A Outra Chance escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 9
Tempestade




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Disclaimer: Sailor Moon não me pertence, não sou ryca, não tenho dinheiro pra burando u.u
Essa fic se passa três anos após Stars.
Guia para os esquecidos (eu também não sou boa em lembrar):
Kunzite = Sabakuno Kotei
Zoisite = Saitou Izou
Jadeite = Ishino Midori
Nephrite = Sanjouin Masato

A Outra Chance

Capítulo IX – Tempestade

"Olhe para as estrelas
Deixe a esperança queimar nos seus olhos
E nós amaremos
E nós esperaremos
E nós morreremos
Tudo em vão
Tudo em vão"

Muse – Stockholm Syndrome

– Por que você não vai à festa de Mamoru-san?

– Oh céus! Porque eu não posso ter um gato normal que é esnobe e de vez em quando faz xixi nos meus sapatos? Mas nããããão eu tenho que aturar um que fala e é mais enxerido do que a minha mãe! – ela largou a bolsa na cama de um modo totalmente teatral.

Arthemis revirou os olhos e subiu na cama tentando fazer contato visual com sua protegida.

– Sem drama, Minako. O que você acha que vai conseguir se escondendo na casa da Rei?

Minako ficou lívida perdendo toda atitude dramática, o ultraje em seu olhar não tinha nada de simulado.

– Não estou me escondendo na casa de ninguém! – ela passou por ele e se sentiu na penteadeira pegando os objetos a esmo com as mãos trêmulas trocando-os de lugar sem saber exatamente o que fazer ali.

– Não? Então me ajude, Mina, a entender por que sua princesa está numa festa com os Shitennou, ainda suspeitos, enquanto a líder e a sublíder de sua guarda não estão presentes?

– Makoto e Ami estão lá – respondeu entre os dentes.

– Não é a mesma coisa e você sabe disso!

Ela o olhou pelo reflexo no espelho.

– O que você quer exatamente, Arthemis?

– Que você para de se esconder com a Rei, que cumpra seus deveres como senshi!

O pescoço dela girou tão rápido em direção a ele que até estalou e os olhos estavam quase dourados de fúria quando encarou o gato.

– Meus deveres como senshi?! E o que mais eu tenho feito Arthemis?! É o que eu faço desde os treze anos! Não! – ela fez uma breve pausa recapitulando mentalmente – Desde muito tempo antes disso! Eu amo Serenity e você sabe disso, mas se eu não posso impedir que eles continuem livres para encantar a princesa o príncipe e até minhas senshi, não vou me forçar a assistir! Não tenho sangue de barata! Se você tem, vai você! Agora, quando tudo for para o inferno de novo, pode contar comigo. Afinal, não é como se eu tivesse uma escolha nessas horas! – e saiu batendo a porta.

oOo

– Por que você não me perguntou?

Com um suspiro Kotei desviou os olhos da cidade para olhar para o homem que se apoiava no parapeito da sacada o imitando.

– Hn?

Masato não o olhava diretamente, os olhos verde-azulados perscrutavam por detrás dos fios acaju que escondiam seu rosto, o que era muito incomum, Masato era exibido, imprudente e nem um pouco arredio.

– Sobre a decisão das senshi, eu sou supostamente um “vidente", deveria saber.

– As estrelas te disseram algo?

Ele balançou a cabeça negando.

– Era uma decisão indefinida, elas não têm poder sobre coisas assim... Mas mesmo assim...! – ele parou o discurso no meio da frase, meneou a cabeça e depois de alguns longos segundos em silêncio suspirou pesadamente, o gesto foi imitado por Kotei que colocou a mão no ombro do ruivo, num pedido mudo para que este o olhasse.

– Tem algo que queria me dizer, Masato?

Com dificuldade o ruivo sustentou o olhar de seu líder.

– Eu me lembrei de como eu morri... De como... – ele respirou fundo, se virou ficando de costas para a cidade, mas ainda apoiado na mureta e apanhou um cigarro no bolso da jaqueta – De como eu a matei...

O ar em volta deles pareceu estacionar, criando uma atmosfera sufocante mesmo que estivessem ao ar livre. Masato desviou o olhar do de Kotei, completamente separado de seu ar habitual de superioridade e parecendo assustadoramente frágil.

– Você está bem? – Kotei já desconfiava. Masato, que era quase tão cheio de energia quanto Midori, andara quieto e abatido desde a festa, aparecendo com grandes manchas de falta de sono debaixo dos olhos e bebendo mais do que de costume. Estabelecera mentalmente um prazo para que este lhe falasse. Demorou um pouco mais do que gostaria que tivesse, mas ficava feliz que o outro finalmente houvesse o procurado.

Ele sorriu ao sentir a sinceridade na voz do outro, uma exasperação tão contida que dificilmente seria percebida por alguém que não o conhecesse, que não soubesse o quão protetor o estoico e frio líder dos Shitennou poderia ser. Mas foi um sorriso triste.

– Tenho que ficar – e acendeu o cigarro, levando-o até os lábios para uma tragada lenta e visivelmente prazerosa.

O aroma queimado de cravos encheu o ar, que voltou a se mover, e eles observaram calados a fumaça dançar e desaparecer entre as estrelas.

oOo

– Ainda não acredito que a Makoto ficou mesmo se esfregando com aqueles urgh! Como ela pode?

Minako revirou os olhos e tirou o pirulito da boca.

– Ela não estava se esfregando, estava dançando, não tem nada demais.

Rei fez um barulho com a língua.

– Como não tem nada de mais?! Ainda mais ela!

– Mako não se lembra de como morreu – disse sombriamente. Rei fez que iria dizer algo, mas num gesto ágil, Mina virou de lado e puxou o rosto de Rei em sua direção, forçando o contato visual – e eu proíbo você de contar a ela, está ouvindo? Proíbo!

Rei encarou o rosto sério de Minako por alguns momentos, como se tivesse lutando internamente.

– Certo... – mas ainda havia uma nota de irritação em sua voz.

– Bom – Minako a soltou e voltou a deitar de barriga pra cima – Não vale a pena magoar Mako-chan com isso.

Elas guardaram silêncio. A mão de Minako levou finalmente o doce de volta a boca para depois buscar a de Rei que respondeu com um aperto firme, meio desesperado, com medo de se perder sozinha nas lembranças terríveis do passado tão distante e ao mesmo tempo tão presente que compartilhavam.

Ela se ergueu num salto e sua espada entrou a massa de cabelos acajus, passando por dentro da gola da armadura e rompendo a pele da nuca de seu inimigo que caiu de joelhos. Não que mudaria alguma coisa, mas ele nem ao menos tentou se mover enquanto a lâmina o atravessava, vertical e impiedosamente. Gritando, Mars puxou de volta com as duas mãos a espada quando atingiu o limiar entre a lâmina e o cabo, seus dedos estavam cheios de cabelos e sangue vermelhos, o corpo dele caiu para frente, o rosto entre as pernas ensanguentadas de Jupiter.

A mão de Minako deixou a de Rei que de repente se arrepiou, sentindo muito frio, mesmo sendo início de agosto.

– Estou indo – levantou-se e lhe deu um sorriso estranho, efeito intensificado pelo doce que fazia uma de suas bochechas ficar maior do que a outra – Amanhã eu volto. E por favor...

– Não vou contar – disse ela com a voz estrangulada e os olhos muito arregalados. – Não sou tão cruel quanto me julgam.

– Ninguém diz que você é cruel.

Rei ergueu uma sobrancelha.

– Há!

– Ok, mas a culpa é toda sua!

As duas riram. Um riso fraco.

– Dentre todas nós, Makoto é a que devia ficar mais longe o possível daquela gente...

– Eu sei... – disse Minako num suspiro enquanto pegava seus pertences espalhados pelo pequeno quarto. – Mas o único modo de fazer isso seria contando a ela e isso seria totalmente errado. Mako-chan é abençoada por não lembrar, não vou tirar isso dela. E, de qualquer forma – ela lhe deu um sorriso confiante e meio estranho, havia qualquer coisa de cruel em seus olhos, – dessa vez é diferente. Vou indo, um monte de falas para gravar...

– E pare de comer essas porcarias! Vai se encher de caries!

– Sim, mamãe! - ouviu a voz risonha de Minako responder ao partir.

oOo

Ami ria de alguma coisa que Izou havia lhe dito, Midori observava a cena com um olhar malicioso.

– Aqueles dois andam mais grudados do que chiclete e sapato. Ouvi dizer que ele está até a ajudando com algo na faculdade... Kotei ainda não disse nada?

– Nem uma palavra, – respondeu Masato provando sua bebida, fez uma careta quando notou que não era alcoólica, Mamoru às vezes podia ser tão careta, e daí que era dia de semana? – mas você sabe bem que ele sempre foi um tanto permissivo com o Zoi...

– Verdade, mas não acho que toda essa permissividade vá durar muito. Se o Izou partir o coração da doce Ami-chan, Usagi-chan não vai gostar e Kotei prefere beijar aquele cachorro careca horrível da sua avó do que magoar Usagi-chan...

– Dymion não está gostando muito de toda essa atenção que ele está dando a ela... Que Elysion a abençoe em sua ingenuidade, não notou nada! Acho que ele está tentando compensar de alguma forma a falta da Venus... Eu que não engulo essa história de “atitude de líder”. Queria saber o que aconteceu entre os dois...

– Ué? Como assim “queria saber”? – e lhe lançou um olhar de “você sabe do que eu estou falando”.

– Não estou falando da vida passada, anta! – revirou os olhos – Achei uma fita vermelha no chão da sala, quando consegui tirar aquelas caixas...

– Você acha que eles...? – perguntou com as sobrancelhas erguidas.

– Ah! Por favor! Você sabe muito bem que as pernas da Venus são mais abertas do que os ponteiros de um relógio às seis horas para o Kunzite.

Midori lhe deu uma cotovelada.

– Não fale dela assim!

Masato o olhou com raiva.

– Por que você está defendendo a Venus? Ok que vocês eram “BFFs” na vida passada, mas nessa ela vota a favor da sua morte, beija sua garota e nem fala com você direito!

– Ela fala comigo.

Masato simplesmente revirou os olhos outra vez. Sentiu Makoto se sentar ao seu lado, o corpo todo ficou tenso e cenas de sangue e olhos verdes vidrados pela morte encheram sua mente causando-lhe tremores. Quando viu que ela abriria a boca para dizer algo se levantou anunciando que iria até a varanda para fumar, já era a terceira vez que fazia algo do tipo quando ela de aproximava e isso só naquele dia. O mesmo vinha se repetindo nas semanas que se passaram depois do baile de máscaras, já que agora o via constantemente graças a Usagi.

A loira arrumava qualquer desculpa para se encontrar com os Shitennou, arrastando quase sempre Makoto com ela – não deixariam Usagi sozinha com os Shitennou nem tão cedo, talvez nunca. E já que Ami geralmente estava ocupada Minako, quando não estava com ocupada com sua carreira, estava com Rei. E essa se recusava a frequentar os mesmos lugares que os antigos guardiões de Mamoru, fazendo com que passasse a maior parte do tempo no templo.

Makoto lançou a Midori um olhar de “O que tem de errado com ele?”, mas o loiro apenas encolheu os ombros, também sem entender. Ela já estava ficando realmente irritada com aquela atitude, ele a tratava como se ela tivesse lepra ou sei lá o que! Tão diferente dos olhares quase obsenos de antes ou do modo íntimo com o qual a tocara quando dançaram, bem pelo menos da primeira parte. Era um mal educado! Concluiu cruzando os braços e franzindo o cenho, um mal educado e insensível, não valia nem um dedinho do esforço que ela estava fazendo para ser legal com ele e seus amiguinhos traidores.

Olhou para Ami, ela ainda conversava animadamente com Izou, sorriu, nunca vira a moça se dar tão bem com um rapaz antes, nem mesmo com Urawa-kun...

– Izou – todos se viraram para Kotei, – Collet ligou ontem quando você estava fora – Midori disse um palavrão, não tão baixo quanto pretendia, Izou parecia uma estátua de cera – Ela quer saber quando pode fazer a mudança para o apartamento de vocês.

– O que?! Você disse para aquela loira aguada que ela pode morar lá em casa!

– Midori, você quer calar a boca? – ralhou Kotei.

– Quem é Collet? – perguntou Usagi inocentemente.

Kotei olhou longamente para Izou, esperando que este respondesse, mas não aconteceu e lançando um último olha de decepção para o primo, o líder dos Shitennou se voltou para Usagi.

– É minha prima, minha e de Izou.

Ela fez uma demonstrou compreensão com um “Ahh”, mas Mamoru não deixaria aquela passar tão rápido.

– Se vocês moram todos juntos, por que ela perguntou se poderia se mudar para o apartamento dela e do Izou?

O advogado sentiu o olhar de Ami sobre si e tomou um gole generoso de sua bebida desejando que fosse algo alcoólico.

– Por que ela é minha noiva e nós combinamos de morar juntos aqui em Tóquio como fazíamos na França.

Usagi mudou seu “Ahh” para um “Oh!”, Midori deixou escapar outro palavrão, Makoto decidira que não gostava nada do Shitennou de olhos verdes e Izou sentiu os olhares de decepção de Mamoru e Kotei o atingirem como dardos envenenados. Não se atreveria a olhar para Ami.

– Não sabia que tinha uma noiva, Saitou-san. É uma moça muito sortuda – disse a moça de cabeços azulados, sem demonstrar sentimento algum, mas fazia semanas que ela havia parado de chamá-lo pelo sobrenome. Ele não conseguiu esboçar nenhuma reação, ainda não conseguia se forçar a olhar para ela – Bem, já está tarde e eu pego cedo na universidade amanhã – ela se levantou. – Feliz aniversário, Mamoru-san. Usagi-chan, me acompanha até a porta?

Usagi sorriu e se levantou acompanhando a amiga e antes que essa lhe desse as costas, a abraçou forte, sem dizer nada.

– Isso foi completamente desnecessário.

– Não, foi absolutamente necessário, eu sou indulgente demais com você, Izou, mas não vou deixar que você parta o coração daquela pobre menina e de Collet sem fazer nada – de repente a aparência infantil de Izou ficou gritante, ele parecia uma criança mal criada, todos engoliram quando Kotei se levantou.

– Ué? Cadê a Mercury? – perguntou Masato ao adentrar e notando o clima estranho.

– O nome dela é Ami – replicou Makoto irritada, morrendo de preocupação, arrependida por não ter saído atrás de Ami quando teve chance e sentindo a pior dor de cabeça da sua vida, intensificada pelas vozes que pareciam altas demais.

– Eu também vou indo, está tarde – anunciou Kotei. – Mamoru-san, espero vê-lo na próxima sessão de treinamento com o resto do Shitennou, é sua obrigação como príncipe estar sempre em forma. E pelo que tenho conversado com Usagi-san e as outras, você anda terrivelmente sucessível a ataques do inimigo, deve ser um peso para as senshi.

– O que?! – Mamoru olhou chocado para sua noiva que corou violentamente.

– Bem... É verdade, Mamo-chan, quando a gente tem que lutar você normalmente é o primeiro a cair...

– Talvez seja porque eu sempre esteja tentado proteger você?

– Verdade – interveio Makoto, – mas ela desvia bem, melhor do que você.

– ‘Brigada, Mako-chan! – ela abraçou a amiga.

– Cara... Que vergonha, e ela nem era para ser senshi, que vergonha Dymion, que vergonha! – caçoou Midori.

– Com aquela cartola e capa ridículas não me surpreende que ele fique mais travado que um pinguim de geladeira... – completou Masato.

– Ah, e, já que escolheu tais trajes para lutar – disse Kotei, – eu esperava que você tivesse o discernimento de não usá-los, ainda mais com a máscara, em ocasiões impróprias, como aquela festa.

– Xi... Ele está de péssimo humor hoje... – Kotei mandou um olhar assassino para Midori.

– Vamos embora, Usagi – anunciou Makoto, o lembrete da festa piorou ainda mais seu mau humor.

– Mas...! – Mas nunca completou a súplica, não se atreveria depois do olhar que recebera de Makoto – Ceeerto... – e então foi se despedir de seu Mamo-chan e dos outros enquanto Makoto esperava impacientemente na porta.

oOo

Ami Mizuno não se lembrava de outro momento em que se sentira tão dolorosamente patética.

Não estava acostumada a se sentir patética. Estava muito longe disso. Melhores notas no curso de medicina, número um em natação, cercada de amigos e uma mãe que a amava e se orgulhava muito dela. Cérebro de um time de guardiãs mágicas intergalácticas, responsável por feitos que garantiram a permanência da vida e paz no planeta. Ok, a coisa do baile era meio ridícula, mas não tanto quanto a situação em que estava agora. Meu deus, no que andara pensando?!

O modo como se sentia era tão ridículo que lhe dava náuseas e seu cérebro desdenhava das pontadas em seu coração. No que afinal andara pensando? Mesmo que se lembrasse melhor do que as outras – tirando Venus, é claro – da vida passada, não era motivo para o modo que se sentia sobre ele, aliás, muito pelo contrário! E só conhecia esse “novo ele” há pouco mais de um mês, não deveria estar desenvolvendo sentimentos por ele! Como pode deixar logo ele atingir seu coração em tão pouco tempo? Nem ao menos tinha uma opinião razoavelmente fundada sobre a situação dele e de seus companheiros!

– Ami? – era Minako e o templo se erguia como uma fortaleza a suas costas, Ami achava que uma fortaleza poderia ser uma boa ideia naquele momento, mas como havia ido parar ali? Jurava estar no caminho de casa. Céus, o que estava acontecendo com ela?! Seu cérebro nunca havia a traído daquela maneira – Ami-chan? – sentiu a mão pequena a tocar no ombro – Ami-chan, você está bem? – a voz parecia bem preocupada agora.

– Eu...

– Oh meu deus! Você está chorando! – Minako a abraçou com urgente preocupação. – O que fizeram com você?!

Estava? Não havia notado, também não notou que estavam dentro do templo até ouvir a voz de Rei ao longe enquanto soluçava violentamente contra os joelhos de Mina.

oOo

– Por que fez aquilo?! Na frente de todo mundo! – exclamou Izou assim que chegaram ao apartamento.

– Oh não... – lamentou-se Masato ao ver que uma briga se iniciaria, – Onde você pensa que está indo?

– Eu? – respondeu Midori com o mais falso dos sorrisos inocentes. – Na cozinha fazer pipoca.

– Puta que pariu, você só pode ser retardado! – e saiu do apartamento puxando o loiro pela gola da jaqueta de couro.

– Alguém tinha que fazer, não é justo o que você está fazendo com Mizuno-san e Collet – respondeu Kotei sério, mas sem alterar a voz.

– Não estou fazendo nada demais! Eu e Ami somos só amigos!

– Não seja ridículo. Você deu razões sim para dar a entender que estava criando interesse romântico pela Mercury, afinal são quem são. E, se fosse como você diz, não estaria tão irritado e teria contado antes a todos sobre a Collet. No que exatamente você está pensando? – ele deu um tempo para que Izou respondesse, mas nada aconteceu, o outro só encarava com os olhos arregalados, como uma criança acuada. – Nós estamos tentando recuperar a confiança do mestre e das Senshi. Não vou tolerar que você, com suas atitudes egoístas e infantis, estrague tudo – Kotei fechou os olhos e suspirou cansado. – Eu te disse para terminar o noivado com a Collet assim que você se lembrou, e disse outra vez quando decidimos vir a Tóquio, você não me ouviu. Me respondeu que uma coisa não tinha a ver com a outra. Você é mimado, Izou, sempre foi e por grande parte a culpa é minha, mas agora já chega.

O loiro engoliu em seco, mas não respondeu nada, não sabia dizer se estava mais arrasado com o peso da culpa sobre seus ombros ou com o tom de decepção na voz de Kotei, o modo como esse o olhava com profundo desgosto.

oOo

Uma tempestade caia forte lá fora e Makoto se contorcia na cama.

– ENDYMION! – Jupiter virou o rosto em direção ao grito dando brecha para seu adversário que a acertou sem piedade nas costelas.

Ela arfou de dor, mas com um golpe rápido derrotou o soldado a sua frente e correu em direção do grito. A dor física foi enormemente superada pela que a cena que se desdobrava a sua frente causou.

Serenity desembrenhava a espada do príncipe caído a seus pés.

– SERNITY, NÃO! – o grito era de Venus, sua garganta ficou trancada, tarde demais, sua princesa... ela estava morta.

Sentiu algo rasga-la ao meio, lacerando tudo, fechou os olhos com força, mas não teve tempo para chorar seu luto, não enquanto a batalha não terminasse. Outro golpe, esse a derrubou no chão fazendo com que batesse a cabeça, Jupiter abriu os olhos ainda tonta e quando sentiu a dor enlouquecedora em seu ventre soluçou e olhou para baixo, virou o rosto e apertou os lábios para não chorar. Ela tentou se levantar, mas parecia impossível se mover, quando o fez quase caiu de novo, havia tanto sangue no chão e as lágrimas silenciosas começaram a escorrer de deus olhos quando viu de onde boa parte vinha.

Ela sufocou um soluço e balançou a cabeça quando notou quem a havia derrubado, a cor em seus olhos não exibiam mistério algum, eram escuros e insanos.

– Nephrite... Por quê? Eu amava você! – ela respirava com dificuldade, sua fala tinha tom de súplica, logo ela, que não sabia suplicar – E agora... Olhe em volta, seu príncipe, m-minha princesa... Mercury... – ela olhou para ele, mas não obtinha nenhuma resposta, nenhuma reação, teve vontade de sacudi-lo, aquilo tudo era tão absurdo, um pesadelo horrível do qual não conseguia acordar – Todos, todos mortos... – ela levou as mãos ao ventre.

Nephrite nem sequer piscou, ergueu sua espada, se preparando para um último golpe, mas Jupiter não iria se deixar atingir agora. Juntou o pouco que restava de suas forças e o céu explodiu em luzes quando ela fechou os olhos e cruzou os braços rezando para o deus que lhe concedera poder.

– SUPREME TUNDER!

Mas quando abriu os olhos novamente ele estava a sua frente, mais perto do que antes, mas visivelmente lutando para ficar em pé. Ela riu fracamente em desespero, por fim, seu ataque não fora forte o suficiente, estava fraca demais... Mas não conseguiu se lamentar, não por isso. De que valeria o sangue dele em suas mãos, agora? Já lhe bastava saber que falhara com sua princesa, que Serenity estava morta, seu amor não fora o suficiente para fortalecer o coração de seu amante, não fora capaz se salvá-lo e ele estava perdido assim como a vida que crescia em seu corpo. Ela agradeceu quando a espada de Nephrite finalmente a atravessou.

Makoto acordou em pânico, a tempestade lá fora parecia arrasar Tóquio sem dó e demorou alguns minutos para ela compreender que o choro horrível que ouvia vinha dela mesma e que não havia sangue em sua cama.

Do outro lado da cidade, um homem alto observava a noite, escorado na enorme vidraça da janela, seus cabelos avermelhados grudavam na umidade causada pela diferença de temperatura entre o apartamento e o ar lá fora. Seu corpo sentia as pancadas violentas que a chuva dava na vidraça e mesmo que não pudesse ver as estrelas sabia, que se o céu estava daquele jeito era porque, em algum lugar, a Deusa que amara estava triste e chorava.

N/A: Feliz ano novo! *wild cara-de-pau autora*

Gente, tem mesmo um ano que eu não posto aqui o.o MEDO

Mas esqueçam 2013, 2013 não aconteceu shiiiiiiu.

Muito obrigada, Anita, Purple, Lady Serenity, YueSalles e martavivi pelo incentivo e, é claro a Gy que sempre me ajuda muito com seus comentários e correções , muito obrigada mesmo a todos!

Acho que agora só faltam dois capítulos... (que eu prometo não demorar tanto pra postar, se bem que eu duvido que alguém ainda vá ler isso hahaha)

Kisses e até o próximo capítulo!


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