Atmosfera Viciante escrita por PridePeople
Acordei tranquila. Talvez por finalmente ter me saído por cima em uma das conversas que tive com ele. Sem invasões, nem arrombamentos de porta... Bom talvez ele tenha mesmo perdido a noite de sono. Me arrumei, tomando banho, escovando os dentes, arrumando o cabelo, levemente solto. Fui até o não tão mais temido 201. Esperei ele atrás de mim, como na última vez, e me pus a pensar por uns segundos, sobre o desafio. Foi falta de ética minha. Mas naquele momento, esse argumento não me convenceria.
“TOC-TOC-TOC” – bati na porta, já deduzindo que pela demora, ele estivesse se aprontando. Talvez arrumando aquele cabelo, preto, liso e com gel, arrepiado, de uma forma que ressaltava o resto do rosto, além de deixa-lo mais alto.
- Otavio? – disse confusa.
Silêncio.
- Otávio?! – disse já praticamente esmurrando a porta, três vezes.
- Otaviooo? – disse novamente esmurrando as portas. Estava muito calor aquela manhã, lembro que até levantei de madrugada para tomar um copo d’água. E comecei a me preocupar por ninguém responder, e ele não vier atrás de mim com aquele tom irônico que apesar de irritante, adoraria ouvir, em tamanha preocupação. Até que abri a porta com um empurrão, e com uma força que nem eu sabia que tinha.
E me deparei boquiaberta, com uma garoto de calça jeans escuras, sem camisa, o cabelo esbagaçado, totalmente suado e o olhar de pânico talvez, pelo susto que o proporcionei. O quarto estava uma bagunça: Uma caixa de pizza na prateleira, a cama totalmente bagunçada, a camisa, que necessariamente deveria estar em seu corpo, sem encontrava na janela, pendurada. O lugar já não fazia o aspecto “aconchegante”, e ele conseguiu piorar. Ate que ele exclamou:
- Oque você tem? – disse assustado.
- Você não respondia, eu pensei o pior. – disse brava, mas logo depois corei, por vê-lo novamente sem camisa, e em circunstâncias tão constrangedoras. E logo fiquei brava logo pelo fato de corar.
- Ah, desculpa... Eu acho que esqueci de por o despertador. – disse coçando a cabeça e se espreguiçando.
- Mas o despertador do quarto, já estava programado. – me apavorei, pela possível fato de eu estar passando por aquilo, por erro meu – Eu mesma verifiquei... – disse tentando achar o tal despertador pela bagunça do quarto.
- Este? – disse tirando-o quebrado da gaveta da cômoda.
- O que aconteceu com ele? – disse perplexa, por estar tão destruído.
- Ah, me irritei, não nos demos bem , logo no primeiro dia que dormi aqui – disse coçando a cabeça – Malz...
- Ah, ok. Se apronte. As aulas. Vão começ ... – olhei e me espantei – Já começaram! Rápido, se troque! – disse em alerta.
- ok-ok... – disse frustrado e com sono ainda – Mas foi bom te ver logo de manhã... –disse irônico.
- Deve ter sido mesmo. – disse em deboche.
- Ainda mais pra você, me viu na minha melhor hora... – ironizou por estar sem camisa.
- Cale a boca. – disse debochando – Apronte-se.
Olhou rapidamente, e foi ao banheiro. Enquanto eu saia, olhei para a porta e disse:
- E eu que não queria danificar nada – disse rindo de mim mesma.
Sai, logo indo em direção à diretoria, para mandar qualquer desculpa, para arrumarem a porta.
=OTAVIO ON =
Depois do incidente que ela provocou no meu quarto, me arrumei dentro do banheiro. Caso ela estivesse ainda lá. Ou se uma tarada aparecesse. Quando sai, só ajeitei o cabelo, e fui ao encontro dela. Não a achei, então dei de cara numa daquelas “patricinhas”, e decidi perguntar onde eram as aulas.
- Ah, com licença – disse tentando me “introduzir”.
- Olá... – disse me medindo por inteiro – Posso – pausou – Ajudar? – deu um sorriso bonito, mas forçado.
- É... – percebendo suas intenções, decidi ser frio – Você saberia me dizer, onde estão acontecendo as aulas? – disse direto.
- Bom, eu te mostro, se você quiser. – disse tentando parece provocante.
Aquela situação me fazia pensar em quanto algumas meninas são... “de um jeito estranho”, e enquanto outras, são muito interessantes, como Mandy. E de como era engraçado, vê-la tentando me “Seduzir”.
- Não, só quero que você me diga. Não precisa mostrar nada – disse corto e grosso.
- Ah, tem certeza? – disse insistindo.
Eu, de primeira, não ía me “aproveitar”, mas no fundo, vi Mandy vindo, em nossa direção, então decidi improvisar.
- Na verdade... – disse me aproximando – Seria melhor mesmo, é meu primeiro ano, aqui. – disse dócil.
- Ah, eu entendo... – disse dando uma piscadinha pra mim, que literalmente me deixou... corado.
Quando eu ia falar, Mandy nos interrompeu, numa frase alta e rápida, como num raio:
- Que que é isso aqui? – disse cortantíssima.
- Estava pedindo informação, como não te achei... – fiz uma cara de “não tenho culpa no cartório”.
- Exatamente. Só ía dar uma ajudinha de boa vindas pro garoto novo. – disse dócil, e se virando pra mim – Ele ainda deve ser meio lentinho, né? – disse sorrindo pras amigas em sua volta, e para Mandy.
Senti como se estivesse com enjoo. Quis cuspir na cara dela, que ela era extremamente oferecida, e quem realmente é “lento” e não enxerga seu próprio umbigo seria ela.
- Espere um segundo... – disse (ainda) calmo – Eu? Lento? – disse questionando-a.
- Otavio... – disse Mandy, pegando no meu braço, querendo dizer “não termine com isso, não vale a pena.”
- É Otavio – disse ela com aquela cara que fizemos quando falamos com um bebê, e também com a mesma voz – sem infantilidades e nervosismo, ok? – disse cheia de si.
Fiquei espantado com a hipocrisia daquela garota, que aposto que num fazia nada além de falar de vestidos, lojas, roupas, unhas e cores de cabelos. Talvez até de coisas que se leem. Horóscopos, sabe?
- Vamos! – disse Mandy, olhando com uma cara de “faz o que eu mando.”
- Isso ai, vai Otavio... – disse numa tentativa falhada de parecer perigosa.
- Com prazer. – sai jogando os livros dela, no chão e pegando a mão de Mandy, fazendo-a vir comigo.
- Melhor sair mesmo! – disse estralando os dedos, que fez com que uma de suas amigas pegasse os livros que tinha derrubado.
- Odeio patricinhas. – disse para Mandy.
- Porque? – disse curiosa.
- São fúteis. – pausei – de certo modo, me lembram a Hayley.
- Você ainda a ama? – disse Mandy agora com a voz mais amena.
- Amá-la. Talvez eu nunca tenha a amado. – disse querendo me livrar.
- Ok. – disse com a voz mais amena ainda – Vamos! – disse como um raio.
- Vamos.
Assim fomos andando, até que ela me mostrasse minha sala. Percebi que ela parecia meio abatida, e percebi também que seja o que fosse ela não queria falar sobre, por enquanto, decidi esperar.
Até que chegamos lá:
- Sua sala. – disse séria.
- Ok. Ridícula aquela garota, não? – disse querendo saber a opinião dela.
- É... Fútil daquele jeito, e já foi sua namorada. – disse irônica.
- Oque? – disse assustado de simplesmente tentar digerir que era Hayley.
- É. Era ela. – disse cortante.
- Ela está aqui? Estudando, na mesma..? – de tão assustado mal pude completar a frase.
- Sim. – disse com uma ponta de angústia – Parece que quando soube de você, veio correndo.
- Problema é dela. – disse já alterado.
- É, mas se você ainda a ama... – não terminando a dizer, já a interrompi.
- Não a amo. Tô em outra. – disse me fixando no olhar de Mandy, e me aproximando.
- Acredito. – disse ainda paralisada e fixada no meu olhar.
- Eu ganharei. – disse irônico.
- É oque veremos. – disse sarcástica e já se afastando.
Me deu um caderno e um estojo relativamente cheio, pelo que pude sentir.
- Oque é isso? – disse meio que já sabendo a resposta.
- Um caderno e um estojo com canetas. – disse como se eu não soubesse.
- Olha. – disse me afastando, e indo para a mesa do professor, que ficava perto das janelas, á uns três, quatro metros da porta. Tirei uma caneta, escrevi num papel, e o rasguei, relativamente pequeno. O prendi quando fechei a caneta. Mirei e atirei.
- Fácil. – disse já pegando minha caneta no ar, com rosto irônico.
Virou-se para ler, e viu o que escrevi: “Seja minha. Não tente se enganar, você é diferente, não será um troféu, como as outras...”
Quando ela virou de volta, eu já estava atrás dela, extremamente perto, quase consegui beijá-la. Mas a pior pessoa para me impediu.
- Hora de ir para a sala, velho amigo. – disse Hayley, já entrando.
A olhei entrando, e me voltei para Mandy, que estava com aquela cara de: “você ainda a ama”.
- Não a amo. – disse farto desta afirmação.
- Ok. Acredito em você. – disse já com a ponta irônica em sua face.
- Sério?
- Claro. Aliás, se ainda amá-la, a aposta será ou anulada, ou roubarei você dela. – pausou – Simples.
- Não sou fácil. – pausei. – Eu que quase te beijei, não você que quase caiu na minha. – disse irônico, e já a deixando sozinha no corredor.
Feito. Estou vingado e ela? Putz, tá fácil, já.
Essa eu já ganhei.
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Fico um lixo D=