“Você consegue ouvir as gargalhadas daquela fotografia ecoando para todos os lados, consegue?”

O dia anterior foi marcado no seu calendário com letras de ouro e cetim.

Ayumi estava indo para o trabalho com fones de ouvido, e cantava baixinho a música que ouvia.

When i wass darkness out of time furueteru kuchibiru

Heya na katasumide I cry

Mogake ba mogaku hodo tsukisasaru kono kizu

Yabureta yakusaku hey hey

Nobody can save me kami-sama hitotsu dake

Tomadosaku you na my love

I need you love

I’m a broken rose ¹

Como era terça, ela passou antes na confeitaria.

- Ayumi! - praticamente gritou Maya ao ver a amiga entrando na loja.

- Er, oi Maya. Oi Maki.

- Oi Ayumi!

- Que bom que hoje é terça! Quase liguei para você ontem de noite!

- Nossa. Por que tudo isso? – disse ayumi vendo as duas amigas perto dela a olhando com toda a curiosidade que uma pessoa jamais poderia subestimar de uma amiga.

- Como por que? – disse Maki – ontem você saiu com o Kaeru e ele ia se declarar para você. Ele não fez isso?

Mais uma vez Ayumi teve a reação que teve de noite.

- Ayumi, você ta bem?

- Ah, não faz isso não que ela acaba enrolando! – Maya disse fazendo com que Ayumi se sentasse.

- Vocês hein!

- Melhorou? Agora desembucha que nós estamos ansiosas!

- Já esta falando pelas duas, Maya? Bom, tenho certeza que o pensamento é o mesmo. Bom, antes de tudo, eu vou querer 5 bolinhos ingleses hoje, 2 para o almoço e os outros para de noite.

- Fala logo! – disseram Maya  e Maki ao mesmo tempo.

- Ta bom! Quanta hostilidade! Foi legal ontem, acabamos não indo no cinema e ficamos em um parque perto do cinema, depois ele me levou em casa e foi isso.

- Ayumi, entenda uma coisa. Nós não estamos querendo saber a rota que fizeram. O que nós queremos é saber se ele se declarou ou não, e caso a resposta seja sim, o que você disse.

- Maya... eu tenho mesmo que dizer isso? - ao perceber os olhares das amigas, Ayumi percebeu qual era a resposta – Bom, sim, ele se declarou...

- Nyaaaaaaaaaaaaaaaa – disseram as duas ao mesmo tempo.

- Nossa... quanta gente louca. Agora parem com isso se querem saber, eu tenho que trabalhar! Melhor assim. Eu tive um ataque depois que ele disse isso, ele quase morreu de preocupação, eu não agüentei e o abracei e mesmo em um parque publico eu não agüentei e beijei ele e a gente continuou conversando e ele se declarou de novo e eu tive outro ataque e ele resolveu me levar para casa antes que eu morresse ali e foi isso.

As duas ficaram olhando para ela por um tempo

- Pronto, você já ta respirando? Agora será que você poderia falar devagar e responder mais uma coisa? – silencio - Parece que sim. Você beijou ele???

- Nhaa, se fosse na Inglaterra isso não seria nenhum crime!

- Sim Ayumi, mas é o Japão! – disse Maya.

- Para mim não tem problema algum! – confessou Maki – pior se ela ficasse esperando e ficassem a noite toda vermelhos sem definir nada. Agora provavelmente eles irão namorar e tudo vai estar resolvido.

- Isso aê! Agora, por favor, me vê uma caixa desses docinhos aí que eu preciso ir para a loja!

Elas se despediram e Ayumi foi para a loja, onde se explicou para Takato, que já imaginava que isso aconteceria.

Faltavam quinze minutos para o horário do almoço quando Kaeru apareceu na loja.

- Oi – disse Ayumi vermelha

- Olá! Ow, tão cedo nesse tom? Só por favor, não pare de respirar.

Ayumi deu um doce sorriso.

- Acho que cheguei meio cedo para o almoço, não?

- Sim, ainda falta um tempo.

- Ow, doces! - aponta para a caixinha que Ayumi comprou na confeitaria logo cedo – São da confeitaria onde as outras duas trabalham, não?

- Sim, são! Quer um? Pode pegar.

- Ah, obrigado! São meus preferidos! – ele olha para Ayumi – Olha,eu não queria falar isso aqui, mas não me agüento mais.

 Ayumi continuou vermelha.

- Quer dizer, aquele beijo de ontem, sabe... Ele significa para você o mesmo que significa para mim?

- Ah, isso... bom, er – vermelha – Ahhhh, eu não consigo!!!

Kaeru sorriu.

- Se não for, não precisa se preocupar. As pessoas agem por impulso às vezes...

Ayumi lançou um olhar capaz de matar.

- Você acha que eu sou de sair por ai beijando qualquer um por impulso?

- Na-não foi isso que eu quis dizer.

- Hunf, é bom mesmo! – disse cruzando os braços – Vê se eu tenho que agüentar isso.

- Você é mesmo linda!

No mesmo instante Ayumi parou com seus pensamentos e olhou para Kaeru.

- O que foi? Falei alguma mentira por acaso para me olhar desse jeito?

- Não é isso... é que você não faz idéia do quanto isso vale para mim...

Kaeru sorriu e foi para trás do balcão, onde olhou Ayumi nos olhos e a abraçou.

- Tenha certeza de que para mim não é nenhum pouco diferente.

Ayumi o abraçou  mais forte, mas de repente o sininho da porta soou e Maya e Maki entraram, fazendo com que o casal se separasse.

- Ahhh, tava tão bonitinho ver vocês abraçadinhos - disse Maya fazendo beicinho

- Seria melhor se fosse beijando, mas tava bonitinho sim.

Todos presentes olham para Maki assustados

- Are, o que foi? Não tem nada de mais.

Takato chega na loja e o grupo sai para almoçar.

- Tó, aqui os bolinhos Ayumi – entrega Maya

- Ah, depois eu pago quando pegar os outros, ta?

Só para variar, foram para o mesmo restaurante de sempre.

Na volta do almoço Ayumi e Kaeru se despediram apenas com um cumprimento, mas o garoto prometeu que a levaria para casa na saída do trabalho. E foi o que aconteceu.

Quando chegaram no portão, Kaeru mais uma vez demonstrou que não consegue segurar os seus sentimentos.

- Sabe de uma coisa, eu achava que você jamais iria aceitar namorar comigo

- Ué? Em algum momento eu dei a entender isso?

- Na verdade não, mas eu tinha esse medo.

Kaeru se aproximou de Ayumi e lhe beijou.

No mesmo instante Akemi olhou pela janela e acabou vendo a cena. Não é preciso dizer que a felicidade que lhe atingiu é totalmente inexplicável. Logo ela saiu da janela, e logo também Ayumi entrou pela porta.

Quando Ayumi olhou para Akemi, já sabia o assunto pelo qual ela a fitava.

- Sim, antes que pergunte eu estou namorando.

- Ah, era tudo o que eu queria – Akemi estava em plena felicidade, e não pode se contar, abraçando sufocadamente Ayumi.

- Er... eu acho que percebo isso.

- O jantar está na mesa, vai querer comer?

- Ah, não obrigada. Eu já comi uns bolinhos e acabei ficando sem fome. Acho que vou dormir ta? Boa noite.

Akemi entendia o que estava passando pela cabeça da amiga. Ela entendia como isso era confuso para ela.

Ayumi deitou na cama e ficou pensando. Era muito estranho namorar depois de tudo pelo que passou.

Ela gostava muito de Kaeru, mas não podia negar que ainda sentia algo pelo fantasma de Ichirou.

Ela segurava um bolinho nas mãos e o fitava como se fosse o próprio Ichirou.

“ Toda terça ele me comprava um bolinho. Por que eu ainda continuo comprando? São gostosos, mas eu tenho que parar com essa rotina que ele me deu. O Kaeru não merece ter uma namorada que pensa em outro cara todas as noites. Ah, como o Kaeru é fofo, e bonito...”

Só ao pensar em Kaeru ela já estava vermelha. Não conseguia controlar suas emoções e devia aprender antes que tomasse o vermelho como sua cor natural.

Mas ela mesma não estava certa se vivia a realidade ou se voava nas asas de uma quimera.

Adormeceu logo, e o bolinho ficou no móvel ao lado de sua cama.

Pela manhã quando acordou, sentia-se outra pessoa. Por algum motivo Kaeru possuía um poder tão grande de deixá-la feliz que quando Ichirou aparecia em sua cabeça ela não conseguia encontrar a mesma tristeza que sentia todos os dias.

 E pela primeira vez em muito tempo, antes de ir para a mesa do café, já estava arrumada e pronta para ir trabalhar.

Desceu as escadas e encontrou o casal sentado à mesa.

- Bom dia! – disse sorridente Ayumi.

- Nossa, o que o amor não faz em uma pessoa? Conseguiu até transformar aquele monstro nesse ser fofinho que está vermelho em minha frente – disse Akemi debochando da amiga que ficara vermelha ao ouvir a tão temerosa palavra com ‘a’ – Você realmente tem que parar de ficar vermelha com esse assunto, Ayumi. É uma coisa tão comum como tomar chá... bom, talvez não seja tão comum para você...

Raios saíram pelos olhos de Ayumi e encontraram os de Akemi, que se escondeu atrás do marido.

- E aí, Miori, como vai o emprego?

- Não há nenhuma novidade. O banco continua em uma ótima fase.² Acho que vai dar até para passear nesse final de semana como estávamos planejando.

Ayumi fez uma cara ao ouvir sobre o passeio, já que não estava sabendo de nada.

Akemi nota a incompreensão da garota e resolve explicar.

- Eu não tinha te contado por que não queria criar falsas esperanças.

- Mas para onde nós vamos?

- Estamos pensando em ir a Hokkaido – disse alegremente Miori – Ah, Hokkaido! Maravilhas culinárias! Adoro os caranguejos de lá!

Ayumi notou que Miori ficou com um certo tom rosa nas bochechas ao lembrar da tão famosa cidade japonesa.

- Para você pode não ser muita coisa, Ayumi. Mas quando chegarmos lá você vai perceber o porquê de muitos quererem ir lá. Também há muitos shows lá. Quem sabe você não acaba indo em um e acaba gostando?

- É bem provável. Bom, acho que vou gostar, nunca fui em outro lugar do Japão se não Tókyo. Mas na verdade tem outra cidade que tenho muita vontade de conhecer, a Matsumoto. Parece que há belos castelos lá.

- E várias fontes termais com a temperatura ideal! - Miori saiu rodando pela cozinha – Nós passamos nossa lua de mel lá! É tão romântico! Tantas cerejeiras! – seus olhos brilharam tanto quando olhou para a mulher, que quase ofuscaram os de Ayumi.

- Bom, eu to indo então. Fiquem aí com as lembranças desse grande momento – disse Ayumi saindo.

Mais uma vez ela foi cantarolando para o trabalho.

Guardou sua bicicleta e entrou na loja, sentando logo em seguida atrás do balcão e puxando a KERA do mês. Ela olhou para a revista e lembrou que já a lera bastante. Levantou e bateu na porta do escritório onde Takato estava.

- Diga Ayumi.

- Er, será que a sensei poderia ficar cuidando a loja um pouco? Prometo não demorar.

- Algum motivo especial?

- Não, nenhum.

- Bom, se você não demorar eu fico.

- Muito obrigada, sensei.

Ayumi saiu muito alegre da loja e foi até a loja de revista que ficava na mesma rua. Pensou em comprar um mangá, mas se perdeu quando viu a grande quantidade de títulos que haviam à venda. Foi então que um lhe chamou a atenção, e ela pegou os três primeiros volumes.

Depois foi onde ficavam as revistas de moda, e mais uma vez ficou em duvida sobre qual levar.

Acabou levando alguns títulos famosos como CUTiE, Jelly e JJ. ³

Já estava caminhando até o caixa, quando outra revista chamou do nada sua atenção e resolveu levar.

 Voltou correndo para a loja e pediu desculpas para Takato pela demora.

Ao voltar para o balcão tirou todas as revistas da sacola e revelou a revista e os mangas. O mangá era do tão famoso grupo CLAMP, com o título de XXX Holic. Quando ela olhou com mais calma para a capa lembrou de ter lido uma matéria sobre ele na internet.

A revista era uma edição de Nonno Cook Book, que ela esperava servir para sua primeira experiência de verdade na cozinha.

Começou lendo os mangas, e chegou a anotar algumas falas que gostou.

- O que é ser normal, afinal? É ser igual à multidão? Qual é o significado disso? Se você não atrapalha o resto do mundo, não há mal nenhum em ser anormal. – Ayumi leu a frase que mais gostou, tentando imitar a voz que imaginava para a personagem que a tinha dito.

Ela lia o mangá em voz alto fazendo as vozes de cada personagem.

Os mangas foram lidos rapidamente, abrindo espaços para as revistas.

Começou lendo a CUTiE, que não tinha nada parecido com o que ela havia imaginado, mas que agradou do mesmo modo.

Chegou a hora do almoço, e ela contou toda emocionada às amigas sobre o mangá que começara a ler.

- Você é realmente a Ayumi? – indagou Maya não acreditando que ela tinha deixado de lado a revista que lia durante o mês inteiro.

- Há há, muito engraçado. Mas mudando de assunto, parece que vou com minha família para Hokkaido no final de semana, não é legal?

- Pera aí! Você é realmente a Ayumi que eu conheço? - Maya estava apavorada com a mudança da amiga – desculpe Ayumi, mas era para você estar arrumando formas de escapar dessas férias, não era?

- Eu sei que é estranho, mas por algum motivo eu acordei diferente essa manhã.

- Tô vendo!

Ayumi sorriu, o que só confundiu ainda mais a cabeça de Maya.

- Nós vamos fazer um show em Hokkaido esse final de semana também. – Maki disse enquanto as amigas olhavam para ela.

- Você não disse que já estavam tocando fora da cidade – indagou Maya – Muito menos o Koichi. Ayumi, o Ichirou disse algo para você? – Maya parou ao perceber que havia dito besteira – Quer dizer... o Kaeru não disse nada, não é mesmo?

- Não precisa se preocupar, Maya – sorrindo com bastante esforço Ayumi olhou para a mesa, e sem levantar o rosto continuou a conversa – Não, o Kaeru não me disse nada.

Maki ficou sem entender, mas mesmo assim respondeu a curiosidade das amigas.

- Nós tínhamos combinado de guardar segredo. Não queríamos fazer alardes por uma coisa incerta. Mas confirmaram ontem, então está tudo bem.

- Isso é ótimo! Pena que vou ser a única que não vai poder ver – Maya descansou a cabeça tristemente sobre a mesa.

- Na verdade tem outra coisa que eu não contei. Nós temos espaço para um na viagem, então se você quiser vir esta convidada. Se a Ayumi não fosse com a família íamos manter segredo sobre isso também, já que seria injusto apenas um integrante levar a namorada.

- Nhaaaa, é claro que eu vou!

- Isso está é parecendo com uma novela, isso sim! Tudo dando certinho, todo mundo viajando junto... Será que encontraremos um príncipe encantado no próximo episodio? – disse rindo muito Ayumi.

1- Título: Rose Cantora: Anna Tsuchiya Primeira abertura do anime Nana *--* Escolhi essa música por que além de ser linda e soar perfeitamente aos ouvidos, de alguma forma se encaixa na vida da Ayumi. Olha só, por coincidência acabou de tocar na minha playlist *OO* ~~revisando pela milésima vez o capítulo, já que to sem net nesse momento -.-~~

Tradução =B

Quando eu estava na escuridão da perda do tempo, com meus lábios tremendo...

...no canto do quarto, eu chorava.

Quando mais rude eu brigo, mais dor eu sinto neste machucado.

Apenas um monte de promessas vazias, hey, hey

Ninguém pode me salvar. Por favor, Deus, quero te pedir uma coisa,

Quero que meu amor floresça como uma rosa.

Preciso do seu amor.

Sou uma rosa despedaçada.

Tradução retirada da abertura do anime, feita pela equipe do Anime Future. Qualquer erro, não é culpa minha =B

2- Como reparamos nessa frase, não fiz questão de que existisse a crise xD

3- Essas revistas, CUTiE, Jelly e JJ, falam sobre moda. Não é uma revista que agradaria tanto o meu gosto, mas a Ayumi as usa para passar o tempo. [De moda acho que só a KERA desce, já que as roupas são mais divertidas, menos patys da vida e ainda tem como modelo a Ayumi Yamauchi *---* A vocal da LANCER>>Bee ^^]