Eu paralisei. Estremeci. Aquela foi a primeira vez que ele me tocou. Sorri e consegui apenas dizer uma frase.

– O coração é um sábio incompreendido - disse sorrindo.

– Olha! Temos uma poetisa entre nós - disse ele levantando

– Uma poetisa e meio poeta - disse levantando e apontando para ele

O sinal tocou e fomos para o intervalo. Fiquei o intervalo inteiro com Sabastian, Leonardo, Aline e Stefanny. Aline conhecia muita gente, quase a escola inteira. Mas não era muito bonita. Já Stefanny era bonita, mas era tímida. Stefanny havia saído para ir ao banheiro, mas não voltou. Eu já sabia o motivo. E quem não sabia? Era a pura timidez em pessoa.

– Vou ver aonde Stefanny se enfiou. Vem comigo Mary! - exigiu Aline. Senti-me uma criança, quem ela era para ficar mandando em mim. Mas fiquei quieta, para não criar confusão.

– Não! Mary vai ficar comigo, tudo bem para você? - disse Leonardo pegando na minha mão

– Oh, tudo bem - disse ela com uma pitada de inveja

Aline saiu batendo o pé feito uma criança mimada. Todos nós rimos dela e da infantilidade que cobria seu rosto. Estava com vontade de perguntar sobre a história de chantagem para Leonardo, para saber o ponto de vista dele, mas não faria isso hoje, deixaria ele me contar quando ele quisesse.

– Mary, faz tempo que nós não se falamos como antes não é? - disse ele me envolvendo nos seus braços e me colocando contra a parede. Sua boca estava perto da minha. Estava respirando profundamente. Lembrei de Sebastian e olhei para ele. Quando vi, ele estava andando para fora da escola. Virando-se toda a hora para ver a cena que estava prestes a piorar. Não pode! Ele não podia me deixar lá! Ele estava saindo por quê?

– O que você está fazendo? - disse virando o rosto

Ele não respondeu e apenas colocou seus lábios contra o meu. Ele tinha um cheiro muito gostoso, ele começou a chegar mais perto. E me beijou. E o pior de tudo, é que eu deixei. Deixei ele me beijar. Eu havia desistido da luta, e me entreguei por completo. Seus lábios se mexiam com necessidade. Como se estivesse esperado muito tempo para me beijar.

Tirei meus lábios dos dele, e olhei em seus olhos. Ele fez uma cara de assustado e disse:

– Me desculpe, não devia ter acontecido isso. Eu não resisti - disse ele olhando em meus olhos

– Não devia ter acontecido isso. Não devia mesmo. Você tem namorada! – exclamei o fazendo lembrar-se de Felipa.

– Não vou ter mais - disse ele saindo

– Não, você não vai terminar com ela - eu disse desesperada

– Porque você não quer que eu termine com ela? - perguntou ele curioso

– Não. Não por enquanto - disse tentando disfarçar

– Tudo bem. Vai ser melhor assim. Esperar um pouco. - disse ele concluindo

– Vou ir para minha aula de Ciências, adeus Leonardo - disse me despedindo

– Adeus Mary! - respondeu ele acenando

Fui para a sala de aula e tentei não ver eles, ainda bem que não tive nenhuma aula com eles. E na saída, corri rapidamente para o ponto e peguei o primeiro ônibus que apareceu.

Estava me sentindo terrivelmente triste, ver Sebastian sair correndo triste estava me matando. Estava me sentindo suja. Como pode eu fazer isto? Gostaria de ver Sebastian, falar que eu não queria ter feito aquilo. Mas eu fiz, e não tinha justificativa por esse ato. Eu poderia ter beijado Leonardo, mas gostava de Sebastian. Eu estava fazendo tudo errado.

Cheguei em casa sem falar com ninguém, fui dormir, acordei e fui para á escola sem falar com ninguém . Estava mal, irritada. E não queria contaminar ninguém com minha culpa.