Aline narrando:

Duas semanas. Duas semanas sem Harry. Mesmo Zayn tentando fazer eu me sentir melhor, eu não conseguia. Sabia que era errado, que estava magoando-o mas não conseguia mais fingir que tudo estava bem. No começo eu achei que essa “briga” não duraria muito, então tentei ignorar. Só que agora meio mês já tinha se passado e tudo o que eu pensava era em Harry. Seu cheiro, seu abraço, seu beijo.  Ninguém tinha notícias dele, nem mesmo Louis. Ele sumiu do curso, não atendia telefones. E de algum jeito eu imaginava que aquilo era culpa minha, e era mesmo.

Abracei meu travesseiro, sequei as lágrimas do rosto, que agora já eram comuns, e me levantei. Me olhei no espelho: estava destruída, tanto por dentro quanto por fora. Suspirei. Tinha que ficar apresentável, hoje eu conheceria a família de Zayn e eu sabia o quanto aquilo era importante pra ele.

Meu celular vibrou e corri para ver quem era, rezando pra que fosse Harry, mas era Lorena. Ignorei a chamada. Desde o sumiço dele nós tínhamos brigado, ela tinha jogado toda a culpa disso em mim. Fui até a sala, Laís estava lá dormindo. Fiquei com dó dela, parecia desconfortável. Eu estava tão idiota ultimamente, brigando com todos.

Meu celular vibrou mais uma vez. Olhei e era Zayn. Respirei fundo e atendi, tentando ao máximo fazer minha voz parecer normal.

- Bom dia amor

- Bom dia – respondi, falhando.

- Vou passar aí as 6, ta bom?

- Sim.

- Ok, eu te amo, fica bem ta.

- Uhum – desliguei.

Zayn estava tentando ser legal comigo, me confortar. Ele ignorava o fato de que aquilo tudo era porque eu estava sem Harry. Sorri. Ele era perfeito e eu não valorizava.

- Laís... – tentei acordá-la, precisava pedir desculpas pelas brigas que tive com ela.

- Agora quer falar comigo? – ela respondeu escondendo o rosto.

- Você já tava acordada??

- Não, to falando dormindo ainda – ela respondeu irônica.

- Ei, olha pra mim...

- Sai... – ela me empurrou.

- Ah Laís, para, eu to me sentindo horrível, vem cá vai, me desculpa – abracei-a e pra minha surpresa, ela retribuiu.

- Vaca! Eu sempre soube que você amava o Harry, mas não sabia que precisava dele pra ter bom humor, porque olha, você ta um cu viu – ela falou me abraçando. Eu ri.

- Idiota, eu te amo ta.

- Eu sei – ela respondeu – você até me pegaria se fosse homem – ela riu.

- Cala a boca, que nojo, você seria a última da minha lista – falei entre risos, agradecendo internamente por ter uma amiga que me fizesse rir quando eu estava naquele estado

- Para de me amar garota – ela me deu um tapa, me fazendo cair do sofá – E aí, esta preparada pra falar com a sua sogra?

- Você ouviu a conversa??

- Claro! – ela falou, se levantando e indo até a geladeira.

- Bom... pra ser sincera não.

- Hm... Entendi. Você não quer ela como sogra.

- O que? Claro que...

- Claro que não. Admita, você nem se quer está preocupada com esse jantar. Isso porque você não se importa

- Laís, da pra calar a boca?

- Não, não dá. No começo eu queria que você esquecesse, ignorasse e matasse dolorosamente esse Harry, mas agora – ela pegou uma tigela de cereais e começou a comer-  agora eu sei que você meio que precisa dele – ela fez uma careta. – E não vou deixar você fazer a cagada de ficar com o Zayn, porque não é justo com nenhum dos três.

Eu fiquei sem ter o que falar diante daquilo. Suspirei e voltei pro quarto. Eu tinha algumas horas antes do tal jantar. Decidi que iria dormir pra passar o tempo, pelo menos não pensaria no que Laís tinha dito.

Cinco horas o despertador tocou. Tomei meu banho e me vesti. Coloquei uma calça jeans, um all star preto e uma regata branca. Estava o mais básica possível.

- To saindo – avisei Laís.

- Simples assim?

- É.

- Só não esquece do que eu falei... É maldoso o que você faz com ele – ela falou enquanto eu fechava a porta.

Desci até a portaria e esperei Zayn, que chegou 10 minutos depois.

- Está linda amor – ele falou me dando um beijo.

- Obrigada – respondi, pensando no que minha amiga tinha dito. Demoraram 20 minutos pra perceber que Zayn não estava indo pra casa dele. – Onde estamos indo?

- Pra um parque.

- Mas e sua família?

- Não acho que seja a hora certa pra isso. – ele respondeu, sem emoção.

- Mas você tava animado até hoje de manhã...

- Aline, não é a hora ok?

- Ta – respondi, e depois disso ficamos em silêncio até chegarmos.

Zayn parou o carro e abriu a porta para mim. Eu saí do carro e fiquei do lado dele, mas ao contrário do de sempre, ele não segurou minha mão. Andou ao meu lado sem nem encostar em mim. Ignorou as barracas de comida, jogos e até mesmo os brinquedos.

- Ta tudo bem? – perguntei. Ele me ignorou – Zayn...

- Espera.

Fiquei quieta e continuei andando ao lado dele. Paramos em um local isolado, com somente uma barraquinha de algodão doce, que não estava tão cheia.

- Eu te vi no shopping outro dia – ele começou a falar. Senti meu sangue gelando. - Você estava se escondendo de mim... Aquilo doeu, sabia?

- Zayn, me desculpa, eu não queria te magoar, eu sabia que se você me visse lá...

- Se não quisesse, nem ia lá. – ele falou me interrompendo – mas o pior não é isso, o pior é que desde que o Harry te largou, você ta toda triste e eu to tentando ajudar, to tentando ignorar que você o ama. Mas quer saber? Eu cansei. Porra Aline, eu te amo, amo de verdade, mas não sou otário. Se você gosta dele, me fala, e eu te largo. Não quero mais me sentir usado.

Ele parou pra ver se eu tinha algo a dizer, mas nada me vinha à cabeça. Eu estava envergonhada.

- Bom, eu tinha ido ao shopping comprar isso pra você – ele continuou, tirando uma aliança do bolso – mas eu acho que isso não significaria nada não é? – ele perguntou, chorando.

Eu me desesperei e chorei junto com ele. Eu era um monstro. Me sentei no chão e tentei respirar fundo, tentei me acalmar.

- Eu não tenho que falar.

- Eu sei – ele falou, se sentando do meu lado. – Amor é uma merda não é?

- Sim – concordei sem nem pensar.

- Escuta... Eu te amo, e por isso eu vou ficar sempre ao seu lado. Não vou fugir como ele fez. Vou ficar aqui, por mais otário que eu seja fazendo isso, vou tentar te ajudar a ser feliz.

Mais lágrimas caíram e tudo o que eu consegui fazer foi abraçá-lo, escondendo meu rosto em sua jaqueta. Me sentia a pior pessoa do mundo.