Together escrita por HeadBroken


Capítulo 25
Capítulo 25




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O dia da grande festa chegou e eu não estava nem um pouco animada. Meu pai estava ansioso para me apresentar oficialmente como sua filha. Eu sabia que depois daquela festa, ia ficar impossível pra eu conseguir fugir. Eu passei o dia inteiro esperando o Freddie ou qualquer outra pessoa me tirar dali, mas ninguém apareceu, e eu tive que aceitar que talvez aquele fosse mesmo o meu destino. Quando a noite chegou, eu comecei a me arrumar para a festa. Talvez se eu fosse bem boazinha naquela noite, meu pai deixaria eu me despedir antes de eu ter que ir para o internato da Melanie. Talvez...

 A festa mais parecia um funeral. Havia muitos homens com a mesma cara e o mesmo bigode do meu pai. Eles pareciam todos iguais. A música lenta que tocava no piano me deixou com sono, então eu comecei a andar pela sala para não acabar dormindo em pé. Meu pai disse que me apresentaria como sua filha depois do banquete, e eu implorei, rezei por um milagre, que uma bomba explodisse ali ou qualquer coisa para me impedir de tornar oficialmente filha daquele crápula. Mas a única coisa que aconteceu foi um velhote me chamar para dançar com ele. Eu acabei aceitando, porque eu sabia que meu pai estaria me vigiando. O velho pôs a mão nas minhas costas enquanto nós balançávamos de um lado para o outro durante uns três minutos, até que outro homem apareceu e perguntou se poderia ser a vez dele. Eu acabei dançando com uns três velhotes, até que um homem bem mais novo me tirou pra dançar também. Ele tinha um bigode como todos os outros, mas ele me era estranhamente familiar. Aquele cabelo...

- Spencer?

- Ei Sam! Como vai? Gostou do meu bigode?

- O que você tá fazendo aqui?

- Vim te resgatar, é claro. Sei que você estava esperando pelo Freddie, mas ele era muito novo para se disfarçar como político...

- Como você ficou sabendo da festa? Como você entrou aqui?

- Tudo ideia do Freddie. Ele pesquisou tudo sobre o seu pai. Ele descobriu sobre essa festa, e arranjou um convite falso para poder tirar você daqui.

- Ele fez isso? – então ele tinha até falsificado um convite. Eu estava orgulhosa dele.

- Ele tem passado dia e noite trabalhando em um jeito de tirar você daqui...

Eu queria chorar. Aquele era meu Freddie.

- Mas como nós vamos sair daqui, Spencer? Deve ter vários seguranças aqui.

- Eu e o Freddie fizemos uma surpresinha pra eles.

- O que vocês fizeram?

- Digamos que nós apenas juntamos a nerdisse do Freddie e a minha criatividade. Os seguranças do seu pai vão amar.

- Mas e se eles nos pegarem? E se meu pai for atrás de mim?

- Nós temos um plano, Sam. Mas eu não posso te explicar agora. Escuta, sua mãe está nos esperando no carro lá fora. Assim que eu acionar a coisa, os seguranças vão se distrair. Você aproveita e corre para a saída o mais rápido que você puder. Eu vou estar bem atrás de você.

- Spencer... Você tem certeza? Vai dar certo?

- Alguma vez as minhas coisas não deram certo?

Eu queria responder “Sim, todas às vezes”, mas eu teria que arriscar. Era minha única chance.

Nós paramos de dançar e ele deu uma piscadela pra mim antes de entrar em um corredor. Eu não tinha a mínima ideia do que ele tinha feito, mas de repente uma fumaça começou a se espalhar pela sala. A fumaça era verde e tinha um cheiro horrível. As pessoas ficaram nervosas e começaram a tentar sair dali para fugir do cheiro. Os seguranças foram direto pro corredor  de onde a fumaça saía, exatamente o Spencer tinha entrado, e eu me preocupei com o que eles podiam fazer caso o pegassem, mas ele devia saber o que estava fazendo. Eu fui direto para a saída, e quando eu finalmente consegui sair, o cheiro do ar fresco invadiu meus pulmões. Ninguém vinha trás de mim, mas eu corri direto para o carro da minha mãe, que estava do outro lado da rua.

Assim que eu sentei no banco ao lado dela, minha mãe me abraçou. Eu não estava acostumada com demonstração de afeto vindo dela, mas eu sentia muito sua falta. Eu a culpei por tudo isso quando meu pai me levou embora, mas agora eu sabia que não era culpa dela. Ela não podia ser um exemplo de mãe, mas bem ou mal, ela cuidou de mim minha vida inteira, então eu a abracei de volta.

- Você está bem?  – ela me perguntou assim que me soltou.

- Eu estou bem, mãe.

- Sinto muito por tudo isso Sam. É minha culpa.

- Não é. A culpa não é sua se você tem um péssimo gosto pra namorados.

- Talvez eu devesse pensar melhor antes de sair com alguém agora.

Ela sorriu pra mim e eu sorri de volta. As chances eram remotas, mas quem sabe ela não tomaria um pouco de juízo agora?

Alguém abriu a porta e quando olhei pra trás vi o Spencer entrando no carro, suado e ofegante, mas pelo menos ileso.

- Spence, você está bem ?

Ele apenas confirmou levantando o polegar, ofegante demais pra falar.

- Não podemos mais esperar. Vamos logo. – minha mãe disse, depois acelerou o carro e saiu desembestada pelas ruas.

- Pra onde nós estamos indo com tanta pressa? – eu já estava acostumada a ver minha mãe correr daquele jeito, mas eu ainda não tinha entendido nada do que estava acontecendo.

- Sam, assim que você foi embora, o Freddie veio me procurar. Eu expliquei pra ele tudo o que tinha acontecido, e ele ficou bravo, muito bravo mesmo.

- Depois disso ele veio me procurar. – o Spencer continuou.  – Ele veio me perguntar se o seu pai podia mesmo te levar assim. E pela situação, sim, ele podia. Ele estava no direito dele.

Vi meu ânimo afundar. Então eu ainda estava presa ao meu pai, de alguma forma.

- Mas ... – minha mãe continuou. – O Freddie não se convenceu com isso. Ele pediu o nome completo do seu pai e passou a pesquisar sobre ele na internet.

- Ele passava dia e noite naquele computador, mas ninguém sabia o que ele estava querendo. Nós já tínhamos desistido. – o Spencer completou.

É claro, aquilo não era novidade. As pessoas desistiam de mim o tempo todo. Mas o Freddie era diferente.

- Por fim ele achou uma coisa. Seu pai tinha tentado abafar, mas nem ele conseguiu conter a internet. Lembra que eu te contei, que o seu pai era casado quando eu fiquei grávida? Pelo visto, eu não fui a única com quem ele pulou a cerca. E a mulher dele descobriu isso há pouco tempo atrás. Foi por isso que ele foi atrás de você, Sam. Ele tinha acabado de se separar, e corria o risco de todo mundo descobrir que ele era um traidor. Então ele achou que assumir uma filha poderia ajudar na imagem dele.

- O Freddie achou a tal mulher. Ele conversou com ela, contou a situação, e ela ficou horrorizada. Ela prometeu nos ajudar.

- Eu ainda não entendi. Sim, meu pai é ainda pior do que eu imaginei, mas o que isso vai me ajudar? – eu perguntei.

- Nós vamos usar isso contra ele, Sam. Se ele tentar pegar você de novo, nós vamos ameaçá-lo. Expor a imagem dele na frente da imprensa.

Um sorriso se abriu o meu rosto. Sim, ameaçar era bom.

- Mas espera aí. E se ele conseguir me pegar de novo? E se ele não se importar com isso? Ele conseguiu abafar isso o tempo todo, e se ele fizer de novo? Não são 100% garantido.

- Você tem razão. Por isso eu estou correndo para o aeroporto agora.

- Aeroporto?

- Você vai viajar, Sam. Ficar fora durante dois meses. – o Spencer respondeu.

- Até você completar 18 anos. Aí o seu pai não vai ter mais nenhum direito sobre você.

O sorriso no meu rosto logo se desfez. Até quando eu teria que fugir?

- E pra onde eu vou?

- Yakima. Onde meu vô mora, lembra? A Carly ligou pra ele e pediu se você poderia ficar lá por uns tempos. Ele tem um apartamento lá que não mora ninguém, e você poderá ficar lá até ser maior de idade.

- Mas... – eu quis argumentar. Eu sabia que eles tinham feito aquilo tudo por mim, que era necessário, mas eu não queria ter que ir pra Yakima, ficar morando sozinha. Eu queria voltar para a minha casa, pro meu namorado, pro meu web show. Eu ia fugir de uma prisão para ir pra outra. Eu não sabia exatamente a distância de Yakima, mas eu certamente não ia poder receber visitas o tempo todo.

- Eu sei que não é tão bom, Sam. Mas é necessário. E são só dois meses...

Eu tentei concordar, mas eu fiquei duas semanas com o meu pai e foi os piores dias da minha vida. A dor e a saudade me dominaram naquele tempo. O que aconteceria em dois meses?

- Onde está o Freddie? – eu precisava mais do que nunca ver ele agora.

- Ele e a Carly estão nos esperando no aeroporto. Você não vai ter muito tempo ara se despedir, mas pelo menos você vê-los um pouquinho.

Eu tentei sorrir,mas não consegui. Apenas mais uma despedida.

Mais tempo longe.

Mais saudade.


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