“Poderes?” – era com esta frase que terminava minha memória, do que eu tinha vivido até ali.

Frase clichê, de filmes de ficção, mas sim, era essa mesma. E foi quando cheguei àquela espécie de escola. Obviamente diferente das de costume. Tentei me manter distantes dos outros na minha volta, não sei se são confiáveis. Eu pensava assim, mas estava simplesmente apavorado. Mal conseguia ouvir o que a suposta “diretora” e seu suposto assistente falavam quando pensei em me aproximar de uma garota, que aparecia habituada com o lugar, e também conhecer os “poderosos” que ali estavam.

=MANDY ON=

–Vocês todos têm algo em comum. – disse a diretora, àqueles “alunos” que ali ouviam. Sei porque já fui uma deles. E ela dizia confiante de si mesma, e no que dizia, com convicção, até que seu assistente a interrompeu:

– Acho que não precisamos mencionar o quê, não é? – disse em tom irônico, tentando obviamente dar um ar de descontração, ao ambiente. Enquanto via a tensão na face de cada “aluno” ali presente.

– Muito oportuno Sr. Freedon – disse em tom também de ironia, até meio risonha.

Eu tentando me concentrar em algum aluno ali, achar um que tenha algo de especial, e logo achei. Ou melhor, achar não achei, mas me parecia calmo, o garoto que vi, obviamente querendo esconder o nervosismo. Em todo o discurso da diretora, ele não parecia ser do tipo “que confia muito nos outros”, olhava desconfiado para todos que o ousava espiarem, parecia até que tinha todo o controle em mãos, coisa que eu ria enquanto via. Até que ele veio em minha direção, querendo transparecer cheio de si e confiante, como se já soubesse onde estava:

– Quem é você? Se é que posso saber. – disse novamente cheio de si, suava até meio irônico.

Eu permaneci calada, queria conhecer suas manias, enquanto esta nervoso, até que ele disse:

– Um robô? Ah, ótimo... – disse em tom de deboche, então sem escolha, falei:

– Olá, senhor...? – disse já com minhas fichas na mão, além do mais, ele poderia ser meu futuro...

– Interessa? – disse me dando a certeza de quem era. Mas logo depois, me confundiu: Sheldon! – disse me medindo, querendo olhar o que eu tinha em mãos, obviamente querendo saber se eu tinha algum tipo de informação sobre ele.

– Hm... – disse anotando. Como esperado, se sentiu aliviado, e expressou isso com um sorriso irônico com uma ponta de alívio. Logo depois de olhar sua foto e lhe reconhecer, eu disse:

– Seja Bem-Vindo senhor Otávio. – com tom de vitória.

– Valeu – disse em tom de derrota. – Oque faço aqui? Quem são esses caras de pele azul?- disse se sentindo obviamente deslocado.

– Aqui é sua nova escola... – disse lhe mostrando o local.

– Parece que eu já sabia que você iria dizer isso. – disse em tom de “whatever”.

– Hum... Parece que você pode ler mentes, não é? – disse anotando.

– Co-como assim? – disse gaguejando, e não acreditando no eu ouvia.

– Algum problema? – disse espantada com o espanto dele.

– Se eu leio, você também lê. – disse em tom de brincadeira.

Silêncio.

– “Antes de tentar mudar o mundo, tente arrumar seu próprio quarto.”

– Bi-Bill Gates. – Disse perplexo, por parecer tão vulnerável, tão “livro aberto”, em relação a mim, se misturando provavelmente com perguntas do tipo “como ela sabe?”, “como pode conhecer tanto de mim, em um único contato?”, blábláblá...

– Seu quarto é o 201, se instale. – disse apontando o corredor.

– Eu volto. – disse tentando ser ameaçador.

Assenti com a cabeça, e o vi indo pelos corredores.

Assim foi nosso primeiro contato.

Naquele lugar.