As razões que me levaram a acreditar que eu não estava mais no quarto com Edward, eram óbvias demais: Primeiro, a cada toque de Edward meu corpo correspondia com um turbilhão de sensações, fazendo-me, logo depois, cair em um abismo escuro aonde a completa escuridão era tudo que meus olhos enxergavam. Segundo, assim que abri meus olhos, eu já não estava mais no quarto e sim em um lugar repleto por rosas, onde uma linda jovem de olhos verdes encarava algo que estava por trás das sombras que rosas pretas ocultavam. As mesmas rosas que Edward tanto cultivava.

Tentei gritar ou até mesmo me mexer, mas era impossível. Era como se meu cérebro tivesse se alto programado para não responder aos meus comandos. Era como um debate puramente mental. Desistindo pelo cansaço, encarei a cena a minha frente.

- Eu sei que tu estais aí – A jovem falou para as rosas, percebi que seus cabelos eram de um castanho incomum, mas ao mesmo tempo belo – Sei que tu estais com meu pai. Farei tudo o que quiseres, apenas deixe meu pai em paz.

Assim que ouvi seu vocabulário, me perguntei em que século estava. Sem falar em sua roupa toda rasgada: Um vestido branco com alguns detalhes azuis, mas parecia ser feito de trapos velhos e sujos. Tentei olhar por trás das rosas e quase dei um pulo ao me deparar com um par de olhos dourados que surgiram no meio das rosas. A garota fez a mesma coisa que eu, só que a diferença era que ela podia se movimentar. Quanto a mim? Eu parecia estar presa por correntes invisíveis.

As orbes douradas continuavam a encarar a linda garota. Assim que os vi, senti que minha própria alma tremendo em reconhecimento. Eram os olhos de Edward. A diferença era que o dono daquele par de olhos me dava muito medo, como se eu fosse a preza e ele fosse um animal selvagem pronto para me atacar.

Só que ao contrario de mim, a garota se recompôs e avançou um passo em direção do dono dos olhos, o fuzilando como se não sentisse medo algum.

- Saia daí, seu animal. – Ela exigiu, com a respiração pesada.

- Se sabes que estou com seu pai e que posso matá-lo a qualquer momento, porque tu me desafias? És apenas uma jovenzinha.- A voz era rouca e assustadora.

Não sei por que diabos, mas senti uma estranha coincidência com aquela cena. Foi aí que lembrei da primeira vez em que vi Edward.

- Oh, eu farei tudo o que quiseres! – A jovem desistiu de enfrentar aquela coisa e se ajoelhou no chão, era possível ouvir os seus soluços – Hoje é meu aniversario e meu pai só queria dar-me um lindo presente.

- Roubando as minhas rosas? Sem minha permissão? – A voz foi ficando mais ameaçadora e um brilho estranho surgiu dos olhos dourados.

A garota continuou ajoelhada no chão com o rosto coberto por seus cabelos castanhos, não querendo que aquele desumano visse o quanto ela estava sendo humilhada. Ela queria seu pai e seria capaz de fazer tudo por ele. Bem, no meu caso, eu faria a mesma coisa. Quis sair dali e me ajoelhar perto dela, só que não foi possível, por mais que eu lutasse, continuava no mesmo lugar.

- Qual o vosso nome? – Perguntou aquele ser, com o rosto ainda coberto pelas rosas.

- Bella. – A garota respondeu, levando a cabeça, agora encarando os olhos assustadoramente dourados.

- Pode-me chamar de Fera. A partir de hoje, serás a minha emprega para pagar a dívida de seu pai. Aceita ou prefere a morte do tratante que tens como pai?

- Aceito. – Respondeu.

Assim que o dono dos olhos começou a sair do meio das rosas, a cena mudou.

Eu já não estava mais no meio daquelas rosas e me vi parada diante de uma salinha escura. No meio da mesma, havia um sofá no qual uma mulher loira de olhos verdes estava seminua, sua pele lisa estava apenas coberta por um fino lençol, dando uma bela prova do tamanho de seus seios.

Mais para frente, um homem moreno de olhos dourados estava passando um pincel sobre uma tela branca, seus olhos percorriam todo corpo da mulher, maravilhados.

Foi ai que me lembrei daquela cena: Era mesma que eu havia visto na primeira vez que beijei Edward.

Que merda erra essa que estava acontecendo comigo? Por que eu não podia me mexer? Por que eu nem ao menos podia sair daqui?

As perguntas em minha cabeça foram interrompidas assim que a conversa entre eles começou a acontecer, desviando minha atenção para a cena.

- O que acha de meu corpo? – Ela perguntou provocadoramente, mordendo os lábios.

- Acho a coisa mais bela que vi em minha vida toda. – Ele respondeu, largando o pincel dentro de uma lata de tinta próxima.

Demorou cerca de segundos para que ele percorresse o espaço que os separava e senta-se no sofá junto com ela. Suas mãos pousaram na coxa da mulher e a cena se tornou irresistível. Aquele homem era realmente lindo.

- Não quero mais te perder- Ela falou do nada, colocando suas mãos por cima das dele.

- Não irá mais me perder. – Ele respondeu, encarando a linda mulher a sua frente, enquanto entrelaçava seus dedos nos dela.

- Já perdi meu pai. E toda essa história que Alice me contou está mais confusa que nunca. Você acredita nela?

- Ela é minha empregada há muito tempo. Claro que confio. E em Jasper também.

Alice e Jasper? Foi ai que fiquei mais confusa ainda.

- Sei que vou morrer, simplesmente sinto isso. Não quero morrer de novo. – A mulher foi falando com o mais puro medo, agora tirando lençol de seu corpo a deixando totalmente exposta para aquele homem.

- Posso dar um jeito nisso. – O homem murmurou, contendo um gemido assim que a mulher sentou-se em seu colo.

- Como? – Perguntou, deixando que as lágrimas caíssem pelo seu rosto.

- Alguém anda me mandando algumas mensagens – Ele respondeu, limpando as lágrimas que caíam na bochecha da mulher que estava sentada em seu colo – Disse que vai nos ajudar se não contarmos para Alice e Jasper.

Assim que ouvi que alguém estava mandando mensagens para ele, me lembrei dos avisos que eu andava recebendo recentemente do assassino. Será que podia ser a mesma pessoa?

- Então é isso que vamos fazer! – A mulher concordou rapidamente, desesperada – Tudo bem que esconder essas coisas de Alice é errado, depois contamos para ela... isso! Só que não quero morrer, não quero ficar sem você!

- Eu sei, só que tem apenas um porém ...– O homem abaixou seus olhos – O dono das mensagens disse que depois que ele nos ajudar, vamos ter que morrer.

- De novo? – Ela perguntou indignada.

- É, mas disse que nossos caminhos vão se cruzar novamente, como sempre. Também disse que ira nos guiar para o caminho certo e que depois de nos conhecermos novamente, vamos precisar fazer apenas uma coisa. Que vamos saber de tudo que aconteceu. Então seremos livres da maldição! Seremos imortais igual a Alice e Jasper, vamos poder ficar juntos para sempre!

Maldição?

A mulher demorou um pouco para responder, mas assim que o fez, concordou:

- Tudo bem. Se ter que morrer mais uma vez para ter você  para sempre é o preço, eu pago. Quando? Afinal, temos que escapar de Jasper e Alice. Ah, deus ...

- Na floresta. Amanhã mesmo. – Ele foi dando as instruções rapidamente, enquanto beijava o pescoço dela - Vamos dar um jeito de distrair Alice e Jasper. Ah, meu amor, faço de tudo para ter você, nem que demore uma eternidade.

- Sim, sim ....

As caricias começaram a ficar mais provocantes e a cena mudou-se novamente. O corpo dos dois foi se desintegrando junto com o quarto e graças a Deus, eu já não estava mais no quarto e sim em uma floresta totalmente escura.  A luz da lua iluminava todo o lugar, permitindo que meus olhos enxergassem parcialmente no meio da escuridão. O vento estava castigando o lugar levando consigo varias folhas secas. As árvores pareciam querer sair da terra e me senti em um filme de terror.

Tomei um baita susto assim que vi uma pessoa usando um moletom com capuz e na hora reconheci o assassino. Como sempre, seu rosto não estava visível. O maldito estava de frente para a mulher loira e o homem moreno, ambos com as cores dos meus olhos e de Edward, respectivamente. Levei um choque ao reconhecer nossos olhos e quase surtei ao perceber que aquele casal que antes estava no quarto ... Bem, de alguma forma era eu e Edward. Da mesma forma que na primeira cena continuava sendo eu e Edward. Assim como na segunda, assim como agora também. Ah, não.

Agora tudo fazia sentido. Agora eu sabia os motivos que Alice quis que eu mesma visse com meus olhos.

Só que se agora eu estava aqui, como havia deixado Edward no quarto? Será que evaporei e deixei ele sozinho o meu espírito simplesmente saiu do meu corpo?  E essa história de imortalidade? Bem, a coisa estava mesmo feia e maluca.

- Está me dizendo que na próxima vida, se nós matarmos uma pessoa, simplesmente a maldição acaba e seremos imortais para sempre?  Tipo Jasper e Alice?  - Perguntou o homem moreno para o assassino – Ninguém poderá nos matar, é isso?

O dono do capuz balançou sua cabeça para frente e para trás, concordando.

A mulher loira dos olhos verdes (meus olhos, acho) não deixava de transparecer que estava com medo. Ela estava toda encolhida nos braços do homem moreno. Os dois se entreolharam até que finalmente concordaram. O vento batia fortemente em seus rostos e o assassino entregou uma faca para cada um, de inicio não entendi. Surpreendendo-me, um círculo de fogo se formou ao redor do casal os separando.

Ao longe, ouvi os berros de Alice e Jasper.

Como se estivesse sido sugada, meu corpo foi se afastando da cena até que tive a certeza que estava novamente no quarto.

Abri meus olhos e encontrei os olhos fechados de Edward, nossos lábios ainda estavam juntos e percebi que minhas mãos estavam deslizando pela barriga dura dele e faltava pouco para meus dedos finalmente chegassem a seu destino.

Ah, que constrangedor!

Com um único movimento, dei um empurrão em Edward e pulei da cama.

Meu corpo tremia violentamente e um fogo desconhecido queimava minha pele. Olhei para baixo e percebi que eu estava nua. Rapidamente, tapei minhas partes íntimas. Sem ter coragem para olhar para o homem que estava na cama, olhei para o chão e abaixo de meus pés encontrei uma camiseta azul. Com uma pressa absurda, eu a vesti.

Durante todo o processo, não ousei olhar para Edward. Apenas vesti a camiseta que ia até o meio das minhas pernas e agradeci pelo tecido ser tão grande.

- O que você está fazendo? – Edward perguntou e assim que olhei para ele deitado na cama apenas de cueca, senti minhas bochechas queimarem, só que dessa vez foi pelo mais puro constrangimento.

Olhei para seus olhos dourados e todas aquelas cenas se repetiram. Pergunte-me como ele não tinha notado que eu simplesmente não estava mais ali. O que será que fiz durante todo esse tempo? Ah, não...

- Eu... Não sei. Eu preciso ir embora, me desculpe. – Falei envergonhada e sem perder tempo olhando para o seu rosto, saí de seu quarto e fui em direção do meu. Perguntas absurdas ficavam rondando minha mente e me perguntei se não tinha ficado louca ou se simplesmente não estava tendo um pesadelo.  No fundo, eu sabia que aquilo era tudo, menos algo criado pela minha mente.

Assim que cheguei ao meu quarto, encontrei Alice e Jasper sentados um ao lado do outro. Ambos pareciam estar me esperando.

- Acho que ela despertou muito sentimentos fortes nele –Jasper finalmente falou depois de um longo silêncio que surgiu no local quando me viram.

- E então? – Alice perguntou, levantando-se, vindo ao meu encontro.

Foi quando comecei a chorar como uma louca. Assim que Alice chegou perto o suficiente de mim, eu a abracei e chorei muito. Todo o tempo, ela ficou me dizendo que tudo iria ficar bem. A fraqueza dominava meu corpo e nunca me senti tão infeliz em toda minha vida.

Demorou certo tempo até que ela me colocou deitada em minha cama e comecei a contar para ela tudo que tinha acontecido. Tirando as partes muito íntimas que havia rolado entre mim e Edward, claro.

Assim que terminei de contar e passei a manga da camisa em minha bochecha, limpando as minhas lagrimas, olhei para Alice e vi que estava presa em seus próprios pensamentos.

- Agora tudo faz sentindo – Ela e Jasper falaram ao mesmo tempo, me olhando preocupados.

- Tudo o que? – Perguntei fraca demais, lutando para não cair no sono.

- Bella, apenas seu pai era para ter ficado com você enquanto crescia. Sua mãe, como sempre, morre. – Ela foi falando, olhando para o completo nada.

- Jasper, o que Alice ta querendo dizer? – Perguntei agora para ele, preocupada.

- Ela esta querendo dizer que Nessie não devia ter nascido. – Jasper respondeu, preocupado.

Foi ai que entendi tudo.

Nessie era a pessoa que eu e Edward precisávamos matar para sermos felizes para sempre.