''Encontrava-me no pequeno parque de Jersey sentada no banco verde junto a ele, mostrava-me interessada na conversa sobre como nós éramos amigos e que isso nunca mudaria, pois ambos sabíamos que nos gostávamos mesmo não dizendo o quão isso era importante.

-Lily me desculpe não ter ficado no recreio com você – Gerard dizia mexendo freneticamente nas mãos que estavam sobre suas pernas.

-Tudo bem Gee, eu te perdoo, mas eu não entendo por que você não quis sentar comigo no intervalo – Eu disse um pouco triste, enquanto olhava para seu rosto que parecia nervoso e aflito.

-Os meninos da oitava série estavam olhando – Ele disse piscando algumas vezes e desviando seus olhos de meu rosto – Você sabe que eu gosto de você, certo?

Depois de pensar um pouco, e justamente quando eu iria abrir minha boca para falar algo, ouvisse risos abafados e caçoados de trás das árvores do parquinho, revelando meninos altos e com roupas largas aparentando ser bem mais velhos que nós.

-Olá Gerard! – Um deles disse correndo ao encontro de Gee, o mesmo levantou se afastando de mim.

-O que faz com a filha da retardada? – Um outro perguntou, eu olhava com olhos arregalados os meninos me encurralando no banquinho, Gerard ao lado deles parecia assustado também.

Nada eu disse apenas os fitando e abaixando minha cabeça ao encarar meus pés. O cabelo cortado na altura de meu queixo

-Eu não estava com ela, só estava a avisando para não ficar perto de mim – Ele disse se embolando em suas palavras – Ela me dá medo.

Levantei de imediato para encontrar seus olhos, ofuscados pela luz das altas lamparinas do parquinho.

-É verdade Gee? – Eu disse já chorosa, eu gostaria que alguém olhasse por debaixo dos óculos com grandes e grossas lentes para ver o medo em meus olhos.''

O solavanco forte em minha cabeça bastou, ao ter de acordar com as mesmas lágrimas nos olhos, tantos anos passaram e eu ainda chorava quando este mesmo vinha á tona. Piscando os olhos devidas vezes e me adequando a quantidade de luz ao meu quarto pude acordar. O despertador que ainda não tocou, pude desarma-lo e finalmente levantar.

Esticando-me e sentindo minhas mãos, meus pés, meu cabelo caindo pela cintura. Com a cós da mão limpei as lágrimas que desceram de meus olhos, e caminhei em direção ao banheiro de meu quarto, o banheiro azul e branco. Escovei meus dentes, seguindo por uma ducha quente e rápida.

Correndo ao quarto, vendo a blusa do Iron Maiden preta e um pouco surrada sobre a mesa da penteadeira e o jeans cinza rasgado na altura dos joelhos, o all star de botinha como dizem, vermelho um de meus melhores. Vestindo-me rapidamente e ao terminar de calçar meus tênis corri descendo deslizando pelo corrimão de madeira escura. Chegando a ampla cozinha com minha mochila em cima da cadeira do balcão.

-Mamãe – Disse vendo minha mãe preparando o café, corri até ela dando um forte abraço na mesma.

-Estrela – Ela disse sorrindo e voltando a fazer panquecas.

-Acho que já está bom, mamãe – Eu disse vendo um prato com um mais de cinco panquecas, na porcelana.

-É, verdade sim? – Ela disse sorrindo, mostrando seus belos dentes – Obrigada.

Nos sentamo-nos na mesa, ela com uma caneca de café e uma panqueca em seu prato, eu com suco de pêssego e uma maçã, dando leves e pequeninas mordidas. Via o olhar de minha mãe ir de seu café aos meus olhos.

-Me mostra os desenhos filhinha? – Ela disse com os olhos chocolates brilhando.

-Sempre – Eu disse sorrindo e me pondo de pé, levantei um pouco a blusa para mostrar minha tatuagem de uma cerejeira avermelhada, que acompanhava do meio de minhas costas ao fronte de minha barriga, eu fiz em homenagem a minha mãe. A cerejeira era delicada bonita e forte, mas ao mesmo tempo um tanto frágil.

-É linda – Ela disse tocando com seus dedos cálidos e frágeis – Você está ficando atrasada, não quer perder seu primeiro dia de aula em uma escola de verdade, quer?

-Nem pensar – Eu disse deixando um sorriso brotar em meus lábios, peguei as chaves de minha mais nova moto, a que mamãe comprara para meu aniversário de quinze anos, ela era azul com labaredas vermelhas, banco de couro preto e detalhes foscos em preto.

Peguei minha mochila, que continha dezenas de bottons de minhas bandas favoritas, saindo pela porta dupla branca.

Sai olhando o jardim verde de grama recém-aparada, vendo que o dia era ensolarado e bonito iria reinar.

Ao me colocar sobre o banco de couro e dar a partida na moto, sentindo o motor rugindo abaixo de mim, era a melhor sensação do mundo.

Ao ouvir a porta abrir olhei novamente, para a pessoa linda que usava um conjunto rosa, minha mãe correu até mim me entregando o estojo que continha minha guitarra.

-Você quase esqueceu mocinha – Ela disse sorrindo e me entregando a mesma – Vai dar comida ao Knight quando voltar?

Apenas fiz que sim com minha cabeça.

-Obrigada – A coloquei nas costas e acelerei dando ré com cuidado, e indo em direção á Bellevile School.

P.O.V’s Gerard Way.

Cheguei animado ao corredor indo para frente do armário de Ray, que se encontravam o mesmo Frank e Bob.

-Adivinha quem vai tocar no baile dos novatos? – Eu disse animado e vendo a face de desanimação de cada um.

-A banda da escola? – Perguntou Frank sarcástico.

-Não, seu idiota – Eu disse revirando os olhos – Nós!
-O que? – Todos perguntaram parecendo incrédulos.

-Exatamente, seremos nós o My Chemical Romance – Eu disse cruzando os braços um tanto satisfeito.

-Isso é ótimo, vamos parar de ser os excluídos da escola – Bob disse parecendo animado.

Até que uma figurinha menor apareceu ajeitando os óculos, e suspirando se ‘’infiltrando’’ entre nós.

-Vocês não vão acreditar, tem uma pessoa nova na escola – Ele disse ofegante.

-Como assim Mikey? – Perguntei, a escola não recebia pessoas novas há muito tempo.

-Isso mesmo, e parece que ela é da sala de vocês – Ele disse piscando um dos olhos para mim – Na verdade ela está no estacionamento, vocês precisam ver a moto que ela tem.

-Parece que a guria tem estilo – Ray disse cutucando Frank.

-O Frank vai adorá-la – Miks disse revirando os olhos e cruzando os braços.

-Por que eu gostaria dela? – Ele disse parecendo ofendido – É capaz de ser uma filhinha de mamãe que provavelmente deve amar rosa.

-Ela está com um estojo de guitarra, e com certeza tem uma guitarra ali dentro – Ele disse ajeitando os óculos no rosto.

-Mentira?! – Olhei revoltado para Frank, ele tinha os olhos brilhando e as mãos juntas ao rosto.

Um estrondo e todos nós olhamos para trás inclusive outros alunos que estavam esperando o sinal tocar, a porta dupla se abriu revelando uma bela garota de longos cabelos negros, na verdade seus cabelos negros continham mexas arroxeadas, praticamente violetas. Seus olhos um tanto azuis, podia ser ver seu alargador mediano vermelho metalizado localizado em sua orelha.

 A mesma carregava sua mochila em um dos ombros e no outro realmente um estojo que com toda certeza teria uma guitarra lá dentro, e... espere um pouco ela estava com uma camisa do Iron Maiden?

Ela passava por nós quase em câmera lenta, seus cabelos que balançavam com devido ao ritmo de seu andar, ela parecia um tanto familiar, mas estava estagnado com sua beleza.

-Quem é ela? – Balbuciei.

-Minha futura esposa? – Perguntou Frank.