Fugindo Para O País Das Maravilhas escrita por Oliver Adkins


Capítulo 3
Decepcionada


Notas iniciais do capítulo

Não estranhem a repentina mudança de humor do Chessur. Ah, cala boca Nicolas! Tá perfeito... Eu não me importo com as coisas que vocês vão dizer, porque pra mim tá perfeito u_ú



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Eu estava de olhos fechados e meu corpo ainda era vulnerável como se eu dormisse, mas eu ainda podia sentir tudo a minha volta. Alguns ruídos e uma cantoria de uma voz desconhecida. Algo como “...Cinco Moriatis...” .

Eu não estava preocupada, tudo que tinha acontecido no dia anterior tinha sido muito... Tudo muito impossível. Mas eu tinha certeza que era verdade. Os sentimentos, a visão e tudo... Tudo era real naquele lugar. Minha mente, muito fértil, tinha milhões de hipóteses sobre onde eu estava. Mas eu tinha certeza, absoluta:

Eu estava no País das Maravilhas

Era um pensamento que se repeti constantemente, tão intenso. Por mais que fosse contra tudo... Eu tinha certeza daquilo.

Eu abri meus olhos com dificuldade, a luz pouco me atrapalhou. Eu olhei em volta percebendo tudo que havia ali. Eu estava no mesmo labirinto em que tinha dormido e era de dia, a cantoria continuava. Mais alta e mais perceptível.

— Oh, Alice! — A mesma voz que cantava, calma e confortadora, soou ao meu lado. — Sua danadinha... Seu sono é mesmo muito pesado!

Imediatamente meus olhos se voltaram para onde a voz tinha vindo.

— Quem tá aí...? — Perguntei enquanto recuava um pouco, pressionando meu corpo contra os galhos dos arbustos que formavam o labirinto.

— Ah... — Aquela voz disse novamente.

Dessa vez o som vinha de perto, vinha da minha frente. Então antes que eu pudesse procurar por quem quer que fosse... Dentes começaram a surgir em minha frente. Como um sorriso que abria aquilo foi aparecendo gradativamente. Observei os dentes tortos que formavam aquele sorriso em forma de... Forma de...

Meia lua!

Eu sabia muito bem a quem pertencia aquele sorriso.

— Chessur... — Aquele nome escapou de minha boca, desta vez eu quem sorri.

— Eu tinha certeza que iria me conhecer... — Chessur disse.

De repente seu rabo apareceu sacudindo atrás de seu sorriso. O rabo do gato tomou mais intensidade e passeou pelo ar dando forma a todo o resto do gato: pelos listrados que se revezavam entre cinza escuro e um vermelho irreverente.

— Com certeza. — Eu disse, ainda com o sorriso no rosto. — Sou Alice... Uma grande admiradora.

— Admiradora? — Chessur aumentou seu sorriso, seus olhos azul turquesa vibravam. Ele deitou-se no ar deixando-se levar levemente para perto de mim. — Acho que é ao contrário. Vamos começar de novo: Sou O Gato de Chessur, um grande admirador seu.

— Ora, acabou de me conhecer...

— Você também acabou de...

— Não, não... Você é muito conhecido na superfície. Muitos escritores e diretores tentaram descrever O Gato Risonho. — Eu dei uma risadinha boba — Como devo chama-lo? Mestre Gato, Gato Risonho, Gato de Chessur, Gato de Cheshire...

— Como a senhorita preferir. Todos nomes de que já me chamaram... Todas as Alices tiveram uma forma a que se referir a mim. E... O que quis dizer com “tentaram”?

— O Senhor é muito mais incrível pessoalmente.

O Gato estava, agora, voando por minha volta.

— Pensarei em como chama-lo. — Eu disse a ele, eu estava me levantando e ele me acompanhava subindo comigo.

— Bom... Devo leva-la ao Chapeleiro?

— Mas já?

— É o que todas fazem após me encontrar...

— Eu não sou como todas. — Disse imediatamente á ele — Eu tenho que arrumar um jeito de sair daqui... E depois acho que gostaria de conhecer o Mundo das Maravilhas

— Conhecer?Acha que pode sair por aí á vontade passeando pelas florestas deste lugar... Só por diversão? — A voz lenta dele falava com imensa sutileza que, de certo modo, me incomodava.

— Se não acha uma boa ideia, perdoe-me... Eu ficaria muito feliz se me acompanhasse. — Disse com indiferença, fiz uma pausa observando as expressões do gato que, agora, eram severas — Poderia pelo menos me ajudar a sair daqui?

— Isso eu não posso fazer. Você não observa, não é, Alice? — Ele se aproximou de mim, desaparecendo quando estava prestes a colidir com o meu rosto. Reapareceu atrás de mim. — Não viu como estou vestido? Não viu o que são esses arbustos? Não vê tudo que há aqui?

Eu segui todas as indicações dele. O Gato de listras vermelhas tinha uma gravata com um coração vermelho. Os arbustos eram roseiras.

Como eu não tinha percebido isso antes?!

Eu virei as costas para Chessur, aproximando-me das roseiras. Levei minha mão á uma rosa e passei um dedo delicadamente sobre uma pétala. A tinta que havia na rosa passara para meu dedo, colorindo-o fracamente e tirando um pouco da coloração da flor.

— Pintadas de vermelho... — Sussurrei para mim mesma.

— Exato. — Ele concordou.

— Espera... Depois da morte do Jaguadarte, a Rainha Vermelha não foi presa ao Valete e exilada á superfície? Não...

— Não. — Ele me interrompeu. — Eu não sei o que foi dito á vocês lá em cima, mas isso nunca aconteceu. Não sei quem descreveu a batalha final deste jeito, mas foi completamente diferente.

— Conte-me...

— Não é uma história bonita.

— Conte assim mesmo.

Ele hesitou por um momento, voltou-se para mim e sentou-se no chão e começou a caminhar como um gato normal.

— Venha comigo. Eu conto á você a saída.

— Obrigado.

— Na batalha final, era o que esperávamos acontecer. — Ele começou — Mas a Espada Vorpal e Alice falharam. Quando Alice foi golpear o Jaguadarte... — Ele fez uma pausa e olhou para mim enquanto andávamos.

— É a parte em que ela diz “Cortem-lhe a cabeça”?

— Sim. Ia ser uma cena tão gloriosa... Tão... — Ele cortou sua frase e continuou com a história. — Nesse momento, o Jaguadarte se esquivou. Alice caiu no chão e se machucou feio... Depois disso... Matou Alice e avançou contra a Rainha Branca.

— Chessur... Isso é horrível!


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Notas finais do capítulo

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