Um ano depois.

Apesar de não ter superado a perda de meu amigo a vida me empurrou para frente. Minhas economias acabaram rápido e me vi diante de uma conta bancária praticamente zerada. Ignorando os protestos de Mrs. Hudson, me mudei de volta á pensão onde morava antes do 221B. 

Enquanto empacotava as minhas coisas, o pequeno e improvisado laboratório de Sherlock me observava da mesa da cozinha. Sabia das intenções de Mrs. Hudson, provavelmente toda aquela aparelhagem parasse numa escola e um sentimento de zelo se apoderou de mim. Não queria que tudo aquilo – que significava tanto para Sherlock – fosse parar nas mãos de estranhos. Me aproximei da mesa e em pouco tempo já havia empacotado e misturado ás minhas coisas.

Atravessei a porta do 221B com a última caixa em mãos. Me despedir da Baker Street era realmente uma coisa difícil e entrei no táxi com a sensação de meu coração estar naquela mesma caixa em minhas mãos, espremido por centenas de outras coisas, sem ar. Á medida que o carro avançava, observei da janela aquela rua ser deixada pra trás. Por várias vezes tive que prender a respiração e controlar as minhas ações, caso contrário teria parado o táxi e voltado com as coisas. Eu sabia que Sherlock iria voltar mas não poderia esperar como se o tempo não avançasse, eu não sabia quando e nem se realmente iria acontecer. Talvez a morte fosse um meio de começar uma vida nova, talvez eu nem estivesse nos planos...

Eu acredito em Sherlock Holmes

Ninguém conseguiria ser tão cretino há tanto tempo

Ele vai voltar.

Prendi a respiração. No táxi a música sussurrava em meus ouvidos.

Come on in

I've gotta tell you what a state I'm in

I've gotta tell you in my loudest tones

I started looking for a warning sign

When the truth is, I miss you

Yeah the truth is, that I miss you, so..

Baker Street ficava pra trás definitivamente. 

Fim do 1º capítulo