Depois que lanchamos Meryl recebeu um telefonema e teve que ir embora, mas deixou o telefone dela e se despediu de mim, me dando um beijo no rosto, depois entrou no carro preto que a aguardava, com motorista e tudo. Eu fiquei a observando partir, até cair na real de que o carro ja havia virado a esquina a alguns minutos.

Fiquei observando a caligrafia pequena e delicada de Meryl, fui caminhando em direção a onde tinha deixado o carro, eu ja estava atrasado para pegar Arthur na faculdade. Entrei no carro e rapidamente estávamos nós dois indo para casa.

-O que houve Gabriel? -perguntou ele enquanto eu aguardava pasarmos pelo congestionamento, havia tido um acidente alguns metros a frente- Parece meio bobado... foi alguma coisa com a Iva seu pilantra? -ele disse maliciosamente e eu ri, mas logo fiquei sério. 

Iva.

Eu havia me esquecido dela, como se ela nunca tivesse feito parte da minha vida. Eu fiquei tenso e comecei a arfar, Gabriel continuou a me fitar como quem não entendia nada, mas eu voltei a lembrar de Meryl e sorri para o engarrafamento a nossa frente e ele riu.

-Não foi nada com a Iva. -garanti a ele- Foi um esbarrão... -eu ri

-Um esbarrão? Com o que? Um palhaço? Só pode, você está bobado Gabriel, que tipo de pessoa normal sorri para isso? -ele disse gesticulando para os carros a frente

-Não, foi com um anjo mesmo.

Arthur me fitou por um momento e ficou sério.

-Uma garota. -eu disse por fim- Meryl, ela é... linda... é... delicada, gentil e... Ah, ela é um anjo !

-Cara... isso não vai ser legal, to sentindo cheiro de confusão daqui a algum tempo... Tá ligado que a Iva não vai gostar nada dessa idéia de garota anjo né?

-O que é que tem Arthur? -perguntei- Ela viveu muito bem sem mim até antes de eu chegar.

-Ôoh Se viveu. -ele riu- Mas mesmo assim, agora você apareceu, a conquistou e vai largá-la assim? Como se fosse um brinquedo velho?

-Não, simplesmente como uma experiência química que não deu certo. -eu disse e ele me olhou desconfiado- Nem tudo é como a gente quer Arthur, e o que é que eu estou falando? Nem conheço ela direito... só me senti... bem com ela.Me senti leve, completo.

-Gabriel cara. -ele me olhou e eu o fitei ouvindo- Você é meu melhor amigo, meu irmão. Não quero ver você com confusão por causa de mulher, mas seja lá qual você escolher, eu vou estar do seu lado, por que eu, eu sou seu melhor amigo, seu irmão.

-Valeu Arthur, eu sempre soube que poderia contar com você pra tudo.

-Eu sei que sabe.

Ele riu e seguimos caminho, eu contei tudo pra ele, toda nossa conversa e inclusive da deficiência dela. Ele não pareceu desgostar, só achou mais interessante.

E agora?

Como seria?: