POV Thaís

“Ai como eu odeio ser eu” era o pensamento que eu sempre tinha quando acordava. Não sei por que, mas hoje acordei mais cedo que o normal, eu estava com a sensação de que alguma coisa ia acontecer. “Uau agora eu sou sensitiva” pensei e ri de mim mesma. Levantei da cama, fiz minha higiene e me troquei e desci para tomar café.

Ah me esqueci de dizer quem eu sou. Meu nome é Thaís Bennet, tenho 17 anos e daqui a alguns meses faço aniversário. Meus cabelos são castanhos, não sou nem alta e nem baixa, vamos dizer que eu sou normal(ou quase isso), tenho olhos castanhos. Sou uma garota normal a medida do possível. Moro com meu pai, Antônio Bennet, e com a minha madrasta Cláudia Martín e minha meia-irmã Clara Martín. Eu odeio elas, simples assim. Tenho duas melhores amigas, são as melhores mesmo. A Maria e a Sofia, elas são irmãs mas são muito diferentes em questão de personalidade. E você deve estar se perguntando: e a sua mãe biológica? Bom eu não sei onde ela está. Meu pai disse que quando eu era pequena ela simplesmente foi embora. É lógico que eu não acredito nessa história, mas enfim. Tenho um irmão mais velho que mora em Londres, eu sinto falta dele, sempre fomos muito próximos e viver longe dele só torna minha vida mais difícil.

Sobre a minha personalidade só posso dizer uma coisa: encrenqueira. Eu realmente não sei como meu pai ainda não me colocou pra fora de casa, porque se eu tivesse uma filha que fizesse tudo que eu faço, não pensava duas vezes e a colocaria pra fora de casa. Por exemplo: sempre me meto em brigas na escola, passo a maior parte do dia e da noite fora de casa, e já fui presa por agressão. É, vamos combinar que as minhas atitudes não são das melhores.

Cheguei na cozinha e lá estava toda a minha linda família(argh) reunida tomando café da manhã.

– Bom dia meu anjo! – Meu pai disse com um sorriso no rosto. Eu e ele temos uma ótima relação, ele sempre me ajudava, perdoava e compreendia todas as minhas travessuras.

– Bom dia, pai! – respondi para ele também com um sorriso no rosto.

– Bom dia Thaís – minha madrasta olhou para mim com a cara de santa que ela não tem.

– Bom dia – falei friamente.

Tomei meu café em silêncio. Eu adorava aquele silêncio, mas é claro, sempre tem alguém pra estragar tudo.

– Bom dia família! – entrou Clara totalmente sorridente na cozinha. Ela era o tipo bonequinha de porcelana. Argh aquela roupa dela me dava náuseas, era sempre tudo rosa e meigo e delicado. Eu e ela não nos dávamos nem um pouco bem, ela era popular na escola pelo ser jeito meiguíssimo de ser (lê-se patricinha de merda).

– Bom dia querida – meu pai e a bruaca (costumo chamar minha madrasta assim) responderam, e eu simplesmente não falei nada muito menos olhei na cara dela.

Acabei de tomar o café e fui para o carro esperar meu pai. Eu estava ansiosa pois era o primeiro dia de aula e eu estava com muita saudades da Sofia e da Maria. Também só delas, porque o resto da escola era horrível.

Cheguei à escola desci do carro, parei na frente da escola e pensei comigo mesma “É agora, vai começar tudo de novo!” e então fui entrando na escola pude ver os olhares caindo sobre mim e alguns cochichos como “Oh! Não acredito que ela voltou” ou “Como ela teve coragem de voltar” ou “Essa garota devia ir presa”. Até que vi duas garotas de cabelos pretos e médios vindo até mim. Sofia estava maravilhosa como sempre, ela era muito divertida e sedutora, gostava de provocar as pessoas e por onde ela passava atraía olhares. Já Maria era linda também, tinha um jeito mais delicado quando se tratava de roupas o estilo dela era meigo e não de patricinha. Maria era tímida, mas depois que você a conhecia, nossa, ela não parava de falar mais e como essa garota era apaixonada por comida. As duas eram lindas, com seus cabelos pretos e seus olhos um pouco verdes.

– AAAAAAAH AMIGA QUE SAUDADE VEM CÁ – Sofia e Maria falaram juntas e me abraçaram (lê-se quase me esmagaram) e me deram vários beijos na bochecha.

– Ai meu deus meninas, quanto amor! – eu disse gargalhando.

– Mas e aí, me conta, como foi as suas férias hein bad-girl – Maria sempre me chamava assim, porque será.

– Foram normais, e a de vocês gatas?

– Normais também... Uau que conversa produtiva – Sofia falou e todas nós rimos.

– Ora, Ora, Ora quem deu as caras por aqui novamente – me virei para ver quem era, ah é claro, só o que me faltava.

– O que você quer Nicole? – Sofia disse a encarando. Nicole Schult, a garota que mais me odeia no mundo, tô de boa porque eu também a odeio, então... Nicole era a garota mais popular do colégio, patricinha e vadia, típico. Tinha ficado com metade do colégio. Mentira. Foram quase todos tirando os feios e nerds.

– Eu? Não quero nada – ela disse rindo. – E você Thaís, como está? – ela disse com um sorriso cínico no rosto.

– Eu estava bem até você chegar Schult – a chamei pelo sobrenome, eu sabia que ela odiava.

– Uau valentona, tô morrendo de medo – ela disse e todas suas amiguinhas insuportáveis riram, inclusive Clara.

Parei por um minuto e fiquei olhando a roupa que ela estava, credo, a gente sabe identificar uma vadia de longe com as roupas que ela usa. A roupa da Nicole já dizia tudo.

– Ah Schult que seja! Agora me diz, o que você quer? – Maria se intrometeu

– Eu nada, só achei que depois de você ter sido quase expulsa do colégio e presa você não iria aparecer por aqui.

Nesse momento várias pessoas já estavam em volta de nós só observando.

– Pois é, mas eu estou aqui, não tá vendo? – respondi rapidamente

– Eu to vendo, aliás eu acho que você que não viu um certo caminhão, atropelar um certa amiga, não é mesmo quer... – ela foi interrompida pela Sofia e eu nesse momento já estava com meus olhos lacrimejando.

– PARA NICOLE, JÁ CHEGA!

– Só queria lembrar sua amiguinha do quanto ela é uma ótima amiga – Nicole debochou.

Eu não pensei duas vezes e parti pra cima dela, com um belo tapa na cara. Pude ouvir “oh! Essa doeu em mim” ecoando pelos corredores. Pronto, já tinha começado uma briga. Depois de toda a confusão estava eu e Nicole sentada na diretoria. Me lembro que chamaram meus pais e os pais da Nicole e nos mandaram embora. Cheguei em casa e me troquei coloquei uma roupa bem confortável, afinal, eu estava em casa esperando pelos meus pais. Eu só sabia que eu estava ferrada.

Eu acho que acabei dormindo no sofá. Quando abri meus olhos estava meu pai, a bruaca e a Clara me olhando. Sentei no sofá e disse:

– Que foi? – como se eu já não soubesse da resposta.

– Você está muito encrencada mocinha! – meu pai disse me olhando nos olhos.