Beautiful escrita por Bones


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Para fazer essa história curta, não me inspirei exatamente no nosso querido vocalista. E esse texto não diz nada sobre o que eu realmente penso sobre ele. Minha inspiração foi outra, porém Mr. Big Gee Way foi o melhor bode expiatório que eu poderia encontrar!
Narração por parte do nosso ilustre Frank Iero, apesar de seu nome não ser citado em momento algum.
Uma boa leitura à todos!



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Beautiful


Peguei o lápis em minhas mãos e girei-o de forma desinteressada no ar; meus dedos passeando por toda a sua extensão enquanto, pela janela do ônibus onde eu estava, podia ver claramente a figura alta e de pele pálida com a qual eu costumei dividir muitas coisas. Seus cabelos compridos e sem corte caiam por seus ombros com um aspecto sujo, e eu sabia que ele não lavava aquele bicho morto que vivia em cima de sua cabeça há semanas. Ri sozinho com aquele pensamento ácido enquanto, ainda com o lápis em mãos, uma ideia um pouco sombria e bastante rude começou a tomar forma dentro da minha cabeça.

Aquele homem é bonito só de longe e apenas por fora, e foi essa a realidade que eu passei a enxergar depois de um tempo de convivência. Em cada pequeno detalhe.

Talvez ele precisasse saber disso. Talvez todos precisassem.

Estiquei-me para o lado, minha mão direita alcançando o interior da minha mochila que se encontrava no chão, aos meus pés, e de lá tirando meu caderno – minha mão esquerda ainda segurando o lápis com firmeza. –. Abri-o sobre minhas pernas cruzadas sobre o sofá pequeno e improvisado daquele ônibus que, depois de uma ou duas viagens, eu acabei aprendendo a apreciar como um lar.

Com a atenção agora dividida entre a figura que ria embriagada do lado de fora da janela à minha frente e o caderno sobre minhas pernas, pus-me a escrever rapidamente tudo o que vinha nos meus pensamentos sobre ele. E tudo com a atenção, carinho e zelo tão característicos de qualquer caricaturista.

E eu conhecia muito bem aquela caricatura.

E a você, que durante certo tempo foi como uma inspiração para mim; espero que leia e absorva cada palavra do que lhe escrevo hoje... Porque talvez isso possa te salvar de um triste (porém merecido) fim.

Você, que se autonomeia artista, com sua capacidade de raciocínio acima da média, mas que na realidade apenas se aproveita da ingenuidade e do talento alheio para se promover. Você, que por onde passa exala o odor fétido da própria arrogância, desfilando frente a todos com sua mulher esnobe como a própria personificação da soberba. Seu nariz fino e sempre em pé transfigura sua face – já não tão bela – em algo de uma feiura ímpar e que, por certo, retrata perfeitamente o seu interior.

Você, que se orgulha da vida sofrida, dos erros e dos acertos, das dificuldades passadas para chegar aonde chegou, mas que jamais lamentou a humildade que perdeu aos poucos ao longo do caminho. Você não quer o dinheiro! Não! O seu negócio é a fama! A excitação de ser conhecido e reconhecido! De saber que pessoas morreriam por você! E principalmente que a maioria delas fecha olhos e ouvidos frente a seus trabalhos, elogiando-os apenas por serem seus. O nome “Way” vale uma fortuna, não é mesmo? Então, por que não usá-lo uma vez mais? Ao menos se esse nome te pertencesse... Analise-se... Você é uma farsa sedutora que engana pessoas graças a um sorriso bonito e meia dúzia de elogios vazios. Um gênio da engenharia social, e isso sou obrigado a admitir.

Você, que se expõe como um produto e que sente prazer em vender a inveja pronta disfarçada de “notícias da sua vida perfeita”. Você ama a inveja! Você a ama! A ama quase tanto quanto seus dons teatrais, de onde provém sua falsa modéstia.

Você, que copia até mesmo ao dizer que inova. Você que mente e reclama, como se estivesse cansado da vida.

Você.

Espero sinceramente que um dia, não importa quando e nem como, seu pedestal de gesso se quebre e sua bela face de pele branca e imaculada toque o asfalto de forma brusca. E principalmente, que neste momento você entenda que é lá que você merece ficar.

Way. Sua multidão ensandecida não te seguirá para sempre. As pinturas desbotarão, desde seus quadros até os desenhos. Sua roupa, um dia, estará puída. O dinheiro terá tido seu fim, provavelmente junto com sua mulher na qual você tanto se apoia e usa como escudo para se defender covardemente. Seus CDs, seus pôsteres e todos esses produtos que levam sua face estampada neles, são coisas passageiras e perecíveis que o tempo há de consumir! Sua pele clara estará manchada, fina e enrugada, e seus cabelos cairão e você perderá todo o seu charme. O que acontece quando a carapaça se vai, han? Você saberia me dizer?

Você não fez história. Não. Você não ensinou, você não marcou... Você apenas é e está, e se exibe por isso. Você desperdiça seu talento com a autopromoção desnecessária de seus trabalhos feitos às pressas, totalmente desprovidos daquela magia e capricho iniciais, tão característicos seus na época em que ninguém conhecia o seu rosto.

As histórias vazias e sua expressão corporal cada vez mais altiva, apenas reafirmando seu “novo modo” de pensar: “Eu sou melhor que vocês”. E acredite, o que eu vejo de pior nisso tudo não é o fato de eu ter vergonha de quem você se tornou hoje... É ter a certeza de que você há uns cinco anos atrás, se tivesse a oportunidade de se ver hoje, teria vergonha de si mesmo.

Boa sorte com a sua consciência essa noite, “Gerard Fucking Way”. Porque você vai precisar dela.”

Reli minhas palavras um tanto mal escritas devido à pressa e sorri realmente satisfeito. Ouvi uma risada alta do lado de fora do ônibus. Alta, escandalosa e sem humor. Meu sorriso se alargou. É, eu havia feito um bom trabalho.

Arranquei aquela folha do meu caderno, dobrei-a e a abandonei sobre a mesa, logo me levantando e tateando pelos bolsos do casaco em busca dos meus cigarros. Se ele quisesse ou simplesmente decidisse tirar um pouco de tempo para ler as palavras de um mero mortal, certamente ele leria minha pequena carta. Mas mesmo com seu nome nela, não acredito que ele realmente vá perceber sobre o que se trata. Talvez ele tenha um rápido acesso de fúria no qual rasgue minha singela homenagem à sua pessoa em mil pedaços, mas não me importava. Não mais.

Sai do ônibus tranqüilo; um cigarro aceso na boca e as mãos enfiadas nos bolsos. Passei devagar por uma pequena roda de garotas e garotos adolescentes que riam animados com cadernos nas mãos e suas câmeras digitais disparando flashes por todos os lados. Sorri.

Espero que esteja feliz, Way.”



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