Tempo.

Eu precisava ganhar tempo.

Por culpa do círculo a conexão com as rosas era impossível de ser concretizada. O desespero começou a dominar minha mente como uma neblina obscura, deixando meu cérebro entorpecido. Porém, tive que espantar a sensação de meu corpo e manter o foco em Jasper.

Ele não sabia a respeito do quão forte era minha conexão com as rosas. Eu nem sequer tinha contado para ele e Alice que meu sacrifício fora selado com um pacto. No fim, guardar pelo menos aquele segredo me garantiu alguma vantagem. Era a última carta que eu tinha na manga.

Observei Jasper entrar no círculo junto com Nessie. O fogo crepitava ao redor dos dois. Em um gesto totalmente grotesco, ele pegou a mão de minha irmã e posicionou em cima da taça de ouro. Eu sabia exatamente o que viria a seguir. Minha mente tentou achar qualquer resposta lógica para aquilo. Nada.

- Qual é a razão de tudo isso? – Perguntei, fuzilando seu rosto.

- A razão, minha querida Bella? – Ironizou. Rapidamente, levou a lamina até a palma da mão de Nessie e cortou a região. O sangue começou a jorrar logo em seguida, enchendo a taça. – Simples: vingança. Amor.

-Não consigo imaginar onde o amor se encaixa nessa história. Afinal, onde está Alice? Se escondendo? – Minha voz denunciou toda minha mágoa.

- Alice não sabe de absolutamente nada. Mas sei que vai entender, no fim. – Jasper apertou o pulso de minha irmã e fitei o rosto apavorado dela. Tive que reprimir o impulso de gritar para que parasse. – Amor? Bem, é fácil. Eu quero um futuro com Alice. Quero me livrar de toda essa loucura para que no final, possamos ficar juntos. Porém, jamais ficaríamos em paz se tivéssemos que seguir os rastros de você e de Edward toda hora. É um fardo difícil de carregar. Passar a vida inteira como a sombra de vocês dois... Cansa. Por isso, tomei a decisão de eu mesmo acabar com tudo.

Alice não sabia de nada. Como ela reagiria quando descobrisse toda a verdade? Será que se sentiria tão traída como eu?

Se Jasper não tivesse sido um completo traidor, eu até poderia ter sentido peso na consciência. Passar a vida inteira condenado vivenciando o final feliz de outras pessoas era cruel. Porém, vê-lo em minha frente prestes a matar minha irmã como fez com meu pai, só fez com que o ódio em meu peito aumentasse.

- E precisa matar uma criança também? Nessie não tem nada haver com isso! – Minha voz subiu algumas oitavas. Tive que suspirar repentinas vezes para não ser precipitada demais com minhas palavras. - Eu imploro, Jasper. Deixe-a em paz. – Tentei soar calma.

Jasper soltou uma risada que durou cerca de segundos. Eu só fiquei aliviada quando ele se afastou de minha irmã e o círculo ficou novamente preenchido pelo fogo. Pelo menos, não havia um assassino lá dentro com ela.

O rosto de Nessie estava coberto de lágrimas. Vê-la só me fez sentir um aperto enorme no peito. Ela permaneceu imóvel, me olhando, enquanto deixava a mão que sangrava em punho, ao lado do corpo. Seu corpo ainda trajava o vestido da festa do Alasca e seu cabelo continuava encaracolado. Ela fora a única coisa que me restou, além de Edward, e eu não poderia perdê-la. Sem contar que era apenas uma criança e tinha um futuro inteiro pela frente.

Eu sabia que Jasper viria até mim... E aquela seria minha deixa.

O maldito se aproximou alguns passos e ficou cara a cara comigo. Eu ainda estava ajoelhada, e por isso, ele se abaixou e tive que reprimir a náusea que senti quando por esguelha, vi que ele pousou a taça enchida até a metade com o sangue de minha irmã no gramado. Se o círculo de fogo não estivesse ao meu redor, eu seria capaz de pular no pescoço do assassino.

Jasper já não era mais o mesmo. Seu rosto estava coberto por uma sombra estranha, como se as trevas estivessem ao seu favor. A posição que sempre teve aos meus olhos como um perfeito cavalheiro havia caído, revelando o verdadeiro monstro que era.

- Acredito que já tenha tido a visão do pacto que fez na época em que era a modelo loira. – Começou.

Recordei-me vagamente da vez em que beijei Edward, e acabei caindo na visão do passado da qual estávamos na mata em minha reencarnação loira como modelo e Edward como pintor: o pacto que fizemos com o assassino... Que futuramente, teríamos um meio de podermos ser felizes para sempre. E esse meio seria matar Nessie.

- Lembro. – Respondi. Meu rosto estava muito próximo do seu e sustei seu olhar agressivo.

- Foi naquela época em que tomei a decisão de começar a planejar o fim de vocês dois. Que percebi quanto tempo eu e Alice havíamos perdido cuidando de um conto de fadas. Meu plano foi conseguir um meio do qual eu pudesse tirar imortalidade que você e Edward teriam.

- Imortalidade? – Fiquei pasma. Já era difícil acreditar em contos de fadas, quem dirá em imortalidade.

- Sim. Essa seria a última vez em que você e Edward teriam a chance. Por isso, ganhariam a imortalidade. Regras impostas pelo conselho. Por sorte, consegui um meio de fazer um pacto do qual revertesse totalmente à situação.

Edward e eu havíamos sido traídos há muito tempo pela pessoa que mais confiávamos. E agora o fim estava muito próximo e tudo aquilo por minha culpa. Escolhi a pessoa errada para confiar. Eu poderia ter depositado todos meus votos em Edward; coisa da qual eu não fiz por medo de que o assassino fizesse qualquer coisa que ameaçaria a sua vida. E o conselho, sempre dito e nunca visto. Afinal, em que consistia esse conselho? Como Jasper conseguiu se safar de todas as coisas de errado que fez?

- Se eu perdi a imortalidade, por que continuo viva? – Tentei achar as respostas. E aquela era a oportunidade perfeita.

- Porque o único meio de perder a imortalidade é acabar com absolutamente todos da sua linhagem, minha querida. – O sorriso brotou em seu rosto e ele apoiou o braço no joelho. Seus olhos me fitavam, divertidos. – Vocês dois foram enganados tão facilmente.

A verdade me atingiu com um impacto enorme. Então era por isso que mamãe morreu. Era por isso que meu pai morreu e agora seria a vez... De Nessie. E assim, minha imortalidade acabaria. Será que Jasper havia feito o mesmo ritual com minha mãe? Será que ela havia sobrevivido durante o parto e morrido logo depois por culpa de um ritual? A dor em meu peito se manifestou. Era difícil falar sobre minha mãe.

Depois de muito tempo, a resposta para o que aconteceu com meu pai estava sendo revelada.

Esquecendo de manter a calma, avancei contra Jasper e imediatamente meu corpo foi arremessado para trás, como se houvesse uma barreira invisível que me impedisse de sair. O círculo. Por sorte, consegui apoiar as mãos no gramado antes que minhas costas atingissem o chão.

- Calma aí, nervosinha. – O sorriso maligno brotou novamente de seu rosto.

Ah, como eu fui burra. Fui uma peça no jogo que foi facilmente manuseada. Consegui estragar absolutamente tudo. Todos esses fatores poderiam ter me feito desistir naquela hora. No entanto, tomei a decisão de continuar lutando e pensar em qualquer saída, mesmo que as chances fossem inexistentes.

Nessie ainda estava viva. Edward está lá, desmaiado. Sempre fui uma inútil em minhas tentativas fracassadas de protegê-los. Mas tudo poderia ser diferente. Tinha que haver uma esperança. Tinha que haver um modo que eu pudesse consertar as coisas.

Procurei me acalmar e tentei achar em minha mente todas as perguntas possíveis. Distraí-lo era a parte principal de minha tentativa frustrada de conseguir sair do círculo.

Jasper continuou agachado, na mesma altura que eu. Sua expressão era de total diversão. Um maníaco. Era isso que aquele homem era.

- Alice não vai te perdoar. – Se existisse qualquer ponto fraco, seria ela. Tentei deixar minha voz o mais determinada possível e tirei os fios de cabelo de meu rosto, ajoelhando-me logo em seguida.

Sustentei o olhar de reprovação que Jasper me lançou. O fogo era como uma barreira que nos separava. O calor era agonizante e tive que reprimir a ânsia de me abanar.

- É claro que ela vai. – Sua voz continuou segura. Jasper raspou a ponta do dedo no sangue que havia na taça e começou a fazer movimentos circulares. Fiz de tudo para não olhar para aquela cena. – Estou fazendo tudo isso pelo nosso bem. Pelo nosso futuro. Eu a protegia até mesmo na época em que estávamos no centro de treinamento.

Ah, o centro de treinamento. Alice havia me explicado que era para lá que os padrinhos eram mandados antes de vir ao mundo real e começar a agir. Alice. A preocupação se abateu sobre mim e perguntei-me onde ela poderia estar.

- Como assim, Jasper? – Por esguelha, vi o corpo caído de Edward ao longe. E se ele voltasse ao consciente? Nervosa, comecei a mexer com o dedo em meu anel de noivado. De alguma forma, eu me sentia ligada com Edward através da aliança.

- Deixe-me explicar: quando começamos a fazer o treinamento, Alice logo despertou olhares alheiros. É claro que já estávamos juntos. Porém, entre muitos dos olhares, o que mais me preocupou foi o de nosso chefe: Samuel Meghan.

Samuel Meghan. Ouvir seu nome fez todo meu corpo estremecer e tive que parecer o mais neutra possível diante de Jasper. Ele não poderia desconfiar que a arma estava, na verdade, comigo.

Permaneci em silêncio enquanto deixava Jasper falar. Minha mente estava a mil.

- Samuel era um homem da mais alta classe social de nosso mundo e muito admirado pelas mulheres. É claro que poderia se casar com qualquer uma. Porém, sentiu algo inexplicável pela minha Alice assim que a viu no campo em treinamento. Eu percebi. Pensei que fosse algo do momento... Mas as coisas pioraram. Sua obsessão foi se tornando maior. Ele fazia de tudo para conseguir tempos a sós com Alice e lhe oferecia todas as vantagens possíveis. Fez até mesmo propostas de casamento. Bem, por sorte, Alice não aceitou.

“Porem, a recusa de Alice por seu amor só tornou as coisas piores. Samuel logo percebeu que eu era o problema. E então foi minha vez. Minha vida se transformou em um inferno no campo de treinamento e as possibilidades de nunca me formar ao lado de Alice foram se tornando maiores. Até que um dia, ele me chamou até a sua sala e mirou sua arma diretamente em minha cabeça. Disse que eu tinha apenas duas opções: Se afastar de Alice ou morrer.

“Por alguma sorte do destino, ele errou o primeiro tiro e consegui avançar até seu encontro. Quando vi, tomei a sua arma e atirei em seu peito. Tudo aconteceu rápido demais. Lamentável, porém, necessário. Ninguém jamais vai tirar Alice de mim.

Então era isso. Jasper estava tão louco por Alice que havia feito coisas das quais só poderiam vir de um louco. E a razão? Amor. Aquilo me fez refletir por certo tempo. Afinal, quão longe uma pessoa iria por amor?

 Em seguida, me veio à questão da arma do crime em mente, que estava comigo. A arma da qual tirou a vida de Samuel estava em baixo de meu colchão, na verdade. Protegida.

As gargalhadas de Jasper me fizeram sair de meus devaneios e voltei ao presente, deparando-me com seus olhos sombrios. Olhei mais além e encontrei Nessie. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e tentei lhe passar confiança através de meu olhar. Nada irá acontecer a você. Nada irá acontecer a você. Eu queria que as palavras, de alguma forma, saíssem de meus pensamentos e fossem até ela. Entretanto, eu sabia que era impossível. Eu era uma inútil dentro daquele círculo.

Jasper suspirou e então levou a sua mão até o bolso de sua calça. De lá, tirou algo reluzente do qual não consegui distinguir de imediato. Até que sua mão ergue-se em meu campo de visão.

Eu arfei assim que a vi.

A arma. O nome de Samuel reluzia na superfície plana e prateada. É... Não estava bem protegida, afinal.

- Realmente achou que podia me esconder isso? Que eu não sentiria falta? Aprenda, minha querida Bella: estou em todo lugar.

Droga, droga. Eu era uma inútil. Jasper havia conseguido tudo o que queria. A realidade caiu sobre meus ombros e minha cabeça pesou como chumbo. Imediatamente, senti a onda repentina de tontura e tive que apoiar minhas mãos no gramado em busca de uma base para me sustentar. Afundei minhas unhas na grama, confusa em questão de meus sentimentos: Raiva. Humilhação. Frustração. Mais raiva.

Tudo que consegui fazer foi encarar seu rosto.

- Sua conexão com as rosas era muito forte. Pude perceber isso logo que vi aquele rato morto, lembra? – A imagem preencheu minha mente como um relâmpago: o rato na gaiola, morto por culpa dos espinhos que invadiram seu corpo. – Sempre tive em mente que a magia vinha com seu preço. E então, consegui descobrir que as rosas não podiam agir fora da mansão... Assim como você. A partir do momento em que seu sangue pingou na pétala da rosa negra, sua conexão foi instantânea. Como se você tivesse se tornado uma delas. A primeira vez que senti isso foi quando estávamos no carro a caminho do jato que nos levaria para o Alasca. Eu senti que sua magia enfraqueceu quando saiu da mansão, minutos depois de atravessar os portões. E então estava explicado porque você quase morreu na primeira vez que saiu da mansão, logo depois de ter criado sua conexão com as rosas.

Conforme as palavras de Jasper, eu encontrava o raciocínio certo para todas as coisas que aconteceram comigo. Finalmente, toda a verdade sendo revelada. A verdade cruel.

- Resolvi ir mais além. Chantageei Jacob e providenciei para que ele fosse até o Alasca. Lá, você começou a apresentar os sintomas desejados e pensei que eu não precisaria te matar com minhas próprias mãos. Consegui dar um jeito de você tomar o meu champanhe do qual estava cheio do líquido que te deixaria inconsciente por algumas horas. – Novamente, a imagem me atingiu como um relâmpago: Jasper com seu terno enquanto me passava uma taça de champanhe, na festa do Alasca. - Infelizmente, você chegou até Jacob antes de mim e quando finalmente alcancei o lugar combinado: Nada. Vocês haviam pulado do penhasco. Primeira vez que me surpreendeu, querida. Porém, de nada adiantou. Jacob acabou se revelando e tive que matá-lo. E você quase morreu. Por incrível que pareça, o poder das rosas reverteu sua mortalidade e te proporcionaram certo limite. Mas não foi o suficiente para te matar. – O som de reprovação saiu de sua voz e ele balançou a cabeça para os lados. – Minha amada Alice conseguiu decifrar o enigma das rosas.

Tudo planejado. Como em um jogo. Deparar-me com a verdadeira realidade me atingiu com um grande impacto. Jasper estava toda hora jogando, movendo-me como uma peça de jogo fácil. No fim, eu apenas traí a confiança de Edward. Também me senti uma inútil em razão à Jacob, que havia perdido a vida por minha culpa.

Aquela era eu. Estragando a vida de todos ao meu redor.

- E então, apenas foi necessário chantagear a tola Jessica e armar toda a situação enquanto você estava na sua toca do amor com Edward. Eu sabia que no fim, ele te traria a vida novamente. Era uma questão de tempo. O amor da Fera é sua salvação, sempre. Ah, fiquei tão satisfeito quando vi você novamente viva, supostamente me salvando do ataque do assassino. Tudo planejando. E você, Bella, caiu tão fácil.

Não pude evitar. As lágrimas começaram transbordar de meus olhos e me senti humilhada diante de Jasper. Eu merecia tudo aquilo, no fim. Apenas abaixei minha cabeça e não tive coragem de encarar Nessie e muito menos Jasper.

- Chorando, sua tola? Sabe que não adianta em nada agora! – Pude ver pelo canto dos olhos que Jasper se levantou. – Sabe o que você fez de errado? Amar. Sua fragilidade foi amar e se importar demais com as pessoas em sua volta. Mas agora é tarde. Veja só. – Os segundos passaram e ele permaneceu em silêncio, até que gritou: - Veja só, sua tola!

Relutante, olhei para cima e encontrei Jasper com as mãos esticadas para o alto, apontadas para Nessie ao redor do círculo de fogo e Edward caído inconsciente no chão. Tive que engolir o nó que se formou em minha garganta, dando-me a impressão que eu não seria capaz de respirar.

- E sabe o que é o melhor? Perder você será demais para Edward. Ele jamais será o mesmo. Sabe do que estou falando, não sabe? – Suas sobrancelhas se ergueram.

A Fera. As palavras pareceram sair da mente de Jasper , projetando-se em meu cérebro. É claro que a Fera iria despertar de dentro de Edward. E aquilo só me fez ficar ainda mais desesperada em minha tentativa não elaborada de resolver a situação.

Mais uma vez, me amaldiçoei por todas as minhas escolhas erradas. De jeito ou de outro, eu iria despertar a Fera de dentro de Edward. Havia o sacrifício. As probabilidades de minha morte eminente eram muito grandes. Porém, seria melhor do que tirar a vida dele. Eu sabia que no fim, ele cuidaria de Nessie. E os dois teriam uma vida para viver.

Edward preferia morrer a ter uma vida sem você. Meu subconsciente denunciou e me senti ainda mais culpada.

Afinal, por que Jasper queria que a Fera despertasse de Edward?

Os cabelos de Jasper estavam puxados para trás e ele estava trajando o conhecido moletom negro. Ele era um traidor. Como eu nunca desconfiei antes? Como Alice nunca desconfiou antes? E foi naquela linha de pensamentos, que consegui jogar uma ameaça inútil até ele:

- O conselho irá descobrir. Você não vai se safar. – Minha voz soava fraca, feito a de uma perdedora.

Pela primeira vez, notei que aquelas palavras o atingiram de uma forma que fez seu rosto amolecer. Foi apenas por um segundo. Logo, suas feições endureceram e percebi que a raiva o dominou instantaneamente.

- O conselho irá pagar pelo o que fez pela minha família. – Jasper gritou e o fogo ao meu redor aumentou de tamanho, voltando ao normal logo em seguida. – Chega de conversa fiada. É hora de acabar com você, sua tola.

Ditas as palavras, Jasper colocou a arma no bolso de seu moletom e momentaneamente tirou a faca no lugar, expondo a lâmina de um jeito que fez a luz da lua refletir, iluminando seu rosto por alguns segundos.

Eu sabia que eu precisava apenas de uma oportunidade. Dessa vez, eu não iria falhar.

Proteger Nessie era a primeira coisa que eu teria que fazer. Ela não poderia morrer. Além de ser a última de minha linhagem, era apenas uma criança e merecia uma vida. E se continuasse viva, minha imortalidade continuaria intacta, certo? Será que o sacrifício seria o suficiente para reverter o processo?

Depois, eu teria que proteger Edward. E se eu pudesse despertá-lo e mandasse que corresse com Nessie para bem longe? Aquela seria minha deixa para ficar a sós com Jasper e matá-lo. 

Assim que Jasper começou a se aproximar, me levantei com certa dificuldade do chão e tentei transparecer o mais determinada possível. Por esguelha, vi que um feixe reluzente de luz ligava o círculo de Nessie ao meu.

Abriu-se uma brecha em meu círculo e Jasper colocou o pé lá dentro. Imediatamente, a corrente de ar atingiu meu rosto em cheio. E então senti o poder das rosas. A eletricidade começou da ponta de meus pés e foi se espalhando por todo meu corpo. Ah, eu estava livre.

Derrube a taça. As rosas disseram em uníssono.

O momento pareceu passar em câmera lenta. Eu percebi que Jasper havia sentido o poder das rosas. Só que era tarde demais.

Era apenas um segundo. Era tudo que me era ganho.

Surpreendendo a Jasper e até mesmo a mim mesma, avancei em sua direção e por um milagre, consegui alcançar a taça de ouro, derrubando-a no gramado.

O grito de Jasper foi a última coisa que ouvi e então o fogo explodiu ao meu redor. Fui arremessada para muito além. Meu corpo caiu com um impacto forte no chão depois de ter cortado o ar. Quando finalmente senti minhas mãos roçarem o gramado, eu me levantei apenas o suficiente para ficar de joelhos.

Aceito o sacrifício. Venham até mim. Pensei rapidamente.

E então, foi como se eu tivesse ficado fora de órbita. Tudo escureceu ao meu redor e senti o gramado inteiro tremer.

Meus cabelos voaram para cima e tudo rodou freneticamente. Pela primeira vez, senti a gravidade do poder que me era ganho. As rosas passavam por de baixo do gramado, deixando uma linha fina de abertura por onde passavam.

Eu esperei.

A dor veio logo em seguida quando senti os espinhos perfurarem minha pele.