiais de Sociologia, quando...

Ouvi mais um grito. Era igual ao último, porém pior. Era mais nítido, mais desesperado, mais atormentador... Era muito longo, já começava a fazer doer os meus ouvidos. Era ensurdecedor, misturado com a baderna do corredor. Estava insuportável. Imagine alguém soprando uma flauta doce no seu ouvido, multiplique por cinquenta e sete, imagine esse som como uma voz humana. Agora você tem uma ideia do que eu sentia. Eu não estava suportando mais.

Tapei os ouvidos e escorreguei até o chão, sentando e apoiando as costas na parede, esperando que ninguém me reparasse. Fechei os olhos com força e apertei mais as minhas mãos contra meus ouvidos, pra ver se eu conseguia amenizar a dor que eu sentia com os gritos, mas só consegui abafar o barulho do corredor. Eu não conseguia fazer o grito parar com nada que eu tentasse fazer. Parecia que ele estava na minha mente, e nada que eu pudesse fazer iria adiantar.

Comecei a gemer de dor. A minha cabeça doía e girava. Meus ouvidos pareciam estar prestes a explodir. Meu estômago revirava e dava pulos. O que eu queria no momento era arrancar meus olhos das órbitas, ou cravar uma faca um meu peito, talvez a morte fizesse toda aquela dor cessar...

Abri os olhos quando senti uma mão em meu ombro. Nathaniel e Rachel olhavam pra mim preocupados. Com certeza não entendiam, estavam confusos... Mas como? Como eles não ouviam aquele grito que estava pra me matar?

De repente, ele cessou. Não o mate agora... Não o mate agora...Espere até que arranquemos tudo dele. Não o mate agora... Repetia a voz no meu subconsciente.

–Jessie, você tem certeza de que está tudo bem com você? –perguntou Nathaniel fitando-me com atenção.

–Eu... Vocês... Vocês não ouviram? –perguntei um pouco tonta. Tentei levantar-me, mas cambaleei e Nathaniel me amparou.

–Se nós ouvimos o que, Jessie? –perguntou ele.

–O grito... Tinha alguém gritando... Um grito de desespero...

–Jessie –disse Rachel perturbada. –Não tinha ninguém gritando. Você tem certeza de que está bem?

–Eu estou sim. –menti.

–Não quer ir pra enfermaria? –disse Rachel passando as costas da mão mão em meu pescoço, procurando sinais de febre.

–Não... Devem ter sido... Só as vozes de novo. Agora falam de matar alguém... Estão prestes a matar alguém... Mas ainda não podem... –eu disse me levantando, amparada pelos meus dois melhores amigos.

–Jéssica, você não acha que está paranoica com esse negócio das vozes? –perguntou Nathaniel olhando com pena para mim. –Isso tá ficando muito perigoso, é bom não brincar com essas coisas, Jéssica... –completou. Eu odiava que me chamassem de Jéssica.

–Não! Eu não estou brincando! É verdade! –exclamei. –Vamos logo pra essa aula idiota! –peguei meu material de Sociologia.

–Mas Jessie, você... –começou Rachel, mas eu a ignorei e fui pro segundo andar, onde ficava a aula de sociologia.

E a aula de Sociologia veio. E a de História... E a de Matemática... Não me concentrei em nenhuma, no entanto. O som atormentante do grito vinha na minha mente tão nitidamente quanto antes. A lembrança é a pior que eu já pude ter. Tortura... Aquele grito me lembrava apenas tortura... Alguém sendo torturado. Da forma mais cruel que se podia imaginar...

Não pude prestar nem atenção na aula de Geografia. Mesmo com os cabelos e barba muito ruivos do Sr. Glofis voando na sua cara como se fosse lã suja e seca.

Me escute! Não o mate agora! Tem que esperar. Sinto que é errado...

Esperar o que? O mais rápido possível será melhor...

Não! Não será! Obedeça-me, é só o que tem que fazer!

As vozes ecoavam na minha cabeça, me atormentando com aquelas palavras que não tinham significado. Matar quem? Esperar o que? Isso é invenção da minha cabeça, ou há mesmo assassinos que invadem a minha cabeça expondo os seus planos perversos?

É o que eu ficava me perguntando nas quatro horas de aula que se passaram. Era uma sorte que era o primeiro dia de aula, nada era explicado. De quem as vozes falavam? E se for alguém conhecido? Não o mate agora... E se o grito estivesse ligado as vozes? Ninguém as escutava... A não ser eu... Igualmente como o grito... Mas e se outras pessoas escutassem as vozes?

Triiiiiiiiiiiii! O sinal do intervalo me despertou.

Peguei a minha mochila e esperei Rachel arrumar a bagunça que Nathaniel havia feito ao tropeçar na mochila dela.

–Viu o que você fez, mala sem alça? –gritou Rachel ao ruivo, catando canetas e lápis.

–Quem manda você colocar a sua mochila no meio da sala, cérebro de vento? –retrucou Nathaniel, pegando os livros que saltaram da mochila de Rachel.

–A minha mochila estava muito bem aí, você que é cego demais, Nathaniel Chase! Da próxima vez vê se presta atenção! –e dito isso pegou a mochila e fez sinal para a seguirmos até o refeitório.

O lugar estava muito cheio. Foi difícil, mas achamos uma mesa. Nós três não sentávamos numa mesa de panelinhas, como a mesa do time de futebol, a mesa dos populares, do grupo de física. Pegámos a mesa que estivesse disponível, e ela virava a mesa dos normais.

Eu havia trago um lanche muito... Sem-graça. Um sonho que exalava um cheiro delicioso e suco de maracujá. Só isso. Rachel trouxera um sanduíche de atum e alface, e Nathaniel havia trago uma maçã.

–Eu não quero esse sanduíche! –disse Rachel, afastando o lanche pro meio da mesa.

–Mas eu quero. –disse Nathaniel, trocando a maçã pelo sanduíche.

–É, Nath,mas eu não quero essa maçã!

–Eu quero. –eu disse, pegando a maçã de Nathaniel. –Tome o sonho. Eu sei que você quer.

–Sim, eu quero! –disse Rachel, tomando o doce da minha mão. Era mágico como nós três nos completávamos, mesmo brigando e implicando um com o outro quase o tempo todo.

–Que aula é depois dessa? –perguntei.

–Educação Física. Bleargh! Eu odeio a aula de Educação Física! –respondeu Rachel, com desgosto. -Principalmente por cause do Sr. Nichols. Que cara deplorável, deus me livre!

O sinal tocou novamente, nós três nos levantamos e fomos pegar as roupas de Educação Física. Peguei uma legging colorida e uma regata laranja berrante com detalhes verde-limão.

Sr. Nichols ia odiar!

Quando chegamos na quadra, Sr. Nichols mandou pegarmos bolas, formar duplas e jogar a bola um pro outro, como volêi.

Eu e Rachel pegamos uma bola. Rachel lançou o seu olhar+sorriso malvado número 6 pra Nathaniel, e ele fez uma cara de sarcasmo e foi procurar uma dupla pra ele.

Nesse meio tempo, uma voz veio em minha cabeça e disse uma solitária palavra que ficou me atormentando: Mate-o.

Começamos a jogar a bola. Rachel normalmente jogava a bola longe e ia pegar. Normalmente não. Constantemente. Mas uma hora, eu jogei a bola com muita força, e fiz-a parar dentro do pequeno bosque logo detrás do campo de futebol.

–Você pega. –disse Rachel. Revirei os olhos e fui procurar a bola no meio das árvores.

Mesmo de teñis e meia, senti a grama molhada e a lama barrenta. Deve ter chovido e eu não prestei atenção. O cheiro de planta molhada impregnou-se no meu nariz e continuei andando.

Entrei no meio das árvores. O cheiro de grama se intensificava mais, misturado com o cheiro do orvalho que sobrara. De vez em quando, eu via uma sombra correndo em meio das árvores. São só bichinhos, eu repetia pra mim mesma. São só bichinhos.

Achei a bola no meio de arbustos espinhentos. Com dificuldade, consegui pegá-la. Porém, como preço, um espinho cravou-se nas costas da minha mão.

–Ai! –puxei a minha mão. Era um espinho bem grande, e estava fazendo arder-me a pele. Com um pouco de dificuldade, o tirei. O local continuava vermelho e inchado, e ficava ardendo cada vez mais, tirando o foco da minha vista. É só eu pedir pro Sr. Nichols pra ir pra enfermaria, eu pensava. Mas primeiro, eu tinha que levar a bola.

Puxei a bola pra mim e a apertei. A dor estava me agoniando muito.

Decidi apenas ignorar o ferimento, e continuei andando.

Porém uma forma de sobressaiu no escuro. Um corpo jazia entre as sombras. Fui olhar mais de perto e percebi um garoto, de estatura baixa, completamente imóvel.

Era Josh Clark. Josh não era o que se podia chamar de pessoa legal. Ele estava uma série acima de mim, porém eu o via sempre como o mesmo idiota. Incoveniente, chato, irritante, imbecil. Sempre aparecia nas piores horas que você podia imaginar pra desgraçar ainda mais o momento. E se não era popular, tampouco bonito. Tinha cabelos castanhos muito oleosos, sempre muito penteadinhos e certinhos, como um perfeito mauricinho e fazendo parecer que ele havia passado óleo de cozinha na cabeça. Os olhos eram de um cinza abominável, sem brilho algum. Era muito franzino e nem um pouco atlético. A pele dele era bastante bronzeada, porém não deixava de ser estranhamente branca.

Mas agora não era bem assim. Os cabelos estavam muito despenteados e sujos. Os olhos não tinham mais cor e olhavam constantemente pro nada, como um peixe fora d’água. A pele estava muito pálida e escorria um filete de sangue da sua cabeça e de sua boca. Os lábios estavam muito roxos.

Cheguei mais perto, e vi que Josh não se mexia, tampouco respirava. Fitava o nada, os olhos completamente brancos.

E aí eu percebi: O grito viera de Josh Clark.

As vozes falavam de Josh Clark.

Josh Clark estava morto.



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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Eu achei que ficou legal *-*
Argo Filch... Os Potterheads daqui entendem kkkkkkkkkkk
Vou tentar sempre que possível fazer os capítulos bem rápidos.
Quem deixa reviews: Merece meu respeito, vou sempre responder.
Quem não deixa porque não tem conta no nyah! :Entendo perfeitamente.
Quem não deixa de preguiça: Que seus dentes apodreçam e que suas unhas caiam.