Uma pobre família se juntou com outra que não tinha uma situação tão tuim por meio de um casamento arranjado entre a jovem menina e um homem mais velho. A vida toda de Belle a disseram que devia ser casta e nunca, nunca deixar alguém tocar nela. Então ela fugia de qualquer tipo de contato, até mesmo do mais suave cumprimento a fim de preservar sua pureza.  A garota desconhecia como os filhos surgiam e não se importava nem um pouco com esse ponto, ela só queria ter alguns poucos e ser uma boa mãe, esse era o seu plano.

                O que veio depois não acontecia nem nos seus sonhos mais selvagens. Na primeira noite, depois de toda aquela cansativa cerimônia, ele a jogou na cama e rasgou seu vestido de noiva, forçando sua entrada. Todos aqueles toques e toda aquela dor eram errados e terríveis na visão dela, aquele homem estragava a sua tão bem preservada pureza, que guardava tão bem há tanto tempo que virara mania, não queria dar seu corpo para absolutamente ninguém. Ter seu bem tão precioso roubado de forma tão bruta fora a maior dor que já sentira, nem se comparava com a dor do parto que veio logo depois.

                A criança nascera alguns meses depois e logo um menino, que felicidade... Era para estar feliz por finalmente ser mãe, mas não conseguia mais sorrir desde aquele acontecimento. Não queria aquele filho, não queria mais nada. O único desejo que tinha era o de pular da bela ponte que ligava a sua casa a cidade no morro vizinho. Fez isso sem pensar em um dia qualquer que estava voltando para casa depois de ter comprado algumas bobagens. O pensamento foi súbito, nem se permitiu digerir sobre a ideia. Simplesmente parou na borda, abriu os braços e pulou.

                Seu filho andava alguns metros atrás dela com sua babá e dissertava sobre um assunto qualquer com ela. A fala engasgou em sua pequenina garganta, olhara para sua mamãe para comentar alguma coisa com ela bem a tempo de vê-la pular. Permaneceu ali parado por horas e horas, com seus grandes olhos verdes arregalados e sua boca entreaberta, estava em choque.

                As pessoas iam e vinham ali para saber o que tinha acontecido, mas ninguém parecia ver o menininho parado no meio do caminho. Saiu de lá quando já era noite, mas não voltou para casa. Suas pernas se moveram automaticamente para as luzes amarelas da cidadela. Não fora o melhor aniversário de todos, mas fora o único que permaneceu eternamente em sua memória.