Lembro-me que estava chovendo, estava frio e eu estava só em casa. Acho que estava cansada da vida que levava, cansada de tudo e de todos. Cansada de ver, sentir. Lembro-me de ter usado uma lâmina afiada, ter cortado todo o meu braço direito, ter chorado ao sentir o sangue escorrer por meu corpo gelado.

E então, apenas me lembro daquela lápide cinza com meu nome escrito friamente.

Seiji tremia enquanto segurava minha mão, ambos chorávamos, desespero, medo e as dúvidas “Que diabos ocorreu com a minha alma? Onde estão meus pais? Por que ainda estou aqui?”

E assim, senti meu corpo enfraquecer enquanto eu caía ao chão e sentia aquela dor tão familiar em meu braço.

-Akemi-chan... Não me deixe, por favor, não me deixe, não me deixe...

Ambos podíamos ter certeza de que aquele seria o fim, ou melhor, o meu fim.

-Prometa que não fará nenhuma besteira e eu prometo que ficarei com você para sempre. Serei o ar que respira, o frio que sente e o calor que o acolherá. – Disse num tom baixo e rouco, minha voz estava tão fraca quanto eu, naquele momento.

-Eu lhe prometo...

Foi a última coisa que me lembro de ter ouvido, aquela doce voz, aquelas doces palavras.

Tudo se escureceu, enquanto finalmente, tudo se acabou.

 ...

Eu o via todos os dias e para ser sincera, acho que ele não se esqueceu de mim, assim como nunca me esqueci dele, até que em um dia de chuva forte, o rapaz pálido e desajeitado foi atingido por aquele mal irreversível, a morte.

Seu coração “saudável” como disseram os médicos que o hospitalizaram na primeira vez, cansou-se e resolveu cessar seus batimentos, levando Yusuke Seiji até mim novamente, levando tal nome, a uma lápide cinza com um nome escrito friamente em negro.